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22/09/2025 • 12 min de leitura
Atualizado em 22/09/2025

1ª Fase do Modernismo: A Ruptura

1. Introdução: O Que Foi e Por Que Estudar a 1ª Fase do Modernismo

A Primeira Fase do Modernismo no Brasil (1922–1930) é um marco fundamental na história da literatura e cultura do país.

É um conteúdo essencial para estudantes que se preparam para o Enem e concursos, pois representa a renovação cultural que moldou a literatura modernista brasileira. Essa fase é frequentemente chamada de Fase Heroica ou Fase Destruidora, em função de seu intenso espírito de ruptura e combate às tradições estéticas vigentes.

O movimento buscou, acima de tudo, promover uma profunda ruptura estética, rompendo com o academicismo e valorizando a expressão de uma identidade nacional autêntica.

2. Contexto Histórico e as Sementes da Inovação

O surgimento da 1ª fase do modernismo está intimamente ligado a um período de intensas transformações no cenário mundial e nacional.

2.1. Influências Internacionais: As Vanguardas Europeias

Internacionalmente, o início do século XX era marcado pela tentativa de mudança de valores culturais e artísticos em meio a grandes guerras. As vanguardas artísticas europeias revolucionavam as artes ao romperem com as formas tradicionais.

Os modernistas brasileiros assimilaram, de forma crítica e adaptada, as lições desses movimentos, destacando-se:

  • Futurismo: Valorização da velocidade e dos signos da modernidade.

  • Cubismo: Influência na técnica de representação, como visto nas artes plásticas.

  • Expressionismo: Legado na obra de Mário de Andrade, buscando expressar o comprometimento com os novos rumos da sociedade.

  • Dadaísmo: Traços de humor e desvario, como o desafio do título Prefácio Interessantíssimo.

2.2. O Clima de Efervescência no Brasil

No Brasil, o movimento modernista ganhou força a partir da busca por uma identidade cultural genuinamente nacional, distante da rígida influência europeia.

O ano de 1922, marcado pelo centenário da Independência do Brasil, intensificou o clima de autorreflexão e de questionamentos sobre a liberdade e a identidade nacional, afetando os modernistas na elaboração da crítica estética.

São Paulo foi a sede do movimento devido ao seu processo de industrialização e ao crescimento econômico gerado pela produção cafeeira, que reuniu jovens artistas e intelectuais dispostos a criar novos projetos culturais. A cidade, em plena expansão, era uma "babel de retalhos coloridos," misturando velhas famílias bandeirantes com imigrantes, o que afetou a linguagem e os costumes.

3. A Semana de Arte Moderna de 1922: O Grito da Ruptura

A Semana de Arte Moderna (Semana de 22), realizada no Teatro Municipal de São Paulo, foi o ponto de partida e o marco inicial do modernismo no Brasil.

3.1. O Evento e Seus Objetivos

O evento ocorreu entre 13 e 17 de fevereiro de 1922, reunindo artistas, escritores e músicos que defendiam as vanguardas artísticas e uma profunda renovação cultural.

Seu objetivo era romper com os padrões tradicionais e acadêmicos, promovendo uma revolução estética ao:

  • Defender a liberdade criativa e a experimentação.

  • Criticar as regras métricas do Parnasianismo e o método acadêmico.

  • Propor uma arte afinada com a realidade brasileira.

A Semana apresentou obras que celebravam o nacionalismo, incorporando elementos da cultura popular, da linguagem coloquial e da diversidade regional.

Dúvida Comum em Concursos: A Semana foi um sucesso popular?

  • Não. Embora tenha tido alguma repercussão positiva na elite paulista que a financiou, as propostas revolucionárias não foram entendidas pelo público, que reagiu com espanto, repúdio e vaias.

  • Exemplo de polêmica: A leitura do poema Os Sapos, de Manuel Bandeira, foi atrapalhada por vaias. Heitor Villa-Lobos foi vaiado ao entrar no palco com sapatos diferentes, atitude interpretada como "futurista e desrespeitosa".

3.2. Exceção Importante: Tarsila do Amaral e Manuel Bandeira

Em provas, é fundamental saber que nem todos os grandes nomes da 1ª Fase estiveram fisicamente na Semana.

  • Manuel Bandeira: Apesar de ter sido um dos primeiros a aderir ao espírito modernista e de seu poema Os Sapos ter causado grande impacto ao ser lido na Semana, ele não participou do evento.

