
A civilização do Egito Antigo é, sem dúvida, uma das mais fascinantes e influentes de toda a história da humanidade. Localizada estrategicamente ao longo do Rio Nilo, no nordeste da África, essa sociedade floresceu por mais de três milênios em um contexto geográfico peculiar. Estudar o Egito Antigo não apenas nos fornece conhecimentos aprofundados sobre uma civilização que durou milênios, mas também aprimora nossas habilidades de pensamento crítico e apreciação da diversidade cultural.
O desenvolvimento do Egito Antigo foi intrinsecamente ligado à sua geografia única. A fertilidade das terras banhadas pelo Rio Nilo contrastava dramaticamente com as vastas e áridas extensões do Deserto do Saara. Essa dualidade moldou a agricultura e a economia egípcia e, crucialmente, proporcionou segurança contra invasões externas, contribuindo para a notável estabilidade e o florescimento cultural por milênios.
O Rio Nilo era a veia vital do Egito. Suas cheias anuais depositavam um limo fértil nas margens, permitindo o surgimento de uma complexa sociedade agrícola. Sem o Nilo, o Egito seria apenas deserto, como grande parte do Saara. A necessidade de prever as cheias para a agricultura levou os egípcios a desenvolverem um dos seus mais importantes legados: o calendário solar.
Curiosidade e Informação Relevante para Concursos:
Estudos paleoclimatológicos sugerem que, milhares de anos atrás, o Deserto do Saara tinha chuvas mais regulares e se assemelhava a uma savana, capaz de sustentar mais vida vegetal. Essa condição mais úmida pode ter desempenhado um papel crucial em técnicas de construção antigas, como a teoria do elevador hidráulico para as pirâmides. Apesar do debate sobre a constância dessas chuvas, é uma ideia que desafia a percepção comum de um Egito sempre árido.
A estrutura social do Egito Antigo era caracteristicamente hierárquica e rigidamente definida, com pouquíssima ou quase nenhuma mobilidade social. Cada "classe social" possuía funções e responsabilidades específicas perante o estado, e aqueles com menos poder deviam obedecer aos que estavam acima. Compreender essa hierarquia é fundamental para entender a dinâmica da sociedade egípcia.
Vamos detalhar as principais camadas, de cima para baixo:
1. O Faraó:
No topo da sociedade, o faraó era o governador máximo do estado e considerado e adorado como uma divindade na Terra.
Seu poder era completamente centralizado, exercendo funções políticas e religiosas. Ele era o elo entre os deuses e os homens.
2. Sacerdotes:
Logo abaixo do faraó, os sacerdotes eram responsáveis por rituais, festas e todas as atividades religiosas.
Também tinham a função de administrar os bens oferecidos aos deuses, acumulando grande riqueza material.
3. Nobres, Chefes Militares, Escribas e Comerciantes:
Esta classe englobava diversos grupos importantes para a administração e economia.
Nobres e Chefes Militares: Responsáveis pela segurança do território egípcio.
Escribas: Detentores do conhecimento da escrita hieroglífica, eram cruciais para a administração, religião e cultura. Eles registravam a vida do faraó, eventos importantes e impostos. Por serem alfabetizados, eram remunerados com produtos, pois não existia um padrão monetário na época.
Comerciantes: Desempenhavam um papel vital no desenvolvimento de uma economia baseada no comércio e na circulação de riquezas, tanto internamente quanto com civilizações vizinhas.
4. Artesãos e Camponeses:
A base da produção, os camponeses eram a maioria da população e trabalhavam nas terras férteis do Nilo, sustentando toda a sociedade com a agricultura.
Os artesãos eram responsáveis por todas as manufaturas, desde objetos de uso diário até aprimorados artefatos funerários.
5. Escravos:
Na base da pirâmide social, os escravos eram, em sua maioria, prisioneiros de guerra ou aqueles que cometeram crimes.
Importante para Concursos: O sistema de escravidão no Egito era distinto do modelo racial que se tornaria dominante em épocas posteriores, uma nuance crucial para diferenciar e contextualizar.
Representação Visual da Pirâmide Social Egípcia:
O Egito Antigo é notável por suas inovações e sua profunda influência em diversas áreas da cultura e do conhecimento humano.
A religião era profundamente enraizada na vida cotidiana dos egípcios. Eles explicavam o universo e todos os aspectos da vida e da natureza com base nas ações e intervenções de uma vasta gama de deuses.
O Panteão Egípcio: Apresentava uma grande variedade de deuses, representados de inúmeras formas, alguns definidos por mitos, outros por localização geográfica ou por seus atributos. As primeiras evidências religiosas sugerem estágios de fetichismo (culto a objetos que representam entidades espirituais), zoolatria (veneração de deuses em forma animal) e antropomorfismo (adoração de deuses com aspecto humano).
