
A fertilidade e o ciclo menstrual são regulados por uma complexa interação de glândulas e hormônios, formando o que chamamos de Eixo Hipotálamo-Hipófise-Ovariano (HHO). Pense neste eixo como uma orquestra onde cada instrumento (glândula) desempenha um papel crucial sob a batuta de um maestro (o hipotálamo).
Hipotálamo: Localizado na base do cérebro, é o grande coordenador. Ele sintetiza e libera hormônios que agem sobre a hipófise, estimulando ou inibindo suas funções. O hipotálamo funciona como um elo vital entre os sistemas nervoso e endócrino.
Hipófise (Glândula Pituitária): Conhecida como a "glândula mestra", a hipófise atua em conjunto com o hipotálamo, controlando outras glândulas como a tireoide, as suprarrenais e as gônadas. Ela se divide em:
Adeno-hipófise (lobo anterior): É a parte que secreta a maioria dos hormônios importantes para a reprodução.
Neuro-hipófise (lobo posterior): Libera hormônios produzidos no hipotálamo, como ocitocina e vasopressina.
Ovários: As gônadas femininas, localizadas na pelve, são estimuladas pelos hormônios da hipófise para produzir óvulos e os principais hormônios sexuais femininos.
Outras Glândulas Relevantes: A tireoide e as suprarrenais também influenciam o sistema reprodutivo, e suas disfunções podem afetar os níveis hormonais e a fertilidade.
Os hormônios são as mensagens químicas que permitem a comunicação entre essas glândulas, regulando todo o processo reprodutivo.
Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH):
Origem: Hipotálamo.
Função: Estimula a adeno-hipófise a secretar FSH e LH. Sua liberação é pulsátil (em picos curtos a cada 1 a 4 horas), e essa característica é crucial para a regulação do ciclo.
Curiosidade (Concurso): A meia-vida do GnRH é muito curta (menos de 10 minutos). O significado clínico disso é que a administração contínua de GnRH (via agonistas de GnRH) inicialmente causa um aumento, mas depois leva à supressão dos níveis de LH e FSH, sendo usado para tratar condições como endometriose, leiomiomas e alguns tipos de câncer (mama e próstata) que se beneficiam de baixas taxas desses hormônios.
Hormônio Folículo-Estimulante (FSH):
Origem: Adeno-hipófise.
Função: Estimula o crescimento e desenvolvimento dos folículos ovarianos (unidades que guardam os óvulos imaturos) no início do ciclo menstrual. Os níveis de FSH sobem nos primeiros dias após a menstruação.
Relação com Fertilidade: Níveis elevados de FSH em mulheres na menopausa ou com falência ovariana prematura indicam uma tentativa do corpo de estimular ovários que não respondem adequadamente.
Hormônio Luteinizante (LH):
Origem: Adeno-hipófise.
Função: Responsável pelo amadurecimento final do folículo dominante, pela ruptura folicular (ovulação) e pela formação do corpo-lúteo a partir dos resíduos do folículo ovulado. O pico de LH é o gatilho para a ovulação, ocorrendo cerca de 16 a 32 horas antes da liberação do óvulo.
Relação com Fertilidade: Níveis variam ao longo do ciclo, atingindo o pico na fase ovulatória. Níveis elevados podem indicar menopausa ou distúrbios hipofisários.
Estradiol (Estrogênio):
Origem: Principalmente produzido pelos ovários (pelos folículos em crescimento e pelo corpo-lúteo), mas também por outros tecidos. É o principal hormônio sexual feminino.
Função:
Preparação Uterina: Estimula a proliferação das células endometriais, engrossando o revestimento do útero para receber um embrião.
Caracteres Sexuais Secundários: Essencial para o desenvolvimento e manutenção dos tecidos reprodutivos femininos e características como o crescimento das mamas e alargamento dos quadris na puberdade.
Saúde Óssea: Tem um efeito profundo nos ossos. A deficiência de estrogênio, como na menopausa, pode levar à perda acelerada de massa óssea e osteoporose.
Curiosidade (Concurso): A biossíntese do estrogênio envolve a ação combinada de LH e FSH em dois tipos de células ovarianas (tecal e granulosa), em um processo complexo conhecido como a "Teoria das Duas Células".
Progesterona:
Origem: Produzida principalmente pelo corpo-lúteo após a ovulação e, se houver gravidez, pela placenta a partir da 10ª semana de gestação. Também é produzida em menor grau pelas glândulas suprarrenais e pelo fígado.
