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23/04/2024 • 16 min de leitura
Atualizado em 21/07/2025

Estrutura das Palavras: Morfemas e Elementos Mórficos


Estrutura das Palavras: Morfemas e Elementos Mórficos

A Estrutura das Palavras: Aprenda o que são Morfemas e as Suas Diferentes Funções

Toda palavra, por mais simples que pareça, é uma construção complexa, composta por partes menores que carregam significado. Essas partes são as menores unidades significativas que formam as palavras e são chamadas de morfemas. Entender esses "blocos de construção" é crucial para qualquer estudante de Língua Portuguesa, especialmente aqueles que visam aprimorar suas competências de leitura e escrita.

Os morfemas são também conhecidos como elementos mórficos. Na constituição de uma palavra, podemos identificar cinco tipos principais de morfemas:

  1. O Radical

  2. Os Afixos (Prefixos e Sufixos)

  3. As Desinências (Nominais e Verbais)

  4. A Vogal Temática

  5. As Consoantes e Vogais de Ligação

Cada um desses elementos desempenha uma função específica na estrutura da palavra. Além disso, os morfemas podem ser classificados em relação à sua autonomia (morfemas livres e presos) e ao seu sentido (morfemas lexicais e gramaticais).


1. O Radical: O Coração Semântico da Palavra

O radical é o morfema que contém o significado básico da palavra. Ele é o núcleo semântico, a parte que se mantém comum em um conjunto de palavras que compartilham a mesma origem.

Como identificar o Radical? Para identificar o radical, observe as partes que se repetem em palavras da mesma "família".

  • Exemplo:

    • feliz

    • felizmente

    • infelizmente

    • infeliz

Nesses exemplos, a parte "feliz" é o radical, pois é o elemento que se repete e carrega o sentido fundamental da alegria ou satisfação.

Palavras Cognatas: As palavras que pertencem a uma mesma família, ou seja, que apresentam um radical comum, são chamadas de palavras cognatas.

  • Mais Exemplos de Palavras Cognatas:

    • pedra, pedrinha, pedregulho, pedreiro (radical: pedr-)

    • ferro, ferreiro, ferragem (radical: ferr-)

    • flor, flores, floricultura, florido (radical: flor-)

    • carro, carroça, carreta, carrinho (radicais: carr-/carret-)

    • amar, amor, desamor, amoroso (radical: am-)

O radical é frequentemente chamado de morfema lexical ou semantema, por carregar o significado principal do vocábulo.


2. Os Afixos: Multiplicadores de Sentido

Os afixos são morfemas que, quando somados aos radicais, têm a função de formar novas palavras. Eles são posicionados antes ou depois do radical e podem modificar o sentido básico da palavra ou até mesmo alterar sua classe gramatical.

Existem dois tipos de afixos, classificados de acordo com a sua posição em relação ao radical:

a) Prefixos

O prefixo é o afixo que aparece antes de um radical. Sua principal função é modificar o sentido básico do radical. Geralmente, os prefixos mantêm a classe gramatical da palavra de origem.

  • Exemplos:

    • infeliz (o prefixo "in-" muda o sentido de "feliz" para o seu oposto, "não feliz")

    • desleal

    • antipatia

    • retroceder

    • impossível (do latim 'in-' que significa negação) [Não nas fontes, mas é um exemplo comum e didático para prefixos de negação]

Origem dos Prefixos: A maioria dos prefixos da Língua Portuguesa tem origem latina ou grega.

  • Prefixos Latinos Comuns:

    • ab- (afastamento): abdicar

    • ambi- (duplicação): ambidestro

    • ante- (anterioridade): antepor, anteceder, antebraço

    • bem-, ben- (bem): bendito, beneficente

    • bi-, bis- (dois): biênio, bisneto

    • contra- (oposição): contradizer, contrapor, contra-ataque

    • in-, i- (negação): ingrato, ilegal, insolente, infiel

    • pos- (posição): posterior

    • semi- (metade): semicírculo

    • tri- (três): triângulo

  • Prefixos Gregos Comuns:

    • anti- (oposição): antipatia

    • arce- (superioridade): arcebispo

    • cata- (movimento para baixo): cataclismo

    • dis- (dificuldade): dispneia

    • en- (posição interior): encéfalo

    • epi- (posterioridade): epílogo

    • eu- (bem, bom): eufonia

    • hiper- (excessivo): hipertensão

    • para- (proximidade): paralelo

    • pro- (anterioridade): prólogo

b) Sufixos

O sufixo é o afixo que aparece depois de um radical. Os sufixos, ao contrário dos prefixos, não só modificam o sentido básico do radical, mas também, e principalmente, alteram a sua classe gramatical. Eles são fundamentais na formação de palavras derivadas.

