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14/03/2024 • 33 min de leitura
Atualizado em 08/07/2025

Ciclos biogeoquímicos

Ciclos Biogeoquímicos: A Dança Essencial da Vida na Terra (Guia Completo para Estudantes e Concurseiros)

Você já parou para pensar como os elementos químicos que compõem tudo ao seu redor – e até você mesmo – são constantemente reutilizados? A água que você bebe hoje pode ter sido a lágrima de um dinossauro, e o carbono na sua pele, parte de uma floresta milenar. Essa "reciclagem" vital é orquestrada pelos Ciclos Biogeoquímicos, processos fascinantes que garantem a sustentabilidade da vida no nosso planeta.

Neste guia definitivo, vamos desvendar cada um desses ciclos, explorar suas complexidades, entender como a ação humana os influencia e, o mais importante, aprender a identificar os pontos-chave que mais caem em provas e concursos. Prepare-se para uma jornada do mais simples ao mais complexo, com insights que vão além do básico!

1. O Que São os Ciclos Biogeoquímicos? A Base de Tudo

O termo "Ciclo Biogeoquímico" pode parecer complicado, mas sua origem já nos dá uma pista:

  • "Bio": Refere-se aos organismos vivos (seres vivos).

  • "Geo": Diz respeito ao ambiente geológico (ar, água, solo, rochas).

  • "Químico": Indica as transformações e movimentos de elementos químicos.

Assim, um ciclo biogeoquímico é o nome dado ao movimento cíclico de um elemento químico essencial à vida através do meio ambiente, envolvendo tanto os componentes bióticos (seres vivos) quanto os abióticos (ar, água, solo) da biosfera, com a intervenção de mudanças químicas. É por meio desses ciclos que os elementos e compostos químicos são transferidos entre os organismos e entre as diferentes partes do planeta.

Pense nele como o sistema de reciclagem da natureza. Os elementos são absorvidos, utilizados pelos seres vivos, retornam ao ambiente abiótico e são novamente absorvidos, garantindo um intercâmbio contínuo e equilibrado. Se um elemento se esgotasse após um único uso, a vida como a conhecemos não seria possível.

Exemplos Notáveis: Os ciclos mais estudados e fundamentais incluem o da água, do nitrogênio, do oxigênio, do fósforo, do cálcio, do carbono e do enxofre.

2. Por Que São Tão Importantes? (A Base da Vida)

A compreensão dos ciclos biogeoquímicos é fundamental para a sobrevivência da vida na Terra e para a promoção da sustentabilidade. Mas qual é a importância prática desses processos?

  • Disponibilidade Contínua de Nutrientes: Eles garantem que elementos essenciais à vida, como carbono, nitrogênio e fósforo, estejam sempre disponíveis para serem utilizados pelos organismos. Sem essa ciclagem constante, muitos elementos se tornariam escassos e limitariam o crescimento das espécies.

  • Manutenção do Equilíbrio Ecológico: Os ciclos controlam a quantidade de nutrientes no ambiente, contribuindo para a estabilidade e o funcionamento adequado dos ecossistemas.

  • Identificação de Impactos Ambientais: O estudo desses ciclos pode ajudar a identificar os potenciais impactos ambientais causados pela introdução de substâncias perigosas nos ecossistemas. Por exemplo, a diminuição da disponibilidade de oxigênio em um ambiente aquático pode ser um sinal de desequilíbrio, afetando todos os seres vivos ali presentes.

3. Classificação dos Ciclos Biogeoquímicos (Entendendo as Diferenças)

Os ciclos podem ser classificados de diversas formas, o que ajuda a entender sua dinâmica e as características dos elementos envolvidos.

3.1. Classificação Principal: Gasosos e Sedimentares

Esta é a divisão mais comum e se baseia no principal reservatório do elemento. A velocidade da ciclagem é diretamente influenciada por essa classificação.

  • Ciclos Gasosos: O principal reservatório do elemento é a atmosfera. Os elementos entram e saem da biosfera predominantemente em sua forma gasosa.

    • Características: Geralmente são ciclos rápidos, pois a atmosfera permite uma circulação global veloz.

    • Exemplos: Ciclo do Carbono, Nitrogênio, e Oxigênio.

  • Ciclos Sedimentares: O principal reservatório do elemento é a crosta terrestre (incluindo rochas e solos).

    • Características: São ciclos normalmente mais lentos, pois dependem de processos geológicos como a erosão das rochas para a liberação dos elementos.

    • Exemplos: Ciclo do Fósforo, do Cálcio, e do Enxofre (embora o enxofre tenha uma fase gasosa, seu maior reservatório está na crosta).

3.2. Outra Classificação: Endogênicos e Exogênicos

Embora menos comum em vestibulares, a classificação em endogênicos e exogênicos aborda a localização principal onde os ciclos ocorrem.

  • Endogênicos: Dizem respeito aos ciclos que ocorrem na porção interior da Terra, incluindo rochas de diferentes tipos.

  • Exogênicos: Referem-se aos ciclos que ocorrem na porção superficial da Terra, utilizando o componente atmosférico.

Observação: Os tipos de sedimentos e solos podem se enquadrar em ambos os ciclos, pois estão presentes em ambas as interfaces (superficial e interior).

4. Fatores que Influenciam a Velocidade (Dinâmica dos Ciclos)

A velocidade com que um elemento circula no meio abiótico e biótico não é fixa; ela é influenciada por diversos fatores.

  • Natureza do Elemento: Como vimos, um ciclo gasoso é normalmente mais rápido que um ciclo sedimentar.

  • Taxa de Crescimento dos Seres Vivos e Sua Decomposição:

    • A taxa de crescimento de uma espécie afeta diretamente a cadeia alimentar e, consequentemente, o fluxo de um elemento nessa cadeia.

    • A decomposição, se ocorrer lentamente, afeta a liberação dos nutrientes para o meio.

  • Ação Humana: O Grande Catalisador/Perturbador:

    • Atividades como a agropecuária, a poluição, a extração de minerais e a produção de energia podem alterar significativamente a dinâmica natural de um ecossistema, modificando as vias seguidas por determinado elemento no ciclo. Este é um ponto crucial para concursos públicos e será detalhado em cada ciclo.

