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A Ergonomia Cognitiva é uma área do conhecimento que, apesar de não ser nova (com suas origens datando da década de 1940), ganhou ainda mais relevância com a crescente informatização dos processos e produtos no mundo do trabalho, especialmente a partir da década de 1980.
Em um cenário de rápidas mudanças tecnológicas, globalização e intensa demanda por produtividade, a compreensão dos processos mentais no trabalho é fundamental para garantir não apenas a eficiência, mas, acima de tudo, a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.
Para começar, vamos entender o que é Ergonomia Cognitiva. A Ergonomia, em sua essência, busca adaptar o trabalho ao ser humano. Ela é uma disciplina científica que estuda a relação entre o ser humano e seus meios, métodos e locais de trabalho, com o objetivo de desenvolver conhecimentos para uma melhor adaptação dos meios tecnológicos, dos ambientes de trabalho e de vida.
A Ergonomia Cognitiva é uma das três grandes áreas de especialização da Ergonomia, ao lado da Ergonomia Física e da Ergonomia Organizacional.
A Ergonomia Física estuda as características relacionadas às atividades físicas realizadas pelas pessoas, considerando anatomia, antropometria, fisiologia e biomecânica. Foca em aspectos como postura, manuseio de materiais, movimentos repetitivos e projeto de postos de trabalho.
A Ergonomia Organizacional trata dos aspectos relacionados aos sistemas sociotécnicos, estruturas, políticas e processos organizacionais. Inclui considerações sobre comunicação, gestão de recursos humanos, trabalho em grupo e cultura organizacional.
A Ergonomia Cognitiva, por sua vez, é a branca da ergonomia que se concentra na compreensão e adaptação do ambiente de trabalho às necessidades cognitivas dos trabalhadores. Ela estuda os processos mentais, tais como percepção, atenção, memória, raciocínio e resposta motora, e como eles afetam a interação entre seres humanos e outros elementos de um sistema.
É também conhecida como "Engenharia Psicológica" ou "Ergonomia de Software", especialmente por lidar com as questões de processamento de informação. Seu objetivo é explicitar como os processos cognitivos se articulam diante de situações de resolução de problemas em diferentes níveis de complexidade, buscando compatibilizar as soluções tecnológicas com as características e necessidades dos usuários.
A Ergonomia Cognitiva estuda como as pessoas pensam, percebem, lembram e tomam decisões no trabalho, e como esses processos são afetados pelas ferramentas, sistemas e ambiente. Ela avalia não apenas os processos mentais, mas também as emoções e afetos, pois estes estão presentes em todos os processos cognitivos e são indissociáveis da cognição e da tomada de decisão.
Para entender a Ergonomia Cognitiva, é crucial mergulhar nos processos mentais que ela estuda. A cognição humana é uma atividade cerebral de tratamento de informações que combina estímulos sensoriais com processos de foco, percepção, memória e interpretação, levando à tomada de decisão e resposta.
Os principais processos cognitivos abordados pela Ergonomia Cognitiva são:
Percepção e Sensação:
A sensação refere-se ao processo biológico de captação de estímulos (energia ambiental como luz, calor, pressão) pelos órgãos dos sentidos. É um fenômeno essencialmente biológico.
A percepção é a capacidade de realizar associações entre as informações sensoriais, a memória e o sistema cognitivo, resultando na elaboração de conceitos ou "visões" sobre as coisas. É um processo cognitivo complexo que envolve outros processos como memória, atenção e linguagem. A mesma sensação pode produzir percepções diferentes em diferentes pessoas, influenciando suas decisões.
A percepção não é apenas visual; ela envolve todos os sentidos e é influenciada pelas experiências passadas e pelo meio.
No contexto da interação com objetos e interfaces, a percepção visual e estética são cruciais, pois a forma, cores, estilo e a estética geral de um artefato podem atrair ou afastar o usuário e gerar juízos de valor.
Atenção:
A atenção é o processo que permite a captação e o tratamento ativo de informações, selecionando no que focar em um dado momento.
