A CEBRASPE (antiga CESPE) é reconhecida por sua abordagem desafiadora e peculiar, exigindo um conhecimento aprofundado e contextualizado da língua. Diferente de outras bancas, ela valoriza quem realmente domina o assunto com convicção, e suas questões, muitas vezes no formato Certo/Errado, podem ser temidas, pois um erro pode penalizar duplamente (anulando um acerto). As "pegadinhas" são frequentes, e a mudança de uma única palavra, como um "e/ou", pode invalidar toda uma afirmação. Portanto, a leitura atenta de todos os enunciados é crucial.
Em suas provas, a CEBRASPE mantém um equilíbrio entre a interpretação de textos e os conceitos gramaticais. É fundamental notar que as questões de gramática são sempre baseadas nos textos apresentados, não sendo cobradas de forma isolada.
Vamos desmistificar a Língua Portuguesa para a CEBRASPE, abordando os tópicos de forma didática, do mais fundamental ao mais complexo, com foco nas exceções e nos temas mais cobrados.
A CEBRASPE (anteriormente conhecida como CESPE) é uma das bancas mais tradicionais e influentes no universo dos concursos públicos no Brasil. Sua característica mais notória é o sistema de pontuação "Certo/Errado", onde uma resposta incorreta anula uma correta. Isso impõe uma estratégia de prova diferente: evite chutar se não tiver um alto nível de certeza, pois o prejuízo pode ser duplo.
A banca exige muita atenção na leitura de todos os enunciados. As "pegadinhas" são cruéis, e uma pequena alteração em conjunções como "e/ou" pode mudar completamente o item. Além disso, a CEBRASPE pode se basear em autores ou jurisprudências específicas para questões de Direito ou Administração, e em Português, as questões gramaticais são sempre contextualizadas no texto.
Resolver a maior quantidade possível de questões anteriores. Isso ajuda a entender a "mente do examinador".
Adotar uma leitura analítica do texto, sublinhando, circulando e resumindo cada parágrafo em tópicos.
Não praticar a leitura passiva, que apenas capta a ideia central do texto.
O conhecimento dos temas mais recorrentes é essencial para guiar seus estudos. Com base em provas recentes, o ranking de assuntos mais cobrados pela CEBRASPE em Língua Portuguesa é o seguinte:
Interpretação de Textos: É o topo, com cerca de 42% das questões de Língua Portuguesa. A banca pode criar sequências de até cinco itens de interpretação. Você precisa ir além da mera leitura e ser capaz de inferir (chegar a conclusões seguras a partir das informações do texto, sem criatividade do leitor), evitando a extrapolação (ir além do teto de informações do texto) ou elucubração (misturar informações do texto com sua própria criatividade/conhecimento). Fique atento aos tipos textuais (narrativo, descritivo, argumentativo, expositivo/informativo, injuntivo).
Coesão Textual: A banca sempre aborda a substituição ou retomada de elementos para evitar repetições desnecessárias. A coesão referencial (uso de pronomes como "isso", "que", "o qual", "lhe", "este(a)", "aquele(a)") é muito cobrada.
Concordância Nominal/Verbal: Questões que perguntam com qual elemento um verbo ou nome concorda. A regra geral de concordância verbal, onde o verbo concorda com o núcleo do sujeito em pessoa e número, é o ponto principal. A banca pode sugerir novas flexões e você deve julgar a possibilidade.
Reescrita/Paráfrase: Um fragmento do texto é apresentado com uma nova versão, e você deve verificar se a correção gramatical, o sentido original e a coerência foram mantidos. É um tipo de questão que pode representar até 30% da prova.
Pontuação: Principalmente o uso da vírgula. As mais cobradas são a vírgula sintática (inversão da ordem direta), a vírgula semântica (isola elementos explicativos) e a vírgula que indica a elipse de um verbo. A justificativa para o emprego ou a possibilidade de inserção/retirada são comuns.
Conectivos: Foco no valor semântico (ex: "na medida em que" é causal), na substituição por outros conectivos de mesmo valor, e no emprego adequado em relações entre orações.
Colocação Pronominal: Proposições de mudanças na posição de pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos, o, a, lhe, etc.). É preciso conhecer os fatores de atração (palavras negativas, conjunções subordinativas, pronomes, advérbios, orações interrogativas) que exigem a próclise (pronome antes do verbo).
