
O câncer é uma das condições de saúde mais desafiadoras e complexas, exigindo atenção e compreensão aprofundada. Caracteriza-se pelo crescimento desordenado e incontrolável de células que se agrupam, formando massas chamadas tumores. A principal ameaça dessas células cancerosas reside em sua capacidade de invadir e comprometer o funcionamento de tecidos e órgãos saudáveis. Se não forem tratados precocemente, esses tumores podem levar a sintomas variados e, potencialmente, fatais.
A compreensão da biologia por trás do desenvolvimento do câncer é crucial para o aprimoramento das estratégias de prevenção e tratamento. A doença é multifacetada, resultando de uma interação complexa entre fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. Não há uma única causa para o câncer; em vez disso, é uma combinação de informações genéticas e agentes externos que influenciam o surgimento da doença. Promover a conscientização sobre esses riscos e incentivar práticas saudáveis desempenha um papel significativo na redução da incidência do câncer e na melhoria da qualidade de vida global.
No nível mais fundamental, o câncer surge de alterações genéticas nas células do corpo. Essas alterações, que são principalmente mutações no DNA das células somáticas, podem ser adquiridas ao longo da vida ou, em menor proporção, herdadas. O processo de desenvolvimento do câncer é geralmente longo e envolve múltiplas etapas, onde uma única célula acumula sucessivas mutações nos genes que controlam sua divisão.
Para entender a base genética do câncer, é importante conhecer três categorias de genes que desempenham papéis cruciais:
Oncogenes: São genes que, quando ativados por mutações, promovem a divisão celular de forma inadequada. Normalmente, esses genes controlam o crescimento celular de maneira saudável. No câncer, basta que uma das duas cópias do gene (do par) se altere para que o mecanismo de multiplicação desenfreada seja disparado.
Genes Supressores de Tumor: Estes genes são responsáveis por suprimir a divisão celular e reparar o DNA danificado. Para que funcionem adequadamente, basta que uma das cópias do gene seja normal. No entanto, quando as mutações atingem ambas as cópias do gene, eles se tornam inoperantes, perdendo sua capacidade de frear a multiplicação celular. Isso explica a concentração de certos tipos de câncer em algumas famílias, como cerca de 5% dos cânceres de mama, onde uma cópia defeituosa do gene supressor pode ser herdada.
Genes de Reparação do DNA: A integridade do DNA é vital para o organismo. As células possuem genes que produzem proteínas para reconhecer, corrigir e eliminar mutações genéticas que comprometem o controle da multiplicação celular. Quando esses genes de reparação sofrem mutações, eles podem ser inativados, permitindo que as mutações se acumulem e levem ao desenvolvimento do câncer.
É crucial ressaltar que, embora a genética desempenhe um papel na predisposição ao câncer, a maioria dos casos da doença é causada por modificações genéticas adquiridas por fatores externos. Erros aleatórios no DNA que ocorrem durante a divisão celular também podem ser responsáveis por uma parcela significativa dos casos, mesmo em pessoas aparentemente saudáveis. Portanto, a predisposição genética não é uma condição necessária nem suficiente para o aparecimento do câncer; fatores ambientais e estilo de vida influenciam significativamente o risco.
Cerca de 80% dos casos de câncer estão relacionados ao meio ambiente. O conceito de "ambiente" é abrangente, incluindo o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (locais de trabalho, como indústrias), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) e o ambiente sociocultura (estilo e hábitos de vida). A exposição a substâncias carcinogênicas e radiação pode contribuir significativamente para o surgimento da doença.
A poluição do ar é um problema ambiental de alto risco para a saúde e é classificada pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) como um agente reconhecidamente carcinogênico para seres humanos (Grupo 1). Estima-se que, a cada ano, 7 milhões de mortes prematuras no mundo estejam relacionadas a esse fator.
O que é Poluição do Ar? É qualquer forma de matéria ou energia com intensidade, concentração ou características que possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde e qualidade de vida. O nível de poluição é medido pela quantidade de gases (monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e enxofre) e material particulado (poeiras, fumaças e partículas suspensas).
