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27/09/2025 • 18 min de leitura
Atualizado em 27/09/2025

A Literatura Contemporânea no Brasil

LITERATURA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

A Literatura Contemporânea Brasileira (LCB), termo frequentemente associado às produções literárias lançadas a partir dos anos 2000, embora alguns teóricos estendam seu início às décadas de 80 e 90, representa uma fase de intensa diversidade e questionamento na produção nacional.

1: Fundamentos e Contextualização

1. Definição e Enquadramento Temporal

A LCB é uma vasta tapeçaria de produções que se desenvolve em um cenário de pluralidade de nomes e características.

  • Enquadramento Comum (Ponto Principal): O rótulo "literatura brasileira contemporânea" é habitualmente aplicado às obras publicadas a partir dos anos 2000.

  • Enquadramentos Ampliados (Exceção Teórica): Alguns pesquisadores consideram que a fase contemporânea pode ter se iniciado a partir da década de 80 ou 90.

  • Contexto Motivador: O crescimento dessa pluralidade é motivado por mudanças sociais e, notavelmente, pela facilidade de publicação na Internet.

2. A Não-Unidade do Movimento: Um Fato Essencial

Dúvida Comum: A Literatura Contemporânea Brasileira é um movimento organizado como o Modernismo?

  • Resposta Crucial: Não. É fundamental sublinhar que não há, entre essas produções literárias, nenhum tipo de projeto estético, político ou ideológico comum, não se tratando, portanto, de um movimento organizado.

  • Consequência: Essa falta de unidade formal resulta em uma dispersão de procedimentos estéticos, sendo a regra a emergência de estilos particulares e hiperindividuais.


2: Características Gerais e Temas Centrais (O "Como" e o "Sobre o Quê")

A LCB se caracteriza pela ruptura com o padrão dominante da literatura tradicional, promovendo uma descentralização do discurso.

3. A Emergência de Novas Vozes e a Pluralidade Social

A LCB opera uma mudança de paradigma, deslocando o foco da autoria e da representação:

  • Inclusão e Diversidade: Há uma forte tendência em mostrar vozes sociais novas na literatura. Grupos antes não autorizados têm ganhado espaço, como mulheres, negros, indígenas, e a população LGBTQUIAP+, entre outros grupos marginalizados.

  • Contraste com o Cânone: Se antes a literatura era majoritariamente produzida por homens, brancos, de classe média, especialmente do eixo São Paulo/Rio, que criavam personagens brancos, o cenário contemporâneo abriu espaço para novos lugares de fala.

  • Reconhecimento do Outro: Essa tendência busca ativamente ouvir o outro, entender seu lugar de fala e legitimar seu discurso.

  • Temas Sociais Intrínsecos: Essa literatura busca compreender a complexidade social do meio em que os autores estão inseridos.

4. Temas Recorrentes e Engajamento

  • Engajamento Social e Reflexão: Muitas produções carregam um forte desejo de engajamento social e de conhecimento sobre o funcionamento da sociedade brasileira.

  • Autoritarismo e História: Há um olhar para trás à procura de respostas sobre a origem política e social brasileira, com ênfase na compreensão das raízes do autoritarismo (como na obra de Lilia Moritz Schwarcz).

  • Violência e Questões Sociais: A violência é um tema de forte incidência. A literatura também se debruça sobre a condição feminina da mulher negra no Brasil, as problemáticas sociais e raciais.

  • Autoficção e Memória: A literatura de memórias e a autoficção são nichos importantes, especialmente para grupos marginalizados que abordam suas problemáticas sociais ou raciais. A autoficção e a autorrepresentação são formas de resistência, como no conceito de escrevivência.

  • Gênero e Relações Afetivas: O questionamento sobre os papéis sociais e os clichês de gênero, bem como a dinâmica das relações amorosas contemporâneas, são explorados.

5. Linguagem e Estilo: Adaptação à Contemporaneidade

  • Formato Reduzido: Há uma tendência contemporânea de produzir em formas reduzidas e de consumo mais rápido, como contos e crônicas.

