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A Gestão do Conhecimento (GC) é um campo que tem atraído a atenção de líderes empresariais e acadêmicos. Em sua essência, a gestão do conhecimento é um processo sistemático e organizado de identificar, capturar, organizar, armazenar e compartilhar informações cruciais e relevantes para uma organização. Essa prática abrange desde as experiências, percepções, habilidades e competências dos funcionários até dados brutos, documentos, procedimentos e práticas padrão.
Por que a GC é fundamental na era digital e na Sociedade 5.0? Atualmente, a sociedade humana está passando por mudanças rápidas e disruptivas, entrando na Sociedade 5.0, que representa a quinta formação social da humanidade, sucedendo as sociedades da caça, agrícola, industrial e da informação. Nesse novo cenário, o conhecimento emerge como o novo fator de produção, um ativo intangível valioso e insubstituível.
A transformação digital em curso impulsiona a criação de novos valores e serviços, tornando o conhecimento cada vez mais importante para a competitividade e inovação. As organizações precisam mobilizar o conhecimento que possuem para promover a aprendizagem organizacional e a inovação contínua.
A GC é crucial porque:
Otimiza processos internos.
Melhora a tomada de decisão estratégica.
Facilita a transferência de conhecimento e a inovação.
Permite que as organizações aproveitem ao máximo seus recursos internos e externos.
Ajuda as organizações a se adaptarem rapidamente às mudanças do mercado.
Apesar de ser um conceito desenvolvido lentamente ao longo dos anos, as novas tecnologias e formas de armazenamento de informações estão transformando a maneira como as iniciativas de GC operam.
Para entender a GC, é fundamental diferenciar seus componentes básicos:
Dado: O único elemento objetivamente quantificável que pode ser tratado por sistemas informatizados.
Informação: Um dado processado que possui valor para o usuário. Sistemas de informação podem facilitar a obtenção de informações a partir de dados.
Conhecimento: Surge da compreensão da informação e de sua aplicação prática. Diferentemente da informação, o conhecimento não é apenas uma memória estática, mas algo acessível segundo uma finalidade, intenção ou projeto, e é uma construção cognitiva permanente. É a informação interpretada, ou seja, o que cada informação significa e os impactos que pode causar, tornando-a útil para ações e decisões.
Os Tipos de Conhecimento (Crucial para Concursos!) Existem duas (ou três, dependendo da abordagem) formas principais de conhecimento gerenciadas nas organizações:
Conhecimento Explícito:
O que é: É o conhecimento que foi documentado e pode ser facilmente compartilhado. Passa pela mediação da linguagem, permitindo a aquisição de "saber" (entender e compreender) sobre fatos e eventos, mas não necessariamente a ação. Pode ser codificado e comunicado, sendo facilmente compreendido por outros.
Exemplos: Manuais, guias, documentos, procedimentos operacionais padrão (SOPs), playbooks de setores, políticas de RH, bases de dados, cursos e treinamentos.
Propriedades: Capacidade de disseminar e reproduzir para acessar e renovar toda a organização; capacidade de ensinar; capacidade de organizar e sistematizar; transferência de conhecimento por meio de produtos, serviços e processos documentados.
Conhecimento Tácito:
O que é: É o conhecimento pessoal baseado em experiências individuais, sendo mais difícil de ser articulado e compartilhado. É do tipo procedural, pessoal, específico de um determinado contexto, difícil de ser formulado e comunicado. Está fortemente incorporado pela experiência de um indivíduo e não passa pela formalização com palavras, materializando-se pelo gesto.
Exemplos: Know-how no suporte ao cliente, habilidades de design, dicas de técnicas de vendas de um vendedor experiente.
Transmissão: Ocorre pela socialização, ou seja, por interação física, observação, imitação, tutoria ou companheirismo.
Propriedades: Capacidade de adaptação a situações novas; expertise; capacidade de colaborar e compartilhar uma visão; coaching e mentoring para transferir conhecimento experiencial.
Conhecimento Implícito:
O que é: Muito semelhante ao tácito, mas pode ser mais facilmente codificado. É a informação embutida nos processos da organização que não é claramente articulada, um "conhecimento tribal" que pode ser aprendido e comunicado, mas ainda não foi formalmente capturado.