5. A Interligação dos Ciclos (Nenhum Ciclo Vive Isolado!)

É vital entender que os ciclos não existem isoladamente, mas coexistem e interagem entre si. Um ciclo tem participação no outro, e interferências em um podem causar desequilíbrios em outros, com consequências que, inevitavelmente, podem afetar os seres humanos. Por exemplo, a queima de combustíveis fósseis (ciclo do carbono) libera enxofre na atmosfera, que pode causar chuva ácida (ciclo do enxofre), afetando a água e o solo, e, portanto, a vida.

6. Os Principais Ciclos em Detalhe (Aprofundando o Conhecimento)

Vamos agora mergulhar nos detalhes de cada ciclo, destacando os processos naturais e as intervenções humanas.

6.1. Ciclo do Carbono (O Esqueleto da Vida)

O carbono é o elemento central de todas as moléculas orgânicas, sendo, portanto, a base da vida. Ele é encontrado em diversos reservatórios do planeta, como rochas, atmosfera e oceanos. O ciclo do carbono é dividido em dois sub-ciclos interligados: o geológico (lento) e o biológico (rápido).

6.1.1. Ciclo Geológico do Carbono (O Ciclo Lento)

Este ciclo regula a movimentação do carbono pela atmosfera, hidrosfera e litosfera.

  • Troca Gás-Água: O dióxido de carbono (CO2) atmosférico é solúvel em água, resultando em uma troca contínua entre o CO2 da atmosfera e os ambientes aquáticos (oceanos, lagos).

  • Intemperismo e Formação de Rochas: O CO2 pode se dissolver na água da chuva, formando ácido carbônico (H2CO3), que é uma solução ácida. Este ácido facilita o intemperismo (desintegração) de rochas silicatadas, liberando íons como Ca2+ e HCO3-. Esses íons são transportados para os oceanos e utilizados por organismos marinhos para formar conchas. Após a morte desses organismos, as conchas se depositam no fundo do oceano, acumulando-se e formando, ao longo de milhões de anos, rochas calcárias.

  • Atividade Vulcânica: Vulcões liberam CO2 para a atmosfera, retornando o carbono para o ciclo.

6.1.2. Ciclo Biológico do Carbono (O Ciclo Rápido)

Este ciclo envolve os seres vivos e ocorre tanto no meio terrestre quanto no aquático.

  • Fotossíntese: Organismos fotossintetizantes (plantas, algas, algumas bactérias) removem o gás carbônico (CO2) da atmosfera (ou da água). Utilizam-no para produzir moléculas orgânicas (açúcares, proteínas, lipídios) e liberam oxigênio (O2). Este é o principal processo de fixação do carbono na biosfera.

  • Consumo (Cadeias Alimentares): A matéria orgânica produzida pelos autotróficos (produtores) é consumida pelos heterotróficos (consumidores e decompositores), transferindo o carbono ao longo das cadeias e teias alimentares.

  • Respiração: Todos os seres vivos (produtores, consumidores e decompositores) realizam a respiração celular, processo no qual utilizam oxigênio para quebrar moléculas orgânicas e liberar energia, liberando gás carbônico (CO2) de volta ao ambiente.

  • Decomposição: Após a morte de organismos, bactérias e fungos (decompositores) degradam a matéria orgânica. Nesse processo, o carbono é liberado na forma de CO2 e água, retornando ao ambiente e disponibilizando outros nutrientes.

6.1.3. Impactos Humanos e Suas Consequências (MUITO COBRADO!)

Nos últimos anos, a ação humana tem provocado um aumento drástico na concentração de gás carbônico atmosférico.

  • Queima de Combustíveis Fósseis: A utilização de carvão, petróleo e gás natural (formados por carbono que ficou "fora de circulação" por milhões de anos) para produção de energia, transporte e indústria, libera grandes quantidades de CO2 para a atmosfera.

  • Desmatamento e Queimadas: A remoção de florestas (que são grandes "sumidouros" de carbono pela fotossíntese) e as queimadas (que liberam o carbono armazenado na biomassa) reduzem a capacidade de absorção de CO2 e aumentam sua emissão.

  • Crescimento Urbano Desordenado: A impermeabilização do solo nas cidades reduz a absorção de água, impactando indiretamente o ciclo.

Consequências Diretas:

  • Efeito Estufa Acentuado e Aquecimento Global:

    • Efeito Estufa: É um fenômeno natural e essencial para a vida na Terra, garantindo o aquecimento da superfície e mantendo a temperatura adequada. Gases como o CO2 e o metano retêm parte do calor solar.

    • Aquecimento Global: O problema reside no aumento crescente da emissão desses gases do efeito estufa, principalmente CO2, pela atividade humana. Isso "engrossa" a camada de gases, retendo mais calor e elevando a temperatura média do planeta.

    • Consequências do Aquecimento Global: Aumento do nível do mar (derretimento de geleiras e calotas polares), maior frequência de eventos climáticos extremos (secas e chuvas intensas), perda de biodiversidade, problemas de abastecimento de água, aumento de doenças (dengue, malária).

Dúvida Comum em Concursos: O efeito estufa é um problema? Resposta: Não, o efeito estufa é vital. O problema é o acentuamento do efeito estufa causado pelas atividades humanas, que leva ao aquecimento global.

6.2. Ciclo do Nitrogênio (O Elemento da Proteína)

O nitrogênio (N) é um nutriente essencial para todos os organismos vivos, sendo um componente fundamental de proteínas e ácidos nucleicos. Apesar de compor cerca de 78% da atmosfera na forma de gás dinitrogênio (N2), essa forma é quase inerte devido a uma ligação tripla entre seus átomos (N≡N), tornando-a indisponível para a maioria dos organismos diretamente. Para ser utilizado, o N2 precisa ser "fixado", ou seja, convertido em formas reativas.

A maior parte do N no solo (aproximadamente 95%) está na forma orgânica, enquanto as formas inorgânicas minerais (NH4+, NO2-, NO3-) são de grande importância para a nutrição das plantas e para os processos do ciclo. O nitrogênio é um elemento extremamente versátil, existindo em muitos estados de oxidação, desde amônio (-3) até nitrato (+5).

O ciclo do nitrogênio é complexo, envolvendo um conjunto diverso de transformações realizadas, na maioria das vezes, por microrganismos especializados.

6.2.1. Processos Chave (Foco Total para Concursos!)

  • 1. Mineralização do Nitrogênio Orgânico (Amonificação):

    • O que é: Processo enzimático que converte formas orgânicas de N (presentes em resíduos vegetais, animais e microbianos) para formas inorgânicas (NH3 - amônia gasosa, NH4+ - amônio) disponíveis para as plantas. É conduzido por microrganismos heterotróficos, tanto aeróbios quanto anaeróbios.

    • Como ocorre: Enzimas extracelulares (como proteinases, quitinases, nucleases, urease) quebram os polímeros nitrogenados (proteínas, quitina, ácidos nucleicos, ureia) em unidades menores (aminoácidos, nucleotídeos), que são então absorvidas ou mineralizadas para amônia/amônio.

    • Fatores que afetam: Atividade microbiana, umidade do solo (ideal 50-70% da capacidade de campo), temperatura (aumento acelera), pH do solo (faixa de 6-7 favorece).

    • Urease e Ureia: A ureia (fertilizante ou excreção animal) é hidrolisada pela enzima urease (produzida por bactérias, fungos, plantas), liberando amônia e CO2.

  • 2. Nitrificação:

    • O que é: Processo de oxidação em duas etapas, onde o amônio (NH4+) é convertido em nitrato (NO3-). Essencialmente aeróbio.

    • Etapas e Microrganismos:

      • Primeira Etapa: Amônia (NH3/NH4+) é oxidada a nitrito (NO2-).

        • Realizada por Bactérias Oxidadoras da Amônia (BOA), principalmente do gênero Nitrosospira (mais comum nos solos) e Nitrosomonas (prevalecem com altas concentrações de N).

        • Exceção/Novidade (Alto Valor para Concurso!): Descobertas recentes (2004-2005) mostraram que Arqueias Oxidadoras da Amônia (AOA), como Nitrosopumilus maritimus, também realizam o primeiro passo da nitrificação e podem predominar em solos, apesar de nem sempre serem mais ativas que as bactérias.

      • Segunda Etapa: Nitrito (NO2-) é oxidado a nitrato (NO3-).

        • Realizada por Bactérias Oxidadoras do Nitrito (BON), como Nitrobacter.

        • Importante: A oxidação de nitrito para nitrato ocorre com maior velocidade do que a oxidação do amônio, fazendo com que o nitrito raramente se acumule no solo.

      • Exceção/Novidade (Super Relevante!): Em 2015, foi demonstrado que o gênero Nitrospira (tradicionalmente BON) pode realizar a nitrificação completa, oxidando amônia para nitrito e, posteriormente, para nitrato. Este processo foi denominado comammox (complete ammonia oxidizer).

    • Fatores que afetam:

      • Fertilizantes Nitrogenados: Podem aumentar a população de BOA, mas a resposta das bactérias é maior após a aplicação.

      • pH: Contraditório, mas algumas arqueias são mais ativas em solos ácidos, enquanto BOA em solos calcáreos.

      • Umidade do Solo: Arqueias parecem ser mais tolerantes ao estresse hídrico.

      • Metais Pesados: A nitrificação é sensível; metais afetam BOA e AOA de forma diferente (ex: BOA se adaptam melhor ao Zn, AOA mais tolerantes ao Cu).

    • Nitrificação Heterotrófica: Oxidação de N orgânico para nitrato, podendo também usar substratos inorgânicos. Não está ligada à produção de energia como a autotrófica. Pode ser predominante em ambientes inadequados para bactérias nitrificadoras autotróficas (solos ácidos, salinos, neutros). Realizada por bactérias (Paracoccus denitrificans, Pseudomonas putida) e fungos (Aspergillus wentii, Penicillium sp).

  • 3. Oxidação Anaeróbia da Amônia (Anammox):

    • O que é: Processo de oxidação da amônia sob condições anaeróbias, utilizando nitrito como aceptor de elétrons para produzir nitrogênio gasoso (N2) e água.

    • Importância: Pode dominar a produção de N2 em ambientes aquáticos (sedimentos marinhos, mares congelados). Não produz óxido nitroso (N2O). Os organismos que realizam anammox são autotróficos, usando CO2 como fonte de carbono.

    • Onde ocorre: Em um compartimento celular especializado chamado anamoxossoma. Bactérias como Candidatus Brocadia e Candidatus Kuenenia são identificadas em solos.

  • 4. Redução Dissimilatória de Nitrato para Amônio (RDNA):

    • O que é: Via menos conhecida onde o nitrato (NO3-) é reduzido a amônio (NH4+) quando a disponibilidade de O2 é baixa, usando fontes de carbono como doadores de elétrons.

    • Importância: Aumenta a retenção de N no solo, melhorando a eficiência de uso do N pelas plantas. Pode produzir N2O como subproduto.

    • Microrganismos: Conduzida por bactérias (anaeróbias obrigatórias como Clostridium, facultativas como Enterobacter, aeróbias como Pseudomonas, Arthrobacter, e rizóbios), e também por fungos. CUIDADO: Alguns estudos indicam que espécies como Paenibacillus podem realizar RDNA, nitrificação heterotrófica e desnitrificação.

  • 5. Desnitrificação:

    • O que é: Processo de redução respiratória de nitrato (NO3-) ou nitrito (NO2-) para formas gasosas de nitrogênio (NO, N2O ou N2), acoplada à fosforilação durante o transporte de elétrons. Ocorre na ausência de oxigênio (condições anóxicas/anaeróbias), onde microrganismos utilizam nitrato como aceptor terminal de elétrons.

    • Rotas e Enzimas (Importante para Detalhamento):

      • NO3- (Nitrato) → NO2- (Nitrito) [Catalisada pela redutase do nitrato].

      • NO2- (Nitrito) → NO (Óxido Nítrico) [Catalisada pela redutase do nitrito].

      • NO (Óxido Nítrico) → N2O (Óxido Nitroso) [Catalisada pela redutase do óxido nítrico].

      • N2O (Óxido Nitroso) → N2 (Nitrogênio Molecular) [Catalisada pela redutase do óxido nitroso].

    • Fatores que afetam:

      • Oxigênio: Fortemente inibida pela presença de oxigênio.

      • Umidade e Textura do Solo: Solos úmidos (com microporos cheios de água) e argilosos favorecem a desnitrificação devido à formação de microsítios anaeróbios.

      • Carbono Solúvel: Matéria orgânica oxidável é fonte de C e elétrons para microrganismos desnitrificadores heterotróficos.

      • Nitrogênio (NO3-): Aumenta a desnitrificação.

      • pH: Afeta a sensibilidade das enzimas (baixo pH inibe a redutase do óxido nitroso, aumentando a proporção N2O/N2).

      • Metais Pesados: Podem inibir seletivamente a redutase do óxido nitroso, aumentando a emissão de N2O.

      • Temperatura: Controla a atividade microbiana.

    • Microrganismos (Diversidade e Exceções!):

      • Tradicionalmente heterotróficos da Proteobacteria (ex: Pseudomonas, Alcaligenes, Flavobacterium, Bacillus).

      • Exceções (Cair em Prova!): Microrganismos autotróficos, fitotróficos, litotróficos e organotróficos também desnitrificam. Rhizobium, Azospirillum, Mesorhizobium podem desnitrificar sob certas condições. Arqueias e eucariotos também são capazes.

      • Desnitrificação Aeróbia: Algumas bactérias (Mesorhizobium sp., Paracoccus denitrificans) podem realizar desnitrificação mesmo em condições aeróbias.

      • Desnitrificação Fúngica: Fungos (Fusarium oxysporum, Cylindrocarpon tonkinense) também desnitrificam, principalmente em solos ácidos. O N2O é o principal produto, pois a maioria não possui a redutase do óxido nitroso para converter N2O em N2.

      • Desnitrificação por Nitrificadores (DN): N2O pode ser produzido como subproduto da oxidação de amônia (nitrificação) ou como intermediário da redução de nitrito para N2. Conduzida por oxidadores autotróficos de NH3.

      • Codesnitrificação: Produção de N2O e N2 durante a desnitrificação convencional, com adição de compostos nitrogenados orgânicos (cosubstrato). Realizada por espécies de Bactérias, Archaea e Eucarya (fungos).

      • Quimiodesnitrificação: Decomposição química (não enzimática) de intermediários do N (NO2-) em condições ácidas, produzindo NO e N2O.

  • 6. Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN):

    • O que é: Processo enzimático no qual o N2 atmosférico é reduzido a amônia (NH3) pela ação de microrganismos. A nitrogenase é a enzima responsável por essa reação, que requer grande quantidade de energia (ATP) para quebrar a tripla ligação do N2.

    • Tipos de Nitrogenase: Existem três tipos, com diferentes componentes metálicos (Mo-Fe, V-Fe, Fe-Fe).

    • Sensibilidade ao Oxigênio: A nitrogenase é extremamente sensível ao oxigênio. Microrganismos desenvolveram mecanismos de proteção: alta respiração (Azotobacter), produção de polissacarídeos (limita difusão de O2), heterocistos (cianobactérias), leghemoglobina (leguminosas).

    • Tipos de Fixadores de N2:

      • Não-simbióticos (vida livre): Microrganismos que fixam N2 sem associação com plantas (ex: Azotobacter).

      • Associativos: Formam relação casual com raízes ou partes aéreas de plantas, colonizando a superfície ou interior (endofíticos facultativos/obrigatórios), mas sem estruturas diferenciadas.

        • Importância: Contribuem para o crescimento da planta, podendo produzir fitohormônios (auxinas) e aumentar a absorção de N do solo.

        • Exemplos Notáveis: Azospirillum brasilense (amplamente estudado, usado em milho, trigo, cana-de-açúcar, pode aumentar produtividade e crescimento radicular), Gluconacetobacter diazotrophicus (associado à cana-de-açúcar), Herbaspirillum spp., Burkholderia spp., Azoarcus spp..

      • Simbióticos: Fixam N2 em associações organizadas com plantas superiores.

        • Em Leguminosas:

          • Parceiros: Plantas da família Leguminosae e bactérias do gênero rizóbio (Rhizobium, Bradyrhizobium, Sinorhizobium/Ensifer, Mesorhizobium, Azorhizobium, e gêneros não tradicionais como Burkholderia, Microvirga).

          • Processo de Infecção e Nodule Formação: Complexo. Envolve troca de sinais químicos (flavonoides da planta ativam genes nod do rizóbio), formação de pelos radiculares curvados, cordão de infecção, formação de nódulos. Dentro dos nódulos, os rizóbios se transformam em bacteroides e iniciam a fixação. A planta expressa nodulinas, como a leghemoglobina, que protege a nitrogenase do oxigênio e dá a coloração rósea aos nódulos funcionais.

          • Tipos de Nódulos: Determinados (arredondados, sem meristema persistente, como feijão e soja) e Indeterminados (cilíndricos, com meristema apical ativo, como alfafa).

          • Fatores que Afetam a FBN em Leguminosas: Nível de nitrogênio mineral (excesso inibe FBN), fósforo, molibdênio (componente da nitrogenase), cobalto (essencial para cobalamina/vitamina B12, síntese de leghemoglobina), níquel (urease e hidrogenase), acidez (reduz rizóbios, toxicidade de Al/Mn, deficiência de Ca/P/Mo), temperatura (ótima em torno de 30°C), baixa umidade.

          • Importância Agrícola (Brasil como Modelo!): A FBN em leguminosas é crucial para a sustentabilidade agrícola, reduzindo a dependência de fertilizantes nitrogenados, cuja produção (Haber-Bosch) gera grande CO2. No Brasil, a inoculação de soja com Bradyrhizobium é um sucesso, suprindo totalmente a demanda por N e gerando grande economia. Também há estirpes recomendadas para feijoeiro e caupi.

          • Coinoculação: Com bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP), como Azospirillum, pode aumentar a nodulação, estimular o crescimento e beneficiar a FBN.

          • Taxonomia dos Rizóbios (Evolução e Diversidade): Inicialmente uma única espécie, hoje dividida em diversos gêneros (Rhizobium, Ensifer, Mesorhizobium, Bradyrhizobium, Azorhizobium) e novas espécies continuam sendo descobertas, incluindo as "beta-rizóbios" como Burkholderia.

        • Em Plantas Actinorrízicas:

          • Parceiros: Arbustos e árvores que desenvolvem simbiose com actinobactérias do gênero Frankia.

          • Características: Essas plantas se adaptam a condições ambientais extremas. A taxa de fixação de N é igual ou superior à das leguminosas. Nódulos perenes em forma de corais. Frankia também pode fixar N2 em vida livre.

          • Proteção da Nitrogenase: Frankia produz vesículas (células esféricas de parede grossa) que protegem a nitrogenase do oxigênio.

        • Em Cianobactérias:

          • Características: Microrganismos do Domínio Bacteria, realizam fotossíntese oxigênica e fixam N2 atmosférico.

          • Fixação do N2: Ocorre em células especializadas chamadas heterocistos, que fornecem um ambiente microaeróbio para a nitrogenase.