A Crença na Vida Após a Morte e o Culto Funerário:
Uma das características mais marcantes da religião egípcia era a crença na importância da vida após a morte. Isso se refletia intensamente nas suas práticas funerárias, como a mumificação.
Muito do que sabemos hoje sobre essa sociedade antiga se deve aos vestígios deixados pelos cultos funerários, que permeavam praticamente todas as esferas da vida do indivíduo. A preservação desses artefatos (múmias, sarcófagos, estatuetas, amuletos, textos fúnebres) foi favorecida pelas condições climáticas áridas do Egito, especialmente no Alto Egito, onde as tumbas eram construídas no deserto, fora da área de inundação do Nilo.
A Concepção do Ser Humano: Ba e Ka:
Para os egípcios, o ser humano era uma combinação de vários elementos materiais e espirituais, mortais e/ou imortais. Dois desses elementos, cruciais para a vida após a morte, eram o Ba e o Ka.
O Ba era frequentemente representado como um pássaro com cabeça humana (o rosto do defunto), sobrevoando o túmulo para visitar o corpo do morto. Era a alma ou personalidade do indivíduo, a capacidade de se mover e interagir.
O Ka, ou força vital, era um reflexo imaterial e imortal do corpo ou um gênio protetor. Nascendo com o homem, o Ka era parte de sua personalidade e seu "duplo". Acreditava-se que o Ka não morria necessariamente com o homem, podendo sobreviver no túmulo (chamado "Casa do Ka"), desde que o corpo estivesse devidamente conservado.
Fundamental para Concursos: Tanto o Ba quanto o Ka necessitavam de um suporte material (o corpo) para subsistir e assegurar a força necessária para a vida no Além. A destruição do corpo levaria à morte do Ba, e a matéria era vista como sagrada, contendo a densidade da memória e sendo transportada para a eternidade.
Osíris: O Juiz e Senhor dos Mortos:
Osíris era a principal divindade funerária do Egito Antigo. Seu mito era central para a crença na ressurreição.
O Mito de Osíris (Muito Cobrado em Concursos): De acordo com o mito, Osíris foi o primeiro faraó e trouxe a civilização aos egípcios. Seu irmão Seth, por inveja, o assassinou, esquartejou seu corpo e espalhou os pedaços pelo Egito. Ísis, sua esposa e irmã, juntamente com Néftis, conseguiu recuperar todas as partes (exceto o falo), mumificou-o e, com magia, o trouxe de volta à vida tempo suficiente para conceberem Hórus. Assim, Osíris se tornou o primeiro a ser mumificado e o regente do Mundo Inferior.
Osíris era adorado por todas as classes sociais e estava presente até nos rituais de coroação dos reis, pois o faraó era considerado a reencarnação de Hórus, seu filho póstumo.
Ele é normalmente representado como um deus antropomorfo (forma humana) e mumiforme. Sua pele podia ser branca (faixamento das múmias), preta (deidades ctônicas ou aluvião do Nilo) ou verde (cheias e vegetação). Geralmente, possui o cajado e o açoite, e sua coroa característica é a atef, branca com duas plumas de avestruz.
Evolução da Função: Embora Anúbis fosse o regente original do mundo inferior nas crenças mais antigas, Osíris o superou nessa função, tornando-se o regente supremo do âmbito dos mortos, enquanto Anúbis ficou com as responsabilidades do embalsamamento.
A Mumificação: O Caminho para a Imortalidade:
A mumificação era um ritual essencial que garantia a conservação do corpo, permitindo a ressurreição e a vida eterna.
Inicialmente, apenas o corpo do faraó era mumificado. Com o tempo, essa prática se estendeu a pessoas de outras camadas da sociedade que podiam pagar pelo rito, tornando-se o primeiro passo para a imortalidade.
As pessoas mais humildes, por outro lado, continuavam a ser enterradas em covas rasas no deserto, onde seus corpos eram naturalmente preservados pelo clima seco e quente.
O Livro dos Mortos: O Guia para a Jornada do Além:
O Livro dos Mortos é um conjunto de textos funerários que auxiliava o falecido em sua jornada obscura para a vida após a morte, permitindo que ele se tornasse "justificado" e entrasse no Reino de Osíris, alcançando a vida eterna.
Nome e Origem: O termo "Livro dos Mortos" é uma denominação moderna dada pelo egiptólogo alemão Karl Richard Lepsius. O título original egípcio significaria "Capítulos do Sair à Luz".
Consistia em fórmulas mágicas, orações, hinos e prescrições. Quando feito em papiros, era colocado junto ao falecido no sarcófago. O Papiro de Nu é a cópia mais antiga conhecida, da XVIII dinastia.