Fontes da Poluição do Ar: A poluição está aumentando devido ao desenvolvimento industrial, crescimento urbano, e emissão de poluentes de diversas fontes:
Veículos automotores: Emissões de motores a diesel e gasolina.
Atividade industrial: Processos industriais, fumaça de chaminés.
Queima de matéria orgânica: Desmatamento e queimadas de vegetação (urbanas e rurais), queima de madeira, carvão e bagaço de cana-de-açúcar para energia.
Fumaça de produtos de tabaco: Cigarros, narguilés, charutos, cachimbos.
Atividades domésticas: Vapores do aquecimento e culinária.
Impactos na Saúde: Os efeitos da poluição do ar na saúde podem ser agudos (sintomas em 24 horas) ou crônicos (após dias, meses ou anos). Além de sintomas inespecíficos como mal-estar e irritação, a poluição do ar pode causar:
Doenças respiratórias: Resfriados, gripes, amigdalites, sinusites, agravamento de pneumonias e tuberculose.
Doenças cardíacas: Hipertensão arterial, arritmias, angina e infarto do miocárdio.
Outros problemas: Derrame cerebral, diabetes tipo 2, e problemas gestacionais como nascimentos prematuros.
Cânceres Específicos Relacionados à Poluição do Ar: A poluição do ar está associada a danos e alterações genéticas que aumentam o risco de câncer, principalmente:
Câncer de Pulmão: A exposição crônica à poluição do ar pode aumentar de 20% a 30% o risco de câncer de pulmão. Estima-se que, em 2017, a poluição do ar de diversas fontes foi responsável por 350.167 mil mortes por câncer de pulmão no mundo. A fumaça do cigarro, que é uma fonte importante de poluição do ar, contém monóxido de carbono, o mesmo gás tóxico dos escapamentos de veículos.
Câncer de Bexiga: Estudos da IARC sugerem que a poluição do ar pode causar câncer de bexiga, especialmente em categorias profissionais como motoristas, devido à exposição às emissões de gasolina e diesel.
Mesotelioma: A maioria dos casos de mesotelioma está ligada à exposição ocupacional ao asbesto (amianto), mas a presença de materiais contendo amianto em residências também é uma fonte ambiental significativa.
Silicose: Uma fibrose pulmonar causada pela inalação de pó de sílica cristalina, a silicose representa um fator de risco para o câncer pulmonar, principalmente em trabalhadores da construção civil, fundição, mineração, e indústrias de pedra/granito/cerâmica.
Prevenção: Medidas para reduzir a poluição do ar podem diminuir a incidência de câncer e outras doenças:
Monitoramento contínuo da qualidade do ar.
Políticas públicas em transporte, planejamento urbano, geração de energia limpa e novas tecnologias.
No ambiente de trabalho: remoção ou substituição de agentes cancerígenos por alternativas mais seguras, controle de emissões, proteção individual e melhoria geral da qualidade do ar.
A radiação é outro fator ambiental significativo no desenvolvimento do câncer.
Radiação Solar (Raios Ultravioleta - UV): A exposição prolongada à radiação ultravioleta (UV) do sol é um fator de risco importante para o aparecimento de tumores malignos da pele. A IARC classifica a radiação UV como cancerígena para humanos.
Tipos de Raios UV:
UVA: Tem comprimento de onda mais longo, associado ao bronzeamento e ao envelhecimento da pele, mas também pode causar queimaduras solares. Penetra mais profundamente na pele e está presente em maior intensidade ao longo do dia e do ano, mesmo através de janelas e nuvens. É o principal tipo de luz usado na maioria das camas de bronzeamento.
UVB: Tem comprimento de onda mais curto, principalmente associado a queimaduras solares. Sua intensidade flutua, sendo mais forte do final da manhã ao meio da tarde e em climas tropicais, mas pode danificar a pele o ano todo. Raios UVB podem ser filtrados e não penetram no vidro.