"Que" e "Se": Duas palavras que possuem diversas funções morfológicas (pronome relativo, conjunção integrante, partícula apassivadora, índice de indeterminação do sujeito, etc.). O conhecimento de seus desdobramentos gramaticais e funções sintáticas é essencial.
Análise Sintática: A banca frequentemente destaca dois elementos e pergunta se exercem a mesma função sintática. É fundamental identificar o sujeito (especialmente em orações na ordem inversa ou sujeito oracional) e os complementos verbais/nominais.
Crase/Regência: São assuntos intrinsecamente ligados, pois a ocorrência da crase (fusão do "a" preposição com o "a" artigo/pronome) depende da regência do termo anterior que exige a preposição "a". Fique atento aos casos obrigatórios, facultativos e proibidos de crase.
Para compreender os tópicos mais complexos, como Regência e Crase, é imprescindível ter uma base sólida nas classes gramaticais e na análise sintática básica.
Classes Gramaticais Essenciais: Você precisa saber identificar corretamente um substantivo, verbo, pronome, adjetivo, artigo definido/indefinido, preposição, advérbio e as locuções (adverbial, prepositiva, etc.). Esse conhecimento é o alicerce para entender a formação da crase e as relações de regência.
Sujeito: O sujeito é o termo da oração com o qual o verbo concorda em número e pessoa. A CEBRASPE adora esconder o sujeito, seja colocando-o após o verbo (ordem inversa) ou como uma oração inteira (sujeito oracional). Lembre-se: sujeito nunca é preposicionado.
Exemplo: "Deveria existir um patamar mínimo de igualdade". O sujeito de "existir" é "um patamar", mesmo que esteja após o verbo. Se "patamar" for para o plural ("alguns patamares"), o verbo deve ir para o plural ("deveriam existir").
Termos Regentes e Termos Regidos:
Termo Regente: É o termo (verbo ou nome) que exige um complemento.
Termo Regido: É o complemento exigido pelo termo regente. Pode ser um objeto direto, um objeto indireto, um complemento nominal ou até mesmo um adjunto adverbial, dependendo da regência.
Compreender essa relação fundamental entre regente e regido é o primeiro passo para dominar a regência.
A concordância é a adequação das flexões de gênero, número, pessoa, tempo e modo entre os termos da oração.
A Regra Geral é clara: o verbo concorda com o núcleo do sujeito em pessoa e em número.
Exemplo: "Eu fiz a tarefa" (sujeito 'eu', 1ª pessoa do singular, verbo 'fiz' na 1ª pessoa do singular). "Ana fez a tarefa" (sujeito 'Ana', 3ª pessoa do singular, verbo 'fez' na 3ª pessoa do singular).
Sujeito Oculto/Elíptico/Desinencial: Quando o sujeito não está explicitamente na frase, mas pode ser identificado pela desinência verbal ou pelo contexto anterior.
Exemplo: "Ana chegou e está cansada". O sujeito de "está" é "Ana", recuperado da oração anterior.
Verbos na Ordem Inversa: A CEBRASPE explora muito isso. O sujeito pode aparecer depois do verbo. A regra de concordância permanece.
Exemplo: "Findaram as longas conversas no Alpendre". O que findou? As longas conversas, visitas, risos e negócios. O verbo "findaram" (plural) concorda com o sujeito composto no plural, mesmo estando antes.
Verbos "Ter" e "Vir" e Seus Derivados: Essa é uma pegadinha clássica com acentuação diferencial.
"Ter" e "Vir":
Singular (ele/ela): tem (sem acento), vem (sem acento).
Plural (eles/elas): têm (com acento circunflexo), vêm (com acento circunflexo).
Derivados (Contém, Mantém, Retém, Detém, Intervém):
Singular: Acento agudo (contém, mantém, retém, detém, intervém). São oxítonas terminadas em "em".
Plural: Acento circunflexo (contêm, mantêm, retêm, detêm, intervêm).
Exemplo: "O pote contém chocolate" (singular, acento agudo). "Os potes contêm chocolate" (plural, acento circunflexo).
Os termos que caracterizam ou determinam um substantivo (artigos, pronomes, numerais, adjetivos) devem concordar com ele em gênero e número.