  • Exemplos:

    • felizmente (O sufixo "-mente" transforma o adjetivo "feliz" em advérbio)

    • tolerante

    • realismo

    • cafezal

    • ricaço

Tipos de Sufixos: Os sufixos podem ser classificados em nominais, verbais e adverbiais.

  • Sufixos Nominais: Juntam-se ao radical para formar substantivos e adjetivos.

    • Aumentativos:

      • -ão: paredão

      • -aço: ricaço

      • -alhão: grandalhão

      • -aréu: povaréu

      • -arra: bocarra

      • -(z)arrão: homenzarrão

      • -eirão: boqueirão

      • -uça: dentuça

    • Diminutivos:

      • -inho: Pedrinho

      • -zinho: avozinho

      • -acho: riacho

      • -icho(a): barbicha

      • -eco: soneca

      • -ela: viela

      • -ote: velhote

      • -isco: chuvisco

    • Outros Sufixos Nominais e Seus Significados:

      • Agente, Profissão, Instrumento: -dor, -tor, -sor, -eiro, -ista, -nte, -rio (ex: causador, tradutor, professor, padeiro, dentista, estudante, bibliotecário)

      • Qualidade, Estado: -dade, -ência, -ez, -eza, -ice, -ície, -ismo, -or, -ude, -ume, -ura (ex: credibilidade, paciência, sensatez, beleza, meiguice, imundície, patriotismo, frescor, amplitude, azedume, formosura)

      • Lugar, Ramo de Negócio: -ado, -ato, -aria, -douro, -tório, -tério (ex: principado, orfanato, padaria, matadouro, dormitório, cemitério)

      • Ciência, Técnica, Doutrina: -ia, -ismo, -ica, -tica (ex: geometria, cristianismo, física, política)

      • Coletivo: -al, -agem, -ada, -ama, -ame, -ário, -aria, -edo, -eiro, -eira, -ena (ex: cafezal, ferragem, boiada, dinheirama, vasilhame, mobiliário, gritaria, arvoredo, formigueiro, fumaceira, dezena)

      • Qualidade em Abundância/Intensidade: -az, -ento, -lento, -into, -enho, -onho, -oso, -udo (ex: sagaz, ciumento, sonolento, faminto, ferrenho, medonho, jeitoso, barrigudo)

      • Natureza, Origem, Qualidade de: -eo, -aco, -iaco, -aico, -ano, -ão, -enho, -eno, -ense, -ês, -eu, -ino, -ista (ex: ósseo, demoníaco, paradisíaco, polaco, hebraico, paraibano, catalão, panamenho, chileno, cearense, francês, europeu, argentino, paulista)

      • Possibilidade, Tendência: -ável, -ível, -óvel, -úvel, -iço, -ivo (ex: amável, audível, móvel, solúvel, movediço, lucrativo)

      • Ação, Resultado de Ação: -ada, -agem, -ança, -aria, -eria, -ata, -ção, -ura, -ela, -ença, -ência, -mento, -or (ex: cabeçada, aprendizagem, esperança, pirataria, selvageria, passeata, correção, formatura, olhadela, parecença, continência, juramento, temor)

  • Sufixos Verbais: Juntam-se ao radical para formar verbos.

    • Ação que se repete: -ear, -ejar (ex: folhear, espernear, gotejar, apedrejar)

    • Ação diminutiva que se repete: -icar, -itar, -iscar (ex: bebericar, saltitar, petiscar)

    • Ação que principia: -ecer, -escer (ex: amanhecer, anoitecer, florescer, rejuvenescer)

  • Sufixos Adverbiais: Juntam-se ao radical para formar advérbios.

    • O único sufixo adverbial em português é -mente.

      • Exemplos: cuidadosamente, firmemente, francamente, justamente, rapidamente.