  • Tarsila do Amaral: A pintora estava em Paris quando a Semana ocorreu e, portanto, não participou. Sua adesão definitiva ao Modernismo se deu em 1923, ao pintar A negra, e ela foi fundamental posteriormente na articulação dos movimentos Pau-Brasil e Antropofagia. Ela fez parte do Grupo dos Cinco, junto a Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia.

4. As Principais Características da 1ª Fase (A Estética da Ruptura)

A primeira geração modernista (1922-1930) tinha como objetivo provocar uma ruptura artística que possibilitasse a expressão de uma identidade brasileira autêntica.

As características abaixo são essenciais para a identificação de textos desta fase:

4.1. Nacionalismo Crítico e Antilusitanismo

O modernismo buscou um nacionalismo literário que encontrasse nas raízes culturais do Brasil uma fonte autêntica de inspiração. Esse nacionalismo era crítico, propondo o abandono de elementos idealizados da nacionalidade (como o indígena romântico) em benefício de uma identidade plural, produto da vida cotidiana.

O sentimento nacionalista estava associado, em parte, ao antilusitanismo (crítica à presença e influência portuguesa).

4.2. Liberdade Formal (Antiparnasianismo)

A 1ª Fase atacou o artificialismo da poesia parnasiana, que cultuava a forma e o rebuscamento. O movimento abandonou a rigidez do formalismo acadêmico e a obsessão pela métrica perfeita e o purismo gramatical.

Os modernistas defendiam o uso do:

  • Verso Livre: Rompendo com a necessidade de submeter as comoções a um "leito de Procusto" métrico.

  • Linguagem Coloquial: Próxima do cotidiano das pessoas. A linguagem acessível ganhou espaço, buscando a comunicação espontânea e menos formalista.

  • Incorporação do Presente e do Cotidiano: A poesia passou a existir nos fatos e nos elementos da vida diária.

  • Irreverência e Humor: Usados para criticar de forma satírica a tradição literária.

4.3. Linguagem "Como Falamos, Como Somos"

O Modernismo validou a forma falada da língua, especialmente nas camadas populares da sociedade, para diferenciar o português brasileiro do europeu.

O Manifesto da Poesia Pau-Brasil clamava por uma "Língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos".

5. Os Autores Centrais e Suas Obras Mais Cobradas

Três nomes centrais se destacam na 1ª Fase, sendo responsáveis por consolidar uma nova linguagem literária, mais livre e conectada com o Brasil real:

5.1. Mário de Andrade (1893–1945)

Prioridade Máxima: Mário de Andrade foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna e buscou retratar a alma brasileira através da arte e da linguagem coloquial.

Obras de Destaque e Temáticas (Foco Concursos):

  1. Pauliceia Desvairada (1922):

    • Considerada a primeira obra realmente moderna.

    • Captura a simultaneidade do espaço urbano de São Paulo, que estava em vertiginoso processo de expansão.

    • Apresenta forte influência do expressionismo e traços de humor dadaísta.

    • O Prefácio Interessantíssimo que abre o livro é, ele mesmo, um programa-manifesto, criticando o Parnasianismo e defendendo a liberdade de expressão através do fluxo de associações e da simultaneidade (teoria das "palavras em liberdade").

    • Mário hostilizava o "burguês" na obra, não como indivíduo específico da elite, mas como a negação do espírito, a vida medíocre e a estreiteza moral.

  2. Macunaíma (1928):

    • Misturou lendas indígenas, cultura popular e crítica social.

5.2. Oswald de Andrade (1890–1954)

Prioridade Máxima: Oswald foi uma figura polêmica e provocadora, essencial para o desenvolvimento da poesia de vanguarda. Seu trabalho se divide em dois movimentos principais que definiram a fase:

Obras de Destaque e Conceitos (Foco Antropofagia):

  1. Manifesto Antropófago (1928):

    • É considerado o principal texto do movimento antropofágico.

    • Propôs a "antropofagia cultural": o conceito simbólico de devorar o estrangeiro para criar algo novo e genuinamente brasileiro. A ideia não era negar a cultura externa, mas sim absorvê-la, processá-la e misturá-la às raízes brasileiras.