          • Associações Simbióticas: Com pteridófitas (Azolla - importante como biofertilizante em arrozais), angiospermas (Gunnera), gimnospermas (Cycas) e briófitas.

6.2.2. O Papel da Ação Humana e os Impactos Ambientais (ALTA RELEVÂNCIA PARA CONCURSOS!)

A produção em larga escala de fertilizantes nitrogenados, iniciada com o processo Haber-Bosch, mudou a agricultura mundial, permitindo um extraordinário aumento da produtividade e alimentando bilhões de pessoas. No entanto, essa intervenção humana massiva tem um custo ambiental elevado.

  • Processo Haber-Bosch: Sintetiza amônia (NH3) a partir de N2 do ar e H2 do gás natural, sob altas temperaturas e pressão, usando catalisadores. Consome 1-2% do suprimento mundial de energia e gera mais de 300 milhões de toneladas de CO2 anualmente.

  • Baixa Eficiência de Uso do N: A eficiência de utilização do N pelas plantas é baixa (raramente ultrapassa 30-40%), resultando em grandes perdas para o ambiente.

  • Principais Vias de Perda de N e Seus Impactos:

    • a) Volatilização da Amônia (NH3):

      • O que é: Perda de nitrogênio na forma de amônia gasosa (NH3) para a atmosfera. Proveniente de fertilizantes (especialmente ureia) e mineralização da matéria orgânica.

      • Mecanismo: A ureia, aplicada na superfície, é hidrolisada pela urease, aumentando o pH local e favorecendo a conversão de NH4+ para NH3, que volatiliza.

      • Impactos: Contribui indiretamente para o aquecimento global (pode ser oxidada para N2O), causa acidificação (reage com óxidos de enxofre formando sulfato de amônio), afeta negativamente o balanço de nutrientes e a diversidade biológica em ecossistemas naturais (favorece espécies adaptadas a alto N, diminui resistência a doenças).

      • Fontes Adicionais: A produção animal (agropecuária) é responsável por grande parte da emissão de amônia (excremento de animais domésticos, criação de aves e suínos).

      • Fatores que afetam as emissões: pH do solo (alto pH favorece), umidade do ar (baixa umidade pode diminuir perdas se o solo secar antes da hidrólise), sistema de preparo do solo (plantio direto com resíduos pode aumentar perdas devido à urease), tipo de solo (argiloso tem menor emissão), presença de plantas (podem absorver NH3 pelas folhas).

      • Estratégias de Mitigação (Muito Importante!):

        • Incorporação do fertilizante no solo (5-10 cm de profundidade): A maneira mais eficiente de reduzir perdas, pois aumenta o contato do fertilizante com o solo, favorecendo a adsorção de NH4+.

        • Aplicação parcelada da ureia: Suprir a cultura no momento de maior demanda.

        • Aplicação da ureia antes de chuvas: A precipitação transporta a ureia para camadas mais profundas.

        • Fertilizantes de Eficiência Aumentada: Retardam ou controlam a liberação de nutrientes.

          • Liberação Lenta: Propriedades que prolongam a liberação (ex: ureia formaldeído).

          • Liberação Controlada: Contêm uma barreira (polímeros, enxofre) que controla a entrada de água e a liberação de nutrientes (ex: ureia recoberta com enxofre ou polímeros).

          • Fertilizantes Estabilizados: Introdução de inibidores da urease (IU) ou inibidores da nitrificação (IN).

            • Inibidores da Urease (IU): O NBPT (Tiofosfato de N-(n-butil) Triamida) é o mais usado, inibindo a hidrólise da ureia por 3 a 15 dias, permitindo que o fertilizante se mova para camadas mais profundas, reduzindo as perdas de NH3.

        • Uso de Fertilizantes com Características Ácidas: Misturar ureia com sulfato de amônio, por exemplo, pode diminuir o pH local e as perdas de NH3.

        • Uso de Zeólitas: Minerais que podem proteger o íon NH4+ da nitrificação e diminuir perdas por volatilização.

    • b) Lixiviação do Nitrato (NO3-):

      • O que é: Descida do nitrato (forma predominante de N em solos bem aerados) no perfil do solo até profundidades abaixo das raízes, contaminando águas subterrâneas.

      • Mecanismo: Nitrato tem carga negativa e não é adsorvido por coloides do solo (que são predominantemente negativos), permanecendo livre na solução do solo. Fluxos verticais de água arrastam-no.

      • Impactos na Saúde:

        • Saúde Humana: Nitrato pode ser reduzido a nitrito no trato gastrointestinal, formando metahemoglobina no sangue, que diminui o transporte de oxigênio (causando metahemoglobinemia ou "síndrome do bebê azul", especialmente em crianças). Pode também reagir com compostos aminados formando nitrosaminas, que são carcinogênicas (associado a câncer no estômago e próstata). Outros problemas incluem disfunção da tireoide e doenças cardíacas. Limite internacional: 11 mg de N-NO3- L-1.

        • Saúde Animal: Ruminantes podem converter nitrato em nitrito, causando envenenamento.

        • Eutrofização de Águas Superficiais: Excesso de N (e P) leva à proliferação excessiva de algas, que ao morrerem consomem oxigênio na decomposição, causando mortandade de peixes e deterioração da qualidade da água.

      • Fatores que afetam: Temperatura (maior decomposição orgânica), quantidade de chuva/irrigação (excesso aumenta lixiviação), textura do solo (solos rasos e arenosos têm maiores perdas), sistemas de uso da terra (solos agrícolas perdem mais que florestas/pastagens), fertilizantes nitrogenados (nítricos lixiviam mais), matéria orgânica do solo (mineralização em época de pouca demanda).

      • Estratégias de Mitigação (Alta Importância!):

        • Inibidores da Nitrificação (IN): Compostos que atrasam ou tornam mais lento o primeiro passo da nitrificação, interferindo na atividade da enzima monooxigenase da amônia (MOA). Isso mantém o N na forma amoniacal (NH4+), que é menos sujeita à lixiviação.

          • Principais IN:

            • Nitrapirina: Eficaz, mas com desvantagens (pressão de vapor alta, organoclorado, corrosivo, explosivo).

            • Dicianodiamida (DCD): Um dos mais usados. Vantagens: menor custo, menor volatilização, uso com fertilizantes sólidos, contém N (fertilizante de liberação lenta).