Impacto no DNA: Ambos os tipos de radiação UV danificam o DNA nas células da pele, produzindo defeitos genéticos (mutações) que podem levar ao câncer de pele e ao envelhecimento precoce. O dano causado é cumulativo e aumenta o risco de câncer de pele ao longo do tempo.
Cânceres Associados: A radiação UV comprovadamente causa carcinoma basocelular (CBC) e carcinoma de células escamosas (CEC), que geralmente aparecem em áreas expostas ao sol e são curáveis se diagnosticados precocemente. A exposição UV que leva a queimaduras solares também desempenha um papel crucial no desenvolvimento de melanoma, um tipo perigoso de câncer de pele. Pessoas de pele mais clara têm maior risco.
Prevenção: É possível reduzir drasticamente o perigo da radiação UV com medidas protetoras simples e inteligentes:
Evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h.
Usar chapéu de aba larga, protetor solar (FPS 15+ e de amplo espectro, inclusive nos lábios), óculos escuros e roupas de proteção solar.
Reaplicar protetor solar após nadar, suar ou se secar.
Usar guarda-sol em praias e clubes.
Considerar película UV para janelas em casa e no carro.
Evitar o bronzeamento artificial (camas de bronzeamento), pois também emitem radiação UV e são perigosas.
Cuidado especial desde a infância, pois os danos são cumulativos.
Outras Radiações: A exposição a raios X, radiação gama e partículas como elétrons, prótons, nêutrons e raios alfa pode provocar mutações que levam ao aparecimento de leucemias, linfomas, câncer de tireoide, pulmão, pele e mama, entre outros.
A exposição a agentes químicos com atividade cancerígena é uma causa bem conhecida de câncer relacionado ao trabalho. Essa exposição pode ser dividida em três grupos:
Exposição na atividade industrial: Trabalhadores em contato com corantes contendo aminas (risco de câncer de bexiga), benzeno (risco de leucemias e linfomas), e asbesto (amianto) (risco de câncer de pulmão e mesotelioma de pleura).
Exposição farmacológica: Alguns medicamentos imunossupressores e drogas de quimioterapia podem induzir leucemias, linfomas e outros tipos de câncer em uma pequena parcela de pacientes. O uso do hormônio dietilestilbestrol nos anos 60, por exemplo, aumentou a incidência de câncer de vagina em filhas de mães expostas.
Exposição ambiental: Poluentes no ar são responsáveis por cerca de 1% dos casos de câncer de pulmão, embora a relação direta seja complexa de demonstrar devido a outros fatores.
Aflatoxina: Fungos (Aspergilus) que contaminam alimentos estocados inadequadamente podem liberar aflatoxina, uma toxina cancerígena, sendo uma das principais causas de câncer de fígado em países asiáticos e africanos.
A prevenção ideal envolve evitar ou diminuir a exposição a esses agentes, exigindo comprometimento de todos os envolvidos nos processos de trabalho e a implementação de leis que obriguem a substituição de agentes cancerígenos por outros mais saudáveis.
Microrganismos como vírus e bactérias estão entre os agentes externos associados a tipos específicos de câncer. Eles podem induzir uma resposta errada do corpo ao tentar driblar o sistema imunológico ou interferir diretamente no mecanismo genético das células, mudando informações do DNA e resultando na formação de tumores. Especialistas afirmam que cerca de 20% dos cânceres estão relacionados, em parte, a vírus.
É fundamental tratar essas infecções para evitar que problemas de saúde simples – muitas vezes assintomáticos – evoluam para um quadro de câncer.
Conheça 6 infecções que podem causar câncer:
HPV (Papilomavírus Humano): É o mais comum dos vírus causadores de câncer. É responsável por diversos tipos, incluindo:
Câncer do colo do útero: Os subtipos 16 e 18 causam aproximadamente 70% de todos os casos. É uma das principais causas de morte por tumores entre mulheres em regiões menos desenvolvidas.
Câncer de ânus, pênis, laringe e boca.