    • A frase mais célebre do manifesto é: "Tupy, or not tupy that is the question". Essa é uma paródia da famosa frase de Shakespeare (Hamlet), exemplificando o ato de apropriação e reinterpretação da cultura estrangeira (antropofagia).

    • Crítica: O Manifesto faz uma crítica ao fato de a independência cultural brasileira ainda não ter sido alcançada, sugerindo que o país era profundamente dependente da cultura estrangeira.

    • Inspiração: A tela Abaporu (1928) de Tarsila do Amaral ("homem que come gente", em tupi) inspirou Oswald a escrever o manifesto.

  2. Pau-Brasil (1925):

    • Resultado do Manifesto da Poesia Pau-Brasil.

    • Marcou a fase com o uso de versos livres, humor e crítica.

5.3. Manuel Bandeira (1884–1968)

Prioridade Média/Alta (em Poesia): Bandeira, embora não tenha participado da Semana de 1922, foi um dos primeiros a aderir ao espírito modernista.

Obras de Destaque e Estilo:

  1. Libertinagem (1930):

    • Contribuiu com a "poesia do vivido", tratando de temas cotidianos, doenças, morte, infância e amor.

    • Sua poesia é caracterizada por lirismo, ironia e uma linguagem acessível.

  2. O Poema Os Sapos:

    • Lido na Semana de 22, este poema é um exemplo clássico de crítica ao Parnasianismo.

    • A figura dos sapos, com suas vozes monótonas e repetitivas (o "cantar" dos poetas parnasianos), é usada como metáfora para satirizar a previsibilidade e a rigidez formal da tradição.

    • Seu poema Poética (Texto IV) é considerado um manifesto do movimento, expressando o cansaço do lirismo comedido e purista.

6. Aprofundamento: Movimentos e Meios de Divulgação (Foco Historiografia)

Após a Semana de 22, as ideias da 1ª Fase amadureceram e se dividiram em movimentos distintos, muitas vezes antagônicos. A principal forma de divulgação dessas novas ideias era por meio de revistas modernistas.

6.1. A Revista Klaxon (O Barulho que Incomoda)

Klaxon foi uma revista mensal de arte moderna que circulou em São Paulo de maio de 1922 a janeiro de 1923.

  • Pioneirismo: Foi a primeira publicação modernista brasileira após a Semana de Arte Moderna.

  • Nome: Derivado da buzina externa dos automóveis, foi escolhido por querer remeter a um "barulho que incomoda". O slogan era Mensario de arte moderna.

  • Conteúdo: Serviu para a divulgação do movimento e a crítica ao tradicionalismo na arte. Mário de Andrade, que colaborava na revista, buscava afastar Klaxon de associações diretas com o Futurismo de Marinetti, chegando a afirmar: "Klaxon não é futurista. Klaxon é klaxista".

  • Design: Sua capa, idealizada por Guilherme de Almeida, era tipograficamente ousada, usando letras maiúsculas e buscando inspiração em cartazes.

6.2. Fase Pau-Brasil (1924–1928) e Fase Antropofágica (1928–1930)

Embora o período total da 1ª fase seja 1922-1930, os movimentos posteriores de Oswald de Andrade deram o tom ideológico da década:

Movimento

Período

Ideia Central

Autores Principais

Obra de Tarsila do Amaral

Pau-Brasil

1924–1928

Proposta de uma "poesia de exportação". Foco na temática do Brasil rural e urbano com cores fortes e nacionais, buscando a síntese (contra o detalhe naturalista).

Oswald de Andrade

Carnaval em Madureira (1924), O Mamoeiro (1925), Morro da Favela (1924).

Antropofágico

1928–1930

Devorar (assimilar e recriar) a cultura estrangeira, transformando-a em algo autêntico, celebrando o multiculturalismo brasileiro. Uso de elementos oníricos (influência surrealista).

Oswald de Andrade

Abaporu (1928) – tela que inspirou o manifesto.

7. A Grande Questão para Concursos: Ruptura vs. Manutenção

Um ponto crítico cobrado em provas de alta complexidade é entender que o Modernismo não foi uma ruptura total, mas sim uma complexa dinâmica entre ruptura e manutenção de certos ideais.

7.1. Os Aspectos de Ruptura (Destruição)

A 1ª Fase promoveu a ruptura ao:

  • Criticar severamente o lirismo romântico e sua idealização do passado (principalmente do indígena).