            • DMPP (3,4-dimetil pirazolfosfato): Pode ser incorporado em fertilizantes sólidos/líquidos, inofensivo a organismos aquáticos/terrestres, baixa mobilidade, degradado biologicamente.

          • Desafios dos IN: Podem aumentar a concentração de amônio no solo, estimulando volatilização. A eficiência varia com temperatura, chuva, textura do solo.

          • Inibidores Biológicos da Nitrificação (IBN): Certas plantas (ex: Brachiaria spp., sorgo) liberam inibidores biológicos pelas raízes, que suprimem a nitrificação. A presença de NH4+ estimula a liberação de IBN.

        • Manejo de Dejetos e Lodo de Esgoto: Dejetos líquidos de suínos e lodo de esgoto, embora úteis como fertilizantes, podem aumentar a lixiviação de nitrato se aplicados em excesso.

    • c) Emissão de Óxido Nitroso (N2O):

      • O que é: N2O é um gás de efeito estufa (GEE) potente, com um Potencial de Aquecimento Global (PAG) de 310 (muito maior que CO2 e CH4) e um tempo de residência atmosférica de 114 anos. Também contribui para a redução da camada de ozônio (O3).

      • Fontes de N2O em Solos Agrícolas (Relevante para Concursos!):

        • Principais Processos Biológicos: Nitrificação, desnitrificação e desnitrificação por nitrificadores. Mediados por fungos, bactérias e arqueias.

        • Outras Fontes: Codesnitrificação, redução dissimilatória de nitrato para amônio (RDNA), quimiodesnitrificação (não biológica).

      • Aumento na Atmosfera: A concentração de N2O aumentou significativamente desde o período pré-industrial. A agricultura é responsável por cerca de 70-80% do seu aumento na atmosfera.

      • Fatores que afetam: Temperatura, umidade do solo, disponibilidade de substrato (NO3-).

      • Fertilizantes Nitrogenados e N2O: O aumento da aplicação de fertilizantes sintéticos (NH4+ e NO3-) eleva as emissões de N2O, pois estimulam a nitrificação e a desnitrificação. A emissão é mais intensa após a aplicação.

        • Tipo de Fertilizante: Fontes nítricas podem promover maiores emissões de N2O do que as amoniacais ou amídicas em certas condições.

        • Inibidores da Nitrificação: Podem reduzir drasticamente as emissões de N2O (reduções de 3% a 89%), como o DCD e o DMPP.

      • Fontes Orgânicas de N e N2O: Dejetos líquidos de suínos, palha, excreções de gado, resíduos de biogás. Os efeitos são controversos e dependem de fatores como a relação C/N e condições do solo.

      • Biocarvão: Pode afetar as emissões de N2O, com resultados positivos e negativos. Sua capacidade tampão e efeitos na atividade microbiana são estudados.

      • Cultivo de Leguminosas e N2O: A FBN foi incluída pelo IPCC como fonte de N2O.

        • Mecanismos: Liberação de N de exsudatos de raízes, decomposição/mineralização de resíduos ricos em N fixado biologicamente.

        • Rizóbios Denitrificadores: A existência de atividade desnitrificadora em bacteroides de Bradyrhizobium japonicum e a presença de genes de desnitrificação em rizóbios são conhecidas.

        • Mitigação em Leguminosas: Estirpes de Bradyrhizobium com alta atividade do gene nosZ (responsável pela redução de N2O para N2) podem reduzir as emissões de N2O.

        • Controvérsia: Alguns estudos sugerem que a FBN em si não estimula a N2O, mas sim a senescência e decomposição de raízes e nódulos nos estágios finais de crescimento da planta.

      • Práticas de Manejo do Solo e N2O:

        • Plantio Direto (PD) vs. Plantio Convencional (SPC): Resultados controversos. Alguns estudos mostram maior N2O no PD (devido a maior umidade e atividade microbiana em microsítios anaeróbios), enquanto outros mostram menor ou nenhuma diferença. A heterogeneidade dos sistemas e a sensibilidade às condições ambientais locais são determinantes.

        • Resíduos de Culturas: A incorporação de resíduos pode aumentar as emissões de N2O, dependendo da quantidade e composição química (baixa relação C:N, como leguminosas, emitem mais N2O no início do ciclo).

      • Fator de Emissão de Óxido Nitroso (FE): O IPCC (Painel Internacional de Mudanças do Clima) recomendou um fator de 1,25% do N aplicado para calcular a emissão de N2O. No entanto, estudos regionais (especialmente em regiões tropicais como o Brasil) mostram que esse fator pode ser superestimado e valores específicos regionalmente são mais realísticos (no Brasil, 1% é considerado mais realístico).

      • Práticas de Manejo para Reduzir N2O (Foco para Concursos!): Qualquer estratégia que aumente a eficiência do uso de fertilizantes nitrogenados.

        • Melhorar a eficiência do N (aplicação em picos de demanda da planta, doses menores e mais frequentes).

        • Minimizar o movimento de água no solo.

        • Observar previsões do tempo e programar irrigação.

        • Utilizar fertilizantes de lenta liberação ou estabilizados (com IN).

        • Culturas de cobertura com enraizamento profundo.

        • Selecionar genótipos de plantas com alta eficiência de uso de N.

        • Manejar áreas de confinamento animal para minimizar nitrificação.

        • Aplicar substratos orgânicos em quantidades e tempos adequados.

        • Estudos sobre o papel de exsudatos de raízes na inibição da atividade desnitrificadora (ex: Fallopia spp. e catequina).

6.3. Ciclo do Fósforo (O Elemento da Energia Celular)

O fósforo (P) é um elemento vital para os seres vivos, sendo um componente fundamental de biomoléculas como os ácidos nucleicos (DNA, RNA) e o ATP (a "moeda de energia" das células). Ao contrário do carbono e do nitrogênio, o ciclo do fósforo é mais simples, pois não existem muitos compostos gasosos de fósforo e, portanto, não passa pela atmosfera. A principal forma de fósforo importante para os seres vivos é o íon fosfato.

6.3.1. Reservatórios e Movimentação Natural

  • Principal Reservatório: A maior parte do fósforo se encontra nos sedimentos e rochas fosfatadas, formando parte da litosfera. Também pode ser encontrado em cinzas vulcânicas.

  • Liberação Lenta: O processo de liberação do fósforo das rochas é muito longo, dependendo de um ciclo geológico (intemperismo e erosão). Por isso, o fósforo é frequentemente um fator limitante no crescimento das plantas.

