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22/09/2025 • 10 min de leitura
Atualizado em 22/09/2025

A Geração de 45: 3ª Fase do Modernismo

GERAÇÃO DE 45 (3ª FASE DO MODERNISMO)

A Terceira Geração Modernista, também conhecida como Geração de 45, marca o último e mais maduro momento do Modernismo Brasileiro. Em oposição ao ímpeto destrutivo da primeira fase e ao engajamento social explícito da segunda, esta fase buscou a disciplina formal, o rigor estético e a reflexão profunda sobre a condição humana.

A seguir, apresentamos o conteúdo em uma ordem didática numerada, progredindo do contexto histórico mais simples às complexidades textuais mais exigidas em exames.

1. Contexto Histórico: O Nascimento da Geração de 45 (Fácil)

A Geração de 45 tem seu início marcado pelo ano de 1945, um período de profundas transformações:

Âmbito

Evento Marcante

Implicações na Literatura

Global

Fim da Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria.

Os horrores do pós-guerra e a ameaça constante de conflito geraram um clima de incerteza e insegurança existencial, levando à busca por temas filosóficos e introspectivos.

Nacional

Fim da Era Vargas (Estado Novo) e início da redemocratização.

Ocorreu uma reelaboração e um redimensionamento da literatura brasileira. Houve um desejo de ordem e disciplina e o surgimento de uma literatura menos engajada politicamente no estilo panfletário, mas ainda profundamente crítica.

Literário

Morte de Mário de Andrade, principal figura do Modernismo.

A nova geração assume uma nova tomada de consciência artística, proclamando o retorno ao caráter "sério" e "literário" da poesia.

2. Características Centrais da Geração de 45 (Fundamental)

A Terceira Fase se define por uma atitude mais formal e madura, em contraponto ao espírito de liberdade e contestação da Semana de 1922.

2.1. O Retorno ao Rigor Formal (SEO: Academicismo)

Esta é a característica mais distintiva da poesia desta fase, sendo frequentemente cobrada em provas:

  • Academicismo e Disciplina: Busca-se o restabelecimento da forma artística e bela, com um desejo de ordem e disciplina. Os autores apostaram em uma literatura sofisticada e com maior domínio formal.

  • Revalorização da Métrica e Rima: Há uma oposição à liberdade formal radical das fases anteriores. A métrica e a rima voltam a ser comuns e valorizadas.

  • Influências: Os poetas, que buscavam um caminho oposto ao de 1922, foram influenciados por correntes clássicas e estrangeiras, sendo chamados de Neoparnasianos (pela preocupação estética e culto à forma) e Neo-simbolistas (pelo intimismo e busca por musicalidade).

2.2. O Universalismo e a Introspecção (SEO: Existencialismo)

Em contraste com o foco nacional-regionalista inicial do Modernismo, a Geração de 45 adotou uma perspectiva mais ampla.

  • Universalismo: Há uma tendência "universalista", valorizando a influência de autores como Lorca, Rilke, Eliot, Pessoa e Valéry. O regionalismo é "repaginado" para se tornar um regionalismo universal, onde o local (o sertão, o nordestino) serve de palco para dilemas existenciais globais.

  • Intimismo e Psicologia: A literatura se torna intimista, psicológica e introspectiva. Os autores buscam sondar o subconsciente das personagens, influenciados pelo existencialismo europeu. O fundamental acontece no interior das personagens, e não no tempo e espaço.

  • Linguagem: Uso de vocabulário erudito, busca por uma linguagem mais objetiva e formal.

3. A Prosa da Geração de 45

A prosa foi o tipo de texto mais explorado e inovador na terceira fase, dando sequência às tendências da geração anterior (prosa urbana, intimista e regionalista).

A prosa é categorizada principalmente em:

3.1. Prosa Intimista (Foco Clarice Lispector)

Explora temas da ordem do psicológico e do subjetivo.

  • Técnicas: Narrativas interiorizadas, marcadas pelo fluxo de consciência (ou stream of consciousness), monólogo interior e fusão com o discurso do narrador (discurso indireto livre). A escrita se aproxima da poesia, com grande lirismo.

  • Temática: Análise da natureza humana e dos comportamentos do ser humano, explorando a solidão, a morte, a identidade.

  • Principal Autora: Clarice Lispector (1920-1977). Seus textos frequentemente analisam psicologicamente as personagens.