  • Voltar-se contra o artificialismo da poesia parnasiana, com seu culto à forma e ao rebuscamento.

  • Combater a arte ligada aos padrões europeus e o sentimentalismo artificial.

  • Preconizar a liberdade criativa e a inventividade linguística.

7.2. Os Aspectos de Manutenção (Tradição Crítica)

O Modernismo, porém, manteve o foco em um tema central da literatura brasileira:

  • A Identidade Nacional: O movimento manteve o foco na identidade nacional, mas esta assumiu uma feição crítica.

  • A Identidade (ou nacionalidade) foi redefinida, propondo o abandono dos elementos anteriormente idealizados (o indígena romântico e a língua purista) em benefício de uma identidade aberta e plural, produto da vida cotidiana e da "deglutição" da cultura estrangeira.

7.3. Diferença Essencial: 1ª Fase vs. 2ª Fase (Foco ENEM)

É comum que provas exijam a distinção entre as duas primeiras fases do movimento:

Característica

1ª Fase (1922-1930) – Fase Heroica

2ª Fase (1930-1945) – Fase de Consolidação

Propósito Principal

Ruptura. Mudar ideias antigas e afirmar uma aparência nacional única através de novidades no estilo.

Reconstrução. Busca por equilíbrio e conexão mais forte com a realidade.

Estilo e Tom

Intensidade, crítica feroz, verso livre, ironia, espírito de liberdade criativa.

Linguagem que combina formas livres e fixas, almejando um espelho mais fiel da realidade.

Temática Central

Nacionalismo Ufanista/Crítico, Ruptura formal, Redefinição da linguagem.

Regionalismo e Realismo na prosa; dilemas sociopolíticos e conflitos existenciais.

8. Respondendo a Dúvidas Obviamente Cobradas

P. O que é "Antropofagia" no contexto modernista?

Antropofagia, literalmente, significa canibalismo (comer gente). No Modernismo, é uma metáfora empregada por Oswald de Andrade para representar a assimilação crítica da cultura estrangeira. Assim como o índio canibalizava o inimigo para incorporar seus dons positivos, o Brasil deveria "devorar" o que vinha de fora, digeri-lo, e transformá-lo em cultura nacional autêntica.

P. Qual é o paralelo entre o nacionalismo modernista e o de Policarpo Quaresma (Pré-Modernismo)?

O modernismo rompeu com a idealização do passado e da nação, típica do pré-modernista Policarpo Quaresma.

  • Policarpo Quaresma (personagem de Lima Barreto) representa um nacionalismo saudosista e idealista. Ele é ridicularizado por seu patriotismo desmedido e sua cegueira pela pátria. Policarpo, por exemplo, requereu que o tupi-guarani se tornasse a língua oficial, por considerar o português uma "língua emprestada".

  • A frase modernista "Tupy, or not tupy" dialoga com o ideal nacionalista de Quaresma [81b]. Contudo, enquanto Quaresma via o Tupi como uma pureza que deveria substituir o português, o modernismo antropofágico via o Tupi (or not tupy) como uma questão de escolha cultural, onde o elemento estrangeiro (Shakespeare) é absorvido, transformado e posto em xeque, celebrando a miscigenação e a influência externa [55, 81a, 83].

P. Qual é a importância do Prefácio Interessantíssimo de Mário de Andrade?

O prefácio é fundamental porque é um programa-manifesto que introduz a estética da nova poesia (o "desvairismo"). Sua própria forma — estruturada como versos e estrofes livres, com fluxo de associações e simultaneidade — já é uma negação da métrica rígida e uma demonstração da teoria modernista, unindo teoria e prática na mesma linguagem. Ele defende que a poesia deve ser feita de "palavras em liberdade", que captam o caos e a multiplicidade da metrópole.

9. Legado da 1ª Fase e Influência Contínua

Embora a Semana de 22 tenha tido um impacto inicial localizado, o Modernismo da 1ª Fase se projetou ideologicamente ao longo do século, influenciando:

  • O Tropicalismo na música (na segunda metade do século XX).

  • A Bossa Nova, com sua interpretação particular da antropofagia cultural (traduzindo influências da música popular estadunidense para a linguagem brasileira).

A 1ª Fase contribuiu para a consolidação do nacionalismo literário e estimulou a liberdade criativa, permitindo que escritores explorassem temas ligados à cultura popular, à diversidade social e à realidade brasileira.