  • Ciclo Ecológico (Curto):

    • Absorção: As plantas obtêm o fósforo do ambiente absorvendo os fosfatos dissolvidos na água e no solo.

    • Cadeia Alimentar: Os animais obtêm fosfatos consumindo plantas ou outros animais.

    • Decomposição: A decomposição de matéria orgânica por microrganismos devolve o fósforo ao solo ou à água.

  • Sedimentação: Parte do fósforo no solo ou água é arrastada pelas chuvas para lagos e mares, onde precipita e é incorporada aos sedimentos e, eventualmente, às rochas. Esse fósforo só retornará aos ecossistemas muito mais tarde, quando essas rochas forem elevadas e expostas ao intemperismo.

6.3.2. Impactos Humanos no Ciclo do Fósforo

O principal impacto humano no ciclo do fósforo está relacionado ao seu uso excessivo, especialmente na agricultura.

  • Uso de Fertilizantes Fosfatados: A adição de fertilizantes ricos em fosfato aumenta a disponibilidade desse nutriente no solo.

  • Despejo de Esgoto e Resíduos Industriais: Esgotos domésticos e efluentes industriais são fontes significativas de fósforo.

  • Consequência: Eutrofização: O excesso de fósforo (e nitrogênio) nos ecossistemas aquáticos é a principal causa da eutrofização.

    • O que é Eutrofização: É o fenômeno causado pelo excesso de nutrientes em um corpo de água, levando à proliferação excessiva de algas (florescimentos de algas).

    • Impactos: Quando essas algas morrem, sua decomposição por microrganismos consome o oxigênio dissolvido na água. A falta de oxigênio pode levar à mortandade de peixes e a uma série de alterações químicas e biológicas, tornando a água imprópria para uso doméstico e recreação.

6.4. Ciclo do Enxofre (Elemento Estrutural e Enzimático)

O enxofre (S) é um mineral sólido, amarelo e insolúvel em água à temperatura ambiente. É biologicamente essencial para todos os organismos, sendo importante na formação de proteínas e desempenhando um papel em vários processos enzimáticos fundamentais no metabolismo (regulação da glicose, transporte de nutrientes, função das vitaminas).

6.4.1. Reservatórios e Movimentação Natural

  • Reservatórios: Na natureza, o enxofre é encontrado em rochas e vulcões (onde o elemento é armazenado), na crosta terrestre, e pode existir na atmosfera como dióxido de enxofre (SO2). Também está presente em solos e seres vivos.

  • Ciclo:

    • O ciclo começa com o enxofre elementar (S) insolúvel no solo e nas rochas.

    • Quando o enxofre elementar entra em contato com o oxigênio (no solo ou água), ele é convertido em sulfato (SO4), que se torna solúvel em água e disponível para absorção por plantas e microrganismos.

    • Os animais absorvem o enxofre comendo plantas ou outros animais.

    • A porção atmosférica ocorre quando o enxofre interage com o oxigênio para formar dióxido de enxofre (SO2), anidrido sulfúrico (SO3) e ácido sulfúrico (H2SO4) se reagir também com hidrogênio. Esses óxidos de enxofre, em contato com moléculas de água, precipitam em forma de chuva, voltando ao solo e ficando novamente disponíveis.

6.4.2. Impactos Humanos no Ciclo do Enxofre

  • Chuva Ácida (Muito Cobrado!): O aumento da concentração de ácido sulfúrico (H2SO4) na atmosfera é causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e emissões industriais. Isso eleva a concentração de enxofre na água da chuva, tornando-a mais ácida.

    • Consequências Desastrosas: A chuva ácida causa danos ao meio ambiente, contaminando águas superficiais e solos, afetando o crescimento das plantas e causando danos patrimoniais.

    • Comparativo: Embora vulcões também liberem enxofre na atmosfera, a quantidade é insignificante em comparação com as emissões industriais.

6.5. Ciclo da Água (O Motor de Todos os Ciclos)

O ciclo da água, ou ciclo hidrológico, é fundamental e interliga todos os outros ciclos biogeoquímicos. A água não é "produzida" pelo planeta; ela é constantemente reciclada.

6.5.1. Processos Naturais Essenciais

  • Evaporação: A água dos oceanos, rios, lagos e do solo se transforma em vapor e sobe para a atmosfera, formando nuvens. Grande parte desse vapor também vem da transpiração das plantas.

  • Precipitação: O vapor d'água nas nuvens condensa e retorna à superfície na forma de chuva, neve ou granizo, abastecendo rios, lagos e aquíferos.

  • Infiltração e Escoamento: Uma vez na superfície, a água pode infiltrar no solo, reabastecendo aquíferos e nascentes, ou escoar pela superfície para rios e oceanos.

    • Papel das Plantas: As florestas e matas facilitam a penetração da água no solo. As raízes das plantas aeram a terra, e suas copas minimizam o impacto da chuva no solo, permitindo maior infiltração e menor escoamento.

6.5.2. O Impacto da Ação Humana (MUITA ATENÇÃO!)

As atividades humanas têm alterado significativamente o ciclo natural da água, comprometendo a quantidade e a qualidade da água disponível.

  • Desmatamento:

    • Consequência: Em locais desmatados, a água da chuva atinge o solo diretamente e escoa em grande parte para os rios, com pouca penetração no solo. Isso impede o abastecimento de nascentes e do lençol freático.

    • Erosão e Assoreamento: A água escoada leva terra e resíduos sólidos para os rios, causando o assoreamento (acúmulo de sedimentos no leito do rio), diminuindo a profundidade e a capacidade de transporte.

  • Crescimento Urbano Desordenado (Urbanização):

    • Solo Impermeável: Nas cidades, o solo é majoritariamente impermeável (asfalto, concreto), impedindo a absorção de água das precipitações.

    • Alagamentos: Isso resulta em frequentes alagamentos, onde a água da chuva se mistura com esgoto e lixo, tornando-se poluída antes de chegar aos rios e contaminando-os.

    • Remoção da Vegetação: A eliminação da vegetação urbana significa menos árvores para favorecer a formação de chuvas (via transpiração) e para a infiltração da água no solo.

  • Emissão de Gases Poluentes:

    • Aquecimento Atmosférico: Gases poluentes (como GEE do ciclo do carbono) afetam a atmosfera e aquecem o planeta, desequilibrando o clima natural.

