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08/03/2024 • 20 min de leitura
Atualizado em 28/07/2025

Fases da Revolução Russa

A Revolução Russa de 1917 foi um dos eventos mais transformadores do século XX, marcando o fim de uma era czarista e o nascimento do primeiro Estado socialista do mundo, a União Soviética. Para estudantes e entusiastas da história, compreender suas complexas fases, seus atores e as ideologias em jogo é fundamental.


1. O Cenário da Rússia Pré-Revolucionária: Um Império em Crise

Antes de mergulharmos nas fases da revolução, é essencial entender o contexto da Rússia no início do século XX. O Império Russo era um paradoxo: um dos maiores países em extensão territorial e população da Europa (cerca de 171 milhões em 1904), mas profundamente atrasado em comparação com as potências ocidentais.

1.1. Estrutura Social e Econômica Atrasada

A Rússia Czarista era majoritariamente rural e agrária, com práticas que ainda remetiam ao feudalismo. A terra estava concentrada nas mãos de uma elite latifundiária (boiardos e nobreza), que detinha cerca de 80% das terras, enquanto a maioria da população (cerca de 80%) vivia em extrema pobreza e miséria. Além disso, a taxa de analfabetismo era altíssima, com 90% da população rural sem saber ler e escrever.

A economia era baseada na agroexportação e figurava como uma das mais atrasadas da Europa. A servidão agrária, abolida por Alexandre II em 1861, não resolveu a miséria dos camponeses, que, na prática, permaneciam em condições precárias devido à necessidade de ressarcir seus senhores. Isso resultava em baixa produtividade agrícola e frequentes crises de abastecimento alimentar.

1.2. O Regime Absolutista Czarista

Politicamente, a Rússia era a última monarquia absolutista da Europa. O poder era centralizado nas mãos do czar, da dinastia Romanov, que governava desde 1613. O último czar, Nicolau II (1894-1918), manteve o absolutismo e sua autocracia.

A monarquia era sustentada pela nobreza rural, oficiais do exército e pela Igreja Ortodoxa Russa, que exercia forte influência. A polícia política do governo, a Okhrana, exercia controle severo sobre a educação, imprensa e tribunais, reprimindo qualquer oposição.

1.3. Tentativas de Modernização e Oposição Crescente

Czares como Alexandre II (1858-1881) tentaram promover reformas modernizadoras, como a abolição da servidão (1861), incentivo ao ensino e autonomia administrativa. No entanto, essas medidas não alteraram significativamente a estrutura social e foram combatidas pelas classes conservadoras. Alexandre II acabou assassinado por grupos de oposição em 1881.

Seu sucessor, Alexandre III (1881-1894), retomou o rigor do regime absolutista e impulsionou a industrialização com capital estrangeiro (principalmente francês). Isso levou à formação de um operariado urbano concentrado em cidades como Moscou e São Petersburgo. Esses trabalhadores enfrentavam salários miseráveis e jornadas exaustivas (12 a 16 horas diárias) em condições insalubres.

Essa situação de exploração criou um terreno fértil para o florescimento de ideias socialistas e revolucionárias. Movimentos como o Terror Revolucionário se desenvolveram na segunda metade do século XIX e início do XX, com picos de violência e ataques contra o regime.

2. O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) e a Divisão Histórica: Bolcheviques e Mencheviques

A penetração de ideias marxistas na Rússia levou à formação do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Este partido, violentamente combatido pela Okhrana, reorganizou-se no exterior, com líderes como Gueorgui Plekhanov, Vladimir Ilyich Ulyanov (Lênin) e Lev Bronstein (Trotsky).

2.1. A Divisão de 1903: Maioria vs. Minoria

A divergência sobre a forma de ação levou à divisão do POSDR em duas facções principais durante a Segunda Conferência do partido em 1903.

  • Bolcheviques (bol'shinstvo - "maioria"):

    • Liderados por Vladimir Lênin. Outros líderes importantes foram Leon Trotsky (que aderiu mais tarde, em 1917) e Joseph Stalin.

    • Defendiam uma abordagem radical e revolucionária, visando à tomada imediata do poder pelo proletariado para estabelecer o socialismo.

    • Acreditavam na necessidade de uma liderança centralizada e disciplinada (um "partido de tipo novo" ou partido de vanguarda) para guiar o movimento revolucionário.

