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21/09/2025 • 15 min de leitura
Atualizado em 21/09/2025

Análise de "O Cortiço" de Aluísio Azevedo

O Cortiço de Aluísio Azevedo

1. Introdução e Contextualização: O Nascimento do Naturalismo no Brasil

O romance "O Cortiço" de Aluísio Azevedo, publicado em 1890, é amplamente reconhecido como uma das obras máximas do Naturalismo brasileiro. Esta obra não apenas narra a saga de ambição e enriquecimento de seu protagonista, João Romão, mas também difunde as teses naturalistas que buscam explicar o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.

Aluísio Tancredo Belo Gonçalves de Azevedo (1857-1913), maranhense, teve uma carreira literária iniciada por dificuldades financeiras. Ele é considerado o pioneiro do Naturalismo no Brasil com a publicação de O Mulato (1881), uma obra que chocou a sociedade da época devido ao tratamento cru da questão racial. Contudo, foi com O Cortiço (1890) que o Naturalismo atingiu o seu apogeu no país. A obra denuncia a exploração social e as péssimas condições de vida nas habitações coletivas cariocas do final do século XIX, expondo o capitalismo selvagem.

A história se passa no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, cenário de uma urbanização crescente. A obra retrata o período de transformações sociais e econômicas, marcadas pelo avanço científico e pela consolidação do poder da burguesia.

Dúvida Comum/Tópico de Exame: O Cortiço é Realista ou Naturalista?

  • O Naturalismo é um movimento que compartilha princípios com o Realismo, como a objetividade predominante, a verossimilhança e a análise das tipologias humanas.

  • A diferença reside na visão totalmente científica adotada pelo Naturalismo.

  • No Brasil, o Realismo e o Naturalismo se iniciaram no mesmo ano (1881), com Memórias Póstumas de Brás Cubas (Realismo) e O Mulato (Naturalismo).

  • O Cortiço é classificado como um romance naturalista, pois se baseia explicitamente em teses científicas da época, como o Determinismo, para explicar o comportamento humano.


2. Fundamentos Teóricos da Obra: O Determinismo e o Cientificismo

2.1 A Estética Naturalista e o Foco no Patológico

O Naturalismo, que surgiu na França em 1870 com Émile Zola, tinha como objetivo priorizar a objetivação e racionalização do pensamento da época. Os autores naturalistas, influenciados por teorias cientificistas como o Determinismo (Hippolyte Taine), o Evolucionismo (Charles Darwin) e o Positivismo (Augusto Comte), produziam obras que mostravam o retrato fiel da sociedade, analisando o homem a partir desses fatores.

A literatura naturalista inovou ao abrir espaço para temas antes considerados impróprios, como: jogos de interesse, hipocrisia, adultério, sexualismo e homossexualismo. Os personagens eram retratados com defeitos e imperfeições, como pessoas comuns da vida real, muitas vezes como vítimas do fatalismo, sem possibilidade de escapar das determinações preestabelecidas.

2.2 O Determinismo de Hippolyte Taine: Meio, Raça e Momento

O conceito de Determinismo, crucial para a análise de O Cortiço, foi defendido pelo filósofo e crítico literário Hippolyte Adolf Taine (1828-1893). Taine acreditava que o comportamento humano era moldado e determinado por três fatores primordiais:

  1. Raça (Hereditariedade/Fator Biológico): A força biológica dos caracteres hereditários que determinam o comportamento do indivíduo.

  2. Meio (Ambiente): Os fatores geográficos (clima, por exemplo) e o ambiente sociocultural, incluindo as ocupações cotidianas da vida. A influência do meio é considerada a grande responsável pelas mudanças de comportamento.

  3. Momento (Histórico/Época): O indivíduo é fruto da época em que vive e se subordina à maneira de pensar característica do seu tempo.

Aluísio Azevedo, influenciado por Zola e pela teoria de Taine, aplicou esses princípios em O Cortiço, construindo uma narrativa focada nos fatores externos, com pouca descrição psicológica dos personagens.

2.3 A Zoomorfização (Animalização)

Uma técnica naturalista intensamente utilizada no romance é a zoomorfização (ou animalização). O Naturalismo via o homem de forma materialista, como um produto biológico que age de acordo com seus instintos.

