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22/09/2025 • 10 min de leitura
Atualizado em 22/09/2025

Diferenças: Romantismo vs. Realismo

Realismo vs. Romantismo: Literatura, Contexto e Análise

Resumo: O Realismo surge em meados do século XIX na Europa (França, 1857), principalmente como uma reação direta e objetiva contra a visão idealizada e subjetiva do Romantismo. Enquanto o Romantismo celebrava o sentimento e a fantasia, o Realismo impunha a anatomia do caráter e a crítica social, pintando a realidade aos nossos próprios olhos, para condenar o que havia de mau na sociedade. Este guia detalha essa transição fundamental na literatura brasileira e portuguesa, focando nas nuances e autores essenciais.


1: A Oposição Fundamental e o Contexto Histórico

1. O que é o Realismo? A Reação ao Sentimento

O movimento realista, que floresceu em meados do século XIX, representou uma revolta contra os usos tradicionais e as concepções idealizadas da vida que dominavam o Romantismo.

O Realismo pode ser definido como:

  • A anatomia do caráter: O foco principal não é mais a ação heroica ou a fuga, mas sim a análise aprofundada da mente humana e dos traços de personalidade.

  • Crítica do homem e da sociedade: A arte é usada para descrever costumes e expor os problemas sociais e o comportamento da elite, buscando questionar os princípios e padrões burgueses.

  • Objetividade: Diferentemente do subjetivismo romântico, o Realismo busca descrever as coisas de modo preciso e objetivo, muitas vezes enfatizando o homem comum.

2. Contexto Histórico: O Nascimento da Postura Científica (Século XIX)

O Realismo não nasce no vácuo; ele é impulsionado por um período de grandes transformações, marcado pela Segunda Revolução Industrial e pela intensificação do modelo capitalista.

Este cenário histórico forneceu o solo fértil para a nova estética:

  1. Transformações Sociais: A ascensão da classe burguesa ao poder, o aprofundamento das desigualdades sociais e o crescimento da urbanização trouxeram novos problemas urbanos (como poluição). A literatura realista escolheu, portanto, os problemas concretos do seu tempo.

  2. Racionalismo e Cientificismo: O Realismo foi impulsionado pelo racionalismo da segunda metade do século XIX. O desenvolvimento científico, especialmente na biologia, incentivou uma postura de observação e análise da realidade.

  3. Grandes Teorias: O pensamento da época foi profundamente influenciado por correntes filosóficas e científicas que buscavam interpretar e explicar o mundo:

    • Positivismo (Augusto Comte): O pai do positivismo propunha o abandono de especulações para o estudo da vida do homem em sociedade.

    • Evolucionismo (Darwin).

    • Socialismo (Marx e Engels).

    • Determinismo (Taine, que entendia que o ser humano era determinado pelo meio).


2: Diferenças Essenciais, Temas e Correntes

3. Romantismo vs. Realismo: O Quadro Comparativo

A principal dúvida em concursos públicos reside no contraste claro entre as duas escolas. O Realismo é essencialmente uma reação ao Romantismo.

Característica

Romantismo (Idealização)

Realismo (Objetividade)

Visão do Homem

Idealizada

Real, com defeitos e qualidades

Foco Narrativo

Subjetivismo, Culto do eu

Objetivismo, Universalismo

Personagens

Previsíveis, Herói íntegro, Perfeito

Trabalhadas psicologicamente, Problemáticas, Hipócritas, Cínicas

Linguagem

Metafórica, evasiva, redundante, teatral

Culta, direta, clara, equilibrada, com foco na realidade e análise

Mulher

Idealizada, angelical, pura, submissa

Real, autônoma, teimosa, áspera, menos idealizada

Amor/Casamento

Puro, sublime, relacionamento amoroso

Subordinado a interesses sociais e dinheiro; casamento é contrato falido

Propósito

Entretenimento (folhetinesco), escapismo

Crítica social, denúncia, análise psicológica

4. A Diferença Crucial: Realismo e Naturalismo

Embora frequentemente estudados juntos, o Realismo e o Naturalismo não são idênticos, sendo este último um aprofundamento ou uma vertente do Realismo.