  • Busca pela Singularidade: Muitos autores buscam uma singularidade autoral, uma "impressão digital forte" do artista.

  • Poesia e Forma: A poesia contemporânea, como a de Arnaldo Antunes, comunica para além das palavras, também com a forma. A poesia lírica, embora preserve a função emotiva, é marcada pela fragmentação do sujeito e pelo pulsar de imagens (variável discreta).

  • Diálogo com a Mídia (A Convergência): O surgimento de novas tecnologias e a facilidade de publicação na Internet impulsionam a produção. A LCB se manifesta na Literatura Contemporânea Digital (e-literature).


3: Vertentes Essenciais e Prioritárias em Concursos

Estes são os movimentos e conceitos que desafiam o cânone e são frequentemente abordados em exames por sua relevância social e inovação estética.

6. A Literatura Marginal (Periférica): Confrontando o Cânone

A Literatura Marginal (periférica) é um gênero presente e perturbador na LCB, sendo uma fonte de investigação devido ao boom de produções escritas por jovens autores moradores de periferia.

6.1. O que a define (e as exceções)
  • Confronto e Questionamento: As obras contemporâneas sob a denominação "marginal" contrariam o cânone literário e questionam os limites da definição da literatura. O movimento busca desestabilizar a tradição literária brasileira.

  • Temática Central: A matéria-prima é o cotidiano das periferias, frequentemente abordando temas como violência, sexo, drogas, estupros e assaltos. Há críticas que tentam desqualificar tais obras como mero registro documental ou denúncia, negando-lhes a "qualidade literária".

  • Linguagem da Oralidade: A linguagem utilizada é aproximada da oralidade, saindo dos padrões convencionais de escrita e não utilizando a chamada linguagem 'culta'. Utilizam-se expressões próprias da cultura periférica ("mó", "truta", "pode crê", "tá ligado").

  • Autores Expoentes: Ferréz (autor de Manual Prático de Ódio e organizador da Antologia Literatura Marginal), Sacolinha, e Sérgio Vaz.

6.2. Dúvida Comum em Concursos: Marginal dos Anos 70 vs. Contemporâneo

Há diferença entre o marginal dos anos 70 e o marginal contemporâneo?

Característica

Marginal Anos 70 (Poesia Marginal)

Marginal Contemporâneo (Anos 90 em diante)

Tonalidade

Tendia ao 'deboche'.

Investe em seriedade e compromisso social.

Linguagem

Utilizava a linguagem coloquial.

Exacerba ao máximo o recurso coloquial e adiciona um estilo próprio de falar da cultura periférica.

Relação com o Cânone

Pretendia desestabilizar o cânone.

Além de citar, aponta grandes nomes da literatura (Dostoievski, Flaubert, Pessoa, Gorki) como inspiração para suas produções.

Mercado

Não detalhado como forte no mercado editorial.

Reivindica espaço no mercado editorial e em instâncias de legitimação. O autor age como 'colaborativo', engajado e participativo na comunidade.

7. Literatura Afro-Brasileira: A Força da Escrevivência

O campo da Literatura Afro-Brasileira, especialmente na vertente feminina negra, é um dos mais estudados e cobrados, devido à sua relação direta com a Lei 10.639/2003.

7.1. Escrevivência e Conceitos Fundamentais
  • Definição: A Literatura Afro-Brasileira emerge de uma consciência negra e se preocupa em protestar contra o racismo e o preconceito.

  • Escrevivência (Conceição Evaristo): Conceito que designa a escrita que nasce das experiências individual e comunitária de autores e autoras negras. Para Evaristo, essa literatura é um discurso literário que, ao erigir personagens e histórias, o faz de modo diferente do previsível pela literatura canônica.

  • Função da Escrevivência: Atua como um contra-discurso à literatura da cultura hegemônica. Evaristo afirma que a escrevivência não escreve para adormecer os da casa grande, mas para acordá-los de seus sonos injustos.