Nossas necessidades, valores e interesses exercem grande influência sobre aquilo a que prestamos atenção.
Existem processos pré-atencionais que ocorrem antes da atenção focada, fornecendo a base para a seleção de estímulos.
A multitarefa pode prejudicar a atenção e a concentração, especialmente em tarefas complexas, embora ouvir música suave possa, por vezes, auxiliar.
A Ergonomia Cognitiva busca compreender as estratégias que favorecem o direcionamento e a distribuição da atenção, ajudando a identificar o que é mais relevante na atividade.
Memória:
A memória diz respeito à recordação de vários tipos de informações armazenadas no cérebro, registrando experiências de forma seletiva. É crucial para a formação da identidade do indivíduo e como ele se comporta.
Tradicionalmente, a memória é dividida em sensorial, de curto prazo e de longo prazo. Mais recentemente, a memória de trabalho é vista como uma parte ativada da memória de longo prazo, funcionando como um gestor da memória.
As informações são codificadas (preparadas para armazenamento), armazenadas e recuperadas. O cérebro filtra informações para não sobrecarregar.
A memória é dinâmica e reconstruída a cada evocação, influenciada pelo contexto. Quanto mais frequente o uso de um "caminho" neural, mais forte ele se torna, fortalecendo o aprendizado.
Raciocínio:
É o processo de organização dos saberes dentro de um esquema lógico para compreender ou definir algo. Pode ser dedutivo (do geral para o específico) ou indutivo (do específico para o geral).
O raciocínio, juntamente com a resolução de problemas, planejamento e tomada de decisão, faz parte da cognição reflexiva. O nível de envolvimento na cognição reflexiva depende da experiência do indivíduo na área.
Resposta Motora:
As habilidades cognitivas e motoras são indissociáveis e interligadas aos processos de movimento corporal. A resposta motora ou física resulta da tomada de decisão, que é forjada pelos processos cognitivos.
A Ergonomia Cognitiva estuda como a quantidade de movimento ou ações físicas que um indivíduo realiza afeta mentalmente, podendo gerar frustração, cansaço mental, estresse, satisfação ou prazer. Ela avalia a interação física das pessoas com ambientes, atividades, objetos e interfaces, e como a estrutura informacional desses elementos influencia essa interação.
Um artefato confuso ou falho pode prejudicar essa interação e induzir ao erro, causando estresse.
Emoções e Afetos:
São partes inseparáveis da cognição, influenciando como nos sentimos, comportamos e pensamos. Não há dicotomia entre mente e emoção.
As emoções são a combinação de um processo avaliatório mental com respostas dispositivas (principalmente ao corpo e ao cérebro). Elas são desencadeadas por estímulos, mas a forma como são vivenciadas depende da intensidade do estímulo, experiências e estado mental do indivíduo.
Os afetos, por sua vez, norteiam as relações com o mundo, auxiliando na avaliação do que é bom ou ruim e servindo de base para percepções e tomada de decisão. O design afetivo reconhece a importância das emoções e afetos na interação com produtos, que vão além da função utilitária e podem gerar bem-estar e boas lembranças.
A Ergonomia Cognitiva envolve os processos mentais utilizados pelo funcionário para realizar suas funções, como memória, percepção e raciocínio. Ela avalia e intervém em questões que afetam o nível mental dos colaboradores. Alguns fatores que influenciam a Ergonomia Cognitiva são:
Estresse profissional / Estresse no trabalho: É um tópico relevante na Ergonomia Cognitiva. A sobrecarga cognitiva contínua, por exemplo, pode levar à Síndrome de Burnout, um estado de exaustão física, emocional e mental. A monotonia de atividades com pouca demanda de decisão também pode trazer prejuízos mentais.
Processos de tomada de decisão: Fator central. A Ergonomia Cognitiva estuda como os indivíduos gerenciam seu trabalho e as informações para construir ações e tomar decisões.