  • Evidências na Obra:

    • João Romão e Bertoleza são descritos trabalhando como uma "junta de bois". Bertoleza é vista como uma "máquina" de trabalho e Romão é comparado a um "animal".

    • O cortiço é descrito como um "formigueiro assanhado" ou uma "coisa viva" que se multiplica como "larvas no esterco".

    • A vida no cortiço é narrada como uma "aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas", e a sexualidade é comparada ao instinto animal, como Miranda que "gozou-a loucamente, com delírio, com verdadeira satisfação de animal no cio".

    • O pranto de Piedade é comparado ao "mugido lúgubre" de uma "vaca chamando ao longe".

Tópico de Exame/Dúvida Comum: Qual é a função da zoomorfização?

  • Na perspectiva determinista, a zoomorfização reforça a ideia de que o homem é regido por seus instintos e pelo ambiente.

  • Na crítica sociológica, a animalização dos pobres que trabalham em condições degradantes serve como uma categoria interna ao texto que espelha a realidade econômica brutal do capitalismo primitivo, reduzindo o homem à condição de "besta de carga".


3. A Trama e a Tipologia Social: Análise dos Personagens

A obra se estrutura em torno da oposição dialética entre o universo do cortiço (Conjunto I, pobreza, instinto, ordenação natural) e o sobrado de Miranda (Conjunto II, riqueza, estratégia racional, cultura burguesa). O grande fio condutor é a saga de João Romão rumo ao enriquecimento e ascensão social.

Personagem

Perfil e Função Simbólica (Tópico de Exame)

Citações Chave

João Romão

O Capitalista Explorador. Taverneiro português, dono da pedreira e do cortiço. Representa o arrivismo, a ambição e a acumulação primitiva de capital. Age sem princípios morais, usando o furto e a exploração (Bertoleza) para enriquecer. Busca o prestígio social burguês.

"Representa o capitalista explorador". "tinha de ser fatalmente vítima da própria inteligência. À míngua de educação, seu espírito trabalhou à revelia...".

Bertoleza

A Escrava Explorada. Cafuza (negra mestiça), amante de Romão, que trabalha incansavelmente. Ele forja sua alforria para se apropriar de suas economias e força de trabalho. Simboliza o trabalhador reduzido a escravo e a exploração do português sobre o brasileiro/negro. Seu suicídio é um gesto de desespero ao ser denunciada como fugitiva.

"Bertoleza representava agora ao lado de João Romão o papel tríplice de caixeiro, de criada e de amante". "Bertoleza é que continuava na cepa torta, sempre a mesma crioula suja, sempre atrapalhada de serviço, sem domingo nem dia santo".

Miranda

A Burguesia Estabelecida. Comerciante português, mora em um sobrado aburguesado. É o principal opositor de Romão, mas depois se torna seu aliado por conveniência. Sua aquisição do título de Barão força Romão a buscar não apenas dinheiro, mas também ostentação e posição social.

"Miranda pilhou-a em flagrante delito de adultério; ficou furioso...".

Jerônimo

O Vencido pelo Meio. Português trabalhador e metódico ("cavouqueiro"). Sua transformação (o "abrasileiramento") é o exemplo mais claro da influência do meio sobre o homem. Abandona a disciplina, a família (Piedade) e os costumes europeus ao se envolver com Rita Baiana.

"Jerônimo abrasileirou-se". "transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia-adia... esquecia-se dos seus primitivos sonhos de ambição...".

Rita Baiana

A Mulata Sensual Brasileira. Mulata sensual e provocante. Promove os pagodes e representa a mulher brasileira e, simbolicamente, a própria terra. Atrai Jerônimo por instinto racial (buscando raça superior).

"Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele (Jerônimo) recebera chegando aqui". "representa a mulher brasileira".

Pombinha

A Vítima do Meio (e do Gênero). Inicialmente, uma "flor do cortiço", educada e delicada. É influenciada pelo meio (ouvindo confidências e sofrendo assédio/iniciação sexual por Léonie). Torna-se prostituta (cocote), ilustrando como o ambiente corrompe os indivíduos.