  • Representação: Os personagens são descritos com a intenção de não esconder a identidade negra, valorizando a pele, os traços físicos e as heranças culturais oriundas de povos africanos.

  • Autores Prioritários (Concursos): Conceição Evaristo (contos como Maria, Ana Davenga e Duzu-Querença, e a coletânea Olhos D’água), e Carolina Maria de Jesus.

7.2. O Caso Excepcional: Carolina Maria de Jesus (Quarto de Despejo)

Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de Despejo (publicado em 1960), é uma figura fundamental, embora sua obra anteceda a LCB estrita.

  • Importância: Sua obra carrega marcas da identidade da mulher negra, pobre, favelada e marginalizada, tornando-se um referencial para os estudos culturais e sociais no Brasil e no exterior.

  • Voz dos Oprimidos: Sua escrita representa a voz dos oprimidos e injustiçados. Ela foi duplamente marginalizada pelo racismo e pelo machismo.

  • Estilo: Sua linguagem é inovadora e possui uma extraordinária força criativa, típica de quem teve instrução primária incompleta, revelando grande riqueza de vocabulário, mesmo sem obedecer à norma padrão.

  • Debate de Legitimação (Exceção Teórica): Sua obra levantou questionamentos sobre se o diário poderia ser considerado uma obra literária. Contudo, o que se questiona, na verdade, é o incômodo provocado pela literatura dos excluídos, que tem forte poder de denúncia e criticidade.

7.3. As Leis de Inclusão
  • Lei 10.639/2003: Determina a inclusão obrigatória da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" no currículo oficial da Rede de Ensino. Essa lei exige a mudança de práticas e a descolonização dos currículos da educação básica e superior.

  • Artigo 26-A, Parágrafo 2º (Lei 10.639/03): Elege a área da Literatura como uma das áreas em especial a ministrar esses conteúdos.

8. Literatura Indígena Contemporânea: A Voz-Práxis

O surgimento da literatura de autoria indígena a partir da década de 1990 é um importante avanço na LCB, desconstruindo a imagem estereotipada do nativo.

  • Foco na Autoria Nativa: Escritores indígenas assumem o papel de sujeito autor, criador e artista. O objetivo é reescrever a história do Brasil, permitindo que os indígenas sejam quem são e exponham sua diversidade étnica.

  • Voz-Práxis e Ativismo: Essa literatura é frequentemente ativista, militante e engajada, produzida por um "eu-nós lírico-político" para denunciar a exclusão, marginalização e violência histórica contra os povos originários.

  • Uso da Escrita: A escrita é utilizada como ferramenta para preservar histórias, memória, costumes e ancestralidade.

  • Pluralidade Cultural: As obras buscam apresentar a pluralidade cultural das etnias, que antes eram reduzidas à identidade genérica de "índio".

  • Autores Prioritários: Daniel Munduruku (Povo Munduruku, mais de 50 livros publicados, ganhador do Prêmio Jabuti; obra de destaque: Meu vô Apolinário), Olívio Jekupé (Guarani).

8.1. A Lei de Inclusão Indígena
  • Lei 11.645/2008: Altera a LDB, tornando obrigatória a inclusão do Ensino de História e Cultura Indígena no currículo escolar.


4: Debates Teóricos, Exceções Estilísticas e Contexto Digital

9. O Cânone Literário e a Luta por Legitimidade

A LCB está intrinsecamente ligada à crise da teoria e ao questionamento do que constitui a "literatura".

  • Cânone e Poder: O cânone (conjunto de obras perenes e clássicas) é frequentemente construído para a manutenção de valores reacionários e da ordem de poder estabelecida. Historicamente, a literatura canônica brasileira privilegiava autoria e personagens masculinas, brancas, cristãs e de classe média.

  • Valor Literário (Dúvida Comum): Os critérios que definem o que é considerado "literatura" são variáveis conforme as épocas e os olhares. A noção de valor tem pouco a ver com os textos e muito a ver com posições políticas e sociais.

  • Instâncias de Legitimação: Uma obra só é declarada literária quando referendada por instâncias de legitimação, como universidades, suplementos culturais, revistas especializadas, e livros didáticos.

