Volitivo
  • Home
  • Questões
  • Material de apoio
  • Disciplina
  • Blog
  • Sobre
  • Contato
Log inSign up

Footer

Volitivo
FacebookTwitter

Plataforma

  • Home
  • Questões
  • Material de apoio
  • Disciplina
  • Blog
  • Sobre
  • Contato

Recursos

  • Política de privacidade
  • Termos de uso
Aprenda mais rápido com a Volitivo

Resolva questões de concursos públicos, enem, vestibulares e muito mais gratuitamente.

©Todos os direitos reservados a Volitivo.

14/08/2025 • 14 min de leitura
Atualizado em 14/08/2025

Anita Malfatti

Anita Malfatti: A Pioneira do Modernismo Brasileiro e Sua Revolução na Arte

Quem foi Anita Malfatti e por que ela é tão importante?

Anita Catarina Malfatti (1889-1964) é uma das figuras mais emblemáticas e cruciais da história da arte brasileira. Nascida em São Paulo, ela é amplamente reconhecida como a primeira artista brasileira a introduzir as formas e ideias do Modernismo europeu e americano no Brasil. Sua ousadia e visão artística foram fundamentais para romper com o tradicionalismo acadêmico que dominava a cena artística nacional, abrindo caminho para o que se tornaria o movimento modernista brasileiro.

A importância de Anita Malfatti transcende sua arte; ela foi uma mulher artista em um meio dominado por homens e uma pessoa com deficiência em uma sociedade capacitista, superando barreiras para se tornar uma inspiração. Sua jornada e a recepção de sua obra são um estudo de caso sobre inovação, resistência e o poder transformador da arte.

A Formação de uma Visionária: Primeiros Passos e Influências Internacionais

Anita Malfatti teve um contato precoce com a arte, começando seus estudos com sua mãe, Betty Krug, uma professora de pintura. Desde cedo, Anita demonstrou uma forte vocação e preocupação com seu talento. Um desafio físico notável em sua vida foi a atrofia congênita do braço e da mão direita, o que a levou a aprender a pintar com a mão esquerda.

Sua busca por conhecimento a levou para além das fronteiras brasileiras, algo incomum para a época. Com o apoio financeiro de seu tio, Jorge Krug, ela embarcou em viagens de estudo que seriam decisivas para sua formação e para a arte brasileira.

Viagens e Imersão nas Vanguardas Artísticas:

  • Alemanha (1910-1914): Anita estudou em Berlim, frequentando a Academia Imperial de Belas Artes e tendo aulas particulares com artistas como Fritz Burger e, crucialmente, Lovis Corinth. Na Alemanha, ela teve um contato direto e profundo com o Expressionismo, absorvendo a estética de cores contrastantes, formas assimétricas e a expressividade emocional na pintura. Sua obra A Floresta (1912) já mostrava pinceladas mais soltas e vibrantes. Anita foi a primeira artista brasileira a absorver o Expressionismo antes da Primeira Guerra Mundial.

  • Estados Unidos (1915-1916): A eclosão da Primeira Guerra Mundial forçou seu retorno breve ao Brasil em 1914, mas logo em 1915, seu tio novamente financiou seus estudos, desta vez nos Estados Unidos. Em Nova York, ela estudou na Arts Students League e na Independent School of Art com Homer Boss, que enfatizava o estudo da anatomia humana. Este período nos EUA a expôs ao Cubismo e a outras vanguardas, permitindo-lhe aprofundar uma visão mais global da arte moderna. Ela chegou a ter contato com Marcel Duchamp.

Ponto importante para concursos: A viagem de Anita aos EUA e Alemanha foi incomum, pois a maioria dos artistas brasileiros da época buscava formação na Itália ou França. Essa escolha a colocou em contato com correntes artísticas diferentes, como o Expressionismo e o Cubismo, que ainda não eram familiares no Brasil.

A Exposição de 1917: O Estopim da Revolução Moderna

Ao retornar ao Brasil em 1916, as obras de Anita Malfatti já exibiam uma força e gestualidade inéditas, transformadas pela temporada europeia e americana. Em dezembro de 1917, ela realizou sua segunda exposição individual, intitulada "Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti", em São Paulo. A mostra contava com 53 obras, incluindo criações de seu período nos Estados Unidos e trabalhos recentes produzidos no Brasil.

Obras-chave e Estilo:

Em suas obras iniciais, como A Boba (1915-1916), A Estudante (1915), Tropical (1917), O Homem Amarelo (1915-1916), O Japonês (1915), e A Estudante Russa (1915), Anita explorava:

  • Cores vibrantes e não naturais: A cor era um elemento essencial de sua obra, utilizada de forma expressiva, muitas vezes com forte contraste.