Observação: O conhecimento explícito e tácito residem exclusivamente na mente humana. No entanto, vários autores admitem que o conhecimento pode ser incorporado em repositórios não-humanos, como rotinas, sistemas, estruturas, cultura e estratégia.
Conhecimento como Ativo Estratégico O conhecimento é um ativo estratégico para muitas organizações. Conhecer bem os próprios processos pode ser o diferencial para uma empresa se tornar mais estratégica e competitiva. A GC contribui para construir e manter esse ativo, protegendo-o e garantindo seu uso a longo prazo para o benefício da empresa. Empresas que agem cedo na identificação e medição do capital humano podem gerar vantagens competitivas significativas e duradouras.
O principal objetivo da gestão do conhecimento é permitir que os colaboradores acessem e usem as informações para criar valor, melhorar a eficácia dos processos e promover a inovação na empresa. Trata-se de um hábito essencial para facilitar a tomada de decisões e resolver problemas com base em experiências anteriores.
Em poucas palavras, a GC visa conectar as fontes de geração de informações com a necessidade de aplicação do saber. Serve a uma variedade de propósitos na organização, tais como:
Melhorar a tomada de decisões: Ao armazenar e organizar o conhecimento de forma eficiente, os gestores podem acessar informações valiosas facilmente, resultando em decisões mais embasadas e eficazes. A IA, por exemplo, permite decisões mais assertivas ao processar grandes volumes de dados e gerar insights.
Promover a inovação: A GC ajuda a promover uma cultura de aprendizagem contínua, auxiliando os funcionários a aprenderem uns com os outros e a aproveitarem os insights coletivos da organização. A IA pode impulsionar a inovação e a produtividade.
Aumentar a eficiência: Simplifica o acesso ao conhecimento, liberando tempo dos funcionários para tarefas mais focadas em resultados.
Facilitar a aprendizagem organizacional: Promove a aprendizagem contínua. Ocorre quando a aprendizagem individual e de grupo se institucionaliza, e o conhecimento se incorpora em repositórios não-humanos.
Construir um ativo intelectual valioso: O conhecimento é um ativo estratégico, e a GC o constrói e mantém, protegendo-o e garantindo seu uso a longo prazo.
Ajudar na retenção do conhecimento: Captura e retém dados valiosos que os funcionários poderiam levar consigo ao deixar a organização.
Redução de custos e tempo: Contribui para a redução de custos e tempo de produção e desenvolvimento de produtos, e rápida comercialização.
Melhoria da prestação de serviços e qualidade de produtos: Aprimora a agilidade no serviço, a qualidade dos produtos e do atendimento ao cliente.
A gestão do conhecimento é construída sobre 3 pilares principais, também conhecidos como dimensões: Pessoas, Processos e Tecnologia. Alguns autores e a norma ISO 30401:2018 também incluem Cultura e Liderança como ativadores ou princípios fundamentais.
Pessoas:
São a fonte do conhecimento e o elemento que pode criar, compartilhar, usar e aplicar as informações na prática.
O foco está na cultura organizacional, no comportamento e nas competências das pessoas.
São usuárias e produtoras de conhecimento, e a confiança é um pré-requisito para o compartilhamento.
Em muitos estudos, o conhecimento e a informação residem exclusivamente na mente humana.
Processos:
Dizem respeito aos processos de gerenciamento do saber, incluindo sua criação, captura, armazenamento, compartilhamento, aplicação e atualização.
A rotina processual pode envolver metodologias e técnicas como lições aprendidas, comunidades de prática, mapeamento e sistemas de gestão.
Organizam a tomada de decisão nos níveis operacional, gerencial e estratégico.
Devem ser sistemáticos e efetivos para aumentar a eficiência e melhorar a qualidade.
Tecnologia:
Engloba o uso de sistemas de TI para facilitar a gestão.
Inclui bases de conhecimento, softwares de gerenciamento de documentos, intranets, redes sociais corporativas e outras ferramentas de colaboração e compartilhamento.
Deve servir de suporte aos processos e às pessoas, acelerando a GC através de práticas eficazes.
A IA é uma tecnologia em evidência que impacta a GC, facilitando coleta, armazenamento e socialização do saber.
Cultura Organizacional (Fator Crítico de Sucesso!):
É um fator promotor ou inibidor para a implementação e manutenção da GC.