    • Advogavam pela abolição do capitalismo e da propriedade privada dos meios de produção, em favor da propriedade coletiva sob controle do Estado.

    • Defendiam a criação de uma ditadura do proletariado como estágio de transição para o comunismo.

    • Sua base ideológica era uma interpretação radical do marxismo, adaptada às condições russas.

  • Mencheviques (menshinstvo - "minoria"):

    • Liderados por figuras como Julius Martov e George Plekhanov.

    • Favoreciam uma estratégia mais moderada e gradual para alcançar o socialismo.

    • Acreditavam que a Rússia precisava passar por um pleno desenvolvimento capitalista e uma revolução burguesa antes de se buscar o socialismo.

    • Defendiam trabalhar dentro do sistema existente, buscando reformas progressivas através da participação em processos políticos institucionais, como a Duma (parlamento).

    • Enfatizavam a importância da participação das massas e da coalizão com outras forças políticas.

    • Defendiam a preservação das liberdades políticas e civis.

A principal divergência entre bolcheviques e mencheviques era, portanto, a abordagem para alcançar o socialismo na Rússia. Os bolcheviques defendiam a revolução imediata e a tomada do poder, enquanto os mencheviques favoreciam uma abordagem gradual e reformista.

3. A Revolução de 1905: O "Ensaio Geral"

A Revolução Russa de 1905, também conhecida como a Primeira Revolução Russa, é amplamente considerada o marco inicial das mudanças sociais que culminariam na Revolução de 1917, sendo referida por Lênin como um "ensaio geral".

3.1. Causas e O "Domingo Sangrento"

As tensões pré-existentes na Rússia foram intensificadas pelo desempenho desastroso do exército russo na Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), uma disputa imperialista por territórios como a Manchúria e a Crimeia. A derrota russa e os enormes gastos bélicos agravaram a crise econômica e o descontentamento popular.

O estopim para a revolução de 1905 foi o "Domingo Sangrento", em 22 de janeiro de 1905 (9 de janeiro no calendário juliano). Uma manifestação pacífica de cerca de um milhão e meio de pessoas, liderada pelo padre Gregori Gapone, marchou em direção ao Palácio de Inverno do czar Nicolau II em São Petersburgo. A multidão, cantando hinos religiosos e até mesmo o hino nacional, desejava entregar uma petição reivindicando direitos ao povo, reforma agrária, tolerância religiosa, fim da censura e a presença de representantes populares no governo.

A resposta do czar foi brutal: a Guarda Imperial disparou contra a multidão, resultando em um massacre. Este evento destruiu a imagem benevolente do czar e seu apoio popular, que até então o viam como um pai que protegeria o povo da nobreza corrupta. Uma nova época na história russa havia começado.

3.2. Consequências e a Ascensão dos Sovietes

O Domingo Sangrento desencadeou uma onda de revoltas e greves por todo o país. A Marinha se revoltou (como o Levante do Encouraçado Potemkim).

Nesse contexto de agitação, surgiram os Sovietes (conselhos, em russo). O primeiro Soviete de São Petersburgo foi criado por trabalhadores para coordenar as greves e servir como palco de debate político. Embora inicialmente dominado por socialistas radicais (os bolcheviques foram os mais influentes, com Trotsky chegando a presidi-lo), suas atividades foram frequentemente paralisadas pela repressão.

Diante da pressão, o czar Nicolau II lançou o Manifesto de Outubro (1905), prometendo reformas como a criação de uma Duma Estatal (parlamento) e a permissão de partidos políticos. No entanto, essas medidas tiveram escasso efeito, pois o czar mantinha o controle, podia dissolver a Duma a qualquer momento, e os partidos eram vigiados.

Apesar do fracasso imediato da revolução de 1905 – com a repressão do czar após o término da guerra contra o Japão, a prisão e exílio de líderes e a ilegalidade dos sovietes – ela serviu como uma valiosa lição para os líderes revolucionários, preparando o terreno para os eventos de 1917.

4. A Revolução Russa de 1917: As Duas Fases Cruciais

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o catalisador final para a Revolução de 1917. A Rússia, integrante da Tríplice Entente, sofreu pesadas derrotas militares contra a Alemanha devido à sua deficiência tecnológica e falta de equipamentos. Isso resultou em milhões de mortos e prisioneiros, crise de abastecimento alimentar nas cidades, inflação de 1000%, e deserções massivas de tropas, desintegrando o moral do exército e da população. O regime czarista estava intensamente debilitado e impopular.