Função:
Receptividade Uterina: É o hormônio fundamental que torna o útero materno receptivo para a implantação do embrião, fazendo com que o endométrio se transforme em um tecido secretor.
Manutenção da Gravidez: Diminui a contratilidade uterina, prevenindo contrações prematuras, e estimula a secreção de material nutritivo nas trompas e útero.
Desenvolvimento Mamário: Ajuda a preparar as glândulas mamárias para a lactação.
Importância Clínica: Níveis baixos de progesterona podem dificultar a implantação e aumentar o risco de aborto espontâneo. É amplamente utilizada como suporte na fase lútea em tratamentos de reprodução assistida (FIV, doação de óvulos/embriões) para garantir o sucesso da gravidez.
Prolactina (PRL):
Origem: Adeno-hipófise.
Função: Principalmente associada à produção de leite materno (lactação).
Relação com a Fertilidade: Níveis elevados de prolactina (hiperprolactinemia) podem inibir a ovulação e causar amenorreia (ausência de menstruação).
Hormônios Tireoidianos (TSH, T3, T4):
Origem: Tireoide. O TSH é secretado pela hipófise, estimulando a tireoide.
Relação com a Fertilidade: Disfunções da tireoide, como o hipotireoidismo, podem afetar o ciclo menstrual e a fertilidade.
Androgênios:
Origem: Produzidos em pequenas quantidades pelos ovários e glândulas suprarrenais na mulher.
Relação com a Fertilidade: Níveis elevados de androgênios (hiperandrogenismo) são uma característica chave da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), podendo levar à anovulação e problemas de fertilidade.
O ciclo menstrual é um processo fisiológico complexo que prepara o corpo feminino para uma possível gravidez a cada mês. Ele é caracterizado por alterações cíclicas nos ovários e no útero, reguladas pelos hormônios que acabamos de discutir.
A menstruação é a perda vaginal periódica de sangue e tecido endometrial. Um ciclo menstrual normal tem, em média, 28 dias (podendo variar de 24 a 38 dias). A duração da menstruação é geralmente de 4,5 a 8 dias, com uma perda sanguínea média de 30 mL (variando de 5 a 80 mL).
A regularidade do ciclo é um indicativo importante da ovulação mensal e da fertilidade. Variações na duração do ciclo são mais comuns nos primeiros dois anos após a menarca (primeira menstruação) e nos três anos que antecedem a menopausa. A maior estabilidade do ciclo ocorre entre os 20 e 40 anos de idade.
O ciclo menstrual é dividido em fases tanto no ovário (ciclo ovariano) quanto no útero (ciclo endometrial).
Fase Menstrual (Dias 1-5):
O que acontece: Marca o início do ciclo. Se a fertilização e a implantação não ocorrerem, os níveis de estrogênio e progesterona caem drasticamente, levando à descamação do revestimento uterino (endométrio) e ao sangramento. Os níveis hormonais (FSH, LH, estrogênio, progesterona) estão em seus pontos mais baixos.
Fase Folicular (Dias 1-13/14):
O que acontece: Inicia-se com a menstruação e se estende até a ovulação.
No Ovário: A hipófise começa a liberar pequenos pulsos de FSH, que estimula o desenvolvimento de 3 a 30 folículos ovarianos. Geralmente, apenas um desses folículos se torna o folículo dominante, crescendo e amadurecendo. Enquanto o folículo dominante cresce, ele produz quantidades crescentes de estrogênio (estradiol).
No Útero (Fase Proliferativa): O aumento dos níveis de estradiol estimula a proliferação das células endometriais, fazendo com que o revestimento do útero se torne mais espesso e vascularizado, preparando-o para uma possível gravidez.
Interação Hormonal: O aumento do estradiol inicialmente diminui o pulso de FSH (feedback negativo), mas perto da metade do ciclo, os altos níveis de estradiol desencadeiam um feedback positivo, resultando em um súbito e maciço aumento de LH.
Ovulação (Geralmente Dia 14):
O que acontece: É o evento central do ciclo, a liberação de um óvulo maduro do ovário.
Gatilho Hormonal: Ocorre cerca de 16 a 32 horas após o pico de LH. O pico de LH também estimula o complemento da primeira divisão meiótica do oócito.