    • Obra de Exceção: A Hora da Estrela (1977). É uma narrativa metalinguística (o narrador, Rodrigo S. M., reflete sobre a linguagem). Aborda a vida de Macabéa, migrante nordestina na cidade grande, que sofre constrangimento e solidão. O livro lida com a imprevisibilidade da vida, culminando na morte de Macabéa após uma profecia frustrada ou cumprida às avessas.

3.2. Prosa Regionalista Universal (Foco Guimarães Rosa)

É o regionalismo reinventado, que rompe com a descrição social pura para mergulhar no interior do sertanejo.

  • Técnicas: Inovação na linguagem, marcada pela oralidade, regionalismos, neologismos e arcaísmos. Linguagem poética e fragmentada (prosa poética).

  • Temática: Recriação de costumes e da fala do sertanejo, mergulhando no seu pensamento e explorando o misticismo e a religiosidade. Se antes o sertão estava nos personagens, agora o interior da personagem faz do mundo um imenso sertão.

  • Principal Autor: João Guimarães Rosa (1908-1967).

    • Obra de Exceção: Grande Sertão: Veredas (1956). É um romance extenso (mais de 600 páginas) com estrutura circular. A temática envolve discussões existenciais e religiosas, como o pacto de Riobaldo com o diabo, motivado pelo desejo de ter a coragem de Diadorim (que se revela mulher após a morte).

3.3. Prosa Urbana e Outros Autores

  • Prosa Urbana: Ambientação nas cidades. Destaca-se Lygia Fagundes Telles (1923-2022), que também explora a sondagem psicológica e os conflitos femininos.

  • Outras Vozes Importantes: Ariano Suassuna (1927-2014), conhecido por misturar o erudito com a cultura popular nordestina, sendo sua obra-prima teatral Auto da Compadecida (1955).

4. João Cabral de Melo Neto: O Poeta-Engenheiro (Conteúdo de Exceção e Mais Cobrado)

João Cabral de Melo Neto (1920-1999) é o poeta de maior destaque da Geração de 45. Sua poética, porém, é complexa e cheia de contradições históricas, o que a torna um ponto crucial em exames.

4.1. A Contradição Histórica (SEO: João Cabral e Geração de 45)

Embora cronologicamente faça parte da Geração de 45, e seu livro O Engenheiro (1945) seja um marco desta fase, Cabral refuta sua inclusão.

  • Ele criticava a Geração de 45 por "voltarem a falar de flor, de lua, de todo esse lirismo barato e decorativo".

  • Cabral via a Geração de 45 como desnecessariamente buscando uma nova ruptura, quando deveriam seguir o caminho construtor dos poetas da Geração de 30 (como Drummond e Murilo Mendes), a quem considerava seus mestres.

4.2. O Estilo: Racionalidade, Rigor e Antilirismo

Cabral construiu um estilo singular e único, comparável a Guimarães Rosa na prosa, a ponto de críticos afirmarem que ele criou uma "nova gramática" na poesia brasileira, e não apenas um novo capítulo.

Característica

Detalhe Crucial para Exames

Citação de Apoio

Poeta Engenheiro

A poesia é vista como um artefato, uma construção singular, exigindo rigor formal, racionalidade e técnica. Sua principal influência foi Le Corbusier.

"Somos gente de muita textura e pouca estrutura. Eis a razão do meu interesse [...] pela máquina do poema.”

Antilirismo e Objetividade

É o poeta do Antilirismo. Fugia do espontaneísmo, do subjetivismo e da emoção não pensada. Preferia a palavra concreta (mesa, microfone) em detrimento da abstrata (beleza, amor).

"O poeta ou outro escritor qualquer, de um país subdesenvolvido como o Brasil, não pode desprezar a realidade dolorosa que o cerca.”

Estilo Seco

Sua escrita é marcada pela concisão, secura, aspereza. Tais características refletem o ambiente árido do sertão nordestino.

Sua poesia é "clara, de claridade, porque é solar, meridiana, invadida de luz por todos os versos, e é também clara, de clareza, porque não propõe charadas".

Recursos Técnicos

Utiliza a rima toante (correspondência de som vocálico na sílaba tônica) e o símbolo da pedra (presente em Pedra do Sono e A Educação pela Pedra), que representa a resistência e o concreto, fugindo do vago.

A pedra é um signo de sua poesia, marcado pela rispidez da consoante 'r'.