Exemplo: "Lei complementada pela lei número 9459". "Complementada" (feminino singular) concorda com "lei" (feminino singular). Se trocássemos por "texto complementado", "complementado" (masculino singular) concordaria com "texto" (masculino singular).
Termos de Gêneros Diferentes: Se houver um termo masculino em um grupo de substantivos, o termo caracterizador (como um adjetivo) que se refere a eles geralmente vai para o masculino plural.
Exemplo: "Bancos, seguradoras e agências de turismo estão decididos a levar de volta sua força de trabalho". "Decididos" concorda no masculino plural porque "bancos" é masculino.
A regência é a relação de dependência entre um termo regente (verbo ou nome) e seu termo regido (complemento). A parte mais importante da regência é entender que a variação da regência pode provocar alteração de sentido da frase.
Aqui está uma lista de verbos que são frequentemente cobrados em concursos devido às suas particularidades de regência, muitas vezes com mudança de sentido.
Assistir:
Com sentido de ver, presenciar: É transitivo indireto (VTI) e exige a preposição "a". Não admite voz passiva nessa acepção.
Exemplo: "Milhões de pessoas assistiram ao filme." (Correto). "O filme foi assistido por milhões de pessoas." (Incorreto na norma culta padrão com esse sentido).
Com sentido de prestar assistência, auxiliar: Pode ser transitivo direto (VTD) ou transitivo indireto (VTI).
Exemplo: "O médico assiste o doente." ou "O médico assiste ao doente.". Se o complemento for pessoa, pode-se usar "o/a" ou "lhe" (assiste-o ou assiste-lhe).
Com sentido de morar, residir: É intransitivo, mas aceita um adjunto adverbial de lugar como termo regido.
Exemplo: "Minha comadre assiste em Santos." (Ela mora em Santos).
Aspirar:
Com sentido de respirar, inalar: É transitivo direto (VTD).
Exemplo: "Os atletas aspiravam o ar puro.".
Com sentido de pretender, almejar, desejar: É transitivo indireto (VTI) e exige a preposição "a". Não se usa o pronome lhe para substituir o complemento, a menos que seja uma pessoa ou ser personificado.
Exemplo: "O vereador recém-eleito aspirava a um alto cargo.". Para substituir "um alto cargo", use "a ele" (aspirava a ele), não "lhe".
Chamar:
Com sentido de convocar, fazer vir: É transitivo direto (VTD).
Exemplo: "Chame a polícia!".
Com sentido de nominar, dar nome a alguém: Pede um predicativo do objeto e pode ser VTD ou VTI.
Exemplo: "Chamava-o irresponsável." ou "Chamava-o de irresponsável." ou "Chamava-lhe irresponsável." ou "Chamava-lhe de irresponsável.".
Chegar e Ir: São verbos intransitivos que, ao indicar destino, exigem a preposição "a". Se for origem, a preposição "de".
Exemplo: "Cheguei ao cinema.". "Fui à praça." "Cheguei de São Paulo.".
Custar:
Com sentido de ter o preço de: É transitivo direto (VTD).
Exemplo: "O livro custa R$ 10.".
Com sentido de ser difícil, ser custoso: É transitivo indireto (VTI), e o sujeito é aquilo que é difícil, enquanto a pessoa a quem é difícil é o objeto indireto.
Exemplo: "Entender a proposta custará a ele." (O que custará é "entender a proposta"). A forma pronominal é "custar-lhe-á".
Esquecer / Lembrar:
Não pronominais (sem me, te, se, etc.): São transitivos diretos (VTD) e não usam preposição.
Exemplo: "Esqueci o nome dele.". "Lembrei o livro."
Pronominais (com me, te, se, etc.): São transitivos indiretos (VTI) e exigem a preposição "de".
Exemplo: "Esqueci-me do nome dele.". "Lembrei-me do livro." A expressão "Esqueceram de Mim" é inadequada na norma culta; o correto seria "Esqueceram-se de mim" ou "Esqueceram-me".
Informar (e verbos similares): Informar, notificar, cientificar, avisar, prevenir, proibir e comunicar.
Podem ser VTD (informar a coisa) ou VTDI (informar algo a alguém / informar alguém de algo). A regra é: se a pessoa é o objeto direto, a coisa é o objeto indireto; se a pessoa é o objeto indireto, a coisa é o objeto direto. Não se pode ter dois objetos diretos ou dois indiretos.
