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29/07/2024 • 26 min de leitura
Atualizado em 14/07/2025

Definições de Qualidade

I. Introdução: O Que é Qualidade e Por Que Ela é Essencial para Sua Organização?

No dinâmico cenário empresarial de hoje, a palavra qualidade ressoa como um pilar fundamental para qualquer organização que almeja não apenas sobreviver, mas prosperar. Mas o que exatamente significa qualidade? E por que ela é tão crucial para a vantagem competitiva?

Em sua essência, qualidade refere-se ao grau de utilidade esperado ou adquirido de algo, seja um produto ou um serviço, verificável pela sua forma, elementos constitutivos e pelos resultados do seu uso. Embora seja um conceito intrinsecamente subjetivo, influenciado por percepções, necessidades, cultura e expectativas individuais, as organizações buscam torná-lo objetivo e mensurável para garantir a satisfação do cliente e a excelência operacional.

A gestão da qualidade atua como uma abordagem estratégica, fundamental para melhorar a competitividade, a eficácia e a flexibilidade de uma organização. Ela transcende a mera conformidade com especificações, englobando a maneira de planejar, organizar e compreender cada atividade, exigindo a contribuição de cada indivíduo em todos os níveis da empresa. Em um mercado altamente competitivo, especialmente no setor de serviços, a qualidade se torna um diferencial essencial para conquistar e fidelizar clientes.

II. Desvendando o Conceito de Qualidade: Perspectivas de Renomados Especialistas

Para compreender a qualidade em sua plenitude, é fundamental explorar as definições propostas por grandes pensadores e instituições da área. Embora o termo "qualidade" seja usado em diversas situações – como qualidade de vida, qualidade da água, ou qualidade de um serviço prestado –, no contexto de produtos e serviços no mercado, ele geralmente significa "excelência".

A qualidade pode ser vista sob duas óticas principais: a do produtor e a do cliente. Enquanto para o produtor ela se associa à concepção e produção de um produto que atenda às necessidades do cliente, para o cliente, a qualidade está ligada ao valor e utilidade percebidos, e em alguns casos, ao preço. É um conceito multidimensional, o que significa que os clientes avaliam um produto por diversas características, não apenas uma, como dimensão, cor, durabilidade, design e funções.

Vamos mergulhar nas definições de alguns dos "gurus da qualidade" e organizações que revolucionaram a forma como a qualidade é percebida e gerenciada:

  • American Society for Quality (ASQ) e American National Standards Institute (ANSI): Definem qualidade como "a totalidade dos requisitos e características de um produto ou serviço que estabelecem a sua capacidade de satisfazer determinadas necessidades".

  • NBR-ISO 9000:2000: Aborda a qualidade como a "totalidade de características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer as necessidades implícitas e explícitas".

  • Joseph Moses Juran: De forma concisa, Juran afirmou que "Qualidade é a ausência de deficiências". Para Juran, a qualidade era focada na "adequação ao uso".

  • Armand Vallin Feigenbaum: Para Feigenbaum, "Qualidade é a correção dos problemas e de suas causas ao longo de toda a série de fatores relacionados com marketing, projetos, engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário". Esta definição destaca a abrangência da qualidade em todos os processos.

  • Philip Bayard Crosby: Um de seus preceitos mais famosos é "Qualidade é a conformidade do produto às suas especificações". Crosby também é conhecido pelo conceito de "Zero Defeitos".

  • William Edwards Deming: Deming, o "guru da qualidade" que mais impactou a filosofia de gestão, postulou que "Qualidade é tudo aquilo que melhora o produto do ponto de vista do cliente". Sua visão é fortemente centrada no cliente, um pilar que veremos em detalhes adiante.

  • Kaoru Ishikawa: Definiu qualidade como "desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto que é mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor". Ishikawa enfatizava a qualidade em todas as etapas do ciclo de vida do produto.

  • Vicente Falconi: Um especialista brasileiro, Falconi descreve: "Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente".

A qualidade é um conjunto de características que um produto ou serviço deve possuir para atender, e idealmente superar, as expectativas do consumidor. Para as empresas, isso significa que o conceito não pode ser deixado ao acaso; deve ser definido de forma clara e objetiva, apurando as necessidades dos clientes e transformando-as em requisitos quantificáveis, como comprimento, peso, cor, durabilidade, tempo de entrega e eficácia do serviço.