Prevenção: O exame preventivo do câncer do colo do útero (Papanicolau) deve ser feito por mulheres entre 25 e 64 anos a cada três anos, após dois exames anuais negativos. A vacinação contra o HPV, disponível no SUS, é uma ferramenta importante de prevenção, mas não substitui o Papanicolau nem o uso de preservativos.
Hepatites B e C (HBV e HCV): As infecções por esses vírus podem resultar em:
Câncer de fígado (carcinoma hepatocelular).
Câncer de ductos biliares e leucemia.
Transmissão: Contato com sangue contaminado (lesões por instrumentos, uso de drogas injetáveis, acidentes ocupacionais), contato sexual e transmissão vertical (mãe para filho).
Prevenção: A vacina contra a hepatite B está disponível no calendário de imunização do SUS e é um importante meio de prevenção do câncer de fígado. Para a hepatite C, não há vacina, mas existem tratamentos capazes de eliminar o vírus em até 90% dos casos.
HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana): Pessoas com HIV que não fazem o tratamento adequado têm maior risco de desenvolver AIDS e, consequentemente, perdem progressivamente a imunidade, tornando-se mais suscetíveis a infecções e diversos tipos de câncer.
Cânceres Associados: Câncer de ânus, fígado, ductos biliares, pele não melanoma, vulva, vagina, colo do útero, pênis, sarcoma de Kaposi, linfoma não Hodgkin e linfoma de Hodgkin. O risco aumentado se deve às alterações no sistema imunológico causadas pelo vírus.
Transmissão: Sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno (relações sexuais sem preservativo, mãe para filho durante gestação/parto/amamentação).
Helicobacter pylori (H. pylori): Esta bactéria atinge principalmente o sistema gastrointestinal (estômago, esôfago e intestino), onde pode causar câncer. Pessoas contaminadas também podem desenvolver câncer de pâncreas e carcinoma hepatocelular.
Transmissão: Mais comum por saliva e ingestão de alimentos ou água contaminados.
HTLV (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas do tipo 1): Conhecido como o "primo do HIV", o HTLV-1 pode ser responsável por casos futuros de leucemia/linfoma T do adulto.
Epstein-Barr (EBV - Herpesvírus Humano 4): Causador da mononucleose infecciosa (doença do beijo, transmitida por saliva), em quadros avançados, o EBV pode levar a:
Linfoma de Burkitt, linfoma não Hodgkin, linfoma T/NK, linfoma de Hodgkin e carcinoma nasofaríngeo.
O estilo de vida desempenha um papel crucial nas causas do câncer, com hábitos como tabagismo, consumo excessivo de álcool, dieta não saudável e sedentarismo associados a um maior risco de desenvolver a doença.
Não fumar é a regra mais importante para prevenir o câncer. O tabaco é, isoladamente, a principal causa de câncer no mundo e a principal causa de mortes prematuras evitáveis. A combustão do tabaco libera mais de 7 mil compostos e substâncias químicas, das quais mais de 50 são carcinogênicas.
Impacto Global: Estima-se que cerca de 30% do número total de casos de câncer diagnosticados no mundo são causados pelo fumo.
Cânceres Fortemente Relacionados:
Câncer de Pulmão: Era raro até o século XX, mas hoje é o tipo de câncer que mais mata. 85% a 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em fumantes ativos, ex-fumantes ou fumantes passivos.
Outros tumores malignos incluem: cavidade oral, laringe, faringe, esôfago, bexiga, estômago, pâncreas, traqueia, rins e até colo do útero.
Fumo Passivo: Embora apresentem um risco menor, os fumantes passivos (não fumantes inalando a fumaça do tabaco) também estão sujeitos ao aparecimento dos mesmos tipos de câncer. A fumaça inalada por fumantes passivos é responsável por grande parte das doenças tabaco-relacionadas. A corrente secundária (fumaça da ponta do cigarro) é a mais importante fonte de poluição ambiental e contém maiores concentrações de componentes carcinogênicos.
Estudos mostram que esposas de fumantes têm maior risco de câncer de pulmão.
Exposição prolongada ao fumo passivo também está associada a tumores de faringe e laringe em não fumantes.