Exemplo: "A secretária informou a nota ao aluno." (Nota = OD, Aluno = OI).
Exemplo: "A secretária informou o aluno da nota." (Aluno = OD, Nota = OI).
Morar / Residir: Pedem a preposição "em".
Exemplo: "Quem mora, mora em." "Quem reside, reside em.". A exceção é "morador de".
Obedecer / Desobedecer: São transitivos indiretos (VTI) e exigem a preposição "a".
Exemplo: "O bom motorista obedece às leis.".
Pagar / Perdoar:
Para pessoa: São transitivos indiretos (VTI) e exigem a preposição "a".
Exemplo: "Paguei ao padeiro." "Perdoei aos arrependidos.".
Para coisa: São transitivos diretos (VTD) e não usam preposição.
Exemplo: "Paguei a conta.".
Preferir: É transitivo direto e indireto (VTDI). Quem prefere, prefere algo (OD) a (preposição) outra coisa (OI). Nunca use "mais", "do que", "mil vezes", "nada" com este verbo, pois ele já é enfático por si só.
Exemplo: "Prefiro o amor à guerra." (Correto). "Prefiro mais o amor do que a guerra." (Incorreto).
Querer:
Com sentido de desejar: É transitivo direto (VTD).
Exemplo: "Quero um bolo.".
Com sentido de querer bem, estimar: É transitivo indireto (VTI) e exige a preposição "a".
Exemplo: "Quero a meus pais.".
Simpatizar / Antipatizar: São verbos que não são pronominais e exigem a preposição "com".
Exemplo: "Simpatizei com você." (Correto). "Eu me simpatizei com você." (Incorreto).
Visar:
Com sentido de pôr visto, mirar, alvejar: É transitivo direto (VTD).
Exemplo: "Visou o alvo e atirou." "O professor visou o caderno.".
Com sentido de ter em vista, pretender, almejar: É transitivo indireto (VTI) e exige a preposição "a". Não se usa "lhe" para substituir o complemento, a menos que seja pessoa.
Exemplo: "O aluno visava a um cargo público.". Para substituir "ao cargo público", usa-se "a ele" (visava a ele), não "lhe".
Namorar: É transitivo direto (VTD).
Exemplo: "João namora Maria." (Correto). "João namora com Maria." (Incorreto, contaminação sintática de "casar com" ou "ficar com").
A regência nominal é a relação entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e seus complementos, introduzidos por preposição.
Exemplo: "Proteção aos recursos". "Proteção" (nome) rege "aos recursos". "Você é contra o aborto ou a favor dele?" (Contra/favor rege o termo seguinte).
Normalmente, a alteração de sentido na regência nominal não ocorre com a mesma frequência que na verbal.
A crase é a fusão de duas vogais "a" idênticas, marcada pelo acento grave (à
). Para que ocorra crase, são necessários dois requisitos básicos:
Um termo regente (verbo ou nome) que exija a preposição "a".
Um termo regido (complemento) que admita o artigo feminino "a" ou "as", ou um pronome demonstrativo que comece com "a" (aquela, aquilo, as, etc.). A crase "gosta de determinação".
Dominar as classes gramaticais, a transitividade verbal e a regência verbal/nominal é fundamental para a crase.
Ocorrem quando as duas condições acima são satisfeitas.
Verbos ou Nomes que regem "a" + Artigo "a":
"Se mostrou favorável à medida." (Favorável pede 'a', medida aceita 'a').
"Vou à escola." (Ir pede 'a', escola aceita 'a').
Locuções Adverbiais, Prepositivas e Conjuntivas femininas:
À tona, à esquerda, à direita.
À vista, às pressas.
São situações onde a crase nunca ocorre.
Antes de Verbos no Infinitivo: Verbos não possuem gênero, então não há artigo "a" para contrair.
Exemplo: "Aprender a pilotar.".
Antes de Pronomes Demonstrativos Iniciados por "e": esse, essa, este, esta, isso, isto.
Exemplo: "Graças a essa atitude." (Incorreto com crase).
Quando o "a" está no singular e o termo feminino seguinte está no plural: Se o artigo "as" não for contraído, a crase não ocorre.
Exemplo: "Correspondem a novas ansiedades." (Incorreto com crase, seria "às novas ansiedades").
Antes de Sujeitos: Sujeitos não são preposicionados.
Exemplo: "As habilidades aprendidas exercem a função de sujeito, não se emprega crase". "Ser essencial a prática" (A prática é o sujeito de 'ser', então sem crase).
Com Verbos Transitivos Diretos: Se o verbo não exige preposição, não haverá crase.
Exemplo: "Impacta a indústria." (Verbo impactar é VTD, sem crase).
A CEBRASPE cobra direto os casos facultativos. São apenas três situações, fáceis de memorizar com o mnemônico "Até Sua Maria". Nessas situações, o uso da crase é opcional: se ocorre, está certo; se não ocorre, também está certo.
Após a palavra Até:
Exemplo: "Foi até a feira." ou "Foi até à feira.".
Sua (e outros pronomes possessivos femininos no singular: minha, tua, nossa, vossa):
Exemplo: "Em relação a sua estrutura produtiva." ou "Em relação à sua estrutura produtiva.".
Maria (e outros nomes próprios femininos):
Exemplo: "Refiro-me a Josefa." ou "Refiro-me à Josefa.".
Como identificar questões de facultatividade: A banca geralmente usa frases como "a inserção do sinal indicativo de crase... não prejudicaria a correção gramatical". Se a afirmação é essa e a crase não estava no original, significa que é um caso facultativo. Você só precisa verificar se a situação se encaixa em "Até Sua Maria".
A pontuação, especialmente o uso da vírgula, é um tópico fundamental para a CEBRASPE.
Vírgula Sintática: Usada para marcar a inversão da ordem direta (Sujeito + Verbo + Complemento + Adjuntos Adverbiais). Adjuntos adverbiais deslocados, especialmente os de longa extensão, são frequentemente isolados por vírgulas.
Exemplo: "Em 1949, após a leitura de relatórios sobre a questão atômica, o presidente Dutra enviou...". As vírgulas isolam adjuntos adverbiais de tempo e modo.
Vírgula Semântica: Isola elementos explicativos ou de valor explicativo (aposto explicativo, oração subordinada adjetiva explicativa, etc.).
Exemplo: "O estudo recente de Welsby, publicado na revista Nature em 2021, mostra...". A parte entre vírgulas é uma expressão explicativa.
Vírgula para Indicar Elipse (Omisão) de um Verbo:
Exemplo: "No meu concurso, passei nas cabeças tirando 74,4% na pontuação final. Na objetiva, tirei 57%." (Vírgula após "objetiva" indica a elipse de "tirei") [Não explicitamente nos fontes, mas é um caso geral].
Não Separar Sujeito de Verbo: Jamais se usa vírgula entre o sujeito e o verbo.
Exemplo: "O estudo [SUJEITO]... mostra [VERBO]...". A vírgula após "2021" é para isolar a expressão explicativa, não para separar o sujeito do verbo. Se essa vírgula fosse retirada sem a outra que forma o par, haveria erro gramatical grave.
Não Separar Verbo de Complemento: Regra geral da norma culta, não se separa o verbo de seu objeto direto ou indireto por vírgula.
Exemplo: "para reduzir rapidamente as emissões". Se uma vírgula fosse inserida após "reduzir" separando-o de "as emissões", seria incorreto.
Orações Adjetivas:
Restritivas: Não são isoladas por vírgulas e alteram o sentido se vírgulas forem adicionadas.
Exemplo: "os fatores que influenciam esse crescimento". A oração em negrito é restritiva e não tem vírgula. A inserção de vírgula aqui mudaria o sentido para explicativo.
Explicativas: São isoladas por vírgulas.
Uso de Ponto Final em Orações Reduzidas: Uma oração introduzida por verbo no gerúndio ("envolvendo", "causando") é subordinada e não pode iniciar um novo período com ponto final se perder sua conexão com a orção principal, pois isso prejudicaria a correção gramatical.
A CEBRASPE dá grande ênfase à coesão e coerência para avaliar a capacidade do candidato de compreender e produzir textos bem estruturados.
A coesão é a conexão harmoniosa entre as partes do texto, das frases, dos parágrafos, resultado do uso correto dos elementos de ligação. Ela permite que o texto se desenvolva de forma fluida e sem repetições desnecessárias.
Coesão Referencial: É o tipo de coesão mais privilegiado pela CEBRASPE. Envolve o uso de elementos no texto (pronomes, advérbios, expressões) para se referir a outras partes do texto ou a ideias conhecidas.
Anáfora: Faz referência a algo que já foi citado no texto.
Exemplo: "Os estudantes não concordam com o resultado da eleição: o problema é esse." ("Esse" retoma "o resultado da eleição"). A expressão "esse papel" refere-se a algo já mencionado.
Catáfora: Antecipa algo que ainda será citado no texto.
Exemplo: "Este é o problema: os estudantes não concordam com o resultado da eleição." ("Este" antecipa a informação que virá).
A coerência é a relação lógica entre as ideias de um texto, garantindo que elas se complementem e não se contradigam, formando um "todo semântico".
Princípios da Coerência:
Não Contradição: As ideias apresentadas não podem se opor.
Não Tautologia: Evitar repetição desnecessária das mesmas ideias com outras palavras.
Relevância: Os fragmentos do texto devem ter ligação semântica entre si, contribuindo para o objetivo geral da mensagem.
Quebra de Coerência:
Quebra de Continuidade Temática: Ocorre quando o assunto muda sem aviso prévio, sem conexão com o que foi dito antes.
Quebra de Progressão Semântica: O texto não introduz novas informações, tornando-se prolixo e não atingindo o ponto que interessa.
Cuidado com Inferência e Elucubração: A banca tenta induzir o candidato a confundir inferência (conclusão segura que decorre do texto) com elucubração (mistura de informações do texto com a criatividade ou conhecimento prévio do leitor). Somente a inferência é válida.
Os conectivos são elementos linguísticos (conjunções, advérbios, preposições, etc.) que articulam orações, frases e parágrafos, estabelecendo relações de sentido.
Tipos de Cobrança:
Análise do valor semântico: Identificar a relação de sentido que o conectivo estabelece (causa, condição, oposição, conclusão, tempo, etc.).
Exemplo: "na medida em que" tem valor causal.
Substituição de conectivos: Propor a troca de um conectivo por outro, mantendo o sentido original. Para isso, é crucial conhecer os sinônimos e os grupos semânticos dos conectivos.
Exemplo: "mesmo que" (concessivo) pode ser substituído por "conquanto" (também concessivo).
Exemplo: "portanto" (conclusivo) pode ser substituído por "pois" (conclusivo), especialmente se o "pois" estiver deslocado na oração.
Emprego de conectivos: Sugerir a inserção de um conectivo entre orações que se relacionam.
Atenção a "Não obstante": Para a CEBRASPE, "não obstante" pode ser usado como conjunção adversativa (sinônimo de "mas", "contudo", "entretanto", "todavia"). No entanto, a banca NÃO admite seu uso como conjunção concessiva (sinônimo de "malgrado", "conquanto", "embora").
As palavras "que" e "se" são singelas, mas extremamente importantes e frequentemente cobradas devido à sua multiplicidade de funções.
O "que" pode exercer diversas funções, sendo as mais cobradas:
Pronome Relativo: Retoma um termo anterior (antecedente) na frase, evitando repetição e introduzindo uma oração subordinada adjetiva. Sempre tem um papel coesivo. Pode ser substituído por "o qual", "a qual", "os quais", "as quais". Se o verbo ou nome da oração subordinada exigir preposição, essa preposição deve vir antes do pronome relativo.
Exemplo: "Estes são os filmes a que assisti." (Quem assiste, assiste a algo).
Conjunção Integrante: Introduz uma oração subordinada substantiva, que exerce função sintática de substantivo (sujeito, objeto direto, etc.). Não retoma termo anterior e não tem função sintática na oração.
Exemplo: "Há de parecer esquisito que eu (...) solicite uma fineza." (oração subordinada substantiva subjetiva).
O "se" é uma das partículas mais versáteis do português, podendo atuar como:
Partícula Apassivadora (PA) ou Pronome Apassivador: Ocorre com verbos transitivos diretos (VTD) ou transitivos diretos e indiretos (VTDI). Indica que a oração está na voz passiva pronominal, e o sujeito da oração é paciente. O verbo deve concordar em número e pessoa com esse sujeito.
Exemplo: "Sabe-se que a evasão é multifatorial.". "Que a evasão é multifatorial" é o sujeito oracional. O verbo "saber" (VTD) não permite "se" como índice de indeterminação do sujeito. Pode-se transformar em voz passiva analítica: "Não pode ser negado" (para "não se pode negar").