A Evolução dos Textos Funerários (Muito Cobrado em Concursos!):
Textos das Pirâmides: Surgiram no Antigo Reino (V e VI Dinastias), sendo escritos nas paredes das câmaras mortuárias das pirâmides. Eram a literatura religiosa mais antiga conhecida (III milênio a.C.) e restritos a membros da família real. Exemplos: pirâmides de Unas, Teti, Pepi I, Merenre, Pepi II e Aba, e tumbas de rainhas (Neith, Ubjebten, Apuit).
Textos dos Sarcófagos: No Médio Reino, o uso de textos funerários se expandiu além da realeza para a nobreza. Esses textos eram escritos nos sarcófagos. Essa mudança, impulsionada pela popularidade crescente de Osíris (que passou a oferecer a vida eterna a não apenas a família real), marcou a "democratização da imortalidade". O "Livro dos Dois Caminhos" também surgiu nesta época.
Livro dos Mortos (Moderno): A compilação que conhecemos hoje foi escrita em papiros a partir da XVIII dinastia (Novo Reino). O papiro era mais acessível, permitindo que pessoas com menos recursos financeiros tivessem acesso às fórmulas funerárias.
A Importância do Corpo na Vida Após a Morte (Fórmula 154 do Livro dos Mortos):
O capítulo 154 do Livro dos Mortos, intitulado "De como não deixar perecer o corpo" ou "Fórmula para não deixar perecer o corpo", exemplifica a intensa preocupação egípcia com a preservação do cadáver.
Nele, o falecido faz súplicas a Osíris, pedindo que seu corpo seja incorruptível, assim como o do deus. A putrefação era temida, pois impediria a alimentação e a respiração no Além, essenciais para a existência do Ka e do Ba.
O morto se identifica com deuses como Atum (deus autogerado, portador da imortalidade) e Khepri (símbolo solar, forma do Sol pela manhã, associado à autoconcepção e ressurreição).
Sarcófagos e Esquifes: A "Armadura Mágica" do Defunto:
Para os egípcios, o corpo, enquanto matéria, precisava ser preservado, e o sarcófago era fundamental para isso, assegurando a durabilidade do corpo.
Sarcófagos eram feitos de pedra (granito, basalto ou calcário), enquanto esquifes eram feitos de madeira. Ambos protegiam a múmia para a vida eterna.
Eram frequentemente identificados com o corpo da deusa Nut (deusa do céu, mãe de Osíris), que daria proteção simbólica ao morto, aguardando seu renascimento. O deus Geb (deus-terra, irmão e esposo de Nut) também era associado, simbolizando a união do céu e da terra quando a tampa descia sobre o sarcófago, protegendo o falecido da deterioração.
As decorações variavam com a época, incluindo Olhos Udjat (Olho de Hórus) no Médio Reino, para permitir que o morto transitasse entre os mundos. Temas como renascimento perante Osíris, a passagem pelos guardiões do Além e a vida no Paraíso eram comuns no Novo Império.
A arte egípcia estava intrinsecamente ligada à religião, espiritualidade e mitologia. Ela não tinha o objetivo de expressar os anseios do artista, mas sim finalidades religiosas e eram encomendadas por faraós ou sacerdotes.
Características Gerais da Arte Egípcia (Muito Cobrado!):
Religiosidade: Ligada fundamentalmente à religião e espiritualidade, reproduzindo deuses ou faraós.
Estática e Frontal: Figuras sem expressões faciais nítidas ou emoção. Serviam como guia aos mortos ou para demonstrar feitos do faraó.
Anonimato dos Artistas: As artes não eram assinadas, e os artistas não tinham autonomia sobre o que pintar, pois as obras eram feitas sob encomenda.
Proporção Hierárquica: O faraó era sempre representado em tamanho maior em relação aos demais componentes de uma cena, demonstrando seu poder e não seguindo uma proporção real.
Ausência de Três Dimensões e Sombras: As pinturas egípcias não apresentavam profundidade ou efeitos de luz e sombra.
A Lei da Frontalidade (Essencial para Concursos):
Esta era uma determinante estética para representações humanas. A lei da frontalidade impunha que o tronco e os olhos das pessoas fossem retratados de frente, enquanto a cabeça, pernas e pés eram exibidos de lado. É uma das principais características da arte egípcia.
Pintura Egípcia:
Encontradas principalmente no interior das pirâmides e túmulos, retratando a vida e os grandes feitos do faraó enterrado ali.
Tintas e Simbolismo: As tintas eram extraídas da natureza e possuíam significados específicos:
Preto: Carvão de madeira/pirolusita, representava a noite e/ou a morte.