"Aquela pobre flor de cortiço, escapando à estupidez do meio em que desabotoou, tinha de ser fatalmente vítima da própria inteligência".


4. Análise Crítica e Temas Centrais

4.1 A Desigualdade Social e a Luta de Classes

O Cortiço é um estudo acadêmico sobre a desigualdade social no Brasil do século XIX, que reflete o fortalecimento brutal do capitalismo e a crescente urbanização.

  1. Exploração Econômica e Acumulação Primitiva: A obra narra a história da acumulação primitiva de capital no Brasil. João Romão alcança o sucesso por meio da exploração da força de trabalho dos moradores, do roubo de materiais de construção e do engano, sendo um asceta que vive para ganhar dinheiro. Sua ascensão é marcada pela passagem do dinheiro para o capital, investindo o que ganha para expandir ilimitadamente seus negócios.

  2. Oposição Pobreza vs. Riqueza: O romance apresenta a luta de classes e a polarização entre riqueza e pobreza. A pobreza, que não se restringe apenas à falta de bens materiais, é intensificada pela exclusão social, problemas sociais, marginalização, violência e animalização. Os pobres, como os moradores do cortiço, são retratados como a "arraia-miúda", vivendo em um ambiente hostil e desorganizado.

  3. A Pobreza Estrutural: A pobreza na obra é estrutural. Ela se manifesta nas dificuldades socioeconômicas e na ausência de acessibilidade a auxílios materiais e não materiais. Personagens como Bertoleza, mesmo trabalhando duro, permanecem na subordinação, ilustrando que o trabalho pesado leva à sobrevivência, mas raramente à ascensão, sendo objeto de exploração.

  4. Xenofobia e Nacionalismo: Há um conflito étnico-nacionalista latente, com o ressentimento do brasileiro em relação ao estrangeiro (português) que enriquece às suas custas. Antonio Candido (AC) sugere que o romancista utilizava a acumulação de João Romão como um símbolo da exploração do brasileiro pelo estrangeiro. No entanto, AC argumenta que, em um nível mais profundo, o conflito étnico é um disfarce para o conflito de classes (pobres vs. ricos).

4.2 O Cortiço como Personagem Principal (Coletividade)

Alfredo Bosi destaca que Aluísio Azevedo desistiu de construir um enredo focado em pessoas e se ateve à sequência de descrições onde o cortiço, em seu conjunto, se torna a personagem mais convincente do Naturalismo brasileiro.

O cortiço é descrito como algo orgânico, vivo, que "acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas". A ênfase é dada à coletividade. A vida no cortiço, embora promíscua e desregrada, apresenta traços comunitários e solidários. As vidas familiares e pessoais se articulam na coletividade. O centro da vida comunitária, por exemplo, gira em torno das mulheres/lavadeiras.

Transformação do Espaço: Acompanhando a ascensão de João Romão, o cortiço muda, perdendo seu caráter miserável e desorganizado. Depois de um incêndio, ele passa por reformas e se transforma na Vila João Romão, e posteriormente na Avenida São Romão. Essa transformação simboliza o "aristocratizava-se" do espaço e a expulsão dos moradores mais pobres e miseráveis para outros cortiços, como o "Cabeça de Gato".


5. Tópicos Avançados, Exceções e Dúvidas Comuns

5.1 A Crítica à Posição do Narrador (O Preconceito Mascarado)

Um ponto fundamental na crítica literária e altamente cobrado em análises aprofundadas é a posição ideológica do narrador. Antonio Candido (AC) e Roberto Schwarz (RS) analisam a dissonância entre a narração e a matéria narrada.

O narrador é onisciente e adota uma máscara de impessoalidade e objetividade científica. No entanto, os críticos apontam que ele manifesta o ponto de vista da elite branca, livre e brasileira, olhando com desprezo para negros e portugueses. Essa postura revela o preconceito racial e xenófobo da classe dominante, mascarado sob o discurso cientificista da época.

  • Evidências do Preconceito (AC/RS):

    • O narrador adere a ditados preconceituosos como: "Para português, negro e burro, três pês: pão para comer, pano para vestir e pau para trabalhar", equiparando o trabalhador ao animal.