3. As Desinências: As Marcas da Flexão

As desinências são morfemas que indicam as flexões das palavras variáveis. Diferentemente dos afixos, as desinências não formam novas palavras, mas sim indicam variações de uma mesma palavra. Elas são identificadas no final dos radicais.

As desinências se dividem em dois tipos: nominais e verbais.

a) Desinências Nominais

As desinências nominais se ligam a nomes (substantivos, adjetivos e pronomes) e indicam as variações de gênero e de número.

  • Desinência de Gênero:

    • -o: indica o gênero masculino (menino, bonito).

    • -a: indica o gênero feminino (menina, bonita).

    • Atenção para Concursos: Existem duas linhas de pensamento em relação à desinência de gênero masculino. Alguns gramáticos consideram o "-o" como a desinência de gênero masculino. Outros defendem que o gênero masculino é marcado pela ausência de desinência, ou seja, por uma desinência zero.

      • Exemplo: menina (desinência "-a" marcada) vs. menino (desinência de gênero masculino "não marcada" ou "zero desinência").

    • Palavras sem Flexão de Gênero: Em casos como "o guarda / a guarda" ou "a cara / o cara", o gênero é determinado pelos artigos, e a palavra em si não possui desinência de gênero.

  • Desinência de Número:

    • -s: indica a formação de plural (meninos, meninas).

    • As formas no singular são identificadas pela ausência de desinência de plural (desinência zero para o singular).

    • Exemplos: mesa (singular, desinência zero) vs. mesas (plural, desinência "-s").

    • Atenção para Concursos (Exceções):

      • O plural pode ser marcado pela desinência -es em algumas palavras (meses, portugueses, países).

      • Alguns nomes não admitem desinência de número, sendo o singular ou plural indicado por artigos, numerais ou adjetivos (lápis, ônibus, férias, vírus).

b) Desinências Verbais

As desinências verbais se unem aos verbos para indicar as flexões de pessoa, número, tempo e modo.

  • Desinência Número-Pessoal (DNP): Relaciona-se ao número (singular/plural) e à pessoa (1ª, 2ª, 3ª) do verbo.

    • Exemplos:

      • 1ª pessoa do singular: eu canto, eu danço, eu corro (desinência -o)

      • 2ª pessoa do singular: tu cantavas, tu dançavas, tu corres (desinência -s)

      • 1ª pessoa do plural: nós cantamos, nós dançamos, nós corremos (desinência -mos)

      • 3ª pessoa do plural: eles cantam, eles dançam, eles correm (desinência -m)

    • A substituição de uma DNP por outra altera a pessoa e o número da forma verbal (Ex: "estudavas" para "estudavam" muda de 2ª singular para 3ª plural).

  • Desinência Modo-Temporal (DMT): Indica o modo (indicativo, subjuntivo, imperativo) e o tempo (passado, presente, futuro) em que a ação verbal acontece.

    • Exemplos:

      • Pretérito Imperfeito do Indicativo (1ª conjugação): eu chorava

      • Pretérito Imperfeito do Indicativo (2ª e 3ª conjugações): eu dormia

      • Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo: eu bebera

      • Futuro do Pretérito do Indicativo: eu fugiria

      • Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: se eu quisesse

      • Futuro do Subjuntivo: dançares

    • A substituição de uma DMT por outra altera o tempo e o modo da forma verbal (Ex: "estudavas" (DMT "-va-", pretérito imperfeito do indicativo) para "estudares" (DMT "-re-", futuro do subjuntivo)).

  • Desinência Verbo-Nominal: Indica as formas nominais dos verbos (infinitivo, gerúndio ou particípio).

    • -r: desinência indicativa de infinitivo (chorar, comer, estudar).

    • -ndo: desinência indicativa de gerúndio (chorando, comendo, estudando).

    • -do: desinência indicativa de particípio (chorado, comido, estudado).


4. A Vogal Temática: A Ponte entre Radical e Desinência

A vogal temática é um morfema vocálico que se acrescenta a certos radicais antes das desinências. Sua principal função é preparar o radical para receber as desinências, funcionando como uma "ponte" ou "elo".

O que é Tema? O tema é o conjunto formado pelo radical e pela vogal temática.