Branco: Cal, simbolizava a verdade e/ou a pureza.
Amarelo: Óxido de ferro hidratado (limonite), ligado à eternidade.
Azul: Carbonato de cobre, representava o Rio Nilo e/ou o céu.
Vermelho: Substâncias ocres (óxidos metálicos com ferro), simbolizava energia, sexualidade e poder.
Escultura Egípcia:
Majoritariamente reproduziam deuses e faraós, também de maneira estática e frontal, sem expressões faciais nítidas.
Havia um padrão para a posição de um faraó: sentado de pernas cruzadas, sentado com a mão esquerda na coxa, ou de pé com o pé esquerdo à frente.
Esfinges Egípcias: Esculturas de seres mitológicos (corpo de leão e cabeça de gente), em tamanhos monumentais, colocadas na entrada de túmulos. Acreditava-se que podiam afastar maus espíritos. A mais famosa é a Esfinge de Gizé.
Arquitetura Egípcia:
Caracterizava-se pela durabilidade e solidez, com obras funcionais que também demonstravam grandiosidade.
Pirâmides Egípcias: Eram túmulos construídos para os faraós. A base representava o faraó, e a ponta, a ligação com os deuses. As mais famosas são as Pirâmides de Gizé.
Templos Monumentais: Como os de Gizé, são exemplos impressionantes da engenharia e estética egípcia.
Como as Pirâmides Foram Construídas? Uma Nova Teoria (Importante para ampliar o conhecimento):
A construção das maciças pirâmides egípcias, há mais de 4 mil anos, tem sido objeto de intenso debate. Embora a teoria mais aceita envolva o uso de rampas e dispositivos de tração para mover os blocos, uma nova teoria, proposta por uma equipe de engenheiros e geólogos, sugere um dispositivo de elevação hidráulica.
Esta nova teoria foca na Pirâmide de Degraus do Faraó Djoser, construída no século 27 a.C. e com cerca de 62 metros de altura. Ela propõe que um sistema complexo de tratamento de água, usando recursos locais, teria permitido um elevador movido a água dentro do eixo vertical interno da pirâmide, elevando pedras pesando até 300 quilos.
Esse sistema teorizado incluiria o controle e armazenamento de água de enchentes em estruturas como o Gisr el-Mudir, que atuaria como uma barragem, e a coleta de água em canais como o "Fosso Seco" que circunda a pirâmide. O eixo interno da pirâmide de Djoser, conectado a túneis subterrâneos e a uma caixa de granito na base (anteriormente considerada câmara funerária de Djoser), poderia ter sido usado para abrir e fechar o elevador hidráulico.
Apesar de ser uma "solução engenhosa", alguns egiptólogos permanecem céticos devido à falta de documentação ou representações de tal dispositivo e ao debate sobre a constância das chuvas necessárias. No entanto, a possibilidade de elevadores hidráulicos para blocos de dezenas de toneladas em pirâmides maiores, como as de Khufu (Quéops), ainda é um campo de pesquisa.
A escrita hieroglífica foi uma das primeiras formas de comunicação escrita da história.
Era uma forma de escrita complexa que combinava logogramas (símbolos que representam palavras ou conceitos) e um alfabeto.
Desempenhou um papel crucial na administração, na religião e na cultura egípcia, sendo fundamental para registrar a vida dos faraós e eventos do estado.
Além de sua riqueza cultural e arquitetônica, o Egito Antigo teve um impacto duradouro no mundo moderno. Muitos conceitos, práticas e inovações da civilização egípcia influenciaram o desenvolvimento de sociedades posteriores e são usados até hoje.
1. O Calendário Solar de 365 Dias (Muito Cobrado em Concursos!):
Graças aos egípcios, temos um sistema de contagem de dias, meses e anos.
Inicialmente, foi desenvolvido como uma forma de sobrevivência para prever as inundações anuais do Rio Nilo, essenciais para a agricultura.
Dividido em três estações principais (inundação, crescimento e colheita), cada uma com quatro meses de 30 dias. Para compensar a diferença para um ano real, cinco dias adicionais foram acrescentados entre as temporadas de colheita e inundação, designados como feriados religiosos para honrar os filhos dos deuses.
2. Astronomia e Medicina:
O Egito Antigo fez contribuições significativas nessas áreas, influenciando o desenvolvimento científico posterior.
3. Maquiagem dos Olhos (Kohl):
Criada há mais de 3 mil anos antes de Cristo, a maquiagem para os olhos (Kohl ou Kajal) era uma pasta feita de óleos, galena (sulfeto de chumbo) e fuligem de carvão.
Não era restrita às mulheres; homens e crianças também usavam.