    • O narrador reforça a doxa patriarcal que diz: "branca pra casar, preta pra trabalhar e mulata para fornicar". Bertoleza, a negra, é descartada para Romão se casar com Zulmira, a branca pálida.

    • O elogio a Jerônimo, que escolhe Rita Baiana, é justificado pelo narrador como um instinto da cafuza em buscar uma "raça superior à sua" (o português branco).

A matéria narrada (as histórias de Bertoleza, Jerônimo, Pombinha) muitas vezes resiste e revela mais do que o narrador, preso à sua "vã ciência", pretendia mostrar. Por exemplo, o diálogo de Bertoleza com Romão, em que ela cobra seus direitos e exige igualdade de valor, é um gesto de resistência que contraria a visão simplista do narrador.

5.2 As Exceções ao Determinismo: Romão e o Cortiço

Embora o Determinismo seja a espinha dorsal da narrativa, Aluísio Azevedo permitiu que dois elementos escapassem (ou modulassem) à sua influência fatalista:

  1. João Romão: Em vez de ser modelado pelo meio, ele molda o meio de acordo com seus interesses. Ele consegue ascender socialmente para a vida burguesa, rompendo o limite imposto pela pobreza inicial. Sua obsessão por dinheiro (o movimento do Capital) é tão poderosa que ele supera as contingências, transformando-as em vantagens.

  2. O Cortiço: Acompanhando Romão, o cortiço também se transforma, de um ambiente miserável para a Avenida São Romão, "vencendo junto com ele".

Exceção Importante: Jerônimo, ao contrário de Romão, é o português que é vencido pelo meio (o Brasil) e se abrasileira, perdendo sua disciplina e ambição.

5.3 Remanescências Românticas (A "Falha" do Naturalismo)

Apesar de ser um marco do Naturalismo, a obra ainda possui marcas do Romantismo. O Naturalismo buscava uma visão objetiva e crua, mas em alguns momentos, o narrador recorre a descrições idealizadas e subjetivas.

  • A Puberdade de Pombinha: A cena que narra o início da puberdade de Pombinha, após a iniciação sexual com Léonie, é descrita de forma idealizada, utilizando imagens delicadas (a "flor do cortiço") e cores vibrantes, como se ela se deitasse em uma "floresta vermelha cor de sangue". O sol é personificado, abençoando a "nova mulher que se formava para o mundo". Essa descrição poética e subjetiva se choca com a brutalidade e o cientificismo esperados do Naturalismo.

5.4 Gênero, Raça e a Questão da Homossexualidade

A obra é rica em temáticas de classe, raça e gênero, que refletem a sociedade da época.

  1. A Figura da Lavadeira: As lavadeiras, que compunham a maioria da população feminina do cortiço, eram mulheres pobres, imigrantes ou descendentes de escravizados. Elas eram trabalhadoras braçais, sujeitas ao controle social e frequentemente associadas à desordem e à criminalidade pela imprensa. No entanto, elas demonstravam laços de solidariedade, ajudando-se em casos de conflitos domésticos ou de expulsão.

  2. Homossexualidade: O Cortiço é um dos primeiros romances brasileiros a abordar representações da homossexualidade.

    • Albino: É um lavadeiro, tratado de modo oblíquo, como se fosse uma mulher, vivendo entre as lavadeiras.

    • Pombinha e Léonie: A homossexualidade é materializada no ato sexual entre Pombinha e a prostituta de luxo, Léonie (cocotte). É concebida pelo olhar naturalista como um instinto animal degenerado (por ser homoerótico e vir de uma prostituta). No entanto, para Pombinha, essa experiência é um catalisador para seu despertar sexual e intelectual, levando-a a compreender a fraqueza dos homens e seu próprio valor.

5.5 A Crítica ao Abolicionismo (O Fim de Bertoleza)

A abolição da escravatura, ocorrida em 1888, apenas dois anos antes da publicação do romance, é tratada com profunda ironia e crítica.

O destino trágico de Bertoleza – que trabalha como escrava na prática e é denunciada por João Romão para ser devolvida ao cativeiro – é a denúncia mais forte.

