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21/09/2025 • 13 min de leitura
Atualizado em 21/09/2025

Barroco no Brasil: Conflito e Religião

BARROCO NO BRASIL: CONFLITO, RELIGIÃO E A ARTE QUE FORJOU MINAS GERAIS

Introdução: Entendendo o Barroco e a Contrarreforma

O Barroco no Brasil é um movimento cultural, artístico e social que se desenvolveu principalmente entre os séculos XVII e XVIII, com o período literário sendo associado especificamente a obras produzidas entre 1601 a 1768.

Este estilo nasceu na Itália em meados do século XVI, em um contexto de profunda crise religiosa na Europa, marcada pela Reforma Protestante.

1. O Contexto Europeu: A Resposta da Igreja

O Barroco europeu foi moldado pela necessidade da Igreja Católica de reagir à Reforma Protestante, em um movimento conhecido como Contrarreforma.

  1. Objetivo do Barroco: A Contrarreforma utilizou o Barroco como um veículo para expressar visivelmente seus ideais de glória e afirmar seu poder. A arte barroca foi planejada para seduzir a alma, perturbá-la e encantá-la em benefício da fé, servindo a um propósito ilustrativo e pedagógico.

  2. Características Estéticas: Em oposição ao Classicismo Renascentista, o Barroco primava pela assimetria, o excesso, a expressividade, o drama e o conflito. As obras buscavam criar um impacto espetacular e exuberante. A opulência de formas e materiais era vista como um tributo devido a Deus.

  3. Mecanismos de Controle Social (Dirigismo Barroco): Na Península Ibérica, a mentalidade barroca, influenciada pelo Concílio de Trento e pelo absolutismo, desenvolveu um dirigismo—uma tendência ao controle social exacerbada pela Igreja e pela Monarquia Absoluta. Escritores, teólogos e políticos buscavam um conhecimento prático do Homem para servir de instrumento para o domínio dos indivíduos e da sociedade. A arte era, portanto, uma técnica de difusão planejada para convencer e comover o espectador, apelando às emoções e instintos.

2. O Barroco no Brasil: Religião e Literatura (Nível Intermediário)

O Barroco brasileiro adaptou-se à realidade da Colônia, que tinha a economia baseada na produção de cana-de-açúcar e utilizava mão de obra escravizada. A cultura era um reflexo de Portugal, e a religião católica era a força predominante (Teocentrismo).

2.1. O Papel dos Jesuítas (Conteúdo de Concurso)

A Companhia de Jesus (Jesuítas), fundada no contexto da Contrarreforma, foi crucial para a propagação da arte e da fé.

  • Catequese e Aculturação: A Companhia de Jesus, que chegou ao Brasil em 1549, dedicou-se intensamente à catequese, utilizando artes plásticas, música, literatura e teatro para ensinar moral e difundir a doutrina cristã e a cultura ibérica.

  • Controle e Hierarquia: A doutrina jesuíta, inspirada nos Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola, pregava uma rígida hierarquia e a obediência cega. Este pensamento era puramente barroco, buscando o controle do indivíduo por meio do "adestramento de pensamento e atitudes". A confissão era o principal sacramento de controle do dirigismo barroco.

  • EXCEÇÃO / Hierarquia Racial: A intenção controladora dos jesuítas se refletia na exclusão dos indígenas dos cargos de comando: a educação escolar "superior" estava vedada aos indígenas, pois ordená-los padres daria-lhes legitimidade para atuar e dirigir a educação, o que era inadmissível na estrutura social colonial estratificada e racializada.

2.2. O Conflito na Literatura: Cultismo e Conceptismo

Na literatura, o Barroco brasileiro se manifestou através de dois estilos principais que expressavam a tensão e o conflito da época:

  1. Conceptismo (Jogo de Ideias): Caracterizado pelo jogo de ideias e pela complexidade de raciocínio lógico. O maior nome é o Padre António Vieira (1608-1697).

    • Obras: Famoso por seus Sermões, Vieira, mestre da argumentação, frequentemente usava a antítese (oposição entre elementos como céu e terra) e o paradoxo em sua retórica, refletindo a incerteza que coexistia com a fé.

  2. Cultismo (Jogo de Palavras): Caracterizado pelo jogo de palavras e por uma linguagem rebuscada, cheia de metáforas, hipérboles e figuras de linguagem, resultando em um "labirinto de significantes".

    • Maior Expoente: Gregório de Matos (1636-1696), conhecido como "Boca do Inferno". Seus versos expressavam os desconcertos do Brasil colonial, criticando os desmandos da corte e os abusos da classe dominante. Ele usava metáforas de forte coloração, ambiguidade erótica e expressões chulas em suas poesias satíricas.

3. O Barroco Mineiro: O Ciclo do Ouro e a Ascensão dos Leigos (O Mais Complexo)

O auge do Barroco no Brasil ocorreu em Minas Gerais, um fenômeno diretamente ligado ao Ciclo do Ouro (séculos XVIII e XIX). A riqueza do ouro e dos diamantes permitiu um rápido crescimento urbano e estimulou uma intensa atividade artística e cultural.

3.1. O Conflito Fundador: A Proibição das Ordens Regulares

O Barroco Mineiro possui uma característica singular que o diferencia do litoral e de outras regiões da colônia:

  • Proibição Régia: A Coroa Portuguesa proibiu a entrada e a fixação de Ordens Religiosas Regulares (como os jesuítas, franciscanos regulares, etc.) no território de Minas Gerais.

  • Justificativa: A alegação era que os religiosos regulares poderiam ser responsáveis pelo extravio do ouro e por insuflar a população ao não pagamento de impostos.

  • Consequência (Matéria de Concurso): O vazio deixado pelas ordens regulares foi preenchido pelas Irmandades e Ordens Terceiras (associações leigas). Essas entidades, que surgiram em grande número no período de 1740 a 1780, tornaram-se as grandes patrocinadoras (mecenato leigo) da arquitetura, da talha, da escultura e da pintura barroca mineira.

3.2. Estrutura Social, Competição e Rivalidade

As Ordens Terceiras e Irmandades exerciam uma função social e religiosa vital, oferecendo auxílio mútuo, cuidando de enfermos e defuntos, e organizando festivais religiosos.

  1. Segregação Social e Racial: As associações de leigos reproduziam a hierarquia social da colônia, sendo segmentadas por critérios raciais, profissionais e/ou econômicos:

    • Brancos: Geralmente Ordens Terceiras, como a do Carmo e São Francisco de Assis, formadas pela "elite social" e por homens considerados "puros de sangue".

    • Mulatos: Irmandades das Mercês e São José.

    • Negros (Escravos e Forros): Irmandades de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Ifigênia.

  2. O Conflito entre Irmandades: Havia uma competição feroz entre essas entidades. Elas disputavam a organização de festivais, o prestígio e, sobretudo, a construção das maiores e mais ricas igrejas.

    • Ostentação: A quantidade de ouro nos altares e a grandiosidade das edificações traduziam o poder e o status dos membros da irmandade. Muitas vezes, irmandades rivais construíam seus templos próximos ou lado a lado, competindo em exuberância (e.g., Carmo e São Francisco em Mariana).

    • Conflito Interno: Em igrejas compartilhadas, a rivalidade manifestava-se nos altares laterais, onde cada irmandade buscava a maior pompa e esplendor, resultando no "poliformismo barroco característico dos ricos templos mineiros".

3.3. Características Artísticas e a Fusão Rocócó

O termo Barroco Mineiro é muitas vezes anacrônico, pois a manifestação artística mais expressiva da culminação do ciclo (a partir de 1760) ocorreu sob a égide do Rococó.

  • Rococó Mineiro: Distingue-se por formas mais leves e contidas, cores claras, e o douramento restrito aos relevos. A arquitetura religiosa rococó mineira apresenta uma nave alongada separada da capela-mor pelo arco cruzeiro, com o consistório no segundo pavimento.

  • Materiais Locais: Devido ao relativo isolamento de Minas, houve o desenvolvimento de oficinas locais. A pedra-sabão (silicato de magnésio hidratado) foi amplamente utilizada em fachadas, portadas e escultura avulsa (por ser macia e obediente ao entalhe). O cedro era a madeira predominante para a escultura.

  • Talha: A evolução da talha acompanhou os estilos: do exuberante e volumoso Retábulo Nacional (c. 1696-1730), passando pelo Joanino (c. 1730-1760), até o Rococó (c. 1760-1840), com formas mais suprimidas, colunas retas e uso da rocalha.

4. Os Grandes Mestres do Barroco Mineiro (Máxima Prioridade em Concursos)

O apogeu do estilo mineiro é marcado pela obra de dois grandes mestres que encerraram o ciclo artístico local.

4.1. Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738–1814)

Considerado o maior expoente da arte colonial no Brasil e um dos maiores nomes do Barroco americano, Aleijadinho foi escultor, entalhador e arquiteto.