Além da parte ornamental (símbolo de poder), acreditava-se que o Kohl protegia os olhos contra doenças e raios solares agressivos.
4. Balas de Menta (Refrescadores Bucais):
Para combater o mau hálito (causado por problemas dentários), os egípcios inventaram as primeiras "balas" refrescantes.
Eram uma combinação de incenso, mirra e canela, fervidos com mel e moldados em pelotas.
5. Boliche:
Achados arqueológicos em Narmoutheos (a 90 km do Cairo, datado do século II e III d.C.) revelaram uma sala com pistas e bolas de granito.
Ao contrário do boliche moderno, o objetivo era acertar a bola em um buraco central na pista, e os jogadores podiam tentar desviar a bola do oponente.
6. A Prática de Barbear e Cortar o Cabelo:
Por higiene e para suportar o calor, os egípcios mantinham os cabelos muito curtos ou raspavam a cabeça e todos os pelos do corpo. Sacerdotes, por exemplo, depilavam-se a cada três dias.
Ser barbeado era sinal de elegância, e ter pelos podia indicar baixo status social.
Eles foram pioneiros na invenção dos primeiros instrumentos de barbear (lâminas de pedra afiadas, depois de cobre) e criaram a profissão de barbeiro.
Curiosidade: Cabelos cortados eram usados para fazer perucas para aristocratas, e barbas falsas eram produzidas para realeza e cidadãos comuns.
7. Arado para Plantação:
Evidências sugerem que egípcios e sumérios foram das primeiras sociedades a usar o arado, por volta de 4 mil anos a.C..
Inicialmente puxados por quatro homens (o que era exaustivo no calor), por volta de 2 mil anos a.C., os egípcios tiveram a ideia de amarrar os arados em bois, revolucionando a agricultura.
8. Pasta de Dente e Escova de Dentes:
Para manter a higiene bucal, os egípcios (junto com os babilônios) são creditados como inventores das primeiras escovas de dentes (pontas desfiadas de galhos de madeira) e da pasta de dente.
A pasta original era uma mistura abrasiva de pó de cascos de boi, cinzas, cascas de ovos queimados e pedras-pomes. Posteriormente, aprimoraram a fórmula com sal-gema, hortelã, flores de íris secas e grãos de pimenta.
A história do Egito é uma das mais longas e ininterruptas do mundo, abrangendo mais de três milênios. O sacerdote Manetão, no século III a.C., organizou essa história em 30 dinastias, sistema ainda usado hoje. Para facilitar a compreensão, a história egípcia é geralmente dividida em grandes períodos:
Período Pré-Dinástico (c. 5500-3150 a.C.):
Caracterizado pelo desenvolvimento de pequenas tribos no vale do Nilo em culturas agrícolas e pastoris mais sofisticadas, identificáveis pela cerâmica e objetos pessoais.
Culturas como Faium A (tecelagem), El-Omari (cemitérios), Badariana (cerâmica de alta qualidade, ferramentas de pedra, uso de cobre) se destacaram.
A Cultura de Naqada (c. 4000 a.C.) se expandiu, mostrando crescente poder e riqueza da elite, com produção de arte, cerâmica, vasos de pedra, joias e a invenção da faiança (esmalte cerâmico).
No final deste período, começaram a usar símbolos escritos que evoluiriam para os hieróglifos.
Época Tinita (ou Período Dinástico Inicial) (c. 3150-2675 a.C.):
Marcada pela unificação dos reinos do Alto e Baixo Egito, atribuída ao faraó Menés (que muitos estudiosos acreditam ser o faraó Narmer).
A capital foi movida de Tinis para a recém-fundada Mênfis, permitindo o controle do fértil Delta e das lucrativas rotas comerciais com o Levante.
Os faraós solidificaram seu poder, legitimando o controle estatal sobre terras, trabalho e recursos, essenciais para o crescimento da civilização.
Realizaram ataques e comércio com núbios, líbios, beduínos árabes e a região Sírio-Palestina.
Império Antigo (c. 2675-2130 a.C.):
Período de impressionante avanço na arquitetura, arte e tecnologia, impulsionado por uma administração centralizada eficiente.
Construção das Grandes Pirâmides: Foi a era das grandes pirâmides como monumentos fúnebres para os faraós. Destacam-se as pirâmides de Djoser (Pirâmide de Degraus), Quéops (Grande Pirâmide de Gizé), Quefren (com a Grande Esfinge) e Miquerinos.
A administração, sob o vizir, arrecadava impostos, coordenava projetos de irrigação e recrutava camponeses para projetos de construção.
Com o excedente de recursos, o Estado patrocinou monumentos colossais e obras de arte.