  • Exemplos:

    • estud-a-va-s (radical: estud-, vogal temática: -a-)

    • cant-a-mos (radical: cant-, vogal temática: -a-)

    • part-i-r (radical: part-, vogal temática: -i-)

    • part-i-riam (radical: part-, vogal temática: -i-)

    • cas-a-s (radical: cas-, vogal temática: -a-)

    • carr-o-s (radical: carr-, vogal temática: -o-)

Atenção: Vogal Temática vs. Desinência Nominal É fundamental não confundir a vogal temática com a desinência nominal. A vogal temática não indica o gênero gramatical de uma palavra, nem qualquer outra flexão. A desinência, sim, indica flexões.

Os temas podem ser nominais ou verbais.

a) Vogal Temática Nominal

Quando somadas aos radicais nominais, as vogais átonas finais "-a", "-e" e "-o" atuam como vogais temáticas nominais. Elas podem ocorrer tanto em palavras do gênero masculino quanto em palavras do gênero feminino, não indicando o gênero gramatical.

  • Exemplos:

    • poema (substantivo masculino, vogal temática -a)

    • sorte (substantivo feminino, vogal temática -e)

    • prato (substantivo masculino, vogal temática -o)

    • escola-s

    • cadeira-s

    • controle-s

Exceção Importante para Concursos: Palavras terminadas em vogais tônicas (pronunciadas com mais força) não apresentam vogal temática.

  • Exemplos: Pará, toró, chulé.

b) Vogal Temática Verbal

As vogais temáticas verbais, quando somadas aos radicais verbais, são responsáveis por definir as conjugações verbais.

  • Primeira Conjugação: Apresenta a vogal temática "-a".

    • Exemplos: cantar, estudar, amar, dançar, admirar, derrubar, acordar

  • Segunda Conjugação: Apresenta a vogal temática "-e".

    • Exemplos: escrever, ler, correr, viver, saber, padecer, rever

  • Terceira Conjugação: Apresenta a vogal temática "-i".

    • Exemplos: sair, sorrir, dormir, partir, ouvir, banir, dividir


5. Consoantes e Vogais de Ligação: Facilitadores Fonéticos

Para facilitar a pronúncia de uma palavra ou para evitar uma sequência sonora desagradável no ponto de encontro entre dois morfemas, acrescenta-se uma consoante ou uma vogal de ligação. É importante ressaltar que esses elementos não possuem significado próprio; sua função é puramente fonética.

  • Exemplos de Consoante de Ligação:

    • café + eira = cafeteira (o -t- é uma consoante de ligação)

    • chaleira (o -l- é uma consoante de ligação)

    • pezinho (o -z- é uma consoante de ligação)

  • Exemplos de Vogal de Ligação:

    • café + cultura = cafeicultura (o -i- é uma vogal de ligação)

    • gasômetro (o -ô- é uma vogal de ligação)

    • inseticida (o -i- é uma vogal de ligação)

    • pau + ada = paulada (o -l- é um exemplo peculiar, as fontes divergem se é consoante ou vogal de ligação dependendo da análise)

    • pontiagudo (o -i- é uma vogal de ligação)


A Importância da Morfologia na Leitura e Escrita: Além da Gramática Tradicional

O conhecimento morfológico não é apenas uma parte da gramática a ser memorizada para provas; ele assume um papel determinante no desenvolvimento de competências de literacia, como a leitura, a escrita e, crucialmente, a compreensão da leitura. Embora os modelos teóricos sobre leitura e escrita muitas vezes sub-representem a influência da morfologia, a evidência científica demonstra associações robustas.

O "Modelo das Vias Morfológicas" (do inglês, "Morphological Pathways Framework"), desenvolvido por Levesque et al. (2021), busca integrar de forma detalhada como a morfologia influencia esses processos. Baseado na "Estrutura dos Sistemas de Leitura", esse modelo considera a interação de sistemas linguísticos, de escrita e de conhecimento geral com o sistema cognitivo do leitor.

1. O Papel da Morfologia na Leitura e Escrita

A leitura e a escrita estão intimamente relacionadas. A morfologia é um componente vital nessa interação:

  • Conhecimento do Sistema Linguístico e Ortográfico: Aprender a ler envolve a correspondência grafo-fonêmica (letras-sons), mas a escrita correta requer a integração de padrões ortográficos e morfológicos. O Sistema Linguístico (que inclui a consciência fonológica, sintática e morfológica) e o Sistema Ortográfico (composto por grafemas e morfemas) possuem uma relação explícita e bidirecional.