A Revolução de 1917 compreendeu duas fases distintas: a Revolução de Fevereiro (ou Revolução Branca) e a Revolução de Outubro (ou Revolução Vermelha).

4.1. Revolução de Fevereiro (Março de 1917 - Calendário Ocidental): A Queda do Czar

A primeira fase, conhecida como Revolução de Fevereiro (8 a 16 de março de 1917 no calendário gregoriano, 23 de fevereiro a 3 de março no calendário juliano), foi desencadeada pela escassez de alimentos e o descontentamento popular em Petrogrado (antiga São Petersburgo), então capital. Manifestações iniciadas no Dia Internacional da Mulher (8 de março) se espalharam, e, crucialmente, partes do exército se recusaram a reprimir os manifestantes e se uniram à revolta, confraternizando com o povo.

Em 15 de março de 1917, pressionado pelas greves, motins e a perda de apoio militar, o Czar Nicolau II abdicou do trono. Este ato marcou o fim da monarquia czarista e da dinastia Romanov. Sua família foi posteriormente executada pelos bolcheviques.

4.1.1. O "Duplo Poder" (Dupla Autoridade)

Após a queda do czar, a Rússia entrou em um período de "duplo poder" (dualidade de poderes), uma característica marcante do processo revolucionário entre fevereiro e outubro de 1917. Duas instituições co-existiam e disputavam a legitimidade para governar:

  • Governo Provisório Russo:

    • Formado por deputados moderados da Duma, majoritariamente da classe média e forças liberais da burguesia.

    • Inicialmente chefiado pelo Príncipe Georgy Lvov, latifundiário, e posteriormente por Alexander Kerensky (um menchevique, Ministro da Guerra).

    • Tinha caráter liberal burguês, comprometido com a manutenção da propriedade privada e, crucialmente, a continuação da Rússia na Primeira Guerra Mundial.

    • Não conseguiu atender às principais reivindicações da população.

  • Soviete de Petrogrado (Conselho de Deputados de Trabalhadores e Soldados):

    • Reativado após a Revolução de 1905, era composto por representantes de operários, soldados e camponeses.

    • Exercia um poder "ao mesmo tempo executivo e legislativo", com representantes eleitos a partir dos locais de trabalho e quartéis.

    • Reivindicava para si a legitimidade para governar e tinha objetivos muito mais populares: saída do país da I Guerra Mundial, distribuição de terras aos camponeses ("Paz e Terra"), jornada de 8 horas de trabalho e disciplina militar voluntária.

    • Apesar de inicialmente os bolcheviques terem apenas dois membros em seu comitê executivo de quatorze, os sovietes se tornaram o órgão de luta autônoma desses setores da sociedade.

A tensão gerada por essa divisão de poder e a permanência da Rússia na guerra foram fatores chave.

4.1.2. O Retorno de Lênin e as "Teses de Abril"

Enquanto o Governo Provisório lutava para se estabelecer, Vladimir Lênin retornou à Rússia em abril de 1917, vindo de seu exílio na Suíça, com o auxílio da Alemanha (que via na sua atuação um potencial para desestabilizar o Governo Provisório e forçar a Rússia a sair da guerra).

Ao chegar, Lênin emitiu as "Teses de Abril", uma série de diretrizes que se tornariam o plano de governo bolchevique. Elas foram um estímulo para a remoção do apoio à continuidade da Rússia na Primeira Guerra Mundial e à desobediência militar dos soldados.

O principal lema das Teses de Abril, que se tornou o clamor bolchevique, era "Paz, Terra e Pão", que significava:

  • Paz: A saída imediata da Rússia da Primeira Guerra Mundial.

  • Terra: A promoção da reforma agrária, com a distribuição das grandes propriedades de terra aos camponeses.

  • Pão: O fim da fome e a regularização do abastecimento interno de alimentos.

Além disso, Lênin defendia a formação de uma "república dos sovietes" e a nacionalização dos bancos e da propriedade privada. O slogan "Todo poder aos sovietes" ganhou força, percebendo Lênin a força que os trabalhadores tinham conquistado através desses conselhos. A Guarda Vermelha, grupo revolucionário e armado dos bolcheviques liderado por Trotsky, começou a se formar nesse período, visando a tomada do poder.