O comércio se expandiu para o Líbano, Palestina, Mesopotâmia e Punt. A primeira frota marítima egípcia foi criada sob Sefrés.
Declínio: Aumento do poder dos governantes regionais (nomarcas) e secas severas (c. 2200-2150 a.C.) corroeram o poder faraônico, levando ao Primeiro Período Intermediário.
Primeiro Período Intermediário (c. 2130-2040 a.C.):
Período de descentralização política, fome e conflitos após o colapso do governo central.
Apesar dos problemas, os líderes locais, livres da lealdade ao faraó, desenvolveram culturas prósperas em suas províncias, com enterros mais ricos.
Artesãos e escribas desenvolveram novos estilos, expressando otimismo e originalidade.
Duas dinastias rivais surgiram em Heracleópolis (Baixo Egito) e Tebas (Alto Egito). A reunificação ocorreu sob as forças de Tebas, lideradas por Mentuhotep II (c. 2055 a.C.), inaugurando o Império Médio.
Império Médio (c. 2040-1782 a.C.):
Período de restauração da prosperidade e estabilidade, com um renascimento da arte, literatura e grandes projetos de construção.
A capital foi mudada para Itjtawy, no Faium, sob Amenemés I.
Houve a reconquista militar da Núbia (rica em ouro) e a construção de estruturas defensivas no Delta Oriental ("Muros-do-Rei").
"Democratização da Vida Após a Morte": Houve um aumento na piedade pessoal, com a crença de que todas as pessoas possuíam uma alma e poderiam ser recebidas na companhia dos deuses após a morte, em contraste com a atitude elitista do Império Antigo.
Faraós dividiam o trono com seus sucessores (co-faraós) para assegurar a sucessão.
Declínio: Ambições de mineração e construção, combinadas com inundações inadequadas do Nilo, fragilizaram a economia. Colonos asiáticos no Delta Oriental começaram a assumir o controle, dando origem aos Hicsos.
Segundo Período Intermediário (c. 1782-1570 a.C.):
Com o enfraquecimento do poder faraônico, imigrantes asiáticos, conhecidos como Hicsos (Heka-khasut, "governantes estrangeiros"), assumiram o controle da região do Delta, com capital em Aváris.
Os Hicsos imitaram o modelo egípcio de governo, apresentando-se como faraós e integrando elementos egípcios em sua cultura.
Inovações Hicsos (Importante para Concursos): Introduziram novos elementos na civilização egípcia, como o cavalo, os carros de guerra, novos métodos de fiação e tecelagem, e novos instrumentos musicais.
Os reis de Tebas, liderados por Taá II e Camés, eventualmente derrotaram os núbios (aliados dos Hicsos) e Amósis I expulsou definitivamente os Hicsos do Egito (c. 1555 a.C.), inaugurando o Império Novo.
Império Novo (c. 1570-1070 a.C.):
Período de prosperidade sem precedentes e grande expansão territorial.
Campanhas militares sob Tutemés I e seu neto Tutemés III estenderam a influência egípcia para o maior império que o Egito já havia visto, do norte da Síria até a quarta catarata do Nilo na Núbia.
Faraó Hatshepsut: Uma faraó feminina que usou a propaganda para legitimar seu governo. Seu reinado foi marcado por expedições comerciais (Punt) e grandes construções.
Período de Amarna (Aquenáton): Por volta de 1350 a.C., Amenófis IV (Aquenáton) instituiu reformas radicais, classificando o obscuro deus sol Atom como divindade suprema e suprimindo o culto a outros deuses. Mudou a capital para Aquetáton (Amarna). Após sua morte, o culto a Atom foi abandonado, e faraós posteriores (Tutancâmon, Aí, Horemebe) apagaram referências a essa "heresia".
Ramessés II (O Grande): Um dos faraós mais famosos, construiu muitos templos, estátuas e obeliscos. Liderou o exército contra os hititas na Batalha de Cadexe (1274 a.C.) e assinou o primeiro tratado de paz da história (1258 a.C.), com apoio mútuo contra inimigos. Mudou a capital para Pi-Ramessés no Delta Oriental.
Povos do Mar: O Egito se tornou alvo de invasões, especialmente de líbios e dos Povos do Mar, que foram repelidos por Merneptá e Ramessés III, mas acabaram se assentando na costa palestina.
Declínio: Instabilidade política, golpes de Estado, distúrbios civis, corrupção e roubos de túmulos marcaram o fim do Império Novo, levando à fragmentação do país no Terceiro Período Intermediário.
Terceiro Período Intermediário (c. 1070-664 a.C.):
Período de fragmentação política, com o norte sob a autoridade de Tanis e o sul sob os sumos sacerdotes de Amom em Tebas.