É um conjunto de normas sociais que definem regras para interações e comunicação.
Uma cultura impregnada pela burocracia e rigidez hierárquica pode impactar negativamente a GC, enquanto um ambiente de interações espontâneas, informais e voluntárias é favorável.
É mencionada como um desafio significante nas práticas de GC.
A mudança cultural é um dos principais facilitadores para a institucionalização da GC. É crucial criar uma cultura de compartilhamento, disponibilidade e utilidade de dados.
Empresas devem educar os funcionários sobre o impacto da colaboração e recompensar aqueles que colaboram.
Em organizações públicas, a questão cultural é ainda mais representativa devido a fatores burocráticos, isonomia, estabilidade e descontinuidade administrativa.
Liderança:
Dirige a implementação da GC na organização, assegurando o alinhamento das estratégias e dos projetos com a missão e visão da organização.
Apoia e aloca recursos para a implementação dos projetos de GC.
O apoio da alta administração é fundamental para o êxito de qualquer processo de mudança em GC.
Existem muitos modelos de aplicação da gestão do conhecimento, cada um com sua metodologia. O modelo mais proeminente é o SECI (Socialização, Externalização, Combinação, Internalização), desenvolvido em 1991 pelos professores Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka.
Nesse processo, o gerenciamento do conhecimento compreende 4 etapas que acontecem em sequência, formando um ciclo contínuo:
Socialização (Tácito → Tácito):
O que é: Aborda a passagem do conhecimento tácito (aquele não formalizado) de uma pessoa para outra.
Como ocorre: Compartilhamento direto, interação física, observação, imitação, tutoria, companheirismo, brainstormings.
Exemplo: Um vendedor experiente dando dicas de técnicas de vendas a um colega menos experiente.
Externalização (Tácito → Explícito):
O que é: O conhecimento tácito se transforma em explícito, sendo codificado para ser facilmente captado pelos integrantes da empresa. É um momento de diálogo e reflexão.
Como ocorre: Articulação dos fundamentos do conhecimento tácito em padrões explícitos.
Exemplo: O vendedor experiente cria um curso de capacitação e treinamentos para os iniciantes. É uma etapa vital para a geração de conhecimento.
Combinação (Explícito → Explícito):
O que é: Vários tipos de conhecimento explícito são combinados e acumulados na companhia.
Como ocorre: Classificação, taxonomia, etiquetagem, resumo e estruturação de conteúdo, captura de conhecimento renovado, uso de bases de dados, manuais, cursos, apresentações, pesquisas.
Resultado: Geração de novo conhecimento explícito. A combinação não significa necessariamente aumento da base de conhecimento da organização.
Internalização (Explícito → Tácito):
O que é: Com a disseminação do conhecimento explícito, ele se torna tácito para os colaboradores, que o usam de forma espontânea e não formalizada.
Como ocorre: Aprendizado de novos conhecimentos, revisando, avaliando e absorvendo conhecimento, incorporando-o na prática, buscando conhecimento, uso de simulações, e-learning, job shadowing.
Resultado: O ciclo se reinicia, com o conhecimento tácito precisando ser explicitado novamente. É uma etapa vital para a transmissão do novo conhecimento.
O Modelo SECI foi complementado por Nonaka, Toyama e Konno (2000) com dois novos elementos: contexto de compartilhamento e ativos do conhecimento, que atuam como inputs, outputs e moderadores no processo de criação do conhecimento.
Além do SECI, a gestão do conhecimento pode ser dividida em cinco etapas, conforme o guia Document360:
Criar: Identificar e registrar o conhecimento para disseminação, convertendo o saber dos especialistas em conteúdo disponível.
Organizar: Armazenar o conhecimento de forma que faça sentido, formatando-o e organizando-o em categorias no sistema de GC.
Compartilhar: Informar a equipe sobre a disponibilidade do conhecimento e incentivar seu uso.
Analisar: Avaliar se o conteúdo está gerando resultados, identificando lacunas e conteúdos não utilizados.
Otimizar: Agir com base na análise, mantendo artigos atualizados, preenchendo lacunas e solicitando feedback contínuo.
A Asian Productivity Organization (APO) também propõe cinco passos: Identificar, Criar, Armazenar, Compartilhar e Aplicar conhecimentos.