Apesar do apelo popular das propostas bolcheviques, o Governo Provisório não conseguiu solucionar os problemas do país: a comida continuava escassa, a inflação galopava e a Rússia permanecia na guerra. Essa incapacidade de sustentação da aliança entre liberais e socialistas moderados pavimentou o caminho para a segunda fase da revolução.

4.2. Revolução de Outubro (Novembro de 1917 - Calendário Ocidental): A Tomada do Poder Bolchevique

A segunda fase, conhecida como Revolução de Outubro (ou Revolução Vermelha), ocorreu em 25 de outubro de 1917 no calendário juliano, o que corresponde a 7 de novembro no calendário gregoriano.

4.2.1. O Levante Armado Bolchevique

Liderados por Lênin, Trotsky e Radek, os bolcheviques realizaram um levante armado. Na madrugada de 25 de outubro, eles cercaram a capital, Petrogrado, e tomaram o Palácio de Inverno (antiga residência do czar Nicolau II). Kerensky, líder do Governo Provisório, conseguiu fugir, e o Governo Provisório "simplesmente se esfumou".

À tarde, o Soviete de Petrogrado, dominado pelos bolcheviques, delegou o poder governamental ao Conselho dos Comissários do Povo, chefiado por Lênin. Lênin publicou o "Apelo aos trabalhadores e camponeses", informando a população sobre a transferência do poder para os sovietes.

4.2.2. Primeiras Medidas do Governo Bolchevique

O novo governo bolchevique, autodenominado Governo dos Operários e Camponeses, implementou uma série de medidas de grande impacto:

  • Pedido de paz imediata e saída da I Guerra Mundial: Em março de 1918, foi assinado o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha, resultando na perda de vastos territórios russos, incluindo Finlândia, Países Bálticos, Polônia, Bielorrússia e Ucrânia. Esta era uma condição essencial para os alemães, que financiaram os bolcheviques para tirar a Rússia do conflito.

  • Confisco e Redistribuição de Propriedades Privadas: Grandes propriedades da aristocracia e da Igreja Ortodoxa foram tomadas e distribuídas entre o povo. As terras passaram a ser consideradas propriedade do Estado.

  • Nacionalização e Estatização da Economia: Bancos e diversas empresas foram nacionalizados, e o governo passou a intervir diretamente na vida econômica.

  • Declaração do direito nacional dos povos: O novo governo comprometeu-se a acabar com a dominação russa sobre regiões não-russas, como Finlândia, Geórgia ou Armênia.

  • Abolição dos títulos de nobreza.

  • Criação de uma polícia política para investigar opositores e forte censura aos jornais "burgueses".

  • Centralização do poder: Lênin enfraqueceu os sovietes, concentrando o poder em suas mãos, afastando-se do ideal de "todo poder aos sovietes".

A Revolução de Outubro consolidou a subida dos bolcheviques ao poder da Rússia, transformando o país em uma nação socialista.

5. As Consequências e o Legado da Revolução: Guerra Civil e a Formação da URSS

A Revolução de Outubro não encerrou os conflitos na Rússia; pelo contrário, deu início a um período de instabilidade e guerra civil.

5.1. A Guerra Civil Russa (1918-1921)

As profundas mudanças implementadas pelos bolcheviques não agradaram a todos, gerando uma forte oposição. Isso levou à Guerra Civil Russa (1918-1921).

  • Forças Combatentes:

    • Exército Vermelho: Composto pelos bolcheviques e seus apoiadores, liderado e organizado por Leon Trotsky.

    • Exército Branco: Coalizão de forças contrarrevolucionárias, incluindo antigos czaristas, mencheviques, liberais e socialistas revolucionários. Receberam apoio de países estrangeiros (como Inglaterra e França) que desejavam restaurar a monarquia ou desestabilizar os bolcheviques.

    • Outras forças, como o Exército Negro (anarquista) e o Exército Verde (nacionalista), também atuaram no conflito.

O conflito foi brutal, resultando na morte de milhões de pessoas (estimativas variam de 4 a 10 milhões). Durante este período, o governo bolchevique implementou o "Comunismo de Guerra" para controlar a economia e sustentar o esforço bélico.

A vitória do Exército Vermelho em 1921 consolidou o poder bolchevique, que, desde 1918, já havia alterado sua denominação para Partido Comunista.