  • Processos de Identificação de Palavras: Após o domínio do princípio alfabético, os processos morfológicos influenciam a aprendizagem da leitura e escrita. Na fase alfabética consolidada, a decodificação ocorre por meio de elementos ortográficos maiores, como os morfemas. O contato frequente com um morfema, como "-mente", aumenta a eficiência da leitura de palavras que o contêm (ex: "felizmente", "mentalmente", "miseravelmente").

    • Os morfemas podem ser uma referência mais precisa e eficiente para a leitura do que os padrões ortográficos.

    • Eles permitem um acesso mais direto ao significado da palavra, pois são unidades compostas de sentido.

    • Morfemas contêm informações multidimensionais, ligando forma (fonologia e ortografia) e significado (semântica). Representações lexicais de alta qualidade incluem essa sobreposição de informações.

  • Processamento Morfológico: O processamento morfológico se desenvolve, inicialmente, de forma reflexiva em morfemas com base na complexidade (processamento morfo-ortográfico, ex: "comer" = "com+er"). Posteriormente, ele integra informações semânticas (processamento morfo-semântico).

    • Essa distinção se equipara à decodificação morfológica (decomposição de palavras complexas ao nível da palavra) e à análise morfológica (apoio à compreensão de palavras complexas ao nível do significado).

    • Tanto a decodificação quanto a análise morfológica são mecanismos-chave para o acesso lexical, exercendo influência importante na compreensão da leitura.

2. A Morfologia na Compreensão da Leitura

A consciência morfológica (capacidade de refletir e manipular morfemas) assume um papel fundamental na compreensão da leitura. Ela não só prevê significativamente a compreensão da leitura, mas também a influencia direta e indiretamente, por meio da decodificação e análise morfológica.

No "Modelo das Vias Morfológicas", a consciência morfológica está ligada à compreensão da leitura por uma via direta e duas vias indiretas (decodificação e análise morfológica). A consciência morfológica é a base de conhecimento que permite que esses mecanismos morfológicos operem durante a leitura.

Ideias-Chave sobre a Morfologia e Literacia: Levesque et al. (2021) demonstraram a multidimensionalidade da morfologia no desenvolvimento da alfabetização, ou seja, na aprendizagem da leitura, escrita e compreensão da leitura. O "Modelo das Vias Morfológicas" é um modelo dinâmico que especifica os principais mecanismos morfológicos que operam de forma paralela e bidirecional no desenvolvimento da alfabetização, oferecendo implicações importantes para o ensino em sala de aula.


Perguntas Frequentes (FAQ) e Dicas para Concursos e ENEM

Dominar a estrutura das palavras é um diferencial em qualquer prova de Língua Portuguesa. Vamos abordar algumas dúvidas comuns e pontos cruciais para sua preparação.

1. Qual a diferença entre Morfema e Morfe?

De acordo com os estudos linguísticos, o morfema é um constructo mental, um sentido que está na mente do falante (similar ao fonema, que é o som em sua forma abstrata). Já o morfe é a realização fonética desse morfema.

  • Exemplo: O morfema de plural é o sentido de plural. O morfe "-s" na palavra "cartas" é a realização desse morfema.

  • Analogia do dicionário: Os lexemas são as palavras listadas no dicionário (formas canônicas, ex: verbo no infinitivo, substantivo no masculino singular). As léxias são as diferentes ocorrências dessas palavras em um texto (as realizações, ex: "canto", "canta", "cantamos" para o lexema "cantar").

2. Uma palavra pode ter apenas um morfema?

Sim! Na palavra "lua", por exemplo, existe apenas um morfema, que é a própria palavra. No entanto, em "luas", já identificamos dois morfemas: "lua" (radical com sentido completo) e "-s" (morfema que indica plural). Morfemas que funcionam como vocábulos e possuem sentido próprio são chamados de morfemas livres.

3. Como identificar os morfemas em uma palavra?

Para identificar os morfemas, siga uma ordem didática:

  1. Constatar a classe gramatical: Verifique se o termo é um nome (substantivo, adjetivo, pronome) ou um verbo, pois isso definirá os tipos de flexões possíveis.

  2. Identificar o Radical: Busque o elemento que carrega o significado principal e se repete em palavras da mesma família.

  3. Analisar Afixos:

    • Verifique se há prefixos (antes do radical) que modificam o sentido.

