
No cenário globalizado do século XXI, a formação de blocos econômicos tornou-se um dos fenômenos mais marcantes da geopolítica e da economia internacional. Mas, afinal, o que são eles?
Blocos econômicos são associações ou acordos entre países que têm como objetivo principal facilitar e incentivar o livre-comércio entre seus membros, buscando o desenvolvimento econômico, social e político mútuo. Eles representam uma resposta estratégica dos países ao processo de globalização, que amplificou as trocas comerciais e redefiniu a ordem mundial após a Guerra Fria.
Historicamente, a ideia de integração econômica não é nova, mas a forma como ela se manifesta hoje, com a redução ou eliminação de barreiras alfandegárias e a criação de fluxos facilitados de capitais, bens e pessoas, é uma característica do capitalismo moderno e da era da informação. Em vez de atuar isoladamente, os países unem forças para ganhar competitividade na arena internacional.
Participar de um bloco econômico oferece diversas vantagens:
Aumento da circulação de mercadorias e investimentos.
Eliminação ou redução de tarifas e barreiras alfandegárias, tornando os produtos mais baratos e impulsionando o comércio interno e externo dos membros.
Garantia de ajuda mútua e políticas comuns para o desenvolvimento econômico e social.
Maior poder de barganha em negociações comerciais com países de fora do bloco, já que negociar com um conjunto de nações é mais vantajoso do que com um único país.
Estímulo ao crescimento empresarial e industrial, com empresas ganhando mais mercado e influência global.
Novas fontes de renda, emprego e melhoria nos padrões de vida para a população, decorrentes do dinamismo econômico.
No entanto, existem também desvantagens e desafios:
Redução da soberania nacional em certos aspectos, à medida que os países precisam harmonizar leis e políticas para o bem do bloco.
Enfraquecimento do multilateralismo global em detrimento do fortalecimento de economias regionais, o que pode levar à polarização.
Falta de liberdade econômica para as empresas em participar de mercados mais amplos fora do bloco.
Risco de países com economias mais frágeis afetarem os mais desenvolvidos do bloco, caso não haja políticas de equilíbrio.
Pressões de grupos de interesse internos, que podem se opor à redução de subsídios ou tarifas, mesmo que isso traga ineficiência econômica para o bloco.
Os blocos econômicos não são todos iguais. Eles se organizam em diferentes níveis de integração, do mais simples ao mais complexo:
Zonas de Preferência Tarifária:
Características: É o nível mais básico. Os países-membros concedem vantagens tarifárias recíprocas a apenas alguns produtos selecionados, tornando-os mais baratos entre si. Não há livre-comércio total.
Exemplo: A Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) é um exemplo de iniciativa que adota esse tipo de preferência.
Zonas de Livre Comércio:
Características: O objetivo principal é eliminar as tarifas e barreiras alfandegárias para a circulação de mercadorias e capitais entre os países-membros. No entanto, cada país mantém sua própria política comercial em relação a nações que não fazem parte do bloco. A livre circulação de pessoas não é um objetivo principal.
Exemplos Notáveis (e suas evoluções):
NAFTA (Tratado de Livre Comércio da América do Norte): Criado em 1994, eliminou tarifas entre EUA, Canadá e México. Foi um exemplo clássico, mas que teve seu nome e algumas regras alteradas para USMCA em 2018.
ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático): Criada em 1967, tornou-se uma zona de livre comércio em 2008.
União Aduaneira:
Características: Além de ser uma zona de livre comércio (com eliminação de tarifas internas), os membros adotam uma Tarifa Externa Comum (TEC). Isso significa que, ao negociar com países de fora do bloco, todos os membros cobram a mesma taxa. Isso fortalece o poder de negociação do bloco.
Exemplo: O Mercosul (Mercado Comum do Sul) foi criado como zona de livre comércio em 1991, mas passou a vigorar como União Aduaneira em 1995, com a instalação da TEC.