Local: As fímbrias da tuba uterina adjacente capturam o óvulo, que então permanece na tuba, onde pode ser fertilizado.
Fase Lútea (Dias 15-28):
O que acontece: Inicia-se após a ovulação e dura em média 14 dias.
No Ovário: O folículo que se rompeu se transforma em uma nova estrutura chamada corpo-lúteo.
No Útero (Fase Secretora): O corpo-lúteo passa a secretar altos níveis de progesterona e, em menor grau, estrogênio. A progesterona é crucial nesta fase, pois estimula a dilatação das glândulas endometriais, que se enchem de glicogênio e se tornam secretoras, tornando o endométrio receptivo para a implantação embrionária (o "leite uterino").
Destino da Gravidez:
Se houver gravidez: O embrião em desenvolvimento começa a produzir o hormônio hCG (gonadotrofina coriônica humana), que age para manter o corpo-lúteo ativo, garantindo a produção contínua de progesterona para sustentar a gestação.
Se não houver gravidez: O corpo-lúteo se degenera em corpo albicans, e os níveis de estrogênio e progesterona caem. Essa queda hormonal provoca a descamação do endométrio e o início de um novo ciclo menstrual.
A gravidez representa uma das maiores transformações hormonais no corpo feminino, com a placenta assumindo um papel central na produção de hormônios essenciais.
Gonadotrofina Coriônica Humana (hCG):
Origem: Começa a ser secretada pelas células trofoblásticas do embrião cerca de 8 dias após a ovulação.
Função: Sua função primordial é evitar a involução do corpo-lúteo, estimulando-o a continuar produzindo progesterona e estrogênio. Se o corpo-lúteo for removido antes de 7 semanas de gestação sem o suporte de hCG, pode ocorrer aborto. O hCG também tem um efeito estimulador nas células intersticiais dos testículos do feto masculino.
Progesterona:
Origem: Inicialmente pelo corpo-lúteo (sob estímulo do hCG) e, a partir da 10ª semana de gestação, pela placenta, que assume a principal produção.
Função: É o hormônio crucial para manter a gravidez, diminuindo a contratilidade uterina para evitar o parto prematuro, preparando o endométrio e as mamas. Seus níveis aumentam progressivamente ao longo da gestação.
Estrogênios:
Origem: Secretados tanto pela placenta quanto pelo corpo-lúteo.
Função: Promovem o aumento do útero materno, o desenvolvimento da genitália externa e o aumento das mamas e seus ductos. Também são importantes para o relaxamento dos ligamentos pélvicos e a elasticidade da sínfise púbica e articulações sacroilíacas, facilitando o parto.
Somatomamotropina Coriônica Humana (hCS) / Lactogênio Placentário Humano:
Origem: Placenta.
Função: Embora sua função completa ainda seja incerta, é secretada em grandes quantidades. Tem ação semelhante ao hormônio do crescimento (GH) e contribui para a lactação. Diminui a sensibilidade à insulina e a utilização de glicose pela mãe, além de liberar ácidos graxos livres das reservas maternas, priorizando o suprimento de nutrientes para o feto.
Disfunções hormonais são causas comuns de infertilidade feminina e irregularidades menstruais. Entender essas condições é fundamental, especialmente para concursos públicos, onde são frequentemente abordadas.
A amenorreia é um sintoma, não uma doença em si, caracterizado pela ausência de menstruação. Seu tratamento depende do diagnóstico etiológico correto.
Classificação:
Amenorreia Primária: Ausência da primeira menstruação (menarca). Deve ser investigada quando:
A menarca não ocorreu aos 15 anos em meninas com caracteres sexuais secundários presentes.
A menarca não ocorreu 5 anos após o início do desenvolvimento das mamas, se isso ocorreu antes dos 10 anos.
Aos 13 anos, há completa ausência de caracteres sexuais secundários.
Exceções (Investigação Imediata): Presença de características sexuais secundárias antes dos 15 anos com dor pélvica cíclica (risco de obstrução do trato genital); presença de alterações genitais ou estigmas genéticos sugestivos (ex: Síndrome de Turner), independentemente da idade.
Amenorreia Secundária: Ausência de menstruação após a menarca. Deve ser investigada quando a menstruação não ocorre por 3 meses ou quando ocorrerem menos de nove menstruações em um ano.