Carga mental que o trabalho exige: Um dos principais tópicos de estudo. A sobrecarga cognitiva ocorre quando as demandas colocadas na memória de trabalho excedem sua capacidade, resultando em dificuldade de concentração, lapsos de memória e ansiedade. A subcarga cognitiva ocorre em atividades que demandam pouca necessidade de tomada de decisão ou desempenho especializado, também sendo prejudicial.
Interação entre as pessoas e as máquinas / Interação Homem-Computador (IHC): Essencial na Ergonomia Cognitiva, especialmente com a informatização. A Ergonomia Cognitiva busca elaborar parâmetros para a concepção de aplicativos que orientem os usuários e facilitem a execução da tarefa, considerando que o usuário tem recursos percepto-cognitivos limitados. Sistemas de difícil interpretação podem impedir a ação dos usuários.
Confiabilidade humana: Tópico relevante.
Treinamento relacionado aos projetos que envolvem pessoas e sistemas: Também um tópico importante. Treinamentos e atualizações são recomendados para lidar melhor com situações e problemas.
Cultura organizacional: A incursão da cultura organizacional nas empresas vem contribuindo para a gestão das atividades de prevenção com os trabalhadores.
Comunicação e cooperação: Aspectos ligados à otimização de sistemas sociotécnicos.
Um ponto de confusão comum, especialmente devido à forma como são agrupados em algumas regulamentações (como o eSocial no Brasil, que os chamou de “fatores de riscos cognitivos e psicossociais”), é a diferença entre Fatores de Riscos Cognitivos Relacionados ao Trabalho (FRCRT) e Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho (FRPRT).
Essa é uma distinção muito importante e frequentemente cobrada em concursos e avaliações!
Fatores de Riscos Cognitivos Relacionados ao Trabalho (FRCRT):
Estão diretamente ligados à cognição, ou seja, ao processamento de informações (pensamento).
Englobam a percepção da informação, memória, inteligência, processamento de ideias, concentração, atenção e coordenação motora.
A FONTE GERADORA do FRCRT está na informação em si e em todo o processo de sua lida: desde a identificação de sinais (sensação), captação (percepção), processamento, armazenamento na memória, até seu uso na tomada de decisão.
Exemplos: alta demanda mental, uso frequente de memória de curto prazo, multitarefa, manipulação de múltiplas plataformas digitais simultaneamente, volume excessivo de informações (e-mails, mensagens), complexidade de tarefas, interrupções constantes.
Fatores de Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho (FRPRT):
Englobam aspectos emocionais e sociais.
Envolvem a relação do trabalhador com o meio externo a ele (empresa, normas, pessoas, atividade), que influencia seu desenvolvimento interno (emoções, personalidade, relações sociais).
A FONTE GERADORA dos FRPRT está na interação do meio interno do trabalhador (suas crenças, valores, percepções) com o meio externo (o trabalho, a organização do trabalho, o conteúdo da tarefa, as condições de trabalho).
São o resultado da interação entre ambiente e condições de trabalho, condições organizacionais, funções e conteúdo do trabalho, esforços, e características individuais e familiares dos trabalhadores.
Exemplos: relações interpessoais no trabalho, relação com diferentes níveis hierárquicos, relação com normas de produção ou qualidade, falta de autonomia, suporte social inadequado.
Enquanto os riscos cognitivos se referem à dificuldade ou sobrecarga no processamento mental de informações, os riscos psicossociais estão mais ligados à dinâmica das relações sociais e emocionais no ambiente de trabalho e como elas afetam o indivíduo.
A Ergonomia Cognitiva é extremamente necessária para melhorar as condições de trabalho e evitar doenças ocupacionais, além de aumentar a produtividade e a motivação dos colaboradores. Para aplicá-la, um profissional especializado (ergonomista) realiza um estudo da relação dos colaboradores com o ambiente de trabalho e propõe intervenções.
Como aplicar a Ergonomia Cognitiva?