Dúvida Comum em Concursos Públicos: A Qualidade é Subjetiva ou Objetiva? A qualidade possui ambas as dimensões. É subjetiva na percepção inicial e na expectativa do cliente (como o cliente "sente" o produto ou serviço). No entanto, para ser gerida e aprimorada por uma organização, ela precisa ser tornada objetiva através da definição clara de requisitos e da mensuração desses requisitos por meio de indicadores. O grande desafio da gestão da qualidade é traduzir a percepção subjetiva do cliente em critérios objetivos e mensuráveis que possam ser controlados e melhorados internamente.

III. A Evolução da Qualidade: Da Artesania à Era Digital (Qualidade 4.0)

A jornada da qualidade é fascinante e reflete as transformações industriais e sociais ao longo da história.

  1. Era Pré-Industrial e Artesanal: Nas civilizações antigas, a qualidade era responsabilidade de mestres artesãos que supervisionavam e treinavam outros em suas oficinas. Os clientes escolhiam bens de maior qualidade, e a atenção individual ao produto era a norma.

  2. Revolução Industrial e Produção em Massa: Com a introdução da produção em massa e do trabalho repetitivo, a importância dos artesãos diminuiu. O foco passou a ser a produção de grandes volumes de bens idênticos. Figuras como Eli Whitney (com peças substituíveis), Frederick Winslow Taylor (pai da gestão científica, que trouxe padronização e melhoria de práticas) e Henry Ford (otimizando linhas de produção) foram cruciais nessa fase. Nesse período, o controle de qualidade era muitas vezes reativo, focado na inspeção ao final da linha de produção para descartar defeitos.

  3. Controle Estatístico da Qualidade (SQC): Um marco importante foi a contribuição de Walter A. Shewhart em 1924, que criou um método de controle de qualidade usando métodos estatísticos. Posteriormente, W. Edwards Deming aplicou esses métodos nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, melhorando a qualidade na fabricação de munições.

  4. A Ascensão Japonesa e a Filosofia de Deming: Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão, buscando reconstruir sua economia, fez da melhoria da qualidade uma obrigação nacional e procurou a ajuda de Shewhart, Deming e Juran, entre outros. Deming, em particular, defendeu as ideias de Shewhart a partir de 1950, estabelecendo uma filosofia de gestão focada em qualidade, produtividade e posição competitiva. A princípio, os bens japoneses eram sinônimos de baixa qualidade, mas com as iniciativas de Deming e outros, o Japão alcançou níveis de excelência a partir dos anos 1970, superando inclusive manufatureiros ocidentais. Métodos japoneses como Genichi Taguchi, QFD (Quality Function Deployment), Sistema Toyota de Produção (que levou ao Lean Manufacturing), e Kaizen (melhoria contínua) tornaram-se referências globais.

  5. Reconhecimento Global e a ISO 9000: Consumidores passaram a reconhecer a qualidade como um atributo crucial, e fornecedores a viam como um diferenciador competitivo. A série de normas ISO 9000 surgiu como o padrão de qualidade mais reconhecido internacionalmente para a gestão da qualidade.

  6. Qualidade 4.0 e a Quarta Revolução Industrial: O termo Qualidade 4.0 é recente, surgindo com a Indústria 4.0 e a 4ª Revolução Industrial, que trouxe o desafio da digitalização. Diferentemente da qualidade tradicional, que dependia de inspeções e descarte, a Qualidade 4.0 foca na qualidade assegurada e na prevenção de falhas no processo.

    • Características da Qualidade 4.0: Prioriza a agilidade nos processos, a qualidade do produto no primeiro recebimento e a eficiência na entrega, tudo a partir da perspectiva da experiência do cliente.

    • Filosofia e Tecnologia: A Qualidade 4.0 é uma filosofia que busca reformular os processos produtivos desde sua origem, tornando-os mais eficazes e aperfeiçoados, evitando desperdícios de materiais e dinheiro. A tecnologia é uma aliada estratégica nesse processo, mas não deve ser a estratégia em si. Por exemplo, usar tablets para gerenciar a reposição de materiais na linha de montagem, otimizando o fluxo e evitando movimentações desnecessárias, é um uso inteligente da tecnologia na Qualidade 4.0.

    • Conceito Lean: A Qualidade 4.0 não pode existir sem o conceito Lean (Manufatura Enxuta), que busca eliminar desperdícios. É crucial aplicar o Lean antes de tecnologias da Indústria 4.0 para evitar automatizar atividades desnecessárias.

    • Controle de Entradas: A excelência na qualidade 4.0 passa pelo controle das entradas, que definem a qualidade das saídas. Identificar as entradas-chave e as atividades críticas é fundamental para garantir a qualidade final do produto ou serviço.