Índice de Indeterminação do Sujeito (IIS): Ocorre com verbos intransitivos (VI), transitivos indiretos (VTI) ou de ligação (VL). O sujeito é indeterminado, e o verbo fica na 3ª pessoa do singular.
Exemplo: "Precisa-se de funcionários." (Verbo precisar é VTI). "Vive-se bem aqui." (Verbo viver é VI).
Diferença entre PA e IIS: A PA indica um sujeito paciente (que pode estar na frase ou subentendido), e o verbo concorda com ele. O IIS indica que o sujeito não pode ser determinado, e o verbo fica fixo na 3ª pessoa do singular.
Pronome Reflexivo: Indica que a ação do verbo recai sobre o próprio sujeito, ou seja, o sujeito pratica e sofre a ação.
Exemplo: "A ilusão começou a desfazer-se." (A ilusão começou a ser desfeita). "Se vissem a si mesmas impressas.".
Pronome Recíproco: Indica que a ação é mútua, praticada e sofrida por dois ou mais sujeitos que agem um sobre o outro.
Exemplo: "Os meninos beijaram-se." (Um beijou o outro e o outro beijou o primeiro). Se o pronome se refere ao sujeito voltando a si mesmo ("voltou-se para si mesmo"), não é reciprocidade.
Conjunção Condicional: Introduz uma oração que expressa uma condição.
Exemplo: "Se beber, não dirija." (Caso beba, não dirija).
As questões de reescrita ou paráfrase são muito comuns, podendo compor cerca de 30% da prova. Elas exigem que você avalie se uma nova versão de um trecho mantém a correção gramatical, o sentido original e a coerência das ideias.
Comparação Minuciosa: O segredo é comparar "pedacinho por pedacinho" o trecho original com a proposta de reescrita.
Correção Gramatical: Verifique se há problemas de concordância, pontuação, colocação pronominal, regência, crase, ou qualquer outra regra da norma culta.
Exemplo: A troca de uma preposição por outra ("composto por células" por "composto de células") pode ser gramaticalmente aceitável se o nome (composto) permitir as duas regências, e o sentido for mantido.
Sentido Original: Avalie se a nova versão expressa exatamente o mesmo significado. Pequenas mudanças podem alterar o sentido.
Exemplo: "Foi exilado" (sofreu a ação de ser exilado por alguém) não tem o mesmo sentido de "exilou-se" (exilou a si mesmo, por vontade própria).
Coerência: Verifique se a lógica interna das ideias e a relação com o restante do texto são mantidas.
Discurso Direto/Indireto: Ao transpor um trecho de discurso direto para indireto, ou vice-versa, atenção às alterações de verbos, pronomes e advérbios para manter a correção e o sentido.
Dominar a Língua Portuguesa para a CEBRASPE requer disciplina e estratégia.
Pratique Exaustivamente: Faça centenas de questões recentes da banca para entender o padrão e as "pegadinhas". A prática contínua é a melhor forma de internalizar as regras e reconhecer as armadilhas.
Leitura Ativa: Ao ler os textos das provas, não seja passivo. Sublinhe, faça anotações, resuma os parágrafos. Isso ajuda a fixar a ideia central e a identificar elementos coesivos.
Contexto é Tudo: Lembre-se que a gramática é cobrada no contexto do texto. Volte ao texto quantas vezes forem necessárias para confirmar suas análises.
"Três Perguntas Preliminares": Antes de mergulhar no texto, questione-se: Qual a tipologia textual? Qual a ideia central? Qual a intenção do autor?. Refaça-as após a leitura.
Cuidado com a Interpretação: A diferença entre inferência e elucubração/extrapolação é vital. Só valide o que está no texto ou o que dele se pode deduzir com segurança.
Não Confie Apenas na Intuição: Especialmente em português, a intuição pode levar a erros nas pegadinhas da CEBRASPE. Fundamente suas respostas nas regras da norma culta.
Atenção aos Detalhes: Um "e/ou", uma preposição, um acento. A CEBRASPE é mestre em mudar a validade de um item com um único detalhe.
Com este material, você tem um roteiro completo para a sua preparação. Lembre-se que o sucesso vem com foco e perseverança.
Não desanime! Acredite no seu potencial. Sua hora vai chegar.
Boa sorte em seus estudos e na sua aprovação!