  • Crise da Teoria: O surgimento de novas vozes e sujeitos força os pesquisadores a uma consciência crítica. A crise da "teoria pura" é causada por transformações culturais e políticas, exigindo um campo que aceite outras perspectivas além do "belo poético" ou "qualidade estética".

  • Estudos Culturais vs. Teoria Literária: Há um embate em curso sobre a teorização do literário. Os Estudos Culturais emergem propondo que o conceito de produção literária não valorize apenas o "esteticamente concebido," mas também a capacidade de suscitar questões de ordem teórica e problematizar temas de interesse atual.

10. A Literatura na Era Digital e as Novas Formas de Produção

A popularização dos computadores e o acesso à Internet revolucionaram o mercado, criando o campo da Literatura Contemporânea Digital.

  • Facilidade de Circulação: O poder de divulgação de um escritor hoje é indescritivelmente facilitado em relação ao passado, graças ao ciberespaço e aos blogs.

  • Novos Veículos: As redes sociais e a internet promovem novas formas de escrita e leitura (e-literature). Artistas digitais têm um retorno muito maior e mais rápido (feedback em minutos) do que no modo tradicional de publicação.

  • Migração para o Físico (Exceção Comercial): Muitos artistas digitais, após atingirem um grande número de seguidores online, optam pela publicação de livros físicos.

  • Persistência do Livro: Apesar da volatilidade e efemeridade das redes (como o fim do Orkut), o livro físico permanece persistente e não cai em desuso. A literatura digital, no entanto, é um exemplo de como os pilares do conhecimento estão se reorganizando no século XXI.

11. Literatura e Ensino na BNCC: O Tópico do Concurso

Para professores e candidatos a concursos, a discussão sobre o tratamento da Literatura nos documentos oficiais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é fundamental.

11.1. O Viés Utilitarista da BNCC
  • Lógica Neoliberal: A BNCC (2018) é criticada por emergir de uma lógica neoliberal que busca transformar a educação em um produto a ser consumido. O foco está na formação do indivíduo para resolver demandas complexas da vida cotidiana e do mundo do trabalho.

  • Instrumentalização da Literatura: Dentro dessa lógica, a Literatura é abordada de forma confusa. É frequentemente vista como uma segmentação da disciplina de Língua Portuguesa (integrando a área de Linguagens e suas Tecnologias).

  • Crítica: Essa abordagem instrumentaliza a Literatura, colocando-a a serviço do estudo da gramática e da norma culta, uma perspectiva ultrapassada que remete ao período colonial. A Literatura é usada para "ampliar o repertório linguístico dos jovens" e "oportuniza novas potencialidades e experimentações de uso da língua", em vez de ser vista como um fim em si mesma.

11.2. O Retrocesso e as Contradições
  • Fragilidade Conceitual: O documento BNCC demonstra fragilidade por abordar discussões de forma elementar e simplista.

  • Contradições: A BNCC critica o uso de gêneros substitutivos do texto literário, como o cinema ou HQs, enquanto, em outras passagens, incentiva o diálogo com gêneros midiáticos e a historicidade dos textos.

  • Oposição ao Humanismo: A visão da BNCC contraria a perspectiva humanizadora de Antonio Candido, que defende que a Literatura não deve ser instrumentalizada, mas sim atuar no exercício da reflexão, no afinamento das emoções e na percepção da complexidade do mundo.

11.3. O Papel do Professor: Resistência e Descolonização
  • A Literatura como Direito: A Literatura é um direito inalienável de todo ser humano, tal qual os direitos elementares (vestir, comer, ter saúde). A escola, portanto, tem um papel de equalizador social para mitigar desigualdades.

  • Ato de Resistência (Superando o Muro da BNCC): É imperativo que professores resistam à instrumentalização e garantam a leitura crítica e humanizadora da Literatura, fazendo-a "florescer no chão da escola".