  • Estilo: Sua obra se concentra em Ouro Preto, Sabará e Congonhas. O estilo de Aleijadinho é reconhecido por traços distintivos, como os panejamentos com dobras agudas, proporções quadrangulares das mãos, nariz afilado e proeminente, e olhos amendoados com olhar penetrante.

  • Arquitetura e Talha: Ele foi coautor, junto a Francisco de Lima Cerqueira, de modificações importantes, como a portada da Igreja do Carmo de Ouro Preto.

  • Obras-Primas (Foco em Exames):

    • Via Sacra de Congonhas: Realização das esculturas da Via Sacra (cenas da Paixão de Cristo) em madeira policromada, localizadas nas seis capelas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.

    • Os Doze Profetas: Esculturas em pedra-sabão dispostas no adro do Santuário de Congonhas.

4.2. Manoel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde (1762–1830)

Mestre Ataíde foi o pintor mais insigne da escola mineira, com uma produção notável na decoração interna das igrejas.

  • Técnica: É conhecido por utilizar a perspectiva arquitetônica ilusionística, pintando nos forros tábuas corridas para criar uma continuidade visual da arquitetura real para o "céu".

  • Originalidade: Apesar de utilizar gravuras europeias como modelo, sua interpretação é muito original, incorporando um delicioso sabor popular que chega ao ponto de representar anjos e santos com feições mulatas.

  • Trabalhos: Ataíde foi um membro da Ordem Terceira do Carmo em Ouro Preto. Ele realizou o douramento de todos os altares, do arco-cruzeiro e dos púlpitos da Igreja do Carmo, trabalhando com auxiliares, incluindo seu filho.

5. Casos de Devoção, Conflito e Exceção em Ouro Preto

5.1. A Ordem Terceira do Carmo de Ouro Preto: Conflito de Fundações

A Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto, cuja construção iniciou-se após 1766, exemplifica bem o conflito e as particularidades religiosas.

  • A Devoção Central: A Ordem do Carmo tinha como tradição e como parte de seus estatutos (desde 1755) a realização da Procissão do Triunfo no Domingo de Ramos. Nesta procissão, eram carregados os Sete Passos da Paixão de Cristo.

  • Os Retábulos e a Paixão: Os seis retábulos laterais da nave e o retábulo do consistório da igreja foram construídos para abrigar as esculturas dos Cristos da Paixão. Eles são únicos em Ouro Preto por possuírem uma tarja (cartela) com uma inscrição em latim correspondente ao momento da Paixão que a escultura representa.

    • Exemplos da Série da Paixão: Jesus no Horto, Jesus na Prisão, Jesus Flagelado, Senhor da Cana Verde (Coroado de Espinhos), Ecce Homo (Eis o Homem), Senhor dos Passos (com a Cruz às Costas), e o Cristo Crucificado (no consistório).

  • EXCEÇÃO / O Mistério de Santa Quitéria: A Ordem do Carmo construiu seu templo no local da antiga Capela de Santa Quitéria. Para obter a autorização e indenizar a Irmandade de Santa Quitéria, foi feito um acordo: a imagem de Santa Quitéria deveria estar sempre no altar-mor, no primeiro degrau abaixo do trono de Nossa Senhora do Carmo. Embora o Cristo Crucificado geralmente ocupasse o altar-mor nas igrejas carmelitas (como no Rio de Janeiro), em Ouro Preto, por causa do acordo, a escultura do Cristo Crucificado foi alojada no retábulo do consistório, uma solução singular para completar os Sete Passos da Paixão.

5.2. As Irmandades Negras e o Sincretismo

As irmandades negras (como o Rosário) eram o principal canal de expressão social, cultural e religiosa para a população de cor. Elas permitiam a preservação de tradições africanas (danças, ritmos, reisados) e supriam a assistência material e espiritual.

  • Sincretismo Religioso: Os negros, impedidos de manter suas tradições abertamente, fundiram elementos de sua cultura à religião dominante. Eles cultuavam Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Ifigênia. Essa fusão é vista, por exemplo, na identificação de:

    • São Sebastião (sincretizado com Oxóssi).

    • Santa Bárbara (sincretizada com Iansã).

    • A devoção ao Rosário, com o manuseio do terço, era percebida pelos colonizadores como mais apropriada para a conversão dos negros por se assemelhar a "símbolos fetichistas, de caráter mágico/sagrado" a que já estavam habituados na África.

  • A Lenda de Chico Rei (Ouro Preto): A lendária figura de Francisco da Natividade (Galanga), que teria conquistado sua liberdade e a de seus companheiros escondendo ouro, é central para a história negra local. Ele teria se proclamado rei de sua comunidade, que financiou a construção da Igreja de Santa Ifigênia.

  • Igreja de Santa Ifigênia (Símbolos Africanos): Construída por escravos e pela irmandade negra (data de 1733). O templo apresenta, em seus entalhes de madeira, uma forte presença da cultura africana e do sincretismo, como a inclusão de búzios e símbolos de orixás. O Papa Negro pintado no forro é visto por muitos historiadores como uma homenagem dos negros ao lendário Chico Rei.

Dúvidas Comuns e Aprofundamento

A. O Barroco Mineiro é puramente Barroco?

Não. O termo "Barroco Mineiro" é uma designação comum, mas imprecisa, pois boa parte das manifestações artísticas do período, especialmente a partir de 1760 (auge do ciclo), aconteceu dentro da esfera do Rococó, que é estilisticamente diferente (mais leve e menos dramático). Contudo, o Rococó mineiro se desenvolveu a partir da base cultural barroca colonial.

B. Qual era o papel da Igreja Oficial em Minas Gerais?

O papel do Estado e da Igreja Oficial foi secundário nas práticas religiosas de Minas Gerais, justamente devido à proibição das Ordens Regulares e à ausência de uma estrutura eclesiástica forte no início. A religiosidade passou a ser acionada pelas associações leigas. A igreja, contudo, ainda buscava a manutenção da soberania e dos dogmas cristãos, utilizando a ostentação do sagrado e do profano nas festas como instrumento de propaganda (Contrarreforma).

C. Qual a diferença entre Irmandades e Ordens Terceiras?

Ambos são tipos de confrarias ou associações de leigos. A principal diferença reside no seu caráter: as Ordens Terceiras possuem um caráter internacional e estão ligadas a uma Ordem Primeira submissa a Roma, seguindo uma Regra específica. As Ordens Terceiras (como Carmo e São Francisco) tendiam a ser mais ricas e exclusivas, atraindo a elite branca. As Irmandades geralmente eram mais locais.

D. O que eram as imagens ocas (Santos do Pau Oco)?

As imagens ocas eram feitas para que ficassem mais leves para serem carregadas nos cortejos religiosos (processionais). Além disso, a madeira necessitava ser oca para evitar rachaduras causadas pela dilatação com as mudanças de umidade do ar. Embora o imaginário popular sugira que eram usadas para esconder ouro contrabandeado, essa versão é tida como lenda, com pouca comprovação.

E. Onde Deus se revela no Barroco Mineiro, segundo a perspectiva do conflito social?

Embora Deus pudesse ser percebido na contemplação das manifestações artísticas e culturais (pompa e exuberância), essa arte foi concebida sobre estruturas sociais de opressão. Segundo a visão teológica de Ignacio Ellacuría, o Deus cristão se revela sobretudo aos pobres, excluídos e marginalizados. Portanto, o lugar primordial da revelação, no contexto do Barroco Mineiro, estava junto aos escravos, lavradores pobres e vadios explorados, que sofriam as misérias da sociedade.

Resumo Didático e Cronológico (Revisão para Prova)

Período/Estilo

Contexto Histórico Principal

Característica Artística/Literária

Figuras Chave (Concurso)

Conflito / Exceção

Barroco Europeu (Séc. XVI-XVIII)

Contrarreforma, Absolutismo.

Drama, Exuberância, Asimetria, Dirigismo.

Caravaggio, Loyola.

Uso da arte como propaganda para controle social.

Barroco Literário BR (1601-1768)

Brasil Colônia, Jesuítas, Teocentrismo.

Cultismo (jogo de palavras) e Conceptismo (jogo de ideias).

Pe. António Vieira (Conceptismo), Gregório de Matos (Cultismo/Sátira).

Conflito entre fé e incerteza (Antítese, Paradoxo).

Barroco Mineiro (Séc. XVIII-XIX)

Ciclo do Ouro, Proibição de Ordens Regulares.

Fusão Barroco/Rococó. Mecenato Leigo, Pedra-sabão, Imaginária da Paixão.

Aleijadinho (Profetas, Via Sacra), Mestre Ataíde (Pintura Ilusionística, Mulatos).

Proibição de Ordens: Ascensão das Irmandades Leigas e intensa competição.

Irmandades Negras (MG)

Estrutura social escravista, segregação racial.

Sincretismo (Orixás/Santos), Símbolos Africanos (búzios), Papa Negro no forro.

Chico Rei (Lenda), Mestre Ataíde (por pintar mulatos).

Único espaço de liberdade e auxílio mútuo. Arte como afirmação cultural.