Domínio Líbio: Príncipes líbios assumiram o controle do Delta (Dinastia Líbia ou Bubastilas) sob Sisaque I (945 a.C.), controlando o sul do Egito e restaurando o comércio.
Conquista Cuxita: A ameaça constante dos cuxitas (Núbia) do sul forçou dinastias egípcias a se unirem. No entanto, o rei cuxita Piiê (c. 727 a.C.) invadiu o norte, controlando Tebas e o Delta, formando a XXV dinastia.
Conflitos com Assírios: Os reis cuxitas Taraca e Tantamani enfrentaram conflitos contínuos com os assírios, que acabaram por empurrar os cuxitas para a Núbia, ocupando Mênfis e saqueando Tebas.
Época Baixa (c. 664-332 a.C.):
Os assírios deixaram o controle do Egito para reis vassalos (reis saítas da XVI dinastia).
Psamético I (c. 653 a.C.) conseguiu expulsar os assírios com a ajuda de mercenários gregos, estabelecendo a primeira marinha do Egito. Houve um breve ressurgimento da economia, sociedade e cultura.
Conquista Persa: Em 525 a.C., os persas, liderados por Cambises II, conquistaram o Egito, que se tornou uma satrapia. Revoltas foram suprimidas.
Houve uma breve restauração do domínio persa (XXXI dinastia).
Conquista de Alexandre, o Grande: Em 332 a.C., o governante persa Mazaces entregou o Egito sem luta a Alexandre, o Grande, que foi recebido pelos egípcios como um libertador.
Dinastia Ptolomaica (332-30 a.C.):
Estabelecida pelos sucessores de Alexandre (os Ptolomeus), com a capital na recém-erigida Alexandria.
Alexandria tornou-se um grande centro de aprendizado e cultura, abrigando a famosa Biblioteca de Alexandria e o Farol de Alexandria.
Os Ptolomeus, embora gregos, apoiaram as tradições egípcias antigas, construindo templos em estilo egípcio e retratando-se como faraós para garantir a lealdade da população. Houve fusão de algumas tradições, como a criação de divindades compostas como Serápis.
Apesar dos esforços, foram desafiados por rebeliões nativas e rivalidades familiares. O crescente interesse de Roma no Egito, como importante fornecedor de grãos, levou à sua intervenção.
Domínio Romano (30 a.C. - 642 d.C.):
O Egito tornou-se uma província do Império Romano em 30 a.C., após a derrota de Marco António e Cleópatra por Otaviano na Batalha de Ácio.
Os romanos dependiam fortemente das remessas de grãos do Egito.
Embora os romanos tivessem uma atitude mais hostil, algumas tradições egípcias, como a mumificação e o culto de deuses tradicionais, continuaram. A arte de retratar múmias floresceu.
Ascensão do Cristianismo: A partir do século I, o cristianismo se enraizou em Alexandria. Inicialmente visto como mais um culto, sua inflexibilidade contra o paganismo levou à perseguição de cristãos, culminando no grande expurgo de Diocleciano. Eventualmente, o cristianismo prevaleceu, e em 391, o imperador Teodósio I proibiu ritos pagãos e templos foram fechados.
A cultura pagã egípcia declinou continuamente, a capacidade de ler e escrever hieróglifos desapareceu, e templos foram convertidos em igrejas ou abandonados.
O Egito se tornou parte do Império Romano do Oriente (Bizantino) em 395.
Egito Medieval (642 - 1517):
Domínio Sassânida (619-629): Um breve período de controle pelo Império Sassânida.
Conquista Árabe (639-642): O Egito foi conquistado pelos árabes sob Anre ibne Alas, lugar-tenente do califa Omar, resultando na expulsão definitiva do poder bizantino.
Islamização e Arabização: A população se converteu ao islã e adotou o árabe como língua. A capital foi estabelecida em Fostate.
Dinastias Autônomas (Tulúnida e Iquíxida): Após o califado abássida entrar em decadência no século IX, dinastias locais como os Tulúnidas (Amade ibne Tulune) e Iquíxidas (Maomé ibne Tugueje Iquíxida) estabeleceram períodos de autonomia para o Egito.
Dinastia Fatímida (969-1171): Os Fatímidas, partidários do xiismo, conquistaram o Egito e fundaram o Cairo como sua nova capital. O Egito se tornou o centro de um império que controlava o norte da África, Sicília, Palestina, Síria, Iêmen, Meca e Medina. Houve grande desenvolvimento comercial.
Dinastia Aiúbida (1171-1250): Saladino acrescentou o Egito ao califado abássida. Ele reformou a administração e o exército, e expandiu as fronteiras.