O Realismo, em sentido lato, abrange o Naturalismo. Contudo, as nuances são importantes:

Característica

Realismo

Naturalismo (Vertente do Realismo)

Foco

Observa e analisa a realidade e os costumes; foco na psique e no caráter

Aprofunda o Realismo; foco na patologia social e biológica

Visão do Homem

Anatomia do caráter

Visão patológica, exploração do homem pelo homem; animalesco e sensual

Estilo

Linguagem culta e direta, detalhamento preciso

Linguagem simplificada, ênfase nos aspectos grotescos e repulsivos da vida

Exemplo de Obra

Madame Bovary (Gustave Flaubert), Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)

O Mulato (Aluísio Azevedo), Germinal (Émile Zola)

Dúvida Comum: O Realismo e o Naturalismo possuem a mesma base, mas não são movimentos idênticos. O Naturalismo aplica um rigor científico extremo, tratando o ser humano como um produto do meio e da biologia (determinismo).


3: O Realismo em Portugal e no Brasil

5. O Realismo em Portugal: A Questão Coimbrã (1865)

O Realismo em Portugal tem seus antecedentes ligados diretamente a um episódio conhecido como a Questão Coimbrã.

  • O Início do Confronto: Em 1865, a Questão Coimbrã marcou o primeiro sinal do movimento realista em Portugal. Este movimento era formado por um grupo de jovens escritores e estudantes da Universidade de Coimbra, adeptos de novas ideias de vanguarda.

  • Oposição: O grupo se opôs ao academicismo e ao formalismo predominantes na época, rejeitando o que consideravam "literatura de passadistas". Eles apontavam novos caminhos, apoiados no Evolucionismo, Positivismo, e Socialismo.

  • O Embate: O conflito se acirrou quando Feliciano de Castilho, um romântico, criticou duramente autores da nova geração (como Antero de Quental), acusando-os de falta de "bom senso e bom gosto". Antero de Quental respondeu com a obra Bom senso e bom gosto (1865), tornando-a um marco da literatura realista portuguesa.

  • A Relação Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós (Exceção/Explicitação do Conflito): A transição foi marcada por embates literários entre o mestre do Romantismo português, Camilo Castelo Branco, e o principal representante do Realismo, Eça de Queirós. Camilo, representando a tradição, via em Eça (a modernidade) uma ameaça. Camilo criticava a nova estética, chegando a acusar Eça de erros gramaticais em O Crime do Padre Amaro. Eça de Queirós, por sua vez, foi essencial para a consolidação do Realismo em Portugal, com obras como O Crime do Padre Amaro (1875) e O Primo Basílio (1878).

6. O Realismo no Brasil: O Domínio de Machado de Assis

No Brasil, o Realismo surge durante o Segundo Reinado, como uma forma de criticar a sociedade burguesa e monárquica, expondo contradições e desigualdades sociais.

  • O Marco Inicial (Data crucial para concursos): O movimento realista brasileiro é formalmente marcado pela publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em 1881.

  • Machado de Assis (O Realismo Psicológico/Microrrealismo): Considerado o maior representante do movimento nacional, Machado de Assis se destaca por seu realismo psicológico (ou microrrealismo). Sua narrativa prefere a descrição psicológica das personagens em detrimento da ênfase na ação ou no enredo. O que motiva seus livros é a análise da mente humana, a partir dos mínimos detalhes de uma atitude qualquer. Machado utiliza a ironia e o humor para analisar a realidade.

Obras e Autores Realistas Brasileiros de Destaque:

  • Machado de Assis (1839-1908): Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899).

  • Raul Pompeia (1863-1895): O Ateneu (1888).

  • Aluísio Azevedo (Naturalismo - Lançamento da vertente no Brasil): O Mulato (1881).


4: Análise Aprofundada – A Complexidade Feminina

O tratamento dado à figura feminina é um dos temas mais didáticos e recorrentes para ilustrar a ruptura entre Romantismo e Realismo, refletindo a lenta mudança da sociedade patriarcalista do século XIX.

7. A Mulher Romântica: Idealização e Submissão (Senhora, de José de Alencar)

No Romantismo, a mulher era geralmente representada como idealizada, angelical, pura e submissa ao patriarcalismo. Ela não interferia na sociedade e prezava o amor dos contos de fadas.