IV. A Gestão da Qualidade Total (TQM): Uma Abordagem Abrangente para a Transformação

A Gestão da Qualidade Total (TQM - Total Quality Management) é, antes de tudo, uma abordagem estratégica para melhorar a competitividade, a eficácia e a flexibilidade da organização. Sua filosofia introduz o conceito essencial de melhoria contínua e abrange uma sistemática integrada e consistente que se estende por toda a organização, promovendo a participação ativa de pessoas em equipes multifuncionais. Prioritariamente, ela foca no atendimento aos requisitos do cliente, no comprometimento da alta gestão e no treinamento e educação dos colaboradores.

Principais Pontos da TQM:

  • Foco no Cliente: O cliente está no centro de todas as atividades, visando satisfazer e fidelizar.

  • Melhoria Contínua: Constante aprimoramento de processos para otimizar eficiência e eficácia.

  • Envolvimento dos Funcionários: Engajamento e capacitação são cruciais, valorizando a contribuição individual e o trabalho em equipe.

  • Liderança: A alta administração deve liderar a mudança e o comprometimento com a qualidade.

Os 14 Princípios de Deming: A Base da TQM

Os 14 Princípios de Deming são a espinha dorsal da TQM e são extremamente importantes para concursos públicos e para qualquer profissional da área. Eles, embora originalmente direcionados à indústria, podem ser aplicados e adaptados ao ensino superior e a outras organizações.

  1. Criar constância de propósito: Ter um objetivo claro e de longo prazo para a melhoria de produtos e serviços, visando a competitividade e a criação de empregos. No ensino superior, isso se traduz na definição de uma missão clara e realista da instituição, baseada em pesquisa, necessidades sociais e melhoria contínua, com o envolvimento de todos.

  2. Adotar a nova filosofia: Reconhecer que se está em uma nova era econômica e que os gestores devem assumir a responsabilidade e liderança da mudança, com cada indivíduo aceitando a responsabilidade pelos fins da organização. Isso significa aceitar a filosofia de melhoria contínua da qualidade.

  3. Acabar com a dependência da inspeção: A qualidade deve ser incorporada no produto ou serviço desde o início, eliminando a necessidade de inspeção em massa. A inspeção chega tarde e é ineficaz; a qualidade é alcançada melhorando o processo. Em educação, isso significa questionar o uso de notas como única forma de avaliação, pois elas não refletem a aprendizagem de forma direta e eficaz.

  4. Minimizar o custo total (e acabar com a prática de fazer negócios apenas com base no preço): Preferir ter um único fornecedor para um produto, estabelecendo uma relação duradoura de lealdade e confiança, focando na qualidade do produto ao invés do menor preço. No ensino superior, isso implica em uma boa relação com fornecedores para garantir a qualidade de materiais e serviços.

  5. Melhorar constantemente e continuamente o sistema: A qualidade deve ser parte da cultura da instituição, com todos os elementos buscando aprimorar a eficiência e atender às necessidades dos clientes. Isso inclui a melhoria de processos internos (matrículas, currículo, ensino) e externos (relacionamento com outras instituições, agências estatais, comunidade).

  6. Instituir a formação: Todos os membros da organização devem conhecer suas funções, a filosofia e a missão da instituição para se sentirem parte de uma equipe e terem orgulho do seu trabalho. A formação contínua é essencial para a melhoria da qualidade e para a compreensão das necessidades dos clientes.

  7. Adoptar e instituir a liderança: A liderança é a pedra angular da filosofia da qualidade. Gestores devem ajudar as pessoas, máquinas e aparelhos a realizar um trabalho melhor, compreendendo o processo e as mudanças necessárias. Líderes com visão e ideias inovadoras são essenciais para engajar os colaboradores na adoção dos princípios da TQM.

  8. Acabar com o medo: Criar um ambiente onde as pessoas possam trabalhar com eficácia e falar abertamente, removendo o medo do ambiente de trabalho. Isso exige uma liderança esclarecida que promova a descentralização, criando uma atitude de interdependência e confiança.

  9. Eliminar as barreiras entre os departamentos: Promover o trabalho em equipe entre diferentes departamentos e funções (pesquisa, design, vendas, produção) para prever problemas e desenvolver estratégias de cooperação. Equipes multifuncionais são cruciais para melhores resultados e para promover a responsabilidade pela mudança.

  10. Eliminar slogans, exortações e metas: Slogans e metas dirigidos à mão de obra para pedir "zero defeitos" são ineficazes, pois a maioria das causas de baixa qualidade e produtividade está no sistema, fora do controle dos operários. Tais exortações podem criar adversidades e desconfiança. Um slogan como "Vamos melhorar a qualidade dos nossos licenciados" é inútil se não indicar como fazê-lo e não considerar as condições de trabalho.

  11. Eliminar as quotas de trabalho (e a gestão por objetivos numéricos): Deming acreditava que quotas e objetivos numéricos impedem a qualidade. A tarefa da administração é substituí-los por uma liderança sábia e inteligente que compreenda o trabalho e a inutilidade de tais imposições.

  12. Promover o orgulho pelo trabalho: Remover as barreiras que privam os trabalhadores (alunos, docentes, administração) do direito de ter orgulho em seu trabalho. Isso implica focar na qualidade do serviço como força orientadora, criar um ambiente de trabalho adequado e eliminar objetivos quantitativos que impedem a qualidade.

  13. Auto-melhoria (Instituir um vigoroso programa de educação e auto-melhoria): As organizações devem fornecer oportunidades de formação e reconhecimento a todos os seus membros para que adquiram continuamente novos conhecimentos e capacidades, não apenas para cumprir objetivos específicos, mas para a auto-melhoria.

  14. A transformação é tarefa de todos: A melhoria não é definida apenas pelo topo da instituição; todos os elementos do sistema devem receber treinamento e participar do processo de melhoria para assegurar o cumprimento da missão. O envolvimento de todos é essencial para definir e implementar um serviço de qualidade.

Benefícios da Implementação da TQM: A TQM pode trazer uma série de benefícios significativos:

  • Melhoria da Satisfação e Fidelização do Cliente.

  • Aumento da Eficiência e Produtividade.

  • Engajamento dos Colaboradores e criação de um ambiente propenso à inovação.

  • Melhoria da Qualidade de Produtos e Serviços, com menos defeitos e maior conformidade.

  • Redução de Reclamações e Retrabalho, e otimização dos processos internos.

  • Vantagem Competitiva Sustentável e melhor reputação no mercado.

Importante para Concursos Públicos: TQM vs. ISO 9001 É crucial entender que TQM e ISO 9000 não são sinônimos. Enquanto a ISO 9000 foca na consistência da produção por meio de um sistema auditável e certificável, o TQM, apesar de ter esse foco, é uma filosofia de gestão abrangente que não garante certificação por si só. Uma organização que aplica a ISO 9000 pode, em sequência, implementar a iniciativa TQM, obtendo melhores resultados em produtividade e motivação dos colaboradores.

V. Normas e Modelos de Gestão da Qualidade: Padronizando a Excelência

A busca pela qualidade levou à criação de diversas normas e modelos que guiam as organizações rumo à excelência.

A Norma ISO 9001: O Padrão Global de Qualidade

A Organização Internacional de Normalização (ISO), uma organização não-governamental com 163 países membros, elabora normas que descrevem como um produto deve ser concebido ou um serviço entregue, visando reduzir falhas e ineficiências.

A ISO 9001 é a norma de gestão da qualidade mais conhecida e universalmente aplicável. Ela auxilia as empresas a satisfazer as necessidades dos clientes e melhorar seu desempenho, estabelecendo os requisitos para estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ).

Evolução da ISO 9001 (Ponto Crucial para Concursos!):

  • 1987: Lançamento da primeira versão da ISO 9001 (série ISO 9000:1987, que incluía ISO 9001, 9002 e 9003). O objetivo era preparar empresas para o mercado global.

  • 1994: Pequenas alterações em conceitos e documentação.

  • 2000: Revisão significativa com o surgimento do princípio da abordagem por processos e o foco na satisfação do cliente. Introduziu os 8 princípios da gestão da qualidade.

  • 2008: Revisão moderada, focada em clarificar requisitos e facilitar a implementação, mas mantendo a estrutura.

  • 2015: A versão mais recente e atualmente em vigor. Trouxe inovações importantes:

    • Consideração do contexto organizacional interno e externo.

    • Foco nas necessidades e expectativas das partes interessadas (stakeholders).

    • Responsabilidade e envolvimento da alta gestão na qualidade.

    • Abordagem baseada no risco (pensamento baseado em risco), levando ao abandono das ações preventivas como um requisito separado.

    • Importância do conhecimento organizacional.

    • Gestão dos desafios da mudança e inovação.

    • Redução dos princípios da gestão da qualidade de 8 para 7. O "Princípio da Abordagem por Processos" e "Abordagem do Sistema de Gestão" se fundiram.

    • Alteração estrutural devido ao Anexo SL: Padronizou a estrutura das normas ISO (como ISO 9001, 14001 e 45001) para facilitar a integração dos sistemas de gestão.

Os Sete Princípios da Gestão da Qualidade (ISO 9001:2015) – Essenciais! Estes princípios são a base para o sucesso sustentado de uma organização.

  1. Foco no Cliente: Atender e se esforçar para superar as expectativas do cliente é o principal objetivo. O sucesso sustentado depende da atração e manutenção da confiança dos clientes.

  2. Liderança: Líderes em todos os níveis estabelecem propósito e direção, criando condições para que as pessoas se engajem nos objetivos de qualidade. A liderança deve assumir a responsabilidade pelas mudanças.

  3. Engajamento das Pessoas: Pessoas competentes, capacitadas e engajadas em todos os níveis são essenciais para criar e entregar valor. Reconhecimento, capacitação e aprimoramento da competência facilitam o engajamento.

  4. Abordagem por Processos: Alcançar resultados consistentes e previsíveis de forma mais eficiente e eficaz exige que as atividades sejam compreendidas e gerenciadas como processos inter-relacionados que funcionam como um sistema coerente. O SGQ é representado por processos inter-relacionados.

  5. Melhoria: Organizações bem-sucedidas têm foco na melhoria contínua. A melhoria é necessária para manter os níveis de desempenho, reagir a mudanças e criar novas oportunidades.

  6. Tomada de Decisão Baseada em Evidências: Decisões com maior probabilidade de sucesso são aquelas baseadas na análise e avaliação de dados e informações. Fatos, evidências e análise de dados levam a maior objetividade e credibilidade.

  7. Gestão de Relacionamento: Para o sucesso sustentado, uma organização deve gerenciar seus relacionamentos com partes interessadas, como fornecedores e parceiros. O desempenho da organização é influenciado por esses relacionamentos.

Relação com o Ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act): A ISO 9001:2015 enfatiza a importância do Ciclo PDCA (também conhecido como Roda de Deming), relacionando suas seções a cada fase.

  • Contexto da organização (Seção 4): Entrada para o SGQ e o ciclo PDCA, avaliando o ambiente interno e externo, e necessidades das partes interessadas.

  • Liderança (Seção 5): No centro, destacando a responsabilidade da alta gestão.

  • PLANEJAR (Plan): Planejamento (Seção 6) – Definição de objetivos e meios, de acordo com requisitos do cliente e políticas da organização.

  • EXECUTAR (Do): Suporte (Seção 7) e Operacionalização (Seção 8) – Execução do que foi planejado.

  • VERIFICAR (Check): Avaliação do Desempenho (Seção 9) – Monitoramento de processos e produtos/serviços, verificando conformidade.

  • ATUAR (Act): Melhoria (Seção 10) – Solução de falhas, planejamento de novas ações e repetição do ciclo para melhoria contínua.

Certificação ISO 9001: Motivações, Benefícios e Obstáculos:

  • Motivações: Podem ser internas (genuína busca por melhoria de processos, uso eficiente de recursos, satisfação do cliente) ou externas ("jogada de marketing" para mostrar capacidade de produzir com qualidade consistente). A motivação interna é a chave para um maior sucesso, resultando em engajamento profundo e muitos benefícios, enquanto a motivação externa, por si só, pode levar a um cumprimento superficial e poucos benefícios.

  • Benefícios da Certificação:

    • Externos: Aumento da satisfação do cliente, melhoria da imagem da empresa, aumento do valor da empresa no mercado. Facilita a confiança e o comércio internacional.

    • Internos: Maior eficiência, produtividade e competitividade.

  • Obstáculos:

    • Resistência dos colaboradores e da alta gestão a abandonar hábitos e uniformizar processos.

    • Falta de envolvimento dos gestores de topo e falta de pessoal qualificado ou de formação em ISO 9001.

    • Excessiva burocracia e quantidade de documentação obrigatória, que pode distrair os colaboradores de suas funções e gerar baixa produtividade inicial.

    • Custo de investimento (especialmente para PMEs).

Sustained Success (Sucesso Sustentado): A ISO 9001:2015 influencia positivamente vários fatores que levam ao sucesso a longo prazo, como desempenho financeiro (com tempo), lealdade do cliente, qualidade de produtos/serviços, abordagem por processos, satisfação de stakeholders, e a construção de uma cultura forte de melhoria contínua e inovação.

Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da FNQ: A Abordagem Brasileira

No Brasil, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) desenvolveu o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), um referencial e aprendizado para todos os tipos e portes de empresas. O MEG evoluiu de modelos internacionais como o Baldrige dos EUA e o EFQM europeu, tornando-se um modelo genuinamente brasileiro e em constante aperfeiçoamento.

Características do MEG:

  • Modelo Sistêmico: Elementos da organização e partes interessadas interagem de forma harmônica, com foco em estratégias e resultados integrados. Inspirado no ciclo PDCL (Plan, Do, Check, Learn) para aprendizado e melhoria contínua.

  • Adaptável: Permite às organizações adequar suas práticas aos conceitos de empresas de classe mundial, respeitando a cultura existente.

  • Não Prescritivo: Não dita regras, ferramentas, estrutura ou forma de gerir o negócio. Em vez disso, levanta questionamentos que estimulam a reflexão sobre a gestão e a adequação de suas práticas.

Estrutura do MEG: Alavancado em 13 Fundamentos e 8 Critérios, que buscam estruturar e alinhar os componentes da gestão sob uma ótica sistêmica.

13 Fundamentos da Excelência: Conceitos reconhecidos internacionalmente que se traduzem em práticas de organizações "classe mundial".

  1. Pensamento sistêmico

  2. Atuação em rede

  3. Aprendizado organizacional

  4. Inovação

  5. Agilidade

  6. Liderança transformadora

  7. Olhar para o futuro

  8. Conhecimento sobre clientes e mercados

  9. Responsabilidade social

  10. Valorização das pessoas e da cultura

  11. Decisões fundamentadas

  12. Orientação por processos

  13. Geração de valor

8 Critérios de Excelência: Características tangíveis e mensuráveis, propostas como questões que abordam processos gerenciais e solicitações de resultados.

  • Liderança: Cultura organizacional, governança, riscos, interação com partes interessadas, análise de desempenho.

  • Estratégias e planos: Formulação e implementação de estratégias, análise de ambientes, definição de indicadores e metas.

  • Clientes: Análise de mercado, entendimento de necessidades, gerenciamento de marca e relacionamento.

  • Sociedade: Responsabilidade socioambiental, desenvolvimento social, atendimento à legislação.

  • Pessoas: Sistemas de trabalho, identificação de competências, seleção, avaliação, remuneração, capacitação, desenvolvimento de líderes, qualidade de vida.

  • Processos: Processos da cadeia de valor, requisitos de produtos, transformações e entregas, fornecedores, aspectos econômico-financeiros.

  • Informações e conhecimento: Identificação de necessidades, implantação de sistema de informação, gestão do conhecimento organizacional.

  • Resultados: Resultados estratégicos e operacionais em indicadores, avaliação de competitividade e cumprimento de compromissos com partes interessadas (econômico-financeira, socioambiental, clientes, pessoas, processos).

VI. Ferramentas e Técnicas Essenciais para a Melhoria Contínua da Qualidade

A melhoria contínua é a busca incessante por aprimoramento em todos os processos de uma organização. Para isso, diversas metodologias e ferramentas são empregadas:

  1. Ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act) ou Roda de Deming: Fundamental para a melhoria contínua e a base para a institucionalização de melhorias.

    • Plan (Planejar): Definir o problema, estabelecer objetivos e planejar as ações.

    • Do (Executar): Implementar o plano em pequena escala, coletando dados e observando.

    • Check (Verificar/Estudar): Analisar os resultados da mudança, comparando com a hipótese inicial e avaliando efeitos.

    • Act (Agir): Padronizar a melhoria se os resultados forem positivos e reiniciar o ciclo para novas otimizações.

  2. Folha A3: Abordagem estruturada da Toyota para solução de problemas e melhoria contínua, documentando os resultados do ciclo PDSA em uma única página A3. Ajuda a documentar aprendizado, decisões e planejamento, facilitando a comunicação e estruturando a solução de problemas.

  3. 5S: Método de organização do trabalho para melhorar processos e aumentar a eficiência, baseado em cinco sensos que começam com "S":

    • Seiri (Ordenar): Manter apenas o necessário no local de trabalho.

    • Seiton (Organizar): Estruturar o espaço para encontrar itens rapidamente.

    • Seiso (Limpar): Garantir ambiente e equipamentos prontos para uso.

    • Seiketsu (Padronizar): Executar tarefas de forma padronizada e incentivar melhorias.

    • Shitsuke (Sustentar): Manter o local seguro, eficiente e organizado, responsabilidade de todos.

  4. DMAIC (Define, Measure, Analyze, Improve, Control): Metodologia de melhoria de processos, frequentemente associada ao Six Sigma, que garante melhorias baseadas em dados.