Principais Marcadores Investigativos (Muito Cobrado em Concursos!):
1. Presença ou ausência de desenvolvimento mamário: Indica a ação estrogênica e a função ovariana em algum momento.
2. Presença ou ausência de útero: Determinada por exame clínico, ultrassom ou ressonância magnética.
3. Nível sérico de FSH: A interpretação do FSH é crucial para diferenciar as causas.
FSH Elevado: Indica insuficiência ovariana (os ovários não respondem, então a hipófise aumenta o FSH para tentar estimulá-los).
FSH Normal e Útero Ausente: Sugere malformação mülleriana ou síndrome de insensibilidade androgênica (neste caso, o nível de testosterona é normal para o sexo masculino).
FSH Baixo ou Normal com Útero Presente: Pode indicar causas de hipogonadismo hipogonadotrófico (problema no hipotálamo ou hipófise, que não produzem FSH/LH adequadamente) ou outras causas de anovulação como SOP.
Causas Comuns de Amenorreia (Concurso!):
Anatômicas: Agenesia Mülleriana (ausência de útero/vagina), Insensibilidade Androgênica (corpo não responde a androgênios, apesar de cromossomo XY), Hímen Imperfurado, Síndrome de Asherman (aderências intrauterinas após curetagem/infecção/cirurgia).
Hipotálamo-Hipofisárias:
Funcional: Estresse, distúrbios alimentares (anorexia, bulimia), atividade física extenuante.
Deficiência de Gonadotrofinas: Ex: Síndrome de Kallmann (deficiência congênita de GnRH).
Tumores/Traumas: Adenomas hipofisários, Síndrome de Sheehan (necrose hipofisária pós-parto), Síndrome da Sela Vazia.
Hiperprolactinemia: Excesso de prolactina, que inibe a ovulação.
Ovarianas:
Insuficiência Ovariana Prematura (IOP): Os ovários param de funcionar antes dos 40 anos (menopausa precoce).
Disgenesia Gonadal: Desenvolvimento anormal dos ovários (ex: Síndrome de Turner).
Outras: Genéticas, autoimunes, infecciosas, cirurgia, radioterapia, quimioterapia.
Outras Causas Endócrinas:
Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP): Caracterizada por hiperandrogenismo (excesso de hormônios masculinos) e anovulação crônica.
Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) de manifestação tardia: Produção excessiva de androgênios pelas adrenais.
Disfunções da Tireoide: Hipotireoidismo, hipertiroidismo.
Doenças Crônicas Graves, Síndrome de Cushing, Tumores produtores de androgênios.
A SOP é uma das principais causas de infertilidade por problemas de ovulação em mulheres em idade reprodutiva. Caracteriza-se por altos níveis de hormônios andrógenos, desequilíbrio hormonal e ovulação infrequente ou ausente (anovulação). Pode estar associada a resistência à insulina, obesidade e manifestações como acne e hirsutismo (excesso de pelos).
A FOP é o esgotamento precoce da reserva de óvulos em mulheres jovens, resultando na interrupção da produção de hormônios ovarianos. Pode ser associada a fatores genéticos e anormalidades cromossômicas, como a Síndrome de Turner.
Os anticoncepcionais orais (ACOs) representaram um grande avanço na saúde da mulher, oferecendo controle da fertilidade e tratamento para diversas condições. Contudo, seu impacto direto no sistema endócrino exige conhecimento e acompanhamento profissional.
Os ACOs são compostos de hormônios sintéticos que mimetizam os hormônios sexuais femininos.
Anticoncepcionais Orais Combinados (AOCs):
Composição: Contêm estrogênio sintético (etinilestradiol) e um progestagênio sintético (ex: noretindrona, levonorgestrel).
Gerações: São divididos em primeira, segunda, terceira e quarta geração, com variações na dosagem e composição. Podem ser monofásicos (mesma dosagem em todos os comprimidos), bifásicos (duas fases de dosagem) ou trifásicos (três fases de dosagem). As monofásicas são as mais utilizadas atualmente.
Mecanismo de Ação: A presença desses hormônios sintéticos atua no hipotálamo, inibindo a secreção de GnRH e, consequentemente, de FSH e LH. Essa inibição impede o amadurecimento do óvulo e a ovulação, tornando os ciclos anovulatórios. Além disso, promovem alterações no endométrio e no muco cervical, dificultando a implantação e o transporte de espermatozoides.
Minipílulas:
Composição: Contêm apenas progestagênio.