Identificar: Diagnóstico crucial para detectar o conhecimento crítico necessário e as lacunas de conhecimento.
Criar: Desenvolver conhecimento internamente (P&D), adaptar, comprar ou alugar, resolver problemas colaborativamente, ou obter conhecimento via comunidades de prática.
Armazenar: Representar o conhecimento existente em repositórios estruturados para fácil acesso e transferência, criando uma memória organizacional.
Compartilhar: Fazer com que uma pessoa compreenda o pensamento de outra, usando insights para clarear situações. Requer processos de aprendizagem estendidos.
Aplicar: Integrar efetivamente o conhecimento nas ações e atividades diárias, utilizando e reutilizando o conhecimento existente. O conhecimento só agrega valor quando usado para melhorar produtos e serviços.
A implantação da gestão do conhecimento agrega valor e traz diversos benefícios tangíveis e intangíveis para as organizações:
Tomada de decisão agilizada e mais assertiva: Funcionários com acesso fácil ao conhecimento certo tomam decisões mais rapidamente e com mais sabedoria coletiva. A IA impulsiona decisões estratégicas ao processar grandes volumes de dados, gerar insights e simular cenários.
Acesso eficiente ao conhecimento e informação: Reduz o tempo gasto por funcionários na busca por informações, permitindo que se concentrem em tarefas mais produtivas.
Aumento na colaboração e geração de ideias: O compartilhamento eficaz do conhecimento promove a colaboração, fornece insights sobre o trabalho de outras equipes e inspira novas ideias baseadas em experiências anteriores.
Comunicação melhorada: Um sistema de GC bem implementado aprimora a comunicação organizacional, permitindo que as equipes se comuniquem eficazmente e compartilhem conhecimento.
Melhores informações e dados: A qualidade das informações e dados melhora quando são ativamente cultivados e supervisionados.
Segurança no armazenamento de propriedade intelectual: Ao registrar a propriedade intelectual, o conhecimento se perpetua na organização, não se perdendo com a saída de funcionários.
Treinamento otimizado: Funcionários novos e experientes podem usar o conhecimento armazenado para acelerar e enriquecer seu treinamento.
Mais inovação: Devido à capacidade de encontrar especialistas e identificar áreas com necessidade de inovação.
Produtos e serviços de melhor qualidade: Pelo uso mais eficaz do conhecimento sobre boas práticas de projeto e produção.
Aprendizado organizacional aprimorado: Possibilita a aplicação de lições aprendidas da experiência.
Aumento da produtividade organizacional: Estratégias eficientes de GC aumentam a produtividade.
Maior flexibilidade e adaptabilidade às mudanças: Prepara as empresas para atender demandas e mudanças.
Redução do tempo de resposta: Diminui o tempo de resposta às solicitações dos clientes.
Insights e automação com IA: Se a empresa criar uma IA com base em dados da GC, é possível gerar insights, automatizar processos e identificar pontos fracos e fortes com agilidade.
Embora valiosa, a implementação da GC não é fácil. Os principais desafios incluem:
Tecnologia:
Dificuldade em encontrar a tecnologia certa que se adeque às necessidades e processos únicos da organização.
Soluções podem ser caras ou inadequadas.
A IA, por exemplo, exige preparo da equipe, atenção a aspectos éticos e culturais, e investimentos significativos.
Alguns estudos observam que as empresas ainda não estão preparadas para a rápida mudança das tecnologias.
Compartilhamento do Conhecimento e Cultura Organizacional:
Dificuldade em convencer funcionários a compartilhar conhecimento, especialmente em culturas competitivas.
Funcionários podem sentir que seu conhecimento é sua vantagem pessoal e resistir a compartilhá-lo.
A resistência às mudanças e à adaptação a novas tecnologias dificultam a integração da IA nos processos de GC.
Uma cultura impregnada pela burocracia e rigidez hierárquica impacta negativamente o compartilhamento.
A falta de uma cultura de compartilhamento e confiança é uma barreira significativa.
Segurança e Privacidade de Dados:
Risco de informações confidenciais ou sensíveis serem vazadas ou comprometidas.
Necessidade de proteger dados valiosos e controlar permissões de edição.
Questões éticas, como direitos autorais e propriedade intelectual, são relevantes.
Apoio da Liderança:
A ausência de apoio da alta direção é um grande impedimento para a eficácia da GC.