  • Pinceladas livres e expressivas: Valorizando a superfície da tela e transmitindo emoção.

  • Temas não naturalistas: Abordando personagens, cenas e paisagens brasileiras de forma expressiva, sem a preocupação com a representação fiel da realidade.

  • Deformações e angulações incomuns: Refletindo uma expressão psicológica e simbólica do sofrimento humano.

Conteúdo para concursos: A exposição de Anita de 1917 é frequentemente citada como um marco por ser uma das primeiras mostras modernistas no Brasil, precedida apenas pela de Lasar Segall em 1913.

A Polêmica "Paranoia ou Mistificação?"

Apesar de Anita ter selecionado cuidadosamente suas obras, omitindo, por exemplo, seus nus para não ofender a conservadora sociedade paulistana, sua arte ainda assim foi duramente criticada. A repercussão inicial da exposição foi mista: por um lado, gerou curiosidade e elogios de artistas e intelectuais que viriam a formar o núcleo modernista. Por outro, a estética vanguardista era vista como "estranha" e em descompasso com o realismo acadêmico então em voga.

O ponto de virada veio com a crítica devastadora de Monteiro Lobato, um proeminente escritor e crítico de arte da época. Em 20 de dezembro de 1917, ele publicou no jornal O Estado de S. Paulo um artigo intitulado "A propósito da exposição Malfatti", que ficaria popularmente conhecido como "Paranoia ou Mistificação?".

Principais pontos da crítica de Monteiro Lobato:

  • Ataque aos "ismos" e à arte moderna: Lobato dividiu os artistas em dois tipos: os que "veem normalmente as coisas e fazem arte pura", seguindo os mestres clássicos, e os que "veem anormalmente a natureza", influenciados por "teorias efêmeras" e "escolas rebeldes". Ele classificava o futurismo, cubismo, impressionismo e outros como "arte anormal" e "teratológica" (monstruosa), associando-os à "paranoia e mistificação", comparando-os a desenhos encontrados em manicômios.

  • Crítica à imprensa especializada: Acusou a imprensa de teorizar sobre a arte moderna com "palavrório técnico", descobrindo "intenções e subintenções inacessíveis ao vulgo" e justificando-as com a "independência de interpretação do artista".

  • Ataque a Anita Malfatti: Embora Lobato tenha reconhecido o "talento vigoroso, fora do comum" de Anita, ele o via como "torcido para a má direção". Ele a acusou de ter se deixado "seduzir pelas teorias do que ela chama de arte moderna", colocando seu talento "a serviço duma nova espécie de caricatura". Para ele, sua arte "desnorteava, aparvalhava o espectador".

  • Machismo: Lobato expressou abertamente seu machismo, afirmando que os homens tendem a não levar as mulheres a sério na arte e que seu "cavalheirismo" é falso e nocivo. Ele se via fazendo um "favor" a ela ao ser "sinceríssimo" em sua crítica, "salvando" seu talento.

Exceção/Dúvida Comum: Será que Anita Malfatti queria chocar a elite? Não. A verdadeira intenção de Anita com sua exposição era mais didática: ela desejava apresentar um novo tipo de representação artística à elite paulistana de 1917. A prova disso é que ela tinha diversos esboços de nus masculinos que, se sua intenção fosse polemizar, ela poderia ter exibido.

O Impacto da Crítica e o Nascimento da Semana de 22

A crítica de Monteiro Lobato teve um impacto profundo e imediato na vida de Anita Malfatti.

  • Devolução de obras: Cinco das oito obras vendidas na exposição foram devolvidas após a crítica.

  • Hostilidade: Um amigo da família chegou a tentar destruir uma de suas obras, tamanha a raiva gerada.

  • Reclusão e mudança (ou não) de estilo: Anita passou um ano sem pintar e, posteriormente, seu estilo expressionista não se viu mais presente em suas obras, tornando-se mais "realista" ou "sereno". (Para concursos/didático): Embora muitos acreditem que essa mudança foi uma consequência direta e desanimadora da crítica, as fontes indicam que Anita já ansiava por explorar técnicas de pintura realista/naturalista e que a mudança pode ter sido uma preferência artística dela.

O Grupo dos Cinco e a Semana de Arte Moderna de 1922:

Apesar do golpe, a crítica de Lobato atuou como um catalisador fundamental para a articulação do movimento modernista no Brasil. Jovens escritores e artistas se reuniram em defesa de Anita e da arte moderna. Desta união surgiu o Grupo dos Cinco, um dos principais responsáveis pela realização da Semana de Arte Moderna de 1922.