  • Descolonização Curricular: A abordagem de obras de escritoras e escritores negros e indígenas contribui para a reconstrução epistêmica do currículo escolar brasileiro.

  • A Importância da Mediação: O professor deve ser um mediador de leitura, estimulando a fruição estética, o debate reflexivo, e a escrita de vivências (escrevivência), que toca em lugares de dor e sofrimento, mas também de transformação.

5: Autores e Obras Essenciais

Conhecer os autores e obras que definem as tendências contemporâneas é crucial, pois eles representam os "novos lugares de fala" e as inovações formais.

Autor(a)

Obra Representativa

Tendência/Tema Principal

Prêmio/Destaque (Exceções)

Conceição Evaristo

Olhos D’água (contos), Maria, Ana Davenga

Literatura Afro-Brasileira, Escrevivência, Condição feminina negra, Racismo.

Crescente proeminência no sistema literário brasileiro, apesar do prestígio inicial no exterior.

Ferréz

Manual Prático de Ódio, Capão Pecado

Literatura Marginal (Periférica), Violência urbana, Linguagem da oralidade.

Conseguiu espaço no mercado de livros, com obras lançadas por grandes editoras e tradução em outras línguas.

Carolina Maria de Jesus

Quarto de Despejo (1960)

Literatura dos Excluídos, Memória, Voz da mulher negra e favelada (Marco para Estudos Culturais).

Obra de linguagem original e força criativa, gerando debate sobre sua condição literária.

Daniel Munduruku

Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória

Literatura Indígena de Autoria, Preservação cultural, Identidade indígena.

Recebeu o Prêmio Jabuti, Prêmio da Academia Brasileira de Letras.

Natália Borges Polesso

Amora (contos), Controle

Gênero, Literatura Lésbica, Questionamento da heteronormatividade.

Vencedora do Prêmio Jabuti (Contos).

Lilia Moritz Schwarcz

Sobre o autoritarismo brasileiro (2019)

Engajamento Social, Ensaio, Raízes do autoritarismo brasileiro, Questões de gênero.

Obra de Ciências Humanas com grande relevância na LCB contemporânea.

Luiz Ruffato

O verão tardio (2019)

Autoria internacionalizada.

Processo de internacionalização da LCB.

Marcelo Rubens Paiva

O homem ridículo (2019)

Gênero, Relações sociais, Profissionalização do autor.

Exemplo da profissionalização do autor brasileiro, atuando em diversas áreas da escrita (jornalista, roteirista, dramaturgo).

Perguntas e Respostas Rápidas

A seguir, abordamos dúvidas comuns e aspectos práticos sobre o estudo da Literatura Contemporânea Brasileira.

1. O que é a principal característica da Literatura Contemporânea Brasileira?

A principal característica é a pluralidade e a diversidade temática e estética, marcada pela ausência de um projeto estético ou ideológico comum. Há uma forte tendência de dar voz a sujeitos sociais historicamente marginalizados (mulheres, negros, periféricos).

2. O que são os Estudos Culturais e qual seu papel na LCB?

Os Estudos Culturais são uma vertente teórica que disputa lugar na teorização do literário com a Teoria Literária tradicional. Eles acreditam ter a competência de teorizar sobre o objeto literário, valorizando a produção para além do mero "critério de literariedade" ou "qualidade estética". Para os Estudos Culturais, o valor de uma obra está ligado a questões sociais e políticas, e não apenas ao esteticamente concebido.

3. Por que a violência é um tema tão comum na LCB, especialmente na Literatura Marginal?

A violência é um elemento de forte incidência porque as narrativas marginais periféricas contemporâneas se propõem a registrar e a refletir as adversidades da sociedade brasileira e o cotidiano brutal das periferias (violência, drogas, assaltos).

4. Qual a importância da Lei 10.639/2003 para o estudo da LCB em concursos?

Essa lei é de extrema importância, especialmente para a área de ensino de literatura. Ela tornou obrigatório o ensino da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" no currículo oficial. Ela fornece o respaldo legal para a inclusão da Literatura Afro-Brasileira em sala de aula, promovendo a descolonização curricular.