A falta de uma liderança forte e a resistência a riscos em culturas conservadoras podem ser obstáculos.
Medição e Avaliação de Resultados:
Dificuldade em mensurar os resultados da GC, já que os benefícios podem ser indiretos e complexos.
Não existe consenso sobre os benefícios do uso da IA para a GC entre os autores.
Qualificação da Equipe:
Necessidade de qualificação da equipe para usar a tecnologia de GC.
Dependência de profissionais altamente qualificados pode ser um obstáculo para empresas sem esses talentos.
A IA exige novos papéis e competências, como cientistas do conhecimento e especialistas em IA.
Custos e Investimentos:
Altos custos e complexidade para a implementação de novas tecnologias podem ser um desafio financeiro.
A aplicação da GC em diferentes organizações demonstra seu impacto real:
Banco do Brasil: Criou um evento de treinamento que replicava o ambiente informal da "hora do café" para troca de experiências, tornando-se uma ferramenta de comunicação interna e compartilhamento de informações usada em todo o país.
SERPRO (Serviço Federal de Processamento de Dados): Implementou a "Árvore Serpro de Conhecimentos", uma base de dados nutrida com processos organizacionais sobre produtos, serviços e trato com clientes. Isso criou uma cultura de armazenamento de dados, disseminando o conhecimento e evitando a monopolização de tarefas, fornecendo um vasto banco de referências para novos colaboradores.
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias): Migrou para o ambiente online com "Comunidades de Prática" que utilizam ferramentas da internet (e-mails, download) para reunir, guardar, disponibilizar e incentivar o compartilhamento de conhecimento por colaboradores e pesquisadores.
Petrobras: Criou um banco de dados para difundir experiências, soluções criativas e lições aprendidas, com o objetivo de universalizar o conhecimento. Armazena narrativas de experiências para aprimorar futuros processos e prevenir erros, e utiliza o "mentoring" para transferir conhecimento de mentores para colaboradores menos experientes. O conhecimento técnico aplicado da Petrobras se tornou uma vantagem competitiva marcante.
Caixa Econômica Federal: Criou a "Universidade Caixa" para desenvolver capacidades e habilidades dos colaboradores com base em educação continuada e atualização técnica, promovendo a valorização do trabalhador e refletindo em maior rendimento e adaptabilidade a novos processos.
Roche (Empresa farmacêutica): Reduziu significativamente o tempo de elaboração e aprovação de dossiês de novos medicamentos (de 18 para 3 meses, e de 36 para 9 meses, respectivamente) ao identificar o conhecimento necessário, mapear requisitos de agências reguladoras (como a FDA), criar repositórios de conhecimento e implementar um "mapa de conhecimento organizacional" que indicava onde encontrar informações e quem detinha a expertise. Eles focaram em um problema de negócio específico e priorizaram o "porquê" antes do "como".
Johnson & Johnson: Implementou uma plataforma digital interna para acelerar a troca de ideias e experiências entre funcionários globalmente, disseminando conhecimento e promovendo o desenvolvimento contínuo.
Natura: Utiliza a "aprendizagem organizacional" e investiu em uma cultura organizacional centrada no compartilhamento de conhecimento para impulsionar inovação e crescimento, incluindo a plataforma digital Rede Natura que conecta colaboradores, consultores e fornecedores.
Siemens: Investiu em uma abordagem estratégica de GC com um sistema que permitiu colaboração eficiente entre equipes multidisciplinares, impulsionando inovação e adaptação, e adotou comunidades de prática para compartilhamento de experiências.
IBM: Implementou o programa "Think Academy" para promover a aprendizagem contínua e o compartilhamento de conhecimentos, resultando em aumento de 39% na retenção de talentos e 70% na produtividade. A criação de uma cultura de compartilhamento e o investimento em plataformas digitais colaborativas aumentaram sua agilidade e inovação.
Microsoft: Adotou comunidades de prática para incentivar a colaboração e a troca de experiências, melhorando a resolução de problemas, eficiência operacional e inovação.
Toyota: Pioneira na aplicação da GC para inovação fabril através da metodologia Lean Manufacturing, promovendo a cultura da melhoria contínua e o compartilhamento de conhecimento para processos mais eficientes e ágeis.