Crianças de pais fumantes têm risco aumentado de hepatoblastoma e leucemia linfocítica aguda.
A poluição tabágica é detectada em hospitais e escolas, apesar das restrições, indicando falta de adesão à legislação.
Estabelecer áreas de não fumantes é ineficaz para controlar a exposição.
Cigarro Eletrônico: Embora sua comercialização seja proibida no Brasil, tem voltado a ganhar espaço, e sua ligação com diversos tipos de câncer é amplamente reconhecida.
Panorama no Brasil:
O Brasil é um exemplo global na redução do tabagismo, com o índice de fumantes caindo a um terço entre 1989 e 2015. Isso resultou em uma diminuição da mortalidade por câncer de pulmão entre os homens.
A prevalência de tabagismo tem diminuído em todas as faixas etárias, sendo mais acentuada entre os homens até 2003 e, a partir de então, mais intensa entre as mulheres.
Apesar do sucesso, 25 milhões de fumantes no país ainda representam um grande desafio para a manutenção da incidência de câncer relacionado ao tabaco.
Disparidades socioeconômicas: As populações com piores condições socioeconômicas e baixo nível educacional ainda apresentam as taxas mais altas de tabagismo, sendo mais permeáveis às mensagens da indústria do tabaco.
Adolescentes: A iniciação precoce ao tabaco na adolescência é preocupante, pois aumenta a probabilidade de dependência e de desenvolver câncer relacionado ao tabaco na vida adulta produtiva.
Ações de Prevenção: Parar de fumar é fundamental para a prevenção de diversos cânceres. Programas antitabaco devem focar na prevenção de doenças relacionadas ao tabaco entre não fumantes, visando ambientes livres de fumaça em qualquer local fechado.
O consumo de bebidas alcoólicas, em qualquer quantidade ou tipo, contribui para o risco de desenvolver certos tipos de câncer. A IARC classifica as bebidas alcoólicas como um agente carcinogênico para seres humanos (Grupo 1).
Mecanismos de Dano: O álcool (etanol) causa danos por diferentes vias:
Formação de acetaldeído, um metabólito carcinogênico.
Indução de estresse oxidativo, resultando em danos irreversíveis no DNA celular.
Aumento dos níveis circulantes de estrogênio, o que favorece o câncer de mama.
Atua como solvente, facilitando a penetração de outras substâncias carcinogênicas (como as presentes no tabaco) nas células.
Cânceres Associados: Há fortes evidências de que o consumo de álcool aumenta o risco de tumores malignos de:
Cavidade oral
Faringe
Laringe
Esôfago (carcinoma de células escamosas)
Fígado
Intestino (cólon e reto)
Mama
Estômago Há também evidências limitadas de aumento de risco para câncer de pulmão, pâncreas e pele.
Efeito Sinergístico com Fumo: A combinação de bebidas alcoólicas com tabaco aumenta drasticamente a possibilidade do surgimento da doença, pois um potencializa a atividade carcinogênica do outro.
Impacto no Brasil: O consumo de bebidas alcoólicas tem aumentado no Brasil, com 9 em cada 10 brasileiros referindo consumir em 2019. Em 2012, 17 mil novos casos de câncer e 9 mil óbitos foram atribuídos ao uso de álcool no país. Os custos diretos para o SUS são elevados e projetados para aumentar significativamente.
Prevenção: Para quem optar por beber, o conselho é limitar o consumo a menos de duas doses por dia para homens e menos de uma para mulheres. Mulheres grávidas, crianças e adolescentes não devem ingerir bebida alcoólica em nenhuma circunstância. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) apoia intervenções para redução do consumo de álcool, incluindo o fortalecimento de restrições de venda, medidas contra a direção sob efeito de álcool, acesso a tratamento, proibição de publicidade e aumento de impostos.
Ter uma alimentação adequada e saudável contribui significativamente para a prevenção do câncer. A prevalência de excesso de peso e obesidade está diretamente relacionada à transição alimentar no Brasil, onde as pessoas estão "desembalando cada vez mais e descascando cada vez menos".