Componentes do Grupo dos Cinco:

  • Anita Malfatti

  • Tarsila do Amaral (pintora)

  • Mário de Andrade (escritor, poeta, crítico)

  • Oswald de Andrade (escritor, poeta, crítico)

  • Menotti del Picchia (escritor)

A Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo em fevereiro de 1922, foi um "festival" de arte, música e literatura que declarou o rompimento com o tradicionalismo cultural, buscando uma nova identidade brasileira através das linguagens artísticas. Inicialmente, Anita Malfatti estava relutante em participar do evento devido às experiências passadas, mas foi convencida por Oswald e Mário de Andrade e exibiu 20 de suas obras.

Prioridade para concursos: A Semana de Arte Moderna de 1922 é o marco simbólico do Modernismo no Brasil. A desavença entre Anita Malfatti e Monteiro Lobato é considerada o grande estopim que levou à sua organização e à união dos artistas e intelectuais modernistas.

"A Boba": A Obra Símbolo e Sua Relevância Contínua

Entre as obras mais importantes de Anita Malfatti, destaca-se "A Boba", pintada entre 1915 e 1916, durante sua estadia nos Estados Unidos. Esta pintura é considerada uma das criações mais contundentes do Modernismo brasileiro e o clímax de sua produção expressionista. Atualmente, "A Boba" faz parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP).

Características Artísticas de "A Boba":

  • Influência da arte africana: A pintura absorve motivos sólidos e duradouros, indicando a influência da arte africana.

  • Paleta de cores vibrantes: Uso expressivo de cores primárias, com contornos em preto que definem as formas, mas deixam o fundo indistinto.

  • Pinceladas grandes e imperfeitas: Não contribuem para uma organização espacial sólida, fazendo com que a figura e o fundo existam no mesmo plano, separados apenas por movimento de cor e formas.

  • Subversão do convencional: Embora a representação de uma mulher sentada em uma cadeira não fosse incomum, o título da obra e o olhar desafiador da mulher eram chocantes para a cultura conservadora brasileira que buscava uma arte que representasse a "identidade brasileira" de forma tradicional.

  • Palíndromo: O título "A Boba" em português é um palíndromo, o que significa que pode ser lido da direita para a esquerda e vice-versa. Este é um detalhe intrigante que Wagner Schwartz explora em sua performance.

  • Cores da bandeira brasileira: Ao observar a pintura, é possível perceber as cores da bandeira brasileira, além de manchas vermelhas, que compõem o espaço onde ela foi hasteada.

"A Boba" (Performance) de Wagner Schwartz: Uma Releitura Contemporânea

A relevância de "A Boba" de Anita Malfatti se estende até a arte contemporânea, como demonstrado na performance solo de Wagner Schwartz, também intitulada "A Boba", com início em setembro de 2018. Esta performance, criada após Schwartz ter sofrido agressões, tentativa de censura e linchamento virtual em 2017, dialoga diretamente com a obra de Malfatti e com o contexto político e social do Brasil.

Temas e Conexões da Performance de Wagner Schwartz:

  • Diálogo com a censura e o conservadorismo: A performance de Schwartz é uma resposta aos ataques sofridos por ele e a outros artistas, e ao avanço do conservadorismo de extrema direita no poder. Ele vê paralelos entre a crítica sofrida por Malfatti em 1917 e os ataques à arte contemporânea.

  • O funeral da ideia de "nação": Schwartz expressa a necessidade de "realizar o funeral de um dogma, de uma depressão cívica, de uma ideia constrangedora de nação". Ele critica a ideia de "nação" como ideologicamente prejudicial, que inviabiliza o "trânsito" nas relações e serve de base para ataques à arte por aqueles que buscam a rigidez.

  • O corpo em cena: O corpo do artista na performance representa o corpo que foi agredido por aqueles que "vigiam conforme a tradição" e que "não se submete à crença de quem controla".

  • A réplica da pintura: Schwartz utiliza uma réplica da pintura "A Boba", muitas vezes virada para trás, focando na "materialidade bruta do objeto" em vez apenas da imagem moderna. Isso levanta questões sobre a finalidade da arte e seu espaço social.

  • Metalinguagem e a dança das pinceladas: Críticos observam a "abobização" (idiotização/tolice) dos movimentos de Schwartz, que parecem "dançar as pinceladas de Anita Malfatti", criando uma "coerência perturbadora". A performance também explora a metalinguagem, com os refletores presentes pelo corpo físico e a exposição da parte traseira do quadro.

  • Conexões com trabalhos anteriores: "A Boba" de Schwartz faz parte de um contexto artístico-metodológico e conceitual maior de suas criações, que frequentemente tomam como referência obras de artistas visuais como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Leonardo da Vinci. A questão latente nessas obras é o "corpo em trânsito" e a problematização de uma "dramaturgia da migração".

Legado e Contribuições Duradouras de Anita Malfatti

O legado de Anita Malfatti para a arte brasileira é inegável e multifacetado.