5. O que significa o conceito de "escrevivência"?

A "escrevivência" é um conceito cunhado pela autora Conceição Evaristo para definir a escrita que nasce da experiência vivida (individual e comunitária) de mulheres e homens negros na sociedade brasileira. É uma escrita que se opõe ao discurso da cultura hegemônica e busca despertar consciências.

6. A Literatura Contemporânea Digital é considerada "literatura" tradicionalmente?

Sim, mas com ressalvas. Enquanto a Literatura Contemporânea Digital (e-literature) se consolida como uma nova forma de arte no século XXI, o debate sobre a legitimidade do que circula em circuitos alternativos é antigo. Alguns teóricos questionam se o conceito de literatura implica necessariamente a circulação em um mercado de livro tradicional e a condição profissional do autor. Contudo, muitos autores digitais, como Ferréz (na marginal) e autores de sucesso na web, alcançam o mercado editorial tradicional e a condição profissional, forçando a reavaliação desses limites.

7. Qual a crítica principal à abordagem da Literatura na BNCC?

A principal crítica é que a BNCC adota um viés neoliberal e utilitarista, instrumentalizando a Literatura para servir a uma formação voltada ao mercado de trabalho e ao ensino da norma culta da língua. Isso contraria a função humanizadora e crítica da Literatura, defendida por teóricos como Antonio Candido.


6: O Ciclo de Leitura e a Formação Humanizadora

Conforme Antonio Candido, a Literatura tem um caráter humanizador inalienável. Para o estudo didático da LCB, que frequentemente aborda temas de forte impacto social (violência, racismo), é útil compreender as três funções da literatura e as etapas de trabalho em sala de aula:

12. As Três Funções Formativas da Literatura (Segundo a Crítica)

Função

Descrição

Importância na LCB

Fruição (Estética)

A literatura é um objeto estético que mobiliza a língua para comover, provocar e arrebatar. É o prazer decorrente do encontro com a forma construída.

Importante para a apreciação de novos estilos e linguagens (como a oralidade na Marginal) e das formas breves digitais.

Expressão (Complexificadora do Real)

A linguagem literária questiona ou subverte o que é naturalizado pela sociedade (tabus, dogmas), criando mundos coerentes que permitem ao leitor se identificar e se projetar, revelando dilemas éticos.

Essencial para abordar a diversidade e as vozes emergentes (negras, indígenas, LGBTQUIAP+), transformando traumas e denúncias em reflexão.

Conhecimento (Objetivo do Mundo)

A literatura assume muitos saberes (histórico, social, técnico, linguístico), iluminando outros componentes curriculares e aprimorando habilidades práticas (conhecimento da língua, ampliação de vocabulário).

Permite a descolonização do conhecimento ao trazer epistemes não eurocêntricas (sabedoria do rio na literatura indígena) e desvelar as consequências da colonização.

13. Exigências Didáticas e de Pesquisa

A natureza dispersa e politizada da LCB exige uma postura crítica e atualizada:

  • Necessidade de Atualização: O professor deve ser um leitor assíduo e atualizado para lidar com a ampliação dos repertórios (literatura popular, contemporânea, best sellers, obras de grupos minorizados).

  • Pesquisa Qualitativa: O estudo de fenômenos contemporâneos na LCB frequentemente se apoia em pesquisa qualitativa, que interpreta a experiência diária dos indivíduos, suas relações e produções culturais, buscando analisar fenômenos em sua complexidade.

  • Netnografia: No contexto digital, a netnografia (etnografia adaptada para comunicações mediadas por computador) surge como método relevante para estudar grupos culturais online, como os discursos de resistência de líderes indígenas nas redes sociais.

  • Escrita Criativa (EC): O ensino de EC na escola não visa apenas formar escritores, mas sim a formação de indivíduos críticos e a aquisição de saberes de interesse social. A EC, ao trabalhar a espontaneidade e a imaginação, aprofunda o ensino de Literatura e permite aos alunos se sentirem capazes de produzir textos.