O primeiro passo é realizar um gerenciamento dos fatores de risco cognitivos, identificando os riscos aos quais os colaboradores estão expostos. Esses fatores são variáveis para cada organização, dependendo do segmento, cultura da empresa, funções realizadas, pressões e clima vivenciado.
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é uma metodologia holística que visa identificar riscos e propor melhorias nos postos de trabalho, abrangendo aspectos físicos, cognitivos e organizacionais. No Brasil, ela é regulamentada pela NR-17, que busca adequar o trabalho para a segurança da mente e do corpo do trabalhador. A AET inclui etapas de análise da demanda, tarefa, atividade, diagnóstico e recomendações ergonômicas.
Uma parte fundamental da AET é a Análise Cognitiva do Trabalho, que pode ser realizada por meio da Técnica de Análise Cognitiva do Trabalho (TACT). A TACT é uma ferramenta específica para avaliar a carga cognitiva do trabalho e é aplicada em 9 etapas:
Coleta de relatos espontâneos: O trabalhador explica seu trabalho, os insumos e recursos utilizados, como executa as atividades e como percebe o trabalho, enfatizando o que é mais relevante ou desgastante.
Observação sistemática dos indivíduos em trabalho: Permite identificar a execução das atividades, riscos, ferramentas e tempo dedicado a cada parte.
Elaboração do mapa de processo de conhecimento: Uma representação visual de como o trabalhador realiza as atividades, a ordem, a interação com materiais e recursos, e como os resultados são obtidos. Essa ferramenta visual é poderosa para identificar as demandas cognitivas.
Realização do diagnóstico preliminar: Com base nos relatos e observações, faz-se uma identificação inicial dos pontos de desconforto, manipulação de sistemas, multitarefa e outros fatores de risco cognitivo.
Estruturação da entrevista dirigida: Um guia com perguntas específicas sobre carga mental, tomada de decisão, cooperação e comunicação, ajustadas ao posto de trabalho.
Aplicação da entrevista dirigida: Coleta de percepções do trabalhador sobre esses fatores, usando escalas de nível (total, alto, médio, baixo, não se aplica).
Tabulação da entrevista dirigida: Organização das respostas para análise.
Realização do diagnóstico final: Consolidação das informações para detalhar a carga mental do posto de trabalho, identificando os riscos cognitivos específicos.
Definição da proposta de intervenção: Propostas de atividades para melhorar as condições do posto de trabalho e reduzir o risco cognitivo.
Para uma avaliação eficaz dos FRCRT, o ergonomista deve:
Compreender o trabalho real: Ir além do que é prescrito ou esperado, entendendo o que é realmente feito pelo trabalhador e como é feito, sob as "condições reais", para gerar "resultados efetivos". Isso requer mais do que uma "visitinha".
Utilizar métodos qualitativos e quantitativos: Os qualitativos são essenciais para entender a complexidade dos riscos cognitivos, e podem ser complementados por quantitativos.
Envolver trabalhadores e gestores: Conversar com os trabalhadores (obrigação da NR 01 e 17) para entender suas percepções e com os gestores para compreender a organização e programação do trabalho.
Construir o Fluxograma de Informações: Uma das ferramentas mais poderosas para identificar e avaliar FRCRT, pois revela as demandas cognitivas que superam a capacidade do trabalhador.
Avaliar FRCRT tanto na AEP quanto na AET: Embora a AEP (Avaliação Ergonômica Preliminar) possa iniciar a identificação, a AET (Análise Ergonômica do Trabalho) consegue aprofundar o estudo dos FRCRT.
Reconhecer a peculiaridade de cada fator de risco cognitivo: Cada FRCRT é diferente e deve ser avaliado e tratado de forma específica, não como um bloco único.
A aplicação da Ergonomia Cognitiva traz uma série de benefícios tanto para os trabalhadores quanto para as organizações, contribuindo para a melhoria contínua e a sustentabilidade.
Para o Trabalhador:
Proteção da saúde: Redução da exposição à sobrecarga física e cognitiva, e outros danos.