  • O Caso de Aurélia (Senhora, 1875): O romance de José de Alencar, embora tardio no Romantismo e apresentando toques mais humanos e críticos, cumpre o papel de entreter a burguesia leitora. Aurélia, a protagonista, parece inicialmente uma personagem de quebra de paradigma por governar sua casa e entender de assuntos "masculinos" como contabilidade.

  • A "Busca Antifeminina": Contudo, Aurélia é caracterizada como antifeminina (no sentido teórico de se modelar pela busca do herói masculino), pois ela usa seu potencial, sua herança e seu conhecimento financeiro em função do amor e da vingança contra Fernando Seixas.

  • Casamento por Interesse vs. Amor Idealizado: Senhora faz uma crítica à comercialização do amor e do casamento nas classes altas. O casamento entre Aurélia e Seixas é um "mercado", mas o desfecho volta ao clichê folhetinesco: homem e mulher felizes para sempre após o dinheiro corromperem-se, mantendo a sociedade enraizada no patriarcalismo.

8. A Mulher Realista: A Complexidade e o Adultério (Machado de Assis)

Com o Realismo, a mulher idealizada deu lugar à mulher real: teimosa, imperiosa, áspera, que tinha suas próprias vontades e se preocupava com a própria imagem social.

  • Realismo Psicológico e Complexidade: Machado de Assis descreve a mulher com complexidade psicológica. A mulher realista é menos comportada, profundamente vaidosa e ambiciosa, e pode ser oblíqua e dissimulada.

  • O Adultério como Tema Central: Machado abordou de forma realista o adultério, que era comum, mas que a idealização romântica não permitia relatar.

    • Em Singular Ocorrência, o adultério é retratado realisticamente, sem final moralizante.

    • Em Mariana, o adultério é lúcido e aceito pela mulher, que afirma não sentir remorso: "Podias supor que eu os tinha; mas não os tenho, nem os terei jamais".

  • O Caso de Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881): Virgília é um exemplo de crítica ao ideal romântico. Ela é vaidosa e ambiciosa e, apesar de amar Brás Cubas, escolhe casar-se com Lobo Neves por razões de status social e político. Ela é ousada e astuta por manter um relacionamento extraconjugal, sendo uma das mulheres mais independentes e autênticas em suas decisões na obra. Ela é uma personagem burguesa com instinto animal apurado, esquecendo-se das regras sociais.

9. A Mulher Naturalista: Sensualidade e Patologia (O Cortiço)

No Naturalismo, a visão da mulher intensifica-se para o lado sensual e, por vezes, patológico.

  • Sensualidade Animalesca: Em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, Rita Baiana é descrita em sua sensualidade intensa. O narrador a descreve com requebros luxuriosos, tremendo "como se se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite".

  • Determinismo Biológico/Ambiental: Rita Baiana é vista através de uma ótica do erótico e animalesco. Sua sensualidade é descrita como um "veneno" e "açúcar gostoso", uma "cobra verde e traiçoeira". Seu enlace amoroso com Jerônimo é desejado com intensidade, levando a uma descrição de agonia extrema e sobrenatural, em que o instinto fala mais alto que a moral.


Dúvidas Comuns

P: Qual é o marco inicial do Realismo na literatura mundial e quem o escreveu? R: O marco inicial é o romance Madame Bovary, escrito por Gustave Flaubert, publicado na França em 1857. Flaubert inovou ao expor um casamento infeliz, adultério e suicídio, questionando a idealização romântica.

P: O que é o "microrrealismo" de Machado de Assis? R: O microrrealismo, ou realismo psicológico, é o estilo de Machado de Assis caracterizado pela preferência pela descrição psicológica das personagens e a análise minuciosa da mente humana, em detrimento da ênfase no enredo ou na ação.

P: Por que o Realismo critica o casamento? R: O Realismo via o casamento como uma instituição falida, ou um contrato de interesses e conveniências, subordinado aos interesses sociais e financeiros da burguesia. Exemplos clássicos são Senhora, onde o marido é comprado, e a escolha de Virgília em Memórias Póstumas, que prioriza o status social.

P: Quem são os principais autores do Realismo em Portugal e no Brasil? R: Em Portugal, Eça de Queirós (O Crime do Padre Amaro) é o nome central. No Brasil, Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas) é o maior expoente.

P: Em que ano o Realismo começou no Brasil? R: O Realismo começou no Brasil com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em 1881.