4.3. O Engajamento Social (Exceção: Poesia Engajada)

Cabral desenvolveu o "Novo Humanismo", voltado para a realidade social concreta. Ele não se iludiu com o discurso modernizante e desenvolvimentista da época, mas sim se pautou pela "consciência catastrófica do atraso".

  • Antagonismo de Classes: O poema “Festa na Casa-grande” (1960) é um exemplo de crítica social profunda, onde o cassaco de engenho (trabalhador da cana) é descrito como um ser reduzido à condição de coisa (reificação) e, por fim, ao nada (nadificação). A voz do poema é de um político/senhor de engenho, que o vê com frieza e distanciamento, revelando o antagonismo social.

  • O Cão Sem Plumas (1950): Poema longo sobre a exclusão social dos habitantes pobres (homens sem plumas) que vivem nas palafitas às margens do rio Capibaribe, no Recife, em meio à lama. O rio é comparado a um cão sem plumas, imundo e mendigo. O “cão sem plumas” simboliza o ser roubado até no que não tem (dignidade ou humanidade).

  • Morte e Vida Severina (1955): Poema dramático de maior sucesso público. Retrata a jornada do retirante Severino fugindo da seca, buscando a vida no litoral. Embora a situação dos retirantes seja trágica (condenados à "morte severina"), o desfecho sugere a resistência e a continuidade da vida ("a vida se desdobra em mais vida").

5. Perguntas Comuns e Dúvidas (Tirando Dúvidas Obvias)

5.1. A Geração de 45 foi um retrocesso?

Não. Embora a Geração de 45 tenha proposto um retorno ao rigor formal e valorizado o academicismo, opondo-se ao radicalismo de 1922, ela não anulou as conquistas modernistas. O movimento é visto como uma reelaboração e um redimensionamento da literatura, buscando o equilíbrio entre forma e conteúdo. O Modernismo precisou se consolidar, e a Geração de 45 trouxe a sofisticação estética e o amadurecimento formal necessário para que a literatura brasileira se afirmasse.

5.2. Qual a principal diferença entre a prosa da Geração de 30 e 45?

A Geração de 30 (2ª Fase) focou no realismo social e no engajamento político/denúncia (ex: Vidas Secas, Capitães da Areia). A Geração de 45 (3ª Fase) manteve o regionalismo e o social, mas o aprofundou no nível psicológico e formal.

  • Na prosa de 45, a preocupação maior é a análise da natureza humana em vez da sociedade em que vive.

  • O regionalismo vira universal (Guimarães Rosa).

  • O intimismo e a sondagem do subconsciente são intensificados (Clarice Lispector).

5.3. Por que João Cabral de Melo Neto e Clarice Lispector são considerados autores complexos?

Ambos se destacam pelo experimentalismo na linguagem e pela profundidade técnica:

  • Cabral: É difícil de ser lido por propor uma "nova gramática" e fugir do lirismo sentimental que o leitor comum espera. Sua poesia exige uma leitura mais lenta e reflexiva devido à secura e precisão.

  • Clarice: Sua escrita é complexa devido à ênfase no monólogo interior e na não-linearidade das narrativas. O foco em temas existenciais e a fusão do narrador com o fluxo de consciência da personagem desafiam a leitura tradicional.

6. Legado da Geração de 45 (Fechamento SEO)

O legado do Modernismo Tadio (Geração de 45) é a consolidação da literatura brasileira como madura e reconhecida internacionalmente. A fase deixou como herança:

  • A sofisticação estética da poesia pós-modernista.

  • O avanço da literatura engajada , agora em tom mais introspectivo e filosófico.

  • O regionalismo universal, que transformou o sertão em cenário para dramas humanos universais.

  • O desenvolvimento do romance intimista e psicológico.

A Geração de 45 não foi um retorno, mas sim uma reconstrução do caminho literário, focando na precisão da palavra como "instrumento de expressão estética" e estabelecendo os pilares da literatura brasileira contemporânea.

Fase

Período

Características Principais

Autores Chave (Geração 45 em destaque)

1ª Fase

1922–1930

Ruptura, irreverência, experimentalismo, nacionalismo (destruição de normas).

Mário de Andrade, Oswald de Andrade.

2ª Fase

1930–1945

Realismo social, engajamento político, consolidação do Modernismo.

Graciliano Ramos, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade.

3ª Fase

Pós-1945

Rigor Formal, Academicismo, Introspecção, Universalismo (equilíbrio entre forma e conteúdo).

Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto.