Volitivo
  • Home
  • Questões
  • Material de apoio
  • Disciplina
  • Blog
  • Sobre
  • Contato
Log inSign up

Footer

Volitivo
FacebookTwitter

Plataforma

  • Home
  • Questões
  • Material de apoio
  • Disciplina
  • Blog
  • Sobre
  • Contato

Recursos

  • Política de privacidade
  • Termos de uso
Aprenda mais rápido com a Volitivo

Resolva questões de concursos públicos, enem, vestibulares e muito mais gratuitamente.

©Todos os direitos reservados a Volitivo.

22/09/2025 • 17 min de leitura
Atualizado em 22/09/2025

As Fases da Poesia de Drummond

1. Fundamentos Essenciais da Poética Drummondiana (O Básico e a Base)

Para entender as fases, é crucial conhecer os alicerces da obra de Carlos Drummond de Andrade.

1.1. Quem Foi Carlos Drummond de Andrade?

Nascido em Itabira (MG), em 31 de outubro de 1902, Drummond foi o nono filho de uma família fazendeira. Sua infância em Itabira é uma remissão constante em sua obra. Embora tenha se formado em Farmácia em 1925, ele nunca exerceu a profissão, dedicando-se à docência, ao jornalismo e, principalmente, à escrita.

Ele foi um dos fundadores de A Revista em 1925, um órgão crucial para a divulgação do Modernismo em Minas Gerais. Ao longo da vida, trabalhou no Ministério da Educação e colaborou intensamente com diversos jornais.

1.2. O Conceito Estrutural: O Poeta Gauche

O termo gauche (que significa torto, marginalizado, diferente em francês) é o conceito primordial que define o eu-lírico drummondiano. É um sentimento de inadequação perene ao mundo, que se manifesta desde a primeira estrofe de seu livro inaugural.

No famoso Poema de sete faces, o anjo torto sentencia: "Vai, Carlos! ser gauche na vida". Essa torção psicológica e existencial é um traço invariável que atravessa toda a sua obra, sendo crucial para articular todo o seu universo de perplexidades no tempo e no espaço. O gauche é o anti-herói, o homem comum, preso aos conflitos do mundo e aos seus próprios.

1.3. A Importância do Tempo e da Memória

O tempo e a memória são temas recorrentes na poética drummondiana. O poeta usa a memória como um modo de arquivar acontecimentos pessoais e históricos. A memória permite ao poeta trazer o passado para o presente, subjugar a irreversibilidade do tempo.

Na década de 60, já maduro, Drummond organizou a obra Boitempo (1968), uma reunião de poemas-memórias. O tempo presente (o tempo é a minha matéria) é a base material de sua poética.


2. A Divisão Cronológica e Didática das Fases (O Mapa Padrão para Concursos)

A crítica tradicional, e a que mais frequentemente é abordada em provas, divide a obra de Drummond em quatro fases. Embora haja quem prefira a divisão em três (irônica, social e metafísica), a inclusão da fase memorialista (ou da maturidade) é essencial para abranger a totalidade de sua produção.

Para fins didáticos e de exames, focaremos nas quatro fases principais, apresentadas em ordem cronológica de desenvolvimento temático e formal:

2.1. Primeira Fase: A Fase Gauche ou Irônica (1930–1934)

Características Principais:

  1. Inauguração Modernista e Humor: Esta fase está mais próxima do Modernismo de 1920. O humor e a ironia são recursos evidentes, servindo como instrumentos de defesa diante da desintegração da realidade.

  2. Linguagem e Estilo: Uso de verso livre, privilegiando a linguagem mais sintética.

  3. O Eu Individualista (Eu maior que o Mundo): O foco principal é a vida particular do eu-lírico, a perplexidade, o desajustamento e o egocentrismo. O eu-lírico, embora torto, expressa um sentimento de superioridade ou vastidão em relação ao mundo.

    • Exemplo: Em Poema de sete faces, o eu-lírico afirma: "Mundo mundo vasto mundo, / mais vasto é meu coração".

  4. Temas: A inadequação do gauche, a infância em Itabira.

Obras e Poemas-Chave (Muito Cobrados):

  • Alguma poesia (1930)

  • Brejo das almas (1934)

  • No meio do caminho (paradigma do obstáculo e do desencontro)

  • Poema de sete faces

Curiosidade e Exceção Didática: O Penumbrismo (A Semente Gauche) Antes da publicação de Alguma poesia, Drummond passou por uma fase de juventude influenciada pelo penumbrismo, um movimento literário secundário derivado do Simbolismo. Sua obra Os 25 poemas da triste alegria (publicada postumamente, mas escrita no início dos anos 20) revela um Drummond em transição, explorando as sombras e incertezas da existência com uma sensibilidade melancólica e introspectiva. Essa fase inicial já demonstrava a procura por uma voz autoral, marcada pela ambivalência (a "triste alegria").

2.2. Segunda Fase: A Fase Social ou do Engajamento (1935–1945)

Características Principais:

  1. Consciência Social e História: O poeta se volta para as grandes questões de seu tempo, motivado pelas agruras da Segunda Guerra Mundial, o fascismo, a Guerra Civil Espanhola e a ascensão do Estado Novo no Brasil (1937-1945). Drummond torna-se o primeiro grande “poeta público do Brasil”.

  2. O Presente como Matéria: O eu-lírico se prende ao momento presente, recusando-se a cantar o passado ("mundo caduco") ou o futuro incerto.

    • Citação Clássica: "Não serei o poeta de um mundo caduco. / Também não cantarei o mundo futuro. (...) O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente".

  3. O Eu Coletivo (Eu menor que o Mundo): O poeta perde a sensação de superioridade e se sente diminuto diante das atrocidades do mundo. O indivíduo busca o coletivo, expressando a necessidade de solidariedade e união.

    • Exemplo: Em Mãos Dadas, a convocação "Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas".

  4. Temas: Guerra, medo, opressão (Totalitarismo), miséria, hipocrisia burguesa.

Obras e Poemas-Chave (Prioridade Máxima para Concursos):

  • Sentimento do mundo (1940) (Marca a interiorização do tempo e espaço).

  • José (1942).

  • A rosa do povo (1945) (Considerada uma das principais obras da poesia brasileira, um clímax da prática participante).

  • Mãos Dadas.

  • O lutador (metapoesia: luta com palavras).

  • A flor e a náusea.

  • Caso do Vestido (exemplo de alegoria, tratando de autoritarismo em relações familiares e entre classes).

Exceção e Aprofundamento (Alta Complexidade e Concursos): O Problema da História em A Rosa do Povo

A abordagem da história em A Rosa do Povo é um tema complexo. Os poemas dialogam intensamente com o contexto histórico brasileiro e europeu, mas a crítica inicial (1945 até 1980) tendia a usar o termo 'história' de forma generalizante, sem análise detida.

A Tensão Poética sob o Estado Novo: O livro foi escrito durante um período de censura e repressão. Drummond utilizou estratégias discursivas híbridas para resistir ao autoritarismo.

  1. Exposição: Poetização de temas públicos e permitidos, como a Segunda Guerra Mundial (Telegrama de Moscou, Carta a Stalingrado), utilizando uma linguagem próxima do discurso prosaico.

  2. Alegoria: Tratamento de assuntos cotidianos que disfarçam críticas a questões escondidas dos discursos oficiais, como o autoritarismo nas relações familiares ou entre classes (Caso do Vestido, Morte do Leiteiro).

2.3. Terceira Fase: A Fase Filosófica ou do Não (1951–1959)

Características Principais:

  1. Frustração e Pessimismo: Após os desastres da guerra e a frustração com o mundo inalterável (Guerra Fria, ameaça atômica, imposição de blocos ideológicos), Drummond se desilude da militância política. Esta é conhecida como a “fase do não”.

  2. Introspecção e Metafísica: O foco é abandonado do mundo externo para mergulhar no íntimo do ser, buscando questões filosóficas e metafísicas sobre a condição humana, o enigma, a ausência de sentido. O poeta busca perguntas em vez de respostas.

  3. Resgate Formal (Classicismo): Em um movimento de retorno estético, há uma preocupação com o resgate do poema clássico, incluindo o uso de sonetos e versos rimados. O poeta tende à regularidade formal.

    • Citação Chave: "Os acontecimentos me entediam" (Epígrafe de Claro Enigma).

  4. Temas: Vida, amor, ausência, tempo, sexo, a própria poesia, busca existencial, niilismo.

Obras e Poemas-Chave (Muito Cobrados em Questões de Estilo):

  • Claro enigma (1951) (Obra que mostra um poeta mais amargo e reflexivo).

  • Fazendeiro do ar (1953).

  • A vida passada a limpo (1959).

  • A máquina do mundo (Considerada por muitos a obra-prima de Drummond, dialogando com a tradição camoniana).

  • Oficina Irritada (Metalinguagem, foco na forma).

  • Memória (Paradoxo das "coisas findas" que ficarão).

  • Confissão.

2.4. Quarta Fase: A Fase Memorialista ou da Maturidade (1968 em diante)

Características Principais:

  1. Retorno à Origem: O poeta maduro se volta para suas memórias, reconstruindo cenários da infância em Itabira e o cotidiano familiar.

  2. Memória e Tempo como Matéria Principal: A poesia é fruto da memória, que (re)elabora o vivido. O poeta busca a si mesmo através da recordação do passado.

    • A memória íntima do poeta frequentemente se cruza com a História do Brasil (latifúndios mineiros, fazendas de café e gado).

  3. Estilo: Recomposição de certo humor e ironia. Há um olhar afetivo sobre o passado (província restaurada afetivamente, sem a ironia inicial).

Obras e Poemas-Chave:

  • Série Boitempo (1968, 1973, 1979): Reunião de poemas-memórias.

    • Boitempo I – (In) Memória (1968).

    • Boitempo II – Menino antigo (1973).

    • Boitempo III – Esquecer para lembrar (1979).

  • As impurezas do branco (1973) (Lírica menos memorialista e mais contundente).

  • Confidência do Itabirano.


3. A Didática do Sentido: O Eixo Estrutural da Obra (Análise Complexa e Exceções)

Além da divisão cronológica, que é a mais fácil, a obra de Drummond é estudada por críticos (como Affonso Romano de Sant'Anna) através de uma estrutura triádica de tensão entre o Eu e o Mundo, que oferece uma visão mais profunda e coerente da evolução do gauche.

Este é um ponto crucial para entender a unidade da obra drummondiana, que muitas vezes é cobrada em provas mais exigentes ou discursivas, pois mostra que o poeta não dava "saltos intempestivos".

Fase Cronológica

Posição Estrutural (Eu vs. Mundo)

Elementos Temáticos/Espaciais

1. Gauche

EU > MUNDO (Eu maior que o mundo)

Lagoa, Espiar, Janela, Província, Ironia

2. Social

EU < MUNDO (Eu menor que o mundo)

Rio, Ver, Rua/Avenida, Cidade, Drama

3. Filosófica

EU = MUNDO (Eu igual ao mundo)

Mar, Contemplar, Memória, Compreensão

3.1. Detalhando a Triádica Existencial

O eu-lírico de Drummond se desenvolve em três momentos dramáticos:

A. Eu Maior que o Mundo (Fase Gauche):

  • O poeta está em seu canto provinciano, em Itabira. O mundo é visto com ironia, e a inadequação do gauche é um traço individualista e solitário. A visão é de que o coração é mais vasto que o mundo.

B. Eu Menor que o Mundo (Fase Social):

  • A realidade histórica e social (guerra, opressão) torna-se esmagadora. O eu-lírico se sente impotente e ridículo, com um coração incapaz de conter as próprias dores. O movimento é de adesão ao próximo, substituindo os problemas pessoais pelos problemas coletivos.

C. Eu Igual ao Mundo (Fase Filosófica e Maturidade):

  • O poeta atinge uma maturidade na qual tenta conciliar as tensões. Na fase filosófica, isso se dá pela busca de um equilíbrio formal (o soneto) e pela negação das soluções fáceis (o "não"). Na fase memorialista, o eu-lírico encontra a paz nos móveis e na casa, que demarca e completa o indivíduo. O eu-lírico, finalmente, encontra uma espécie de harmonia possível na escala humana, superando a antítese.

3.2. A Importância da Metapoesia (A Luta com Palavras)

A metapoesia (poemas sobre o próprio fazer poético) é recorrente e reflete a autocrítica e o artesanato da linguagem drummondiana.

  • Luta Vã, mas Necessária: Na fase social (José, 1942), o poeta descreve a luta com palavras como a luta mais vã, desigual e inglória, mas que ele, no entanto, luta. A poesia é concebida como algo sério, um modo de agir e resistir.

  • A Palavra como Objeto: Na fase filosófica (Claro Enigma), a busca pela poesia torna-se a penetração no reino das palavras, onde elas estão paralisadas, mudas, "em estado de dicionário". O poeta as liberta, ordenando-as em uma estrutura coerente, fazendo do poema uma conquista do inexprimível.

3.3. O Sentido do Tempo e da Memória na Maturidade

Na fase memorialista (e filosófica), o binômio tempo/memória é central.

  • A Confissão do Presente: A poética de Drummond está pautada no tempo e nos homens presentes. A corporificação de sua poética se materializa no presente.

  • O Poder da Memória: A memória arquiva os acontecimentos. A recordação é a forma que o poeta encontrou de se encontrar consigo mesmo. As lembranças, sejam boas ou não, permanecem arquivadas.

  • O Paradoxo das Coisas Findas: Em Memória (Claro Enigma), Drummond estabelece o paradoxo: "Mas as coisas findas, / muito mais que lindas, / essas ficarão". As coisas findas ficam porque se cristalizam, desprendidas da realidade, transformando-se em poesia que resiste à destruição.


4. Dúvidas Comuns e Conteúdos Prioritários (Foco em SEO e Concursos)

4.1. Qual a diferença entre as fases? (Perguntas Óbvias)

A principal diferença reside no foco do eu-lírico e na sua relação com o mundo e a história:

  1. Gauche (Irônica): Foco no Eu individualista e irônico, desajustado, mas egocêntrico (Eu > Mundo).

  2. Social: Foco no coletivo, engajamento político e história contemporânea (Eu < Mundo).

  3. Filosófica: Foco na introspecção, enigma e metafísica, com abandono das soluções sociais e retorno formal (Eu = Mundo).

  4. Memorialista: Foco na memória pessoal e histórica, retorno à infância e à terra natal.

4.2. Por que a obra é dividida em 3 ou 4 fases? (A Contradição da Crítica)

A divisão em fases é um recurso didático da crítica para acompanhar a evolução do autor, que não deu "saltos intempestivos".

  • A divisão mais tradicional e simplificada (3 fases: irônica, social, metafísica) é considerada por alguns críticos como "frouxa, impressionista e óbvia".

  • A inclusão da Fase Memorialista (com o lançamento de Boitempo em 1968 e seus volumes posteriores) é fundamental, pois é um momento de intensa produção e de consolidação do tema memória/tempo. O próprio poeta, ao final da fase filosófica, já se volta para a "redescoberta da estória pessoal e da história nacional". A divisão em quatro fases é, portanto, a mais completa e aceita.

4.3. O que é o Gauche e por que é importante? (Perguntas Fundamentais)

O gauche é a manifestação da inadequação do poeta, o sentimento de ser torto, diferente, marginalizado.

  • Função Estrutural: O personagem gauche é crucial para articular toda a obra. Ele é a "invariante" que coordena os temas.

  • Evolução do Gauche: Ele não é estático. Começa como o gauche psicológico e sentimental (fase irônica), passa a ser a displaced person geográfica e cultural (fase social, vivendo o drama do mundo) e evolui para o excêntrico literário e social (fase filosófica/memorialista).

4.4. Conteúdos Prioritários para Provas (Matérias Muito Cobradas)

Obra/Tema

Relevância para Concursos

Conceitos-Chave

Fase Social (A Rosa do Povo, Sentimento do Mundo)

Máxima. Representa a militância e o papel de "poeta público".

Tempo presente como matéria, engajamento antipanfletário, solidariedade (Mãos Dadas), o problema da história sob a censura.

Fase Gauche (Início)

Alta. Introduz o conceito de gauche e a ironia.

Poema de Sete Faces, No meio do caminho, o eu individualista (Eu > Mundo).

Fase Filosófica (Claro Enigma)

Alta. Marca a guinada estética e filosófica, com retorno ao formalismo.

Sonetos, metapoesia (A máquina do mundo), pessimismo, enigma, o "Não", busca existencial.

O Binômio Tempo/Memória

Alta. É o fio condutor da obra de maturidade e um traço constante em todas as fases.

Boitempo, recordação, autobiografia, a memória se cruza com a história nacional.


5. A Poesia Social e o Contexto de Guerra em Sentimento do Mundo (Aprofundamento)

Sentimento do Mundo (1940) e A Rosa do Povo (1945) são o ápice da poesia social de Drummond.

Neste período, o eu-lírico se encontra em um profundo dilema entre o ser individual e o coletivo, confrontando os problemas pessoais com os do mundo. O tempo é um reflexo do futuro carregado pela tragédia do presente, dominado pela Segunda Guerra Mundial e pelas ameaças do Estado Novo.

5.1. O Medo e a Esperança

O medo é um tema central, paralisando os Dadas*.

5.2. O Descaso Burguês (Contraste Social)

Drummond critica a burguesia dominante, que demonstra hipocrisia e descaso. Enquanto o mundo está dilacerado pelos conflitos, o homem burguês contempla o mar de sua cobertura, protegido por sua condição social, fingindo ignorar a miséria.

  • A burguesia, mergulhada em uma felicidade incompreensível, diz em uníssono: “Sabemos que nada nos acontecerá” e “Podemos beber honradamente nossa cerveja”. O poeta, com seus valores inestimáveis, expõe a dignidade do ser humano que é "torto" (gauche).

5.3. A Reificação do Homem (A noite dissolve os homens)

Em poemas como A noite dissolve os homens, a palavra "noite" assume um valor semântico negativo, representando um mundo perdido, a escuridão da guerra e o regime totalitário. A reificação (transformação do ser humano em coisa) e a impotência diante do mundo são centrais.

A aurora surge como metáfora, o resgate do homem, a esperança. O fim da guerra é o momento em que "as mãos dos sobreviventes se enlaçam" em sinal de esperança: "Havemos de amanhecer".


6. A Prosa, a Crônica e a Unidade da Obra (O Poeta Além do Verso)

Embora Drummond seja famoso por sua poesia, ele também foi um excelente cronista em prosa. Sua experiência política permitiu transfigurar o cotidiano através do aprofundamento da consciência do outro, aguçando a capacidade de apreender o destino individual nas malhas das circunstâncias. A prosa, assim como a poesia, utiliza a memória e o tempo para a confissão, transformando-a em poesia pura.

6.1. Obras em Prosa:

  • Confissões de Minas (1944)

  • Contos de aprendiz (1951)

  • Fala, amendoeira (1957)

  • A bolsa e a vida (1962)

  • Uma pedra no meio do caminho - biografia de um poema (1967)

6.2. O Clássico e o Enigma

O classicismo de Drummond é manifestado pela busca de um equilíbrio estético (na fase filosófica), onde a epifania (a revelação súbita de uma verdade) é um conceito fundamental. O poema, como obra de arte, é uma revelação.

O próprio poeta vê o enigma como algo que tende a paralisar o mundo e a leitura. O gauche é o "estranho" que sai do familiar e encontra na morte a aporia (o impasse, a dificuldade de solução) final.


7. Perguntas Frequentes (FAQs) sobre Carlos Drummond de Andrade

7.1. O que significa "sentimento do mundo"?

Sentimento do mundo é o título do livro de 1940. O conceito representa a interiorização do tempo e do espaço pelo eu-lírico. O poeta se vê confrontado com a coletividade e mantém o cuidado de expressar não apenas o sentimento de um, mas de um mundo inteiro como nação e sociedade. É a dor do mundo, a consciência da tragédia histórica (como a Segunda Guerra) que é sentida individualmente.

7.2. Qual é a relação de Drummond com o tempo?

O tempo é a matéria central da poética drummondiana. O poeta trabalha com a reversibilidade do tempo através da memória, trazendo eventos do passado para o presente. Para Drummond, a poesia é "o que resiste à destruição" do tempo, estabelecendo-se como memória do próprio tempo. O foco é sempre o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

7.3. Por que a poesia de Drummond é considerada modernista?

Drummond é enquadrado no chamado Modernismo de 30. Ele se destaca por seu lirismo único e inconfundível, pela poesia de verso livre (embora também retorne às formas fixas), pelo artesanato da linguagem, pela metapoesia, pelo humor e ironia, e pela escavação do real, tratando de temas cotidianos com reflexão existencial. Ele remodelou os paradigmas das artes brasileiras.

7.4. Quais são os principais temas da obra de Drummond?

A obra de Drummond oferece inúmeras possibilidades de leitura. Os temas centrais incluem: o tempo e a memória, o amor (à terra natal ou à mulher amada), o pessimismo, o enigma, a infância. Além disso, ele se preocupa intensamente com temas sociais e individuais, que oscilam constantemente ao longo de sua poética. A solidão, a incomunicabilidade e a ironia também são destacadas.

7.5. Como a figura feminina e o erotismo evoluem em Drummond? (Exceção Didática)

A evolução do tratamento do desejo e do feminino é um excelente exemplo da transição estética de Drummond:

  • Juventude (Penumbrismo): O feminino é idealizado, representado por imagens simbólicas e convencionais (como a comparação do corpo ao lírio, que evoca pureza e beleza intocável). O erotismo é sugestivo e mediado por metáforas.

  • Maturidade (Fases Posteriores): Em obras como Alguma poesia e as posteriores, o poeta passa a desconstruir os clichês poéticos. O erotismo torna-se mais explícito, abordando o corpo e o desejo de forma mais madura e desinibida (como o fetiche pelas pernas em Poema de sete faces). O feminino, antes um ideal inatingível, torna-se uma figura real com subjetividades, movendo-se da abstração simbólica para uma dimensão mais concreta e crítica.


Palavras-chave SEO: Carlos Drummond de Andrade fases, fases poesia Drummond, análise Drummond modernismo, poeta gauche, Claro Enigma, Sentimento do Mundo análise, Boitempo, resumo Drummond concursos, O tempo é minha matéria, A rosa do povo censura, Eu maior que o mundo.