Mecanismo de Ação: Atuam principalmente alterando o muco cervical e o endométrio, e podem inibir a ovulação, embora com eficácia ligeiramente menor que os combinados.
Vantagem: São a única opção recomendada para mulheres lactantes, pois interferem minimamente na produção e qualidade do leite materno.
Além da anticoncepção (com eficácia de cerca de 99,7% quando administrados corretamente), os ACOs oferecem múltiplos benefícios:
Redução do fluxo menstrual e tratamento da dismenorreia (cólicas menstruais).
Alívio dos sintomas da Tensão Pré-Menstrual (TPM).
Tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP): Ajudam a regular o ciclo menstrual e podem auxiliar no tratamento do hiperandrogenismo.
Melhora da qualidade da pele e diminuição da acne.
Proteção contra alguns tipos de câncer, como o câncer do endométrio e do ovário.
Controle e regulação dos hormônios sexuais, mantendo-os em níveis estáveis.
Facilidade de acesso e baixo custo, sendo amplamente disponibilizados em sistemas de saúde pública.
Apesar dos benefícios, os ACOs podem ter desvantagens e uma série de efeitos colaterais. É crucial que a mulher esteja ciente desses riscos.
Não Protegem contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): Os ACOs previnem a gravidez, mas não oferecem proteção contra ISTs.
Interações Medicamentosas: Podem ter sua eficácia comprometida por interações com outros fármacos, que podem alterar seu metabolismo.
Efeitos Colaterais Comuns (Curto Prazo): Frequentemente observados logo após o início do uso:
Cefaleia (dor de cabeça).
Mastalgia ou dor nas mamas.
Tontura, náusea e vômitos.
Alterações de humor, irritabilidade, transtorno de ansiedade e depressão.
Aumento do apetite e queda de cabelo.
Desinformação sobre esses efeitos pode levar à interrupção precoce do tratamento.
Efeitos Colaterais a Longo Prazo e Riscos Graves (Prioridade Máxima para Concursos!):
Queda da Libido.
Aumento das mamas, retenção de líquido e ganho de peso.
Alterações Metabólicas:
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).
Dislipidemia: Aumento do colesterol total e triglicerídeos, aumento do LDL ("colesterol ruim") e diminuição do HDL ("colesterol bom").
Aumento da pressão arterial e risco de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM).
Eventos Tromboembólicos (TEV) e Acidente Vascular Cerebral (AVC): Esta é a preocupação mais grave e frequentemente cobrada.
Os ACOs, especialmente os combinados, aumentam significativamente o risco de Trombose Venosa (TEV) e Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI).
Mecanismo: O etinilestradiol (presente nos AOCs) e os progestagênios aumentam a produção de fatores de coagulação (VII, VIII, IX, X, XII e XIII e fibrinogênio) e inibem fatores anticoagulantes (proteína S e antitrombina). Isso altera a hemostasia, aumenta a viscosidade do sangue e propicia a formação de coágulos nos vasos sanguíneos.
Fatores de Risco Agravantes: O risco é muito maior em pacientes com fatores de risco pré-existentes, como tabagismo, hipertensão, diabetes, obesidade e sedentarismo.
Menor Aumento de Massa Óssea na Adolescência: Há estudos que relacionam o uso de ACOs em adolescentes com um menor aumento da densidade mineral óssea.
Devido aos riscos, os ACOs são contraindicados em diversas situações:
Mulheres acima de 35 anos, especialmente se forem tabagistas.
Pacientes hipertensas, diabéticas, obesas e com dislipidemia.
Indivíduos com histórico ou predisposição a eventos tromboembólicos.
A escolha criteriosa e individualizada do método contraceptivo é essencial. Um profissional de saúde deve analisar o perfil da paciente (idade, condições fisiológicas, histórico médico, desejo de gravidez futura, contexto social) para equilibrar riscos e benefícios. A orientação sobre o uso racional e seguro dos anticoncepcionais é papel fundamental da equipe de saúde, para evitar a perda de eficácia e, principalmente, a exposição a riscos graves.
O diagnóstico da amenorreia e de outros distúrbios hormonais exige uma avaliação detalhada, e o tratamento é sempre direcionado à causa subjacente e às expectativas da paciente, especialmente as reprodutivas.
Anamnese (Histórico Clínico):
Excluir gravidez, amamentação, uso de medicação hormonal e ambiguidade sexual.