Bem-estar: Melhora do conforto, saúde e segurança.
Redução de adoecimentos: Diminuição da incidência de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e Burnout.
Aumento da satisfação profissional: Profissionais mais motivados e engajados.
Melhoria das capacidades cognitivas: Aumento da memória, atenção e facilidade para reter conhecimento e resolver problemas.
Tomada de decisão mais assertiva: Mente mais descansada e capacidade aprimorada de decidir.
Equilíbrio mental: Ajuda a manter o desempenho da equipe com saúde mental e equilíbrio.
Para a Empresa:
Aumento da produtividade e eficiência: Colaboradores desempenham atividades com mais assertividade e qualidade.
Redução de custos: Menos acidentes, doenças, afastamentos, atrasos, faltas e retrabalho, o que gera benefícios financeiros significativos.
Melhoria da qualidade: Aumenta a qualidade dos produtos e serviços, já que a falta de consideração de fatores humanos pode gerar defeitos.
Redução da rotatividade de funcionários: Trabalhadores ficam mais tempo na empresa.
Melhoria do clima organizacional: Cria um ambiente de trabalho mais favorável e agradável.
Inovação e adaptação: Permite que a organização se adapte a novas tecnologias e processos de forma mais suave.
Prevenção de acidentes: A Ergonomia, em segurança, analisa fatores que influenciam o comportamento das pessoas em qualquer condição de trabalho, incorporando fontes de risco para humanos e organizações.
Vamos abordar algumas perguntas frequentes que surgem ao estudar Ergonomia Cognitiva:
A Ergonomia Cognitiva substitui a Ergonomia Física?
Não, de forma alguma. A Ergonomia Cognitiva é uma das três grandes áreas de especialização da Ergonomia (física, cognitiva e organizacional). Para uma abordagem completa e holística da saúde e segurança no trabalho, todas as três dimensões precisam ser consideradas, pois todos geram riscos ocupacionais. Um SGSST (Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho) completo deve incluir a ergonomia em seus domínios físico, cognitivo e organizacional. A avaliação ergonômica deve abranger análises físicas, cognitivas e organizacionais de todas as atividades.
Como a Ergonomia Cognitiva se relaciona com a saúde mental?
A Ergonomia Cognitiva e a saúde mental caminham de mãos dadas e são essenciais para o bem-estar no trabalho e para o resultado das organizações. Ela promove a adaptação do ambiente de trabalho às necessidades cognitivas para prevenir problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e estresse.
É possível ter muita ou pouca carga cognitiva?
Sim, ambos são prejudiciais. Existe a sobrecarga cognitiva (excesso de demanda mental) e a subcarga cognitiva (pouca demanda mental, levando à monotonia). Ambas devem ser gerenciadas para garantir o equilíbrio e o bem-estar do trabalhador.
A Ergonomia Cognitiva é relevante apenas para trabalhos com computadores?
Embora a Ergonomia Cognitiva tenha tido um campo de trabalho fortalecido pela informatização de processos e produtos e pela interação homem-computador, seu escopo é muito mais amplo. Ela se aplica a qualquer situação de trabalho que envolva processos mentais como percepção, atenção, memória, raciocínio e tomada de decisão. Isso inclui desde a operação de máquinas complexas em indústrias até atividades de planejamento, controle e avaliação em qualquer setor. A interação com objetos, ambientes e sistemas em geral também são focos.
A aplicação da Ergonomia Cognitiva é obrigatória por lei?
No Brasil, a Norma Regulamentadora 17 (NR-17) estabelece as diretrizes para a ergonomia no ambiente de trabalho. Ela visa a conformidade do empregador às práticas e regras que adequam o trabalho, tornando-o seguro para a mente e o corpo do trabalhador. Portanto, ao exigir uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET) que contemple aspectos cognitivos e organizacionais, a NR-17 torna a consideração da Ergonomia Cognitiva uma obrigação legal.