Alimentos Recomendados: A alimentação deve ser baseada em alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas. Uma dieta rica em frutas e vegetais protege contra o aparecimento de diversos tipos de tumores.
Alimentos a Evitar ou Consumir com Moderação:
Alimentos e bebidas ultraprocessados: São formulações tipicamente industriais com ingredientes pouco familiares e não usados em casa (ex: carboximetilcelulose, açúcar invertido, maltodextrina, aromatizantes, emulsificantes, adoçantes). Eles fornecem o ambiente que uma célula cancerosa necessita para crescer.
Carnes processadas: Presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela, peito de peru, etc., podem aumentar a chance de desenvolver câncer, especialmente de intestino (cólon e reto). Isso se deve a conservantes como nitritos e nitratos, que podem se transformar em nitrosaminas no estômago, substâncias com potente ação carcinogênica.
Consumo excessivo de carnes vermelhas: Mesmo não sendo ultraprocessadas, o consumo em excesso de carnes vermelhas também aumenta o risco da doença.
Alimentos salgados e defumados: Peixes e carnes conservadas em sal, picles, certos molhos e alimentos muito salgados estão associados ao câncer de estômago e carcinoma de nasofaringe. Defumados e churrascos podem ser impregnados por alcatrão, substância carcinogênica.
Impacto no Brasil: A transição alimentar para alimentos processados e ultraprocessados tem levado a uma epidemia de obesidade, problema que afeta não só o Brasil, mas também países desenvolvidos.
Manter o peso dentro dos limites saudáveis e evitar o ganho de peso na vida adulta é uma recomendação crucial para se proteger contra o câncer. O INCA alerta que o excesso de peso corporal é um dos principais riscos para o desenvolvimento de câncer no Brasil, com 13 em cada 100 casos de câncer atribuídos ao sobrepeso e à obesidade.
Prevalência: Nos últimos dez anos (até 2016), a prevalência de excesso de peso aumentou para 53,8% dos adultos brasileiros. Entre crianças de 5 a 9 anos, uma em cada três está com excesso de peso, e entre adolescentes de 10 a 19 anos, um em cada cinco.
Mecanismo de Dano: O excesso de gordura corporal provoca um estado de inflamação crônica e aumenta os níveis de determinados hormônios, o que promove o crescimento de células cancerígenas e, consequentemente, as chances de desenvolvimento da doença.
Cânceres Fortemente Relacionados (Vasta Evidência Científica): O excesso de gordura corporal representa risco para pelo menos 13 tipos de câncer:
Esôfago (adenocarcinoma)
Estômago (cárdia)
Pâncreas
Vesícula biliar
Fígado
Intestino (cólon e reto)
Rins
Mama (mulheres na pós-menopausa)
Ovário
Endométrio
Meningioma
Tireoide
Mieloma múltiplo Combinados, obesidade e vida sedentária são responsáveis por 20% dos casos de câncer de mama, 50% dos carcinomas de endométrio, 25% dos tumores malignos do cólon e 37% dos casos de adenocarcinoma de esôfago.
Sedentarismo: A prática regular de atividade física está associada à redução do risco de desenvolvimento de vários cânceres. Mulheres que praticam pelo menos quatro horas de atividade física semanal durante a vida reprodutiva têm um risco 60% menor de desenvolver câncer de mama. Mesmo na menopausa, o exercício físico está associado a menor incidência de câncer, devido à diminuição dos níveis de estrogênio e da massa gordurosa.
Prevenção: Manter o corpo em movimento ajuda a prevenir doenças. Caminhar, usar escadas, cuidar da casa/jardim, dançar, correr, nadar ou praticar esportes são formas de se movimentar. O importante é se movimentar sempre que possível, pois "cada minuto conta".
A amamentação é um benefício que vai além da nutrição infantil. A amamentação por dois anos ou mais protege as mães contra o câncer de mama e as crianças contra a obesidade infantil. A partir dos seis meses, a amamentação deve ser complementada com alimentação adequada e saudável, composta por alimentos in natura e minimamente processados.