    • Definir: Selecionar oportunidades de alto impacto, definir escopo e métricas de sucesso.

    • Medir: Documentar processos atuais, coletar e analisar dados para estabelecer uma linha de base.

    • Analisar: Identificar e validar as causas reais dos problemas, evitando soluções superficiais.

    • Melhorar: Determinar e implementar ações para solucionar problemas, gerando e avaliando soluções viáveis.

    • Controlar: Garantir que as melhorias sejam mantidas no longo prazo, monitorando e atualizando procedimentos.

  5. Gemba Walks: Prática de gestores irem ao "local de trabalho" (Gemba) para observar processos, ouvir a equipe e identificar melhorias. Fortalece a conexão entre líderes e equipe e estimula a cultura de melhoria contínua.

  6. Hoshin Kanri: Método de planejamento estratégico que alinha todos na organização aos mesmos objetivos. Equilibra metas de longo prazo com oportunidades de melhoria diárias, promovendo um senso de propriedade.

  7. Kanban: Sistema visual para otimizar o fluxo de trabalho e reduzir desperdícios, inspirando-se na reposição de estoque. Baseia-se em visualizar o fluxo de trabalho, limitar o trabalho em andamento, manter um fluxo constante e melhorar continuamente.

  8. Poka-Yoke: Técnica japonesa desenvolvida por Shigeo Shingo para prevenir erros e falhas humanas nos processos, eliminando defeitos antes que ocorram. Pode ser de prevenção (impede o erro), detecção (identifica antes de impactos maiores) ou correção (ajusta automaticamente). Exemplos incluem tomadas USB que só encaixam corretamente e caixas de carros automáticos que exigem o freio para mudar de marcha.

  9. Os 5 Porquês: Técnica de análise de causa raiz de um problema, que consiste em perguntar "Por quê?" repetidamente (geralmente cinco vezes) até que a causa fundamental seja revelada. Foca em processos falhos, não em culpar pessoas.

  10. Mapeamento do Fluxo de Valor (VSM - Value Stream Mapping): Ferramenta visual que representa todas as etapas de um processo para entregar um produto ou serviço, com o objetivo de identificar e eliminar desperdícios e atividades que não agregam valor ao cliente.

VII. Mensuração da Qualidade e Indicadores Estratégicos

Para que a gestão da qualidade seja eficaz, ela precisa ser mensurável. A mensuração da qualidade dos produtos e serviços, através do uso de indicadores, é crucial para que o gestor possa tomar decisões embasadas. Os indicadores de desempenho da qualidade devem refletir a organização como um todo, apontando a direção estratégica a ser seguida.

  • Indicadores Qualitativos e Quantitativos: Indicadores podem ser tanto quantitativos (tempos, quantidades) quanto qualitativos (questionários, feedback de clientes).

  • SERVQUAL: Para a medição da qualidade de serviços, um dos métodos propostos é o SERVQUAL.

  • Indicadores Estratégicos: Permitem um conhecimento aprofundado do negócio, ajudando a identificar forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (análise SWOT). Isso torna a tomada de decisão mais assertiva, aumenta a competitividade e garante que as necessidades e expectativas dos clientes sejam atendidas.

  • Indicadores da Qualidade 4.0: Além dos indicadores tradicionais, a Qualidade 4.0 destaca:

    • On-time delivery (Entrega no prazo): Entrega no tempo correto, essencial para a experiência do cliente.

    • Custos da poli-qualidade (custos da não qualidade): Incluem custos de garantia, retrabalho, desperdício e erros de estimativa. Os custos de garantia são particularmente importantes, pois indicam problemas que afetam a satisfação do cliente.

    • Taxa de falha: Acompanhar se o produto está tendo uma "morte prematura", o que pode levar à insatisfação do cliente e perdas de vendas.

  • Rastreabilidade e ERP: A tecnologia, como um sistema ERP (Enterprise Resource Planning), é fundamental para a rastreabilidade dos processos, permitindo localizar produtos defeituosos, identificar lotes problemáticos e evitar danos à reputação da marca.

A Exceção Mais Importante (e Cobrada!): O Cliente NÃO Deve Fazer o Controle de Qualidade! Um ponto crucial, destacado pelo especialista Marcello Utiyama, é que "o pior tipo de controle de qualidade que existe, é aquele que é feito pelo cliente". Se o cliente é quem identifica os problemas de produção, há algo fundamentalmente errado com o processo da indústria, que precisa ser revisto urgentemente. No entanto, um bom pós-venda pode salvar e até reverter a opinião do cliente, transformando-o em um promotor da indústria se a empresa reagir bem ao problema, admitindo e reparando seus erros.