O final da obra é emblemático: enquanto Bertoleza se suicida para não voltar à escravidão, esfaqueando o próprio ventre, João Romão, o explorador que lucrou com a escravidão forjada, recebe uma comissão de abolicionistas de casaca que lhe trazem o diploma de sócio benemérito.

Esta justaposição violenta expõe a hipocrisia e a superficialidade do movimento abolicionista da elite, enquanto o trabalhador negro (ou descendente de escravizado) continuava vulnerável e explorado pelo novo capitalismo.


6. Estrutura e Estilo Narrativo

6.1 Narrador e Foco

  • Narrador Onisciente em 3ª Pessoa: O narrador domina todo o universo narrado, apresentando o passado dos personagens e cenas simultâneas.

  • Foco na Descrição: Alfredo Bosi nota que Aluísio não se importa em construir um enredo em função de pessoas, mas sim na sequência de descrições muito precisas de cenas coletivas.

6.2 O Uso da Linguagem

A linguagem é simples e objetiva, aproximando-se do texto informativo, com uso de imagens denotativas e obedecendo à ordem direta nas construções sintáticas. No entanto, Affonso Romano de Sant’Anna (ARS) destaca a plurivalência de nacionalidades na língua (francês, italiano, português de Portugal, falar do cortiço e falar dos salões), constituindo a língua brasileira em um sentido mais amplo.

O Cortiço como Alegoria: Antonio Candido afirma que Aluísio Azevedo conseguiu adaptar a forma importada de Zola, transformando a obra em uma alegoria do Brasil em miniatura, onde o conflito de classes é recriado esteticamente.


7. Resumo Didático da Trama: Ascensão e Decadência (Ordem Cronológica)

  1. Início da Acumulação: João Romão, português, herda uma taverna e dinheiro de seu patrão. Ele inicia sua saga de enriquecimento, movido pelo "delírio de enriquecer".

  2. A Exploração de Bertoleza: Romão se amasia com Bertoleza, uma escrava cafuza, e a convence a confiar-lhe suas economias. Ele forja uma carta de alforria falsa para Bertoleza e se apropria de seu dinheiro e trabalho, usando-a como amante, caixeira e criada.

  3. A Construção do Cortiço: Com o capital acumulado (incluindo o dinheiro de Bertoleza e furtos), Romão compra terrenos e constrói casinhas para alugar, dando origem ao cortiço, que prospera rapidamente.

  4. A Rivalidade com Miranda: Miranda, um comerciante mais estabelecido e burguês, muda-se para o sobrado vizinho. Romão e Miranda travam uma disputa acirrada por um pedaço de terra.

  5. O Despertar da Ambição Social: Miranda recebe o título de Barão do Freixal. Romão percebe que não basta ser rico; é preciso ter prestígio social. Ele passa a mudar hábitos e a buscar a vida burguesa.

  6. A Transformação de Jerônimo: O português trabalhador, Jerônimo, é vencido pela influência do meio (o clima tropical e a coletividade). Ele se apaixona por Rita Baiana – a personificação da natureza brasileira –, abandona a esposa (Piedade) e a disciplina, tornando-se "abrasileirado".

  7. Ascensão e Abandono: Romão melhora seu relacionamento com Miranda e transforma o cortiço em Vila João Romão. Ele pede a mão da filha de Miranda, Zulmira, em casamento.

  8. O Fim de Bertoleza: Bertoleza se torna um empecilho social para Romão. Ao tentar reivindicar seus direitos sobre os bens acumulados, Romão a trai, denunciando-a como escrava fugida a seus donos legítimos. Bertoleza, em um ato de desespero e lucidez, comete suicídio rasgando o próprio ventre com uma faca de cozinha, preferindo a morte à volta ao cativeiro.

  9. Triunfo da Hipocrisia: Romão, livre, completa sua ascensão social casando-se com Zulmira. Ele recebe, ironicamente, uma comissão de abolicionistas que lhe entrega o diploma de sócio benemérito. A população mais pobre e miserável é deslocada para o cortiço "Cabeça de Gato", mantendo a engrenagem social da exploração.