Netflix e Amazon: Utilizam algoritmos sofisticados e análise de dados em tempo real (gestão do conhecimento estratégica) para personalizar a experiência do usuário e oferecer recomendações, impulsionando a competitividade e fidelização do cliente.
FedEx: Implementou o Knowledge Management System (KMS), permitindo aos funcionários acesso fácil a informações, melhores práticas e experiências compartilhadas, resultando em melhoria da eficiência operacional, redução de erros e aumento da satisfação do cliente.
Onboarding de Funcionários e Produtos: Fornece respostas e orientações rápidas para novos contratados e clientes sobre produtos e funcionalidades.
Comunicação entre Equipes: Oferece um espaço centralizado para anúncios, perguntas e respostas, melhorando a comunicação e reduzindo a busca por informações dispersas.
Suporte ao Cliente (Agente e Autoatendimento): Agentes de suporte encontram respostas mais rapidamente, e clientes podem se autoatender, melhorando a satisfação e liberando o tempo dos agentes.
O investimento em ferramentas tecnológicas é um dos pilares do gerenciamento da informação, mas exige que a equipe tenha qualificação para usá-las.
Sistemas de Gestão do Conhecimento (SGC / KMS): Soluções de TI que apoiam a identificação, criação, apresentação e distribuição do conhecimento corporativo, com o objetivo principal de proporcionar habilidades que apoiem a tomada de decisão e aumentem a vantagem competitiva.
Software de Base de Conhecimento: Um site que exibe conteúdo em categorias para centralização, facilmente pesquisável. Permite criar, organizar e gerenciar conteúdo e geralmente oferece relatórios de desempenho. Exemplos: Document360.
Wiki: Site para grupos registrarem e compartilharem ideias criando páginas vinculadas. Ideal para crowdsourcing de conteúdo, permitindo que todos na organização editem artigos.
FAQ (Perguntas Frequentes): Lista de perguntas e respostas exibidas como uma única página.
CMS (Sistemas de Gestão de Conteúdo): Armazenam documentos, áudios, vídeos e outros tipos de mídia.
Intranets e Redes Sociais Corporativas: Ferramentas para colaboração e compartilhamento interno.
Softwares de Gerenciamento de Documentos: Ferramentas para organização e armazenamento.
Plataformas de e-learning: Para capacitação e desenvolvimento contínuo.
Ferramentas de busca: Para acessar o conhecimento necessário.
A Inteligência Artificial (IA) tem um impacto relevante na gestão do conhecimento empresarial, permitindo a tomada de decisões mais assertivas. Ela é uma tecnologia em evidência que facilita os processos de coleta, armazenamento e socialização dos saberes empresariais.
Como a IA auxilia a GC:
Automação de processos: Contribui para a automação e otimização de processos internos.
Análise e insights: É eficaz em tarefas específicas como armazenamento e análise de dados, processando grandes volumes de dados para gerar insights e prever tendências futuras.
Codificação de conhecimento explícito: Facilita a codificação de conhecimento explícito.
Autoaprendizagem: Desafia as limitações dos sistemas tradicionais de GC ao permitir autoaprendizagem.
Rastreamento de dados: A implementação de novas tecnologias como a IA pode oferecer vantagens como o rastreamento de dados que gerem melhores resultados em todos os níveis empresariais.
Inovação e Produtividade: Impulsiona a inovação e a produtividade.
Experiência Personalizada: Algoritmos sofisticados e análise de dados em tempo real permitem personalizar a experiência do usuário.
Necessidade de preparo da equipe: A equipe de trabalho precisa de qualificação para a adoção de novas tecnologias como a IA.
Aspectos éticos e culturais: São relevantes e devem ser considerados, como direitos autorais e propriedade intelectual.
Suporte à decisão humana: A tecnologia deve ser utilizada como suporte para as decisões tomadas por humanos, mantendo um equilíbrio entre o uso da IA e a intervenção humana. A inteligência para decisões estratégicas complexas permanece exclusivamente humana.
Extração de conhecimento tácito: A IA ainda depende da interação humana para transferir conhecimento tácito.
Qualidade dos dados e explicabilidade dos modelos: Desafios na qualidade dos dados e na interpretação das decisões da IA.
Custos e complexidade: Altos custos e complexidade na implementação da IA são desafios.