VIII. Os Custos da Qualidade e os Custos da Não Qualidade: Um Olhar Financeiro Essencial

Gerenciar a qualidade não é apenas sobre processos e clientes; é também sobre o impacto financeiro. Investir em qualidade é um requisito fundamental para a estabilidade e competitividade do negócio.

  • Custos da Qualidade: São os investimentos e processos de melhoria contínua realizados para garantir a qualidade de um sistema produtivo. Incluem custos de prevenção (para evitar problemas), de garantia (para assegurar a conformidade) e de informação (transparência). Uma qualidade bem planejada leva a maiores resultados com menores investimentos e prazos de retorno interessantes.

  • Custos da Não Qualidade (ou Poli-Qualidade): São os custos inesperados e muitas vezes expressivos que surgem da falta de planejamento ou da perda de qualidade. Incluem:

    • Desperdícios (superprodução, superfaturamento).

    • Falhas e defeitos.

    • Necessidade de retrabalho.

    • Perda de tempo e prazos.

    • Gastos de materiais, recursos e energia.

    • Multas por entregas fora de especificações.

    • Reivindicações de garantias.

    • Custos com recall.

A melhoria da qualidade pode levar a uma significativa redução de custos. Produtos bem-feitos não necessitam de retrabalho ou correções, economizando tempo e recursos. Focar na qualidade desde o início minimiza esses custos, resultando em maior margem de lucro. Portanto, reduzir os custos da falta de qualidade é crucial para a lucratividade da empresa.

IX. O Futuro da Qualidade e a Vantagem Competitiva Duradoura

O estudo da qualidade é, e continuará sendo, essencial para entender como as empresas podem aprimorar seus produtos e serviços, aumentar a satisfação do cliente e conquistar uma vantagem competitiva sustentada. A qualidade é um conceito dinâmico e multidimensional, exigindo atenção constante e adaptação às necessidades dos consumidores e às transformações do mercado.

A implementação de filosofias como a TQM, baseada nos princípios de Deming, e a adesão a normas como a ISO 9001, mesmo que não seja para certificação formal, impulsionam as organizações para uma cultura de melhoria contínua e excelência operacional. Essa jornada, embora possa apresentar obstáculos como resistência à mudança e burocracia, gera benefícios inegáveis: melhora a satisfação do cliente, otimiza processos administrativos, fortalece a imagem da organização (interna e externa), aumenta a satisfação dos colaboradores, capacita os líderes e desenvolve um modelo de autoavaliação.

A implementação da gestão da qualidade contribui para a sociedade ao promover o aumento do sucesso educacional (no caso do ensino superior), aprimorar o desempenho dos profissionais, otimizar o uso de recursos, e desenvolver indivíduos capazes de pensar criticamente e trabalhar em equipe, preparando-os para a vida profissional.

O futuro da qualidade está intrinsecamente ligado à transformação digital e à integração de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial, para otimizar processos e garantir a excelência. O maior desafio é realizar uma mudança cultural profunda, que é lenta e exige persistência, mas os benefícios potenciais justificam largamente o esforço e o tempo empregados.

Ao investir na Gestão da Qualidade, as organizações não apenas entregam produtos e serviços superiores, mas constroem uma base sólida para o crescimento sustentável, garantindo a preferência do mercado e uma reputação inabalável. Lembre-se: a qualidade é uma jornada contínua, não um destino final.


Questões de Múltipla Escolha

  1. Qual é a definição de qualidade segundo Philip Bayard Crosby?
    a) A ausência de deficiências
    b) A conformidade do produto às suas especificações
    c) A satisfação do cliente
    d) A totalidade dos requisitos e características de um produto
    e) Nenhuma das alternativas

  2. De acordo com Kaoru Ishikawa, qualidade é:
    a) A correção dos problemas e de suas causas
    b) A conformidade do produto às suas especificações
    c) Desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto que é mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor
    d) A ausência de deficiências
    e) Nenhuma das alternativas

  3. Qual dos seguintes benefícios NÃO está associado à melhoria da qualidade nas organizações?
    a) Aumento da produtividade
    b) Redução de custos
    c) Redução do share de mercado
    d) Satisfação do cliente
    e) Vantagem competitiva

Gabarito

  1. b) A conformidade do produto às suas especificações

  2. c) Desenvolver, projetar, produzir e comercializar um produto que é mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor

  3. c) Redução do share de mercado