    • Estações Confusas: Resultam em variações climáticas mais drásticas e estações do ano com características alteradas.

    • Chuvas Ácidas: Como visto no ciclo do enxofre, a poluição do ar leva à formação de chuvas ácidas, que contaminam as águas superficiais, o solo e afetam o crescimento das plantas.

6.5.3. Como Manter o Ciclo da Água Inalterado?

Para restaurar o equilíbrio natural e, consequentemente, manter o ciclo da água funcional, são necessárias ações e conscientização.

  • Respeitar os limites do planeta e controlar a emissão de poluentes.

  • Adotar novas técnicas fabris e produtos menos poluentes.

  • Manter e recuperar matas e florestas.

  • O ser humano precisa se ver como parte da natureza, e não como seu inimigo.

7. Serviços Ecossistêmicos: A Conexão com os Ciclos (Entendendo o Valor da Natureza)

Os serviços ecossistêmicos são os benefícios fundamentais que a sociedade humana obtém dos ecossistemas. Eles são gerados pela manutenção, recuperação ou melhoria das condições ambientais, refletindo diretamente na qualidade de vida das pessoas. Os ciclos biogeoquímicos são a base para muitos desses serviços.

Segundo a Lei nº 14.119 (2021), os serviços ecossistêmicos podem ser classificados em:

  • Serviços de Provisão: Fornecem bens ou produtos ambientais para consumo ou comercialização.

    • Exemplos: Água, alimentos, madeira, fibras, extratos.

  • Serviços de Suporte: Mantêm a perenidade da vida na Terra.

    • Exemplos: Ciclagem de nutrientes (diretamente ligada aos ciclos biogeoquímicos!), decomposição de resíduos, produção/manutenção da fertilidade do solo, polinização, dispersão de sementes, controle de pragas e vetores de doenças, proteção contra radiação UV, manutenção da biodiversidade e do patrimônio genético.

  • Serviços de Regulação: Contribuem para a manutenção da estabilidade dos processos ecossistêmicos.

    • Exemplos: Sequestro de carbono (ciclo do carbono), purificação do ar, moderação de eventos climáticos extremos, manutenção do equilíbrio do ciclo hidrológico (ciclo da água), minimização de enchentes e secas, controle de erosão e deslizamento de encostas.

  • Serviços Culturais: Benefícios não materiais.

    • Exemplos: Recreação, turismo, identidade cultural, experiências espirituais e estéticas, desenvolvimento intelectual.

A saúde dos ciclos biogeoquímicos é, portanto, a garantia da prestação desses serviços essenciais para a nossa sobrevivência e bem-estar.

8. O Papel do Ser Humano e a Sustentabilidade (Agindo para o Futuro)

É inegável que a atividade humana tem alterado significativamente os ciclos biogeoquímicos, trazendo desafios ambientais globais. A agropecuária, a mineração, a poluição, o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis são exemplos de atividades que interferem diretamente na ciclagem dos elementos.

Questões Comuns em Concursos (e na Vida!):

  • Por que o ser humano é um agente de mudança tão impactante? Devido à sua capacidade tecnológica e populacional de alterar processos em escala global, acelerando a movimentação de elementos que naturalmente seriam lentos (ex: liberação de carbono de combustíveis fósseis) ou acumulando substâncias em níveis tóxicos.

  • Como podemos minimizar esses impactos? Através de uma abordagem integrada que envolve:

    • Conscientização e Educação Ambiental: Fundamental para promover a compreensão dos problemas e incentivar a mudança de comportamento.

    • Adoção de Práticas Sustentáveis:

      • Agricultura Sustentável: Otimizar o uso de fertilizantes (uso de inibidores, FBN), rotacionar culturas, manejar resíduos, adotar plantio direto (com cautela).

      • Energia Limpa: Transição para fontes de energia renováveis para reduzir emissões de GEE.

      • Redução do Desperdício e Consumo Consciente: Escolher produtos sustentáveis, reduzir o consumo de recursos e a geração de resíduos.

      • Transporte Sustentável: Priorizar transporte público, bicicleta, veículos elétricos.

      • Conservação e Restauração de Ecossistemas: Proteger habitats naturais, reflorestar áreas degradadas.

    • Cooperação Global e Políticas Ambientais: Tratados e acordos internacionais (como o Acordo de Paris) são essenciais para enfrentar desafios climáticos e ambientais em escala mundial.

Em síntese, os ciclos biogeoquímicos representam a "dança da matéria e da energia que sustenta todos os seres vivos". Proteger e entender esses processos é essencial não apenas para o meio ambiente, mas para a nossa própria sobrevivência e qualidade de vida. O grande desafio do século XXI é otimizar o uso de recursos para sustentar a vida humana, minimizando os impactos negativos e buscando um futuro sustentável.


Recursos Adicionais para aprofundar:

  • Mapas Mentais: Busque por "Mapa Mental Ciclo do Carbono" e "Mapa Mental Ciclos Biogeoquímicos" para auxiliar na memorização visual.

  • Videoaulas: Muitas plataformas oferecem videoaulas que complementam o conteúdo de forma dinâmica.

  • Exercícios Resolvidos: Pratique com questões de concursos anteriores para fixar o conhecimento e entender como o tema é cobrado.

Sempre revise e mantenha-se atualizado, pois a ciência dos ciclos biogeoquímicos e seus impactos é um campo em constante evolução!

Questões de Múltipla Escolha:

  1. Qual é a principal função dos ciclos biogeoquímicos mencionados no texto?

    a) Regular a temperatura atmosférica.

    b) Manter o equilíbrio ecológico do planeta.

    c) Promover a impermeabilização do solo.

    d) Aumentar a emissão de gases de efeito estufa.

  2. O que contribui para intensificar o efeito estufa, de acordo com o texto?

    a) Uso de fontes de energia renovável.

    b) Queima de combustíveis fósseis.

    c) Redução do desmatamento.

    d) Diminuição da concentração de dióxido de carbono na atmosfera.

  3. Qual é o principal problema relacionado ao ciclo do nitrogênio causado pelo uso excessivo de fertilizantes sintéticos?

    a) Aumento da biodiversidade.

    b) Contaminação de rios e lagos.

    c) Diminuição da produtividade agrícola.

    d) Redução da fixação de nitrogênio pelas plantas.

Gabarito:

  1. b) Manter o equilíbrio ecológico do planeta.

  2. b) Queima de combustíveis fósseis.

  3. b) Contaminação de rios e lagos.