  • Pioneirismo do Modernismo: Ela é aclamada como a artista que abriu as portas para o Modernismo no Brasil, introduzindo e popularizando estilos vanguardistas europeus e americanos.

  • Quebra de Paradigmas: Sua arte desafiou as expectativas da época, que esperavam uma pintura "agradável" e "delicada" de mulheres artistas, e questionou a tradição acadêmica que valorizava a representação fiel da realidade.

  • Inspiradora de gerações: Suas contribuições criaram o contexto para o surgimento de novas gerações de artistas que se sentiram livres para expressar sua individualidade, sem a pressão da fidelidade à realidade.

  • Identidade Brasileira: Junto ao Grupo dos Cinco, ela revolucionou a identidade cultural do país, abordando temas do cotidiano brasileiro, trabalhadores, negros e indígenas, que até então tinham pouca visibilidade nas obras eurocentradas e acadêmicas.

  • A arte como um processo contínuo: Anita Malfatti, e a forma como sua obra foi recebida e reinterpretada (como na performance de Schwartz), exemplifica que a obra de arte não é estática; ela "se atualiza a cada momento em que é experienciada e a cada momento em que expõe seu olhar sobre as evidências de um fato". O futuro modifica o passado, e a obra de arte continua a existir, esticando o tempo.

Prioridade para concursos: A Semana de Arte Moderna de 1922, impulsionada pela polêmica de Anita, representou uma profunda revisão dos elementos da cultura brasileira, abrindo um diálogo importante com o legado artístico do país para problematizar o presente. A capacidade da arte de animar o embate entre experiência e crença é um dos grandes legados deixados por Anita Malfatti.

Perguntas Frequentes (FAQs) sobre Anita Malfatti:

Para facilitar o estudo e sanar dúvidas comuns, aqui estão algumas perguntas e respostas:

1. Anita Malfatti foi a primeira artista modernista do Brasil? Ela é considerada a pioneira e a primeira a introduzir o Modernismo de forma impactante e aprofundada, especialmente com sua exposição de 1917. Contudo, a primeira exposição "não acadêmica" no país foi de Lasar Segall em 1913. A exposição de Anita, no entanto, teve repercussão muito maior e serviu como catalisador para a Semana de 22.

2. Qual a relação de Anita Malfatti com Monteiro Lobato? Monteiro Lobato foi o autor de uma crítica virulenta à exposição de Anita Malfatti em 1917, intitulada "A propósito da exposição Malfatti" (conhecida como "Paranoia ou Mistificação?"). Sua crítica atacava a arte moderna e, embora reconhecesse o talento de Anita, o considerava "desviado". Essa crítica foi o estopim para a união de artistas e intelectuais que organizariam a Semana de Arte Moderna de 1922.

3. O que foi o Grupo dos Cinco? Foi um grupo de artistas e intelectuais modernistas brasileiros formado por Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia. Eles foram fundamentais na defesa de Anita após a crítica de Lobato e na organização da Semana de Arte Moderna de 1922.

4. A crítica de Monteiro Lobato fez Anita Malfatti mudar seu estilo de pintura? Há um debate sobre isso. Embora Anita tenha passado um ano sem pintar e, posteriormente, seu estilo tenha se tornado mais "sereno" ou "realista", afastando-se do expressionismo mais radical, algumas fontes sugerem que ela já desejava explorar outras técnicas e que essa mudança pode ter sido uma preferência artística pessoal, e não apenas uma resposta às críticas. No entanto, a percepção geral e a consequência imediata foi um recuo estilístico.

5. Qual a importância de "A Boba" na obra de Anita Malfatti? "A Boba" (1915-1916) é considerada o clímax da produção expressionista de Anita e uma das criações mais significativas do Modernismo brasileiro. Ela representa a ousadia de Anita no uso de cores, formas e na abordagem do tema, que desafiava as convenções da época. A obra é um símbolo da sua contribuição revolucionária.

6. Como a obra de Anita Malfatti se relaciona com o contexto político e social do Brasil da sua época? A arte de Anita Malfatti surgiu em um Brasil jovem republicano, que buscava uma identidade nacional na arte, mas ainda preso a ideais europeus clássicos e conservadores. A introdução de suas vanguardas desafiou essa rigidez, tornando-se um símbolo da luta por uma liberdade de expressão que ia além do "peso do próprio corpo" e que questionava a "ideia constrangedora de nação", como explorado por Wagner Schwartz em sua performance.


Este material abrange a vida, obra, influências e o impacto de Anita Malfatti, com foco nos eventos e conceitos mais relevantes para o estudo e para exames, incorporando tanto o histórico quanto as interpretações contemporâneas de sua obra.