Resistência à mudança: A cultura organizacional pode impedir o uso efetivo de novas tecnologias.
A ISO 30401:2018 é uma norma internacional que estabelece requisitos para a implementação e certificação de um SGC. Representa um avanço importante para tornar os conceitos e práticas de GC mais acessíveis às organizações.
A norma preconiza que a Gestão do Conhecimento Organizacional (GCO) seja:
Vinculada aos objetivos estratégicos da organização (requisito 4.1).
Conectada às necessidades e expectativas das partes interessadas pertinentes (requisito 4.2).
Implantada a partir de uma cultura organizacional convergente ao tema (requisito 4.5).
Priorizada pela Alta Direção, com liderança e comprometimento (requisito 5.1).
Mensurada (requisito 6.2), com objetivos vinculados a uma política de GC (requisito 5.2).
Mapeada quanto aos riscos e oportunidades existentes, com ações para abordá-las (requisito 6.1).
Tratada por pessoal competente (requisito 7.2), com processos adequados de conscientização (requisito 7.3) e comunicação (requisito 7.4).
Atualizada a partir de mudanças em processos, produtos ou pessoas (requisito 8).
Monitorada por indicadores (requisito 9.1), auditoria interna (requisito 9.2) e análise crítica da direção (requisito 9.3).
Passível de melhoria contínua (requisito 10.3), com controle de não conformidades e ações corretivas (requisito 10.2).
Um SGC deve ser rápido e fácil de administrar, escalável, extensível, compatível com padrões da indústria, seguro, relevante, oportuno, flexível, heurístico, colaborativo, abrangente para consultas complexas, sugestivo e permitir análise off-line poderosa.
O desenvolvimento do conhecimento em um SGC abrange as atividades de adquirir novos conhecimentos (criação, inovação, pesquisa, aprendizado de lições), aplicar o conhecimento atual (transferência, compartilhamento, codificação, reutilização), manter o conhecimento atual (documentação, proteção contra perda) e restringir o uso de conhecimento desatualizado/inválido.
A transmissão e transformação do conhecimento incluem interação humana (comunidades de prática, brainstorming, mentoria), representação (documentação, codificação), combinação (síntese, formalização de conhecimentos codificados) e internalização (revisão, absorção e incorporação do conhecimento na prática).
Os ativadores do conhecimento para um SGC eficaz incluem capital humano (funções e responsabilidades, incentivo), processos (atividades de conhecimento definidas e incorporadas nos processos organizacionais), tecnologia e infraestrutura (canais digitais, espaços colaborativos) e governança (estratégia, políticas, service level agreements). Além disso, a cultura de gestão do conhecimento, que envolve atitudes e normas relativas ao compartilhamento e aprendizado com erros, é crucial (admitir e explicar que um erro é recompensado, não punido).
Implementar um sistema de GC eficaz exige planejamento e execução cuidadosos:
Analise como a informação é compartilhada atualmente: Entenda como o conhecimento flui na sua organização e como os clientes recebem informações. Observe canais de comunicação, dados, contextos e tempos de resposta. Isso ajudará a determinar a melhor abordagem e identificar funcionários experientes.
Defina objetivos quantificáveis: Estabeleça metas mensuráveis, como o número de artigos a serem criados, e desenvolva indicadores-chave de desempenho (KPIs) alinhados aos objetivos da empresa.
Crie um ambiente que recompense a colaboração: Mude a mentalidade de competição para colaboração, recompensando aqueles que compartilham conhecimento. Eduque os funcionários sobre o impacto da colaboração e considere programas de transição e eventos focados em habilidades colaborativas.
Procure as melhores ferramentas: Analise requisitos atuais e futuros (número de usuários, segurança, orçamento, potencial de crescimento, recursos) e aproveite testes gratuitos para experimentar softwares.
Crie uma equipe de gestão do conhecimento: Defina uma equipe com funcionários experientes e entusiasmados para definir a estratégia e desenvolver o conteúdo. Lembre-se que a GC é um processo contínuo que exige um sistema para a geração e otimização contínua de recursos.
Defina um calendário de otimização: A GC requer otimização regular. Colete informações suficientes antes de fazer mudanças, mas dedique tempo para avaliar conteúdos e fazer alterações para melhorar o desempenho.