Dinastias Mamelucas (Bahri e Burji) (1250-1517): Os mamelucos, inicialmente soldados escravos, derrubaram os Aiúbidas e assumiram o poder. O Cairo se tornou a cidade central do mundo islâmico após o saque de Bagdá pelos mongóis. Construíram grande parte da arquitetura islâmica do Cairo. A Peste Negra causou grande destruição à população e economia.
Egito Moderno (1517 - 1798):
Domínio Otomano: O sultão otomano Selim I derrotou os mamelucos e capturou o Cairo em 1517. O Egito se tornou uma província do Império Otomano, embora os mamelucos mantivessem grande parte de sua influência.
Período de declínio econômico e cultural. A abertura da rota Europa-Extremo Oriente pelo Cabo da Boa Esperança (rota marítima) tirou o monopólio comercial que o Egito detinha.
Egito Contemporâneo (1798 - Atualmente):
Invasão Francesa (1798-1801): Napoleão Bonaparte invadiu o Egito, mas foi expulso pelos otomanos e ingleses.
Dinastia de Maomé Ali (1805-1952): Maomé Ali, um soldado albanês, tomou o poder e é considerado o fundador do Egito moderno. Ele modernizou o exército, criou uma marinha e implementou reformas econômicas (monopólio estatal sobre comércio exterior).
Ocupação Britânica (1882-1952): A crescente dependência econômica da Europa (especialmente devido ao Canal de Suez) e as dívidas levaram à intervenção estrangeira. Em 1882, tropas britânicas ocuparam o país, formalizando um protetorado em 1914.
Independência (1922): O Reino Unido concedeu independência nominal, mas reservou-se o direito de intervir nos assuntos internos. A monarquia constitucional foi estabelecida.
Revolução de 1952 e Governo de Nasser: O Movimento dos Oficiais Livres, liderado por Gamal Abdel Nasser, derrubou a monarquia em 1952, proclamando a República do Egito. Nasser implementou políticas nacionalistas e socialistas, nacionalizou o Canal de Suez (Crise de Suez de 1956), e foi um líder proeminente do Movimento dos Não-Alinhados.
Período Sadat (1970-1981): Anwar Al Sadat sucedeu Nasser. Ele se afastou do socialismo, aproximou-se dos EUA e assinou os Acordos de Camp David com Israel (1979), devolvendo o Sinai ao Egito, mas gerando protestos no mundo árabe. Foi assassinado em 1981.
Período Mubarak (1981-2011): Hosni Mubarak sucedeu Sadat. Manteve a política de "porta aberta" para investimentos estrangeiros e a ajuda dos EUA. Enfrentou ataques terroristas de grupos fundamentalistas islâmicos, especialmente contra turistas. O Egito foi readmitido na Liga Árabe.
Revolução Egípcia de 2011: Grandes manifestações populares eclodiram, levando à renúncia de Mubarak em fevereiro de 2011.
Período Morsi (2012-2013): Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, venceu as primeiras eleições presidenciais democráticas. Seu governo foi marcado por protestos e tensões sobre a nova constituição, que incluía cláusulas baseadas na Sharia. Foi deposto por um golpe militar em julho de 2013.
Período El-Sisi (2014-Atualmente): Abdel Fatah el-Sisi, general, assumiu a presidência em 2014 com uma vitória esmagadora. Implementou projetos de infraestrutura e uma política rigorosa de controle de fronteiras.
A civilização egípcia serve como um exemplo extraordinário de como os fatores geográficos, sociais e culturais interagem e moldam a vida de sociedades complexas. A sua notável longevidade e as inovações que nos legou – desde o calendário solar e a medicina até a arte monumental e a escrita – continuam a moldar o nosso mundo e a inspirar artistas e pensadores contemporâneos.
Compreender o Egito Antigo é, portanto, fundamental não apenas para a apreciação de uma civilização milenar, mas também para a compreensão da evolução da civilização humana e das influências que ainda ressoam hoje. Ao mergulhar em sua história, sociedade, religião e legados, desenvolvemos nosso pensamento crítico, análise cultural e a capacidade de aprender com o passado para entender o presente.
Questões de múltipla escolha:
Qual era uma das características marcantes da religião no Egito Antigo?
A) Monoteísmo
B) Politeísmo
C) Ateísmo
D) Agnosticismo
Qual era a base da economia no Egito Antigo?
A) Comércio marítimo
B) Mineração
C) Agricultura
D) Pecuária
Em qual área do conhecimento os egípcios se destacaram?
A) Biologia
B) Matemática, astronomia, medicina e escrita hieroglífica
C) Música
D) Sociologia
Gabarito:
B) Politeísmo
C) Agricultura
B) Matemática, astronomia, medicina e escrita hieroglífica