A luta contra o câncer é travada em duas frentes principais: prevenção e diagnóstico precoce.
Prevenção Primária: Envolve ações para evitar o desenvolvimento do câncer, relacionadas diretamente a hábitos saudáveis e à modificação dos fatores de risco ambientais. Adotar um estilo de vida saudável, incluindo uma alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos e a cessação de hábitos prejudiciais, pode contribuir significativamente para a redução do risco.
Diagnóstico Precoce (Prioridade para Concursos!): Desempenha um papel crucial na identificação da doença em estágios iniciais, aumentando drasticamente as chances de sucesso no tratamento e melhora as perspectivas de cura.
Exames Preventivos:
Exame Preventivo do Câncer do Colo do Útero (Papanicolau): Mulheres entre 25 e 64 anos devem fazer esse exame a cada três anos, após dois exames anuais com resultados negativos. As alterações das células do colo do útero são facilmente descobertas no Papanicolau, e o câncer do colo do útero tem maiores chances de cura quando diagnosticado precocemente. É fundamental saber o resultado e seguir as orientações médicas e o tratamento indicado.
Mamografia: Também é um exame importante para o diagnóstico precoce, especialmente do câncer de mama.
Vacinação para Prevenção:
Vacina contra o HPV: Disponível no SUS, faz parte das ações de prevenção do câncer do colo do útero, fornecendo imunidade.
Vacina contra a Hepatite B: Disponível no SUS, é um importante meio de prevenção do câncer de fígado.
Exames Médicos Periódicos: O rastreamento e exames clínicos regulares são essenciais para detectar precocemente alterações teciduais que podem levar ao câncer, permitindo terapias mais simples e eficazes.
O câncer é uma doença complexa e multifacetada, mas a ciência tem avançado na compreensão de suas causas e na criação de estratégias eficazes de prevenção e tratamento. A interação entre fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida é um campo de estudo contínuo que orienta as políticas de saúde pública.
O sucesso de programas como o antitabagismo no Brasil demonstra o poder das políticas públicas e do engajamento social na redução do risco de câncer. No entanto, os desafios persistem, especialmente em relação ao consumo de álcool, à obesidade e à poluição do ar, que exigem novas abordagens e um comprometimento contínuo da sociedade.
A promoção da conscientização sobre os fatores de risco e o incentivo a práticas saudáveis são fundamentais para reduzir a incidência do câncer e melhorar a qualidade de vida da população. Além disso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, adaptado a cada paciente, são pilares na luta contra essa doença devastadora. Trabalhar em ambientes com baixos níveis de poluição, adotar uma dieta equilibrada e praticar atividade física são ações que, embora pareçam simples, impactam diretamente a qualidade de vida e reduzem significativamente os fatores de risco para o câncer.
Questão 1: Qual é uma das características das células cancerosas?
a) Crescem e se dividem controladamente.
b) Não têm capacidade de invadir tecidos saudáveis.
c) Podem se espalhar para outras partes do corpo.
d) Têm um ciclo celular regular.
Questão 2: Quais são algumas das causas do câncer mencionadas no texto?
a) Exposição a produtos químicos carcinogênicos e dieta equilibrada.
b) Herança de um dos pais e consumo excessivo de álcool.
c) Prática de atividade física regular e radiação ionizante.
d) Consumo de tabaco e presença de todos os oncogenes.
Questão 3: Por que o diagnóstico precoce é importante no tratamento do câncer?
a) Porque permite que o paciente desenvolva imunidade contra o câncer.
b) Porque reduz o risco de mutações genéticas.
c) Porque aumenta as opções de tratamento e melhora as chances de sucesso.
d) Porque não há tratamento eficaz para o câncer em estágios avançados.
Gabarito:
c) Podem se espalhar para outras partes do corpo.
b) Herança de um dos pais e consumo excessivo de álcool.
c) Porque aumenta as opções de tratamento e melhora as chances de sucesso.