5.2. A Nova Política Econômica (NEP)

Após a devastação da Guerra Civil, a Rússia estava arrasada economicamente. Para reconstruir o país, Lênin implementou, em março de 1921, a Nova Política Econômica (NEP).

A NEP foi um plano de recuperação econômica que introduziu medidas de caráter capitalista para impulsionar a produção e aliviar a escassez. As principais medidas incluíram:

  • Liberdade de comércio interno.

  • Liberdade de salário aos trabalhadores.

  • Autorização para o funcionamento de pequenas empresas particulares.

  • Permissão de entrada de capital estrangeiro para a reconstrução.

No entanto, o Estado russo manteve o controle sobre setores vitais da economia, como o comércio exterior, o sistema bancário e as grandes indústrias de base. Lênin descreveu a NEP como "dar um passo para trás, para dar dois passos à frente", indicando uma medida tática para a recuperação econômica antes de avançar para o socialismo pleno. A NEP levou à recuperação dos setores de base da economia russa entre 1921 e 1928.

5.3. A Criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)

Em dezembro de 1922, com o objetivo de reunificar o país e outras nações após os confrontos da Guerra Civil, foi fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O órgão máximo era o Soviete Supremo (Legislativo), e um comitê executivo (Presidium) era responsável pela chefia de Estado. No entanto, o Partido Comunista controlava efetivamente o poder na URSS, assegurando a difusão das ideologias e o controle dos órgãos estatais.

6. A Ascensão de Stálin e o Stalinismo: Ditadura e Transformação

A morte de Lênin em janeiro de 1924 abriu uma intensa disputa pelo poder dentro do Partido Comunista. Os dois principais contendores foram Leon Trotsky e Josef Stalin.

6.1. A Disputa Ideológica: Revolução Permanente vs. Socialismo em um Só País

  • Leon Trotsky: Defendia a teoria da "revolução permanente", que pregava que o socialismo só seria possível se fosse construído em escala internacional, ou seja, a revolução socialista deveria ser levada à Europa e ao mundo.

  • Josef Stalin: Opondo-se a Trotsky, Stalin defendia a tese do "socialismo em um só país", argumentando que os esforços para uma revolução permanente comprometeriam a consolidação interna do socialismo na União Soviética. Ele acreditava que a estabilização do socialismo na URSS era uma etapa preliminar para sua expansão global.

A tese de Stalin saiu vitoriosa, sendo aceita e aclamada no XIV Congresso do Partido Comunista. Trotsky foi destituído de suas funções, expulso do Partido em 1929 e deportado da União Soviética, sendo assassinado no México em 1940 a mando de Stalin.

6.2. O Governo de Stálin (1924-1953): Um Regime Totalitário

A partir de 1927, Josef Stalin tornou-se o ditador absoluto da União Soviética. Seu governo foi um regime totalitário marcado por terror, perseguição e uma profunda transformação econômica.

6.2.1. Características do Stalinismo

As principais características do regime stalinista incluem:

  • Imposição de um Estado de terror: Baseado nos arbítrios do líder, com extradições, prisões e execuções.

  • Culto à personalidade do líder: Stalin foi idealizado como "Homem de ferro" e a "Personificação" do poder.

  • Unipartidarismo: O Partido Comunista da União Soviética (PCUS) era o único partido político.

  • Economia planificada: Substituição da NEP por Planos Quinquenais a partir de 1928. Esses planos estabeleciam metas de produção a serem cumpridas a cada cinco anos, priorizando a industrialização de base (metalurgia, siderurgia, extração de combustíveis e energia elétrica) em detrimento da indústria leve de bens de consumo. A industrialização foi notável, mas exigiu esforços sobre-humanos dos trabalhadores.

  • Coletivização Forçada da Agricultura: A partir de 1929, as propriedades privadas rurais foram expropriadas e transformadas em fazendas coletivas (kolkhozes e sovkhozes) sob controle estatal. A resistência dos kulaks (camponeses ricos) a essa medida levou à "deskulakização", com perseguição, transferências forçadas e envio para campos de trabalho forçado (Gulags). Esse processo gerou violência, redução na produção agrícola e uma grande fome (Holodomor na Ucrânia, 1932-33), que resultou na morte de milhões de pessoas.