Para quem se prepara para concursos públicos, é fundamental focar nos seguintes aspectos da Ergonomia Cognitiva, que frequentemente aparecem nas provas:
Definição e domínios da Ergonomia: Conhecer a definição da International Ergonomics Association (IEA) e as três áreas de especialização (física, cognitiva, organizacional) é crucial.
Conceitos-chave da Ergonomia Cognitiva: Dominar os termos e seus significados:
Processos mentais: Percepção, atenção, memória, raciocínio e resposta motora.
Carga mental de trabalho: Entender sobrecarga e subcarga.
Tomada de decisão: Sua importância e os fatores que a influenciam.
Interação Homem-Computador (IHC): Sua relevância no contexto moderno do trabalho.
Estresse e treinamento: Como são abordados pela ergonomia cognitiva.
Diferença entre Riscos Cognitivos e Psicossociais: Essa distinção é um divisor de águas em muitas questões. Compreender a fonte geradora de cada um é vital.
Metodologias de Avaliação:
Análise Ergonômica do Trabalho (AET): Seus objetivos, etapas e a inclusão dos aspectos cognitivos.
Técnica de Análise Cognitiva do Trabalho (TACT): Suas 9 etapas e as ferramentas como o Mapa de Processo de Conhecimento.
NR-17: A norma é o principal balizador legal no Brasil e suas disposições sobre os aspectos cognitivos do trabalho são de extrema importância.
Impacto das novas tecnologias: Como a informatização e a automação afetam as demandas cognitivas dos trabalhadores.
A Ergonomia Cognitiva é uma disciplina crucial que permite compreender e aprimorar a interação entre as pessoas e os sistemas, com foco na eficiência mental e no bem-estar. Em um mundo cada vez mais digital e complexo, seus princípios são essenciais para o desenvolvimento de sistemas intuitivos, acessíveis e eficientes.
Os resultados de estudos indicam que, embora a ergonomia seja frequentemente utilizada para analisar aspectos físicos, ela ainda não é aplicada de forma abrangente em todos os seus domínios de especialização (física, cognitiva e organizacional) dentro dos Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST). Há uma oportunidade de construir modelos que integrem e avaliem o SGSST utilizando os domínios de especialização da ergonomia para melhorar o controle de riscos ocupacionais.
É evidente a necessidade de criar confiança entre a administração e os trabalhadores para que as modificações propostas pela ergonomia sejam eficazes e não apenas um cumprimento de requisitos legais. A Ergonomia Cognitiva, ao buscar uma compreensão holística do trabalhador em seu ambiente, contribui significativamente para a melhoria contínua da organização e o bem-estar dos trabalhadores.
Ao focar em como as informações são processadas e utilizadas, a Ergonomia Cognitiva não apenas aprimora a interação humana com tecnologias e processos, mas também promove um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado, resultando em um desempenho mais eficaz e seguro. A sua relevância só tende a crescer em um futuro do trabalho que demanda cada vez mais das capacidades mentais e emocionais dos indivíduos.
O que é abordado pela ergonomia cognitiva?
a) Apenas aspectos físicos do trabalho
b) Processos cognitivos e interação com o ambiente
c) Apenas a saúde emocional dos trabalhadores
d) Somente a interação com máquinas
e) Nenhuma das anteriores
Qual dos seguintes processos NÃO está relacionado ao Input na ergonomia cognitiva?
a) Atenção
b) Percepção
c) Planejamento
d) Vigilância tônico-postsural
e) Filtragem sensorial
Qual é um dos principais objetivos da ergonomia cognitiva?
a) Melhorar apenas a saúde física dos trabalhadores
b) Aumentar a velocidade de produção sem considerar a cognição
c) Ajustar as tarefas e ambientes às capacidades cognitivas humanas
d) Reduzir os custos operacionais a qualquer custo
e) Nenhuma das anteriores
b) Processos cognitivos e interação com o ambiente
c) Planejamento
c) Ajustar as tarefas e ambientes às capacidades cognitivas humanas