Perguntas-chave: Presença de caracteres sexuais secundários (desenvolvimento inadequado sugere deficiência de estradiol; ausência de pelos com mamas normais sugere deficiência de receptores androgênicos).
Crescimento estatural (retardo pode indicar Síndrome de Turner ou deficiência de GH).
Fatores de estilo de vida: estresse, alteração de peso, hábitos alimentares, atividade física (associados à amenorreia hipotalâmica/hipofisária).
Dor pélvica cíclica com amenorreia primária (risco de obstrução do trato genital).
Sintomas de hipoestrogenismo (fogachos, secura vaginal).
Sinais de hiperandrogenismo (acne, hirsutismo, virilização).
Secreção nas mamas (galactorreia sugere hiperprolactinemia).
Ausência de menstruação pós-parto, especialmente com agalactia (Síndrome de Sheehan).
Exame Físico:
Altura, peso, índice de massa corporal (IMC): Baixa estatura (Síndrome de Turner), alta estatura (Síndrome de Insensibilidade Androgênica Completa), obesidade, desnutrição ou perda rápida de peso (alterações do padrão menstrual).
Estágio de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários (Estágios de Tanner).
Presença de estigmas genéticos.
Envergadura: Considerada normal quando igual ou até 2 cm maior que a estatura. Alterações podem indicar hipogonadismo.
Hirsutismo: Classificação pelo índice de Ferriman-Gallwey.
Exame Genital: Inspeção (hímen imperfurado), avaliação de vagina curta, sinais de atrofia, e em pacientes sexualmente ativas, avaliação de malformações vaginais/cervicais e órgãos pélvicos.
Avaliação Laboratorial (Exames de Sangue):
FSH e Prolactina: Dosagens séricas iniciais.
Prolactina elevada: Indica hiperprolactinemia.
FSH elevado (com prolactina normal): Sugere insuficiência ovariana.
FSH baixo (com prolactina normal): Sugere doença central (disfunção hipotalâmica ou hipofisária).
FSH normal (com prolactina normal): Pode indicar anovulação, como na SOP. No entanto, em algumas disfunções hipotalâmicas, o FSH pode ser normal.
TSH e T4 livre: Se houver suspeita de disfunção tireoidiana ou elevação da prolactina.
Androgênios: Para sinais/sintomas de hiperandrogenismo: 17-OH-progesterona, testosterona e deidroepiandrosterona sulfatada (DHEA-S) para diferenciar causas (hiperplasia adrenal, tumores ovarianos/adrenais).
Exames de Imagem:
Ultrassonografia Pélvica: Importante em amenorreias primárias para verificar ausência ou malformações uterinas/obstruções. Em amenorreias secundárias, auxilia no diagnóstico de SOP. Pode ser transvaginal ou abdominal.
Ressonância Magnética (RM): Em casos particulares, para avaliação pélvica (malformações genitais) ou da sela túrcica/crânio (investigação de tumores hipofisários).
Cariótipo (Estudo Cromossômico):
Indicações: Amenorreias hipergonadotróficas (FSH elevado) primárias ou secundárias em mulheres com menos de 30 anos. Também em amenorreias primárias com ausência de útero e FSH normal (para investigar síndrome de insensibilidade androgênica, com dosagem de testosterona).
O tratamento da amenorreia e de outros distúrbios hormonais é sempre personalizado, levando em conta a causa e os objetivos da paciente (como desejo de gravidez).
Tratamento Clínico:
Hiperprolactinemia: Agonistas dopaminérgicos (ex: bromocriptina, cabergolina), que normalizam a prolactina e podem restaurar a menstruação. Em casos secundários a medicamentos, pode-se considerar a troca do fármaco ou reposição estroprogestativa.
Hipotireoidismo: Reposição de hormônio tireoidiano pode ser suficiente para o retorno da menstruação e normalização da prolactina.
Hipoestrogenismo:
Amenorreia primária sem desenvolvimento de caracteres sexuais: Iniciar com baixas doses de estrogênio, aumentando gradualmente até o desenvolvimento mamário, e depois adicionar progestagênio.
Mulher adulta com deficiência estrogênica: Reposição com estrogênios conjugados ou estradiol. Se o útero estiver presente, é necessária a adição de progestagênio para prevenir câncer de endométrio.