Mantenha-se atualizado com as novas tendências: Acompanhe pesquisas, estudos e avanços tecnológicos na área para garantir que o ecossistema de GC da sua empresa permaneça saudável e benéfico.
Priorize o "Porquê" antes do "Como": Muitos gestores querem saber como aplicar práticas, comportamentos e técnicas, mas é mais importante entender o porquê em termos de filosofia e orientações gerais que levam à ação.
Aja, não apenas planeje: O aprendizado é dificultado sem ação baseada em experiência real. A cultura deve incentivar a ação, mesmo que isso signifique "disparar" antes de "apontar".
Aprenda com os erros: Na construção de uma cultura de ação, é fundamental o que acontece quando as coisas dão errado. Todo aprendizado envolve algum "fracasso". Falhas compreensivas nunca devem ser mal recebidas.
Afaste o medo: O medo impede a experimentação de novas ideias. As empresas devem manter a dignidade e o bem-estar dos funcionários mesmo em momentos de crise para garantir produtividade e desempenho.
Meça processos, não apenas resultados: Algumas medidas diretamente relacionadas ao modelo de negócios são mais eficazes do que uma infinidade de medidas que causam falta de foco.
Integre a GC com outras áreas: A GC deve ser integrada com o gerenciamento de projetos, gestão de processos e outras práticas de gestão de pessoas. Não deve ser vista como algo à parte, mas como um elemento integrado à forma de trabalhar da organização.
A gestão do conhecimento é um campo de estudo e prática dinâmico e essencial para as organizações que buscam se destacar na economia do conhecimento e na era da transformação digital. Vimos que ela transcende a simples gestão de informações, atuando como um processo complexo que lida com o conhecimento em suas diversas formas – tácito, explícito e implícito.
Para que a GC seja eficaz, é crucial considerar seus pilares – Pessoas, Processos, Tecnologia, Cultura e Liderança – de forma integrada. O Modelo SECI de Nonaka e Takeuchi serve como um framework poderoso para entender a dinâmica de criação e compartilhamento do conhecimento. Contudo, os desafios culturais e a necessidade de apoio da alta liderança são constantemente apontados como os maiores obstáculos à sua implementação bem-sucedida, especialmente no setor público.
A ascensão da Inteligência Artificial abre novas fronteiras para a GC, prometendo otimização, insights e automação. No entanto, é fundamental que a IA atue como um suporte às decisões humanas, sempre com atenção às questões éticas e à qualificação das equipes.
Ao adotar as melhores práticas, como a definição de objetivos claros, o fomento a uma cultura colaborativa, o aprendizado com os erros e a medição contínua, as organizações podem construir sistemas robustos de GC. A Norma ISO 30401:2018 oferece um guia abrangente para a implementação e certificação de um SGC, validando a importância estratégica dessa disciplina.
O sucesso da GC não é um fim em si mesmo, mas um meio para alcançar objetivos organizacionais, resolver problemas e atender necessidades. Em um mundo de incertezas e rápidas mudanças, a capacidade de gerir o conhecimento de forma eficaz é o que permite às empresas inovar, ser produtivas e manter uma vantagem competitiva sustentável.
Esperamos que este material sirva como um recurso valioso em sua jornada de aprendizado sobre Gestão do Conhecimento. Continue explorando e aplicando esses conceitos, pois o conhecimento, diferentemente do capital, cresce quando compartilhado!
Qual é a diferença principal entre conhecimento e informação?
a) Informação é mais complexa que conhecimento
b) Conhecimento é derivado da informação
c) Informação é mais difícil de ser compartilhada que conhecimento
d) Conhecimento é um conjunto de dados sem valor
e) Informação é intuitiva e evolui constantemente
Qual das seguintes práticas envolve medir processos e compará-los com os de outras empresas?
a) Coaching
b) Benchmarking
c) Educação Corporativa
d) Mapeamento de Processos
e) Inteligência Competitiva
O que é a "espiral do conhecimento" de Nonaka e Takeuchi?
a) Um modelo de gestão de competências
b) Um processo de transformação do conhecimento nas organizações
c) Um tipo de memória organizacional
d) Uma técnica de comunicação institucional
e) Um método de benchmarking
b) Conhecimento é derivado da informação
b) Benchmarking
b) Um processo de transformação do conhecimento nas organizações