    • Verifique se há sufixos (depois do radical) que modificam o sentido ou alteram a classe gramatical.

  4. Procurar Desinências:

    • Para nomes, identifique desinências de gênero ("-o", "-a") e número ("-s").

    • Para verbos, identifique desinências de número-pessoal (que indicam pessoa e número) e modo-temporal (que indicam modo e tempo). Lembre-se também das desinências verbo-nominais para infinitivo, gerúndio e particípio.

  5. Observar Vogais Temáticas: Note se há uma vogal que liga o radical às desinências, formando o tema, e que não indica flexão.

  6. Verificar Elementos de Ligação: Procure por vogais ou consoantes que aparecem soltas e servem apenas para facilitar a pronúncia.

4. Quais são as principais "pegadinhas" de concursos e ENEM sobre morfemas?

  • Desinência de Gênero Masculino: A controvérsia sobre o "-o" ser uma desinência ou uma desinência zero é um ponto frequente. Em geral, a ausência de desinência para o masculino é a mais aceita em muitas bancas.

  • Palavras sem Flexão de Gênero/Número: Entender que em palavras como "lápis" ou "guarda" (quando o gênero é definido pelo artigo), a flexão de número ou gênero não é marcada por desinências morfológicas, mas sim por outros elementos, como o artigo ou numeral.

  • Diferença entre Vogal Temática e Desinência: A distinção entre a função de "ligar o radical" (vogal temática) e "indicar flexão" (desinência) é crucial.

  • Vogais Temáticas em Palavras com Vogal Tônica: Lembre-se que palavras com vogais tônicas no final (como "café" ou "chulé") não possuem vogal temática.

  • Função dos Afixos vs. Desinências: O sufixo cria uma nova palavra (derivada), enquanto a desinência apenas flexiona uma palavra existente. Isso é um erro comum que vale a pena reforçar.

  • Reconhecimento de Afixos com Mudança de Classe Gramatical: A capacidade de um sufixo alterar a classe gramatical é um ponto importante para a análise morfológica completa.

Dicas de Ouro para Concursos e ENEM:

  1. Mapeamento Constante: Sempre que analisar uma palavra em um exercício ou texto, tente identificar todos os morfemas presentes. A prática leva à perfeição.

  2. Atenção aos Contextos: Para desinências verbais, o contexto de pessoa, número, tempo e modo é fundamental para a identificação correta.

  3. Foco na Compreensão: Lembre-se que a morfologia não é apenas sobre "desmontar" palavras, mas sobre entender como essa estrutura contribui para o significado e a clareza, o que é vital para a interpretação de textos e a produção textual (especialmente na coesão e coerência). A consciência morfológica melhora a compreensão da leitura.

  4. Estude as Exceções: Concursos adoram cobrar as "pegadinhas" e os casos especiais de desinências e vogais temáticas. Revisite as seções específicas de desinências nominais e vogais temáticas nominais para fixar esses pontos.


O Poder da Morfologia em Suas Mãos

Compreender a estrutura das palavras através do estudo dos morfemas e elementos mórficos é um passo gigante para qualquer estudante de Língua Portuguesa. Não se trata apenas de gramática, mas de uma ferramenta poderosa que aprimora sua capacidade de leitura, escrita e interpretação.

Ao dominar o radical, os afixos (prefixos e sufixos), as desinências (nominais e verbais), a vogal temática e os elementos de ligação, você estará apto a desvendar os segredos de qualquer vocábulo.

Invista seu tempo nesse estudo didático e completo. A morfologia é a chave para uma compreensão mais rica e eficaz da nossa língua, abrindo portas para um desempenho excepcional em todas as áreas do conhecimento.

Questões Multipla escolha:

  1. Qual é o elemento base que serve de significado à palavra e não sofre alterações?
    A) Raiz
    B) Radical
    C) Tema
    D) Afixo
    E) Desinência

  2. O que é obtido quando se tira o "r" do infinitivo de um verbo?
    A) Raiz
    B) Radical
    C) Tema
    D) Afixo
    E) Desinência

  3. Qual é o morfema acrescido no final das palavras que indicam as suas flexões de gênero e número?
    A) Radical
    B) Tema
    C) Afixo
    D) Desinência
    E) Vogal temática

Respostsas:

  1. B) Radical

  2. C) Tema

  3. D) Desinência