Causas reversíveis (ex: desordens alimentares): Reposição estroprogestativa concomitante ao tratamento da causa, até o restabelecimento da função ovariana.
Anovulação Hiperandrogênica (ex: SOP):
Hiperandrogenismo iatrogênico: Interrupção do fármaco/substância causadora.
Hiperplasia Adrenal Congênita: Prednisona ou dexametasona.
SOP: Progestagênios cíclicos ou anticoncepcional hormonal combinado oral (ACHO) para regularizar o ciclo e proteger contra câncer endometrial. ACHO também auxiliam no hiperandrogenismo. A resistência à insulina pode ser abordada com mudanças no estilo de vida, perda de peso e medicamentos como metformina.
Amenorreia Hipotalâmica: Apoio psicológico/psiquiátrico, acompanhamento multidisciplinar, mudanças no estilo de vida, adequação do peso e atividade física.
Tratamento Cirúrgico:
Indicado para neoplasias (ovarianas, suprarrenais), Síndrome de Cushing com tumor.
Sinequias intrauterinas (Síndrome de Asherman): Lise por histeroscopia.
Más-formações müllerianas: Tratamento dependente do tipo de malformação. Em casos de agenesia uterina e vaginal (Síndrome de Rokitansky), pode-se realizar neovagina, embora dilatadores vaginais sejam preferíveis atualmente. O transplante uterino é experimental.
Insuficiência Ovariana Prematura ou Disgenesia Gonadal com cromossomo Y: Gonadectomia (remoção das gônadas) devido ao risco de tumor.
Muitas mulheres com distúrbios hormonais têm a possibilidade de restaurar sua fertilidade:
Insuficiência Ovariana Prematura: Gravidez com óvulo de doadora.
Amenorreias Centrais (hipotalâmicas e hipofisárias) ou Anovulação Crônica: Indução da ovulação com citrato de clomifeno, letrozol ou gonadotrofinas, dependendo da causa e do estado estrogênico. Essas técnicas são frequentemente empregadas em tratamentos de reprodução assistida, como o coito programado, inseminação artificial e fertilização in vitro (FIV).
A amenorreia, assim como outras alterações hormonais, é um sintoma multifatorial que pode gerar preocupações significativas sobre a feminilidade e a fertilidade, impactando a autoestima e a autoimagem da mulher. Portanto, o tratamento deve ser abrangente, combatendo a causa etiológica, tratando o hipoestrogenismo, manejando as manifestações associadas e, quando possível, buscando a restauração da fertilidade.
É crucial que a mulher receba apoio psicológico quando necessário, pois o bem-estar emocional é parte integrante da saúde reprodutiva. Sempre busque a orientação de um profissional de saúde qualificado para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado. As informações aqui contidas são para fins educacionais e não substituem a consulta médica.
Esperamos que este guia completo e didático tenha enriquecido seu conhecimento sobre o complexo e fascinante mundo do controle hormonal da reprodução feminina!
Questão 1: Qual é o papel do hormônio luteinizante (LH) no ciclo menstrual feminino?
a) Estimula a produção de estrogênio.
b) Estimula a liberação de um óvulo maduro durante a ovulação.
c) Diminui a produção de progesterona.
d) Mantém o corpo lúteo durante a menstruação.
Questão 2: O que acontece se o óvulo não for fertilizado durante o ciclo menstrual?
a) O corpo lúteo regride e a produção de estrogênio e progesterona diminui, levando ao início da menstruação.
b) O corpo lúteo continua a produzir estrogênio e progesterona.
c) O hipotálamo secreta gonadotrofinas.
d) A hipófise secreta hormônios gonadotróficos.
Questão 3: Qual é o hormônio produzido pelo embrião após a fertilização e qual é sua função?
a) Estrogênio, estimula a ovulação.
b) Progesterona, regula o ciclo menstrual.
c) Hormônio gonadotrofina coriônica (hCG), mantém o corpo lúteo e a produção de estrogênio e progesterona para sustentar a gravidez.
d) Hormônio luteinizante (LH), estimula a produção de testosterona.
Gabarito:
b) Estimula a liberação de um óvulo maduro durante a ovulação.
a) O corpo lúteo regride e a produção de estrogênio e progesterona diminui, levando ao início da menstruação.
c) Hormônio gonadotrofina coriônica (hCG), mantém o corpo lúteo e a produção de estrogênio e progesterona para sustentar a gravidez.