  • Perseguição e Expurgos (Gulags): Stalin eliminou opositores dentro e fora do partido. As Gulags eram campos de trabalho forçado em locais remotos (como a Sibéria), onde milhões foram enviados. A fase mais radical, o Grande Expurgo (a partir de 1936), visava destruir qualquer oposição e resultou na prisão de até cinco milhões de pessoas e a morte de pelo menos 680 mil entre 1936 e 1939, com um saldo total de vítimas do stalinismo estimado em no mínimo 10 milhões de mortos.

  • Forte propaganda política, nacionalismo extremo e militarização da sociedade.

  • Perseguição contra a religião.

  • Manipulação de informações e censura.

6.2.2. O Papel de Stálin na Segunda Guerra Mundial (Grande Guerra Patriótica)

Apesar da brutalidade de seu regime, Stalin liderou a União Soviética na derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial, conhecida na URSS como a Grande Guerra Patriótica. Embora inicialmente despreparada para a invasão alemã em 1941 devido à desmobilização e à ignorância de Stalin em relação aos avisos de ataque, a URSS conseguiu se mobilizar.

A capacidade industrial do país, a mobilização de milhões de soldados e a atuação de Stalin como estrategista contribuíram para a vitória. No entanto, o custo humano foi imenso, com cerca de 25 milhões de soviéticos mortos durante a guerra. O stalinismo atingiu o auge de sua popularidade após a vitória na guerra.

Stalin faleceu em 5 de março de 1953, vítima de um derrame cerebral. Seu sucessor, Nikita Kruschev, iniciou a "desestalinização", denunciando os crimes cometidos durante o regime de Stalin.


7. Consequências e Legado da Revolução Russa

A Revolução Russa de 1917 teve consequências imediatas e de longo prazo que moldaram o século XX e influenciam a compreensão histórica até hoje.

Consequências Imediatas:

  • Fim do Czarismo e da Monarquia Romanov: O poder absolutista do czar foi derrubado.

  • Nacionalização de indústrias e bancos.

  • Saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial (Tratado de Brest-Litovsk), com perda de vastos territórios.

  • Redistribuição de terras no campo.

  • Guerra Civil Russa (1918-1921), consolidando o poder bolchevique.

  • Centralização do poder nas mãos de Lênin e, posteriormente, de Stalin, com o enfraquecimento dos sovietes e o estabelecimento de uma burocracia de poder.

Legado e Consequências de Longo Prazo:

  • Formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1922, que perdurou até 1991.

  • Transformação do socialismo em uma alternativa política global: A URSS tornou-se o primeiro país socialista do mundo.

  • Ascensão da URSS a uma grande potência mundial.

  • Polarização do mundo na Guerra Fria (após a Segunda Guerra Mundial), dividindo-o entre blocos socialista e capitalista.

  • Influência em movimentos revolucionários e ideologias políticas por todo o mundo.


8. Perguntas Frequentes e Pontos Prioritários para Concursos

Para solidificar seu entendimento e se preparar para avaliações, preste atenção aos seguintes pontos, frequentemente cobrados:

  • Qual a diferença fundamental entre Bolcheviques e Mencheviques?

    • Bolcheviques: Radical, revolução imediata, ditadura do proletariado, liderança centralizada (Lênin).

    • Mencheviques: Moderados, reformas graduais, aliança com a burguesia, trabalho dentro do sistema existente (Martov, Plekhanov).

  • O que foi o "Domingo Sangrento" e qual sua importância?

    • Massacre de manifestantes pacíficos pelo czar em 1905.

    • Importância: Quebrou a imagem benevolente do czar, foi o estopim para a Revolução de 1905 e serviu como "ensaio geral" para 1917.

  • O que foi o "Duplo Poder" na Revolução de Fevereiro?

    • A coexistência do Governo Provisório (liberal-burguês, pró-guerra) e o Soviete de Petrogrado (representando operários e soldados, com pautas sociais e de paz). Essa dualidade gerou instabilidade e aprofundou a crise.

  • Quais eram as propostas das "Teses de Abril" de Lênin?

    • Sintetizadas no lema "Paz, Terra e Pão": saída da guerra, reforma agrária, fim da fome. Também o "Todo poder aos sovietes".

  • Qual o papel do Tratado de Brest-Litovsk?

    • Tratado de paz assinado pelos bolcheviques com a Alemanha em 1918, retirando a Rússia da Primeira Guerra