Mercado Comum:
Características: É um estágio mais avançado de integração. Além do livre comércio e da TEC, há livre circulação de pessoas, serviços e capitais entre os países-membros. As fronteiras físicas praticamente inexistem para os cidadãos dos países do bloco, podendo haver padronização da legislação trabalhista e fiscal.
Exemplo: A União Europeia (UE), em sua fase de Comunidade Econômica Europeia (CEE), operava como um mercado comum. O Mercosul tem o "mercado comum" em seu nome, mas ainda busca consolidar-se plenamente nesse estágio.
União Econômica e Monetária:
Características: É o nível mais elevado de integração. Além de todas as características anteriores, os países adotam uma moeda única e, consequentemente, há a criação de um banco central para direcionar as políticas econômicas do bloco. Busca-se uma unificação legislativa e coordenação de políticas macroeconômicas.
Exemplo: A União Europeia (UE), especialmente com a adoção do Euro, representa o estágio mais avançado de união econômica e monetária no mundo.
Agora, vamos mergulhar nos blocos mais relevantes para a geopolítica global e frequentemente abordados em exames.
A União Europeia (UE) é o maior e mais complexo bloco econômico do mundo, representando o mais alto nível de integração.
História e Evolução: Sua história de integração é longa, começando com a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) em 1951, que visava a livre circulação de matérias-primas e mercadorias da indústria siderúrgica para a reconstrução pós-Segunda Guerra Mundial. Em 1957, os mesmos países (Alemanha Ocidental, Itália, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, e França) assinaram o Tratado de Roma, criando a Comunidade Econômica Europeia (CEE), ou Mercado Comum Europeu.
Criação Formal e Expansão: Formalmente, a UE foi criada em 1992 com o Tratado de Maastricht, que definiu a integração monetária e econômica, além da cooperação política. A livre circulação de pessoas foi definida pelo Acordo de Schengen, assinado em 1995.
A Moeda Única: O Euro: Em 2002, o Euro passou a circular oficialmente como moeda única para muitos países do bloco. No entanto, é importante notar as exceções:
Dinamarca optou por não adotar o Euro.
Outros países, por questões econômicas ou em processo de adesão, ainda não o adotaram.
Membros Atuais (2025): Com a saída do Reino Unido (Brexit) em janeiro de 2020, o bloco é composto por 27 países.
Requisitos para Adesão: Um país precisa ter contas públicas equilibradas (déficit menor que 3% do PIB, endividamento menor que 60%), inflação baixa e estável, e realizar reformas legislativas (trabalhista, previdenciária). Questões de direitos humanos também são avaliadas.
Importância e Complexidade: A UE não é um Estado-nação, mas uma nova entidade política que partilha soberania em algumas funções. Sua estrutura é complexa, com instituições políticas, econômicas, legislativas, executivas e judiciárias.
O Mercosul é o principal bloco econômico da América do Sul e uma referência constante nos concursos brasileiros.
Criação e Membros: Foi criado em 1991 a partir da assinatura do Tratado de Assunção, por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Nível de Integração (e Desafios): Embora seu nome seja "Mercado Comum do Sul", o Mercosul opera, de fato, como uma União Aduaneira, tendo adotado uma Tarifa Externa Comum (TEC) em 1995. Seu grande desafio é consolidar a formação de um verdadeiro mercado comum, com total integração e livre circulação de bens, capitais, serviços e pessoas.
Livre Circulação de Pessoas: A ideia de um passaporte comum e livre circulação de pessoas, como na UE, ainda é um objetivo a ser plenamente alcançado.
Disparidades Econômicas: Uma problemática significativa no bloco são as disparidades econômicas entre os membros. Cerca de 55% do PNB do Mercosul pertence ao Brasil, que também detém quase metade da população e o maior e mais potente mercado consumidor. Isso exige dinamização das economias locais e investimentos, como no FOCEM (Fundo para Convergência Estrutural do Mercosul), que visa fortalecer estruturalmente os países-membros.
Membros Associados: O Mercosul possui acordos com países como Chile, Bolívia e Peru, que são nações associadas, mas não adotam a TEC.
Questão da Venezuela (Exceção Comum em Provas):
A Venezuela tornou-se membro pleno em 2012. Sua entrada gerou oportunidades estratégicas no campo energético, pois o país é um grande exportador de petróleo e possui as maiores reservas do mundo.
No entanto, devido a uma crise política no governo de Fernando Lugo, o Paraguai se posicionou contra a participação da Venezuela, e após uma crise política e econômica e a ruptura da ordem democrática, a Venezuela foi suspensa do bloco em 2017 por tempo indeterminado.
Legislações Comuns: A criação de legislações comuns em áreas como proteção ao consumidor, direitos trabalhistas e educação é uma estratégia para dinamizar a integração política.
Moeda Única (Perspectiva): A ideia de uma moeda única (e um Banco Central Sul-americano) é vista como forma de tornar as economias menos reféns das variações do dólar e assegurar maior estabilidade financeira. Embora discutida, não há prazo para implementação.
Acordos Comerciais (Exemplo UE-Mercosul): As negociações de acordos comerciais como o entre a União Europeia e o Mercosul demonstram as dificuldades de concretização, muitas vezes devido a pressões protecionistas internas (como os agricultores europeus) que se opõem à redução de subsídios e tarifas, mesmo que isso resulte em ineficiência econômica.
A transição do NAFTA para o USMCA é um tema muito relevante e frequentemente cobrado, dada sua complexidade e as mudanças geopolíticas que a cercam.
Origem do NAFTA: O NAFTA foi assinado em dezembro de 1992 e entrou em vigor em janeiro de 1994, com o objetivo de eliminar tarifas e barreiras comerciais entre EUA, Canadá e México ao longo de 15 anos.
Críticas e Justificativas para a Renegociação: Apesar do crescimento significativo do comércio entre os membros, o NAFTA enfrentou críticas nos EUA, associado a déficits comerciais com o México e à perda de empregos para o México devido a salários mais baixos e regulamentações menos rigorosas.
A Retórica de Trump: A renegociação foi uma bandeira central na campanha de Donald Trump, que descreveu o NAFTA como "o pior acordo" e prometeu substituí-lo para "recompor postos de trabalho" e reverter o déficit comercial.
Realidade da Renegociação: Embora a retórica fosse de "ruptura", a necessidade de atualização do NAFTA (para incluir temas de uma agenda OMC-plus) já era um consenso entre formuladores de política comercial nos EUA desde antes de Trump, especialmente em relação a questões digitais e tecnológicas. A renegociação, na prática, foi mais um processo de ajuste e aprimoramento.
O Novo Acordo: USMCA (Entrou em vigor em 1º de julho de 2020)
Mudança de Nome: A adoção do nome USMCA (United States-Mexico-Canada Agreement) foi uma decisão discursiva para marcar a suposta "substituição" do "pior acordo" por um que colocava os interesses norte-americanos em primeiro lugar.
Principais Mudanças e Exceções (Muito Cobrado):
Regras de Origem (Setor Automotivo): Um dos pontos mais polêmicos. O USMCA aumentou a porcentagem de conteúdo regional necessário para veículos (inicialmente 30% subindo para 40% em três anos para veículos de passageiros, e 45% para veículos pesados), buscando estimular a fabricação com maior conteúdo norte-americano e diminuir a competição de componentes europeus e asiáticos.
Conteúdo Valor-Trabalho (CVT) e Salários: Uma inovação do USMCA. Exige que uma parcela significativa do conteúdo de carros e caminhões seja produzida por trabalhadores que recebam mais de US$ 16/hora. Isso forçaria as montadoras a priorizar fornecedores dos EUA e Canadá, impactando os salários no México. Essa medida levou a uma reforma trabalhista no México para adequação.
Cláusulas Trabalhistas e Ambientais: Já existiam no NAFTA como acordos colaterais e foram fortalecidas. A questão dos salários mais baixos no México e suas implicações na perda de empregos nos EUA foi um ponto fundamental para os democratas.
Comércio e Serviços Digitais: O USMCA traz o principal ponto de inovação, com um capítulo dedicado à economia digital, algo que não existia no NAFTA. Inclui regras sobre impostos alfandegários para produtos digitais, proibição de localização de dados (dados transfronteiriços), proteção de consumo online e segurança cibernética. Curiosamente, apesar de Trump ter saído da Parceria Trans-Pacífica (TPP), o USMCA usou o capítulo de comércio eletrônico da TPP como base.
Propriedade Intelectual: Direitos autorais foram estendidos de 50 para 70 anos após a morte do autor, e a proteção para novos medicamentos foi estendida de 8 para 10 anos. Isso beneficia os EUA, que são grandes produtores de conteúdo científico e tecnológico.
Cláusula de Caducidade (Sunset Clause): Previsão de que o acordo seja revisado a cada seis anos, e os países-membros devem decidir por sua continuidade. Essa prática não é usual em acordos de longo prazo e foi controversa, mas a justificativa é permitir ajustes regulares para evitar descontentamentos que levariam à não renovação.
Apoio Doméstico nos EUA: Apesar da retórica de Trump, a renegociação do NAFTA teve amplo consenso e apoio bipartidário no Congresso e entre diversos setores econômicos (agricultura, empresas de tecnologia, cervejarias) e governadores estaduais nos EUA. Isso demonstra que a modernização era uma demanda interna e não apenas uma iniciativa de Trump.
O BRICS é um grupo de países de mercados emergentes que, embora não seja um bloco econômico formal ou uma associação de comércio, como a União Europeia, busca converter seu crescente poder econômico em maior influência geopolítica. É um tema de extrema relevância em 2025, especialmente com suas recentes expansões.
Origem do Acrônimo: O termo "BRIC" foi cunhado por Jim O'Neill, do Goldman Sachs, em 2001, para se referir a Brasil, Rússia, Índia e China como grandes mercados emergentes.
Admissão da África do Sul: Em abril de 2011, a África do Sul foi admitida, adicionando o "S" ao acrônimo e completando o grupo original. A África do Sul é considerada um "portal" para o continente africano, mesmo tendo uma economia menor que os outros membros.
Desenvolvimento Institucional e Financeiro:
Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) - "Banco dos BRICS": Criado e formalizado em 2014, com sede em Xangai. Seu capital inicial foi de US$ 50 bilhões, com cada país contribuindo com US$ 10 bilhões.
Objetivo: Financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento em países pobres e emergentes.
Alternativa a FMI e Banco Mundial: O NBD é visto como uma alternativa às instituições financeiras ocidentais (FMI e Banco Mundial), consideradas pouco representativas dos interesses dos países emergentes.
Acordo de Reserva Contingente (ARC): Criado e formalizado em 2014, com um fundo de US$ 100 bilhões.
Objetivo: Fornecer proteção contra pressões globais de liquidez e corrigir desequilíbrios na balança de pagamentos dos países signatários, funcionando como um mecanismo de estabilização econômica.
Alternativa ao FMI: Também é considerado um concorrente ao FMI e um exemplo de cooperação Sul-Sul.
Sistema de Pagamento dos BRICS: Desde 2015, ministros do BRICS discutem a criação de um sistema de pagamento alternativo ao SWIFT, buscando maior independência e segurança financeira. China (CIPS), Índia (SFMS) e Brasil (Pix) já possuem seus próprios sistemas alternativos.
Potencial Moeda Comum: Há discussões sobre a viabilidade de uma nova moeda comum lastreada em ouro para o BRICS, que poderia ser anunciada na cúpula de 2023 (embora isso não tenha acontecido). O objetivo é desafiar a dominância do dólar americano no comércio internacional, reduzindo custos de transação e promovendo um comércio mais justo.
Expansão dos BRICS (Ponto Crítico e Atualizado para 2025):
Em 1º de janeiro de 2024, o grupo foi oficialmente expandido com a adesão de Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Arábia Saudita (embora a Arábia Saudita tenha comunicado em julho de 2024 que ainda estava avaliando sua entrada, possivelmente devido à guerra Israel-Hamas e ao Irã ser membro).
Em 6 de janeiro de 2025, a Indonésia tornou-se oficialmente o 9º membro pleno do BRICS.
Mais de 40 países manifestaram interesse em ingressar no BRICS, incluindo Argélia, Bahrein, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Palestina, Tailândia, Venezuela e Vietnã, o que demonstra a crescente influência do grupo.
Princípios: As relações bilaterais entre os países do BRICS são conduzidas principalmente com base nos princípios de não-interferência, igualdade e benefício mútuo.
Protagonismo Chinês: A China, com sua ascensão econômica e a iniciativa da Nova Rota da Seda, tem um papel central no BRICS e na promoção de uma nova governança financeira mundial. O país tem usado sua capacidade financeira (Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, Fundo da Nova Rota da Seda) para exportar investimentos em infraestrutura e aumentar sua área de influência.
A ASEAN é outro bloco de grande relevância geopolítica, especialmente por sua localização estratégica na Ásia e sua relação com a China.
Criação e Membros: Foi criada em 8 de agosto de 1967 e atualmente é integrada por Brunei Darussalam, Camboja, Singapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã.
Objetivos: Acelerar o crescimento econômico, o progresso social e o desenvolvimento cultural na região, além de promover a estabilidade e a paz entre seus membros.
Nível de Integração: É uma zona de livre comércio desde 2008.
Relevância para o Brasil: Em 2023, a ASEAN foi o terceiro principal destino das exportações brasileiras, à frente do MERCOSUL, e o sexto maior fornecedor do Brasil. As vendas brasileiras para a ASEAN cresceram a uma taxa superior à média nacional entre 2019 e 2023, indicando sua relevância estratégica. Há mais de 2.000 oportunidades de exportação para produtos brasileiros, incluindo combustíveis minerais, alimentos, matérias-primas e manufaturados.
Asean+3: A Asean+3 (com a integração de China, Coreia do Sul e Japão em 1997) é um fórum multilateral importante para tomada de decisões e para tentar resolver questões sensíveis, como litígios territoriais no Mar do Sul da China e atuação contra a pirataria.
Impacto Chinês: O Mar do Sul da China é uma zona estratégica para a conformação do domínio terrestre e marítimo chinês, sendo vital para o sucesso da Nova Rota da Seda. O interesse chinês é que haja um ambiente pacífico na região para garantir suas rotas de comércio e energia.
OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo): Criada na década de 1960, reúne países produtores e exportadores de petróleo (Argélia, Angola, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela), visando controlar a produção e as políticas petrolíferas globais.
APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico): Criada em 1989, busca promover uma área de desenvolvimento econômico e comercial no Pacífico, com membros como Austrália, Canadá, China, EUA, Japão e Rússia.
Comunidade Andina (CAN): Criada em 1969, é uma união aduaneira composta por Bolívia, Peru, Colômbia e Equador. Chile e Venezuela já foram membros.
Tigres Asiáticos: Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul e Taiwan. Famosos pelo rápido e bem-sucedido crescimento econômico e industrial, com foco em desenvolvimento tecnológico e exportações.
CEI (Comunidade dos Estados Independentes): Criada em 1991 pelos países que integravam a URSS (como Rússia, Bielorrússia, Ucrânia, Cazaquistão), com o objetivo de integrá-los à lógica econômica mundial após o fim da União Soviética.
SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral): Criada em 1992, com membros como África do Sul, Angola, Moçambique, visa à paz e segurança e ao desenvolvimento regional.
Uma dúvida comum e um tema fundamental em geopolítica é: a integração econômica significa o fim da soberania nacional?
A resposta é complexa e matizada: não, a integração econômica não significa o fim da soberania nacional, mas implica uma redefinição e, em certa medida, uma limitação de seu conceito clássico.
Conceito de Soberania: Tradicionalmente, soberania é o poder supremo de um Estado dentro de seu território, sem interferência externa.
O Impacto da Globalização: A globalização, com a intensificação das relações sociais mundiais e a internacionalização dos mercados e processos produtivos, naturalmente gera uma teia complexa de compromissos internacionais. Isso leva a transformações na ordem política e econômica, exigindo que os Estados se adaptem.
Compromissos e Adaptação: Ao aderir a blocos econômicos e acordos multilaterais, os Estados aceitam compartilhar certas competências ou harmonizar suas políticas para alcançar benefícios mútuos. Isso não significa a perda total do poder de decisão, mas sim uma adaptação e um ajuste equilibrado de soberanias.
Estado Continua Fundamental: Mesmo em mercados regionalmente integrados, o Estado continua sendo a base que sustenta o conjunto de regras econômicas, sociais e políticas, sendo fundamental para o desenvolvimento de cada país. A cooperação internacional é uma necessidade, não mais uma opção, já que os Estados não são autossuficientes.
Exemplos Reais:
Na União Europeia, apesar da livre circulação de bens, pessoas e capitais, e da moeda única, a soberania territorial persiste, e o bloco não se tornou um Estado unitário ou federal.
No caso do USMCA, a inclusão de dispositivos que afirmam a posse exclusiva do México sobre seus hidrocarbonetos, mesmo dentro de um acordo comercial regional, reafirma a soberania estatal sobre fontes energéticas.
Multinacionais e o Estado: A ideia de que multinacionais "governam o mundo" e "atentam contra a soberania" é difícil de aceitar, pois essas empresas, ao transferir suas subsidiárias, muitas vezes se beneficiam de isenções fiscais e proteções tarifárias fornecidas pelos próprios Estados soberanos.
Em resumo, a integração econômica representa uma evolução do conceito de soberania, que passa de um poder absoluto para um poder compartilhado e interdependente, mas que continua sendo um traço essencial do Estado moderno.
O cenário geopolítico global em 2025 é de intensas transformações, com o surgimento de novas hegemonias e o questionamento da supremacia ocidental. A China, por exemplo, com sua iniciativa da Nova Rota da Seda e seu ativismo financeiro, emerge como um ator global central, com o potencial de reordenar a ordem mundial.
A dinâmica entre blocos econômicos e grandes potências como China e Estados Unidos (em seu embate comercial e geopolítico) continuará moldando a economia internacional e as relações entre países. O papel de fóruns multilaterais como a Organização para Cooperação de Xangai (OCX) e a Asean+3, assim como o BRICS, será cada vez mais importante para a tomada de decisões consensuais e a consolidação do protagonismo de novas lideranças.
Para estudantes e profissionais, compreender essa dinâmica é fundamental. Os blocos econômicos não são apenas estruturas comerciais; são reflexos de um mundo em constante redefinição, onde a cooperação, a competição e a busca por desenvolvimento coexistem. As lições dos últimos anos, como a pandemia de Covid-19, o protecionismo de governos como o de Donald Trump e as crises econômicas, reforçam a necessidade de um debate mais frequente e aprofundado sobre os efeitos da expansão econômica e das estratégias geopolíticas.
O sucesso da integração regional e dos acordos comerciais dependerá cada vez mais de uma vontade política decisiva e da capacidade de conciliar interesses diversos, superando pressões protecionistas e buscando benefícios coletivos para a sociedade.
Globalização: Processo crescente de abertura das economias nacionais ao fluxo de mercadorias e capitais estrangeiros, com uniformização de padrões econômicos e culturais em âmbito mundial.
Tarifa Externa Comum (TEC): Taxa única que os países-membros de uma união aduaneira cobram de produtos importados de nações que não fazem parte do bloco.
OMC-plus: Agenda comercial dos EUA que busca desenvolver novas regras e marcos regulatórios de comércio que ultrapassam as regras da OMC, abrangendo investimentos, compras governamentais, concorrência, serviços e propriedade intelectual.
Soft Power: Capacidade de um Estado de atrair e persuadir através de sua cultura, valores e políticas externas legítimas, em contraste com o "hard power" (coerção militar ou financeira). A China tem investido em soft power.
Hard Power: Poder obtido através de coerção financeira ou militar.
Securitização: Termo utilizado pela Escola de Copenhague que significa elevar determinado assunto (como segurança energética, alimentar, territorial) da esfera da política normal para a "alta política" (high politics), determinando o uso de políticas de exceção (que podem envolver força militar). A Nova Rota da Seda é uma iniciativa para securitizar a China em várias direções.
Heartland (Mackinder): Conceito geopolítico de Halford John Mackinder que corresponde à parte central da Eurásia, cujo controle poderia levar ao domínio mundial.
Poder Marítimo (Mahan): Conceito de Alfred Mahan que defende que uma marinha mercante forte, protegida por uma marinha de guerra, e uma rede de "pontos de apoio" estratégicos ao longo de regiões costeiras, resultam no poder marítimo de um país.
"Colar de Pérolas": Termo usado pelo Departamento de Defesa dos EUA para descrever a crescente influência geopolítica chinesa através de seus esforços para incrementar o acesso a portos e aeroportos, desenvolver relações diplomáticas e modernizar forças militares desde o Mar do Sul da China até o Golfo Pérsico.
"New Normal" da Economia: Reflete os efeitos da pós-crise financeira de 2007-2008, com baixo crescimento e lenta recuperação dos países desenvolvidos e maior crescimento dos países em desenvolvimento, liderados pela China.
Investimento Externo Direto (IED): Investimentos realizados por empresas ou indivíduos de um país em ativos produtivos (fábricas, empresas) em outro país.
Greenfield Investment: Tipo de IED que envolve a construção de novas instalações de produção "do zero" em um país estrangeiro.
OMC (Organização Mundial do Comércio): Organismo multilateral criado em 1995 que visa promover e regular o comércio entre as nações, supervisionando acordos e resolvendo disputas.
Protecionismo: Práticas econômicas de um país que visam proteger sua indústria e agricultura da concorrência estrangeira, geralmente por meio de tarifas e subsídios.
Questões de Múltipla Escolha:
Qual é a principal característica de uma união aduaneira?
a) Eliminação das tarifas entre os países membros.
b) Estabelecimento de uma moeda única.
c) Cobrança de uma tarifa comum para países externos ao bloco.
d) Livre circulação de pessoas e serviços.
Qual é a diferença entre uma zona de livre comércio e um mercado comum?
a) Uma zona de livre comércio permite a livre circulação de pessoas, enquanto um mercado comum não.
b) Um mercado comum estabelece uma moeda única, enquanto uma zona de livre comércio não.
c) Um mercado comum elimina tarifas e estabelece livre circulação de pessoas e serviços, enquanto uma zona de livre comércio só elimina tarifas.
d) Uma zona de livre comércio permite a livre circulação de capitais, enquanto um mercado comum não.
Qual é o principal objetivo dos blocos econômicos?
a) Promover a competição entre os países membros.
b) Reduzir o comércio entre os países.
c) Estreitar relações comerciais e econômicas entre os países membros.
d) Restringir a entrada de produtos importados.
Gabarito:
c) Cobrança de uma tarifa comum para países externos ao bloco.
c) Um mercado comum elimina tarifas e estabelece livre circulação de pessoas e serviços, enquanto uma zona de livre comércio só elimina tarifas.
c) Estreitar relações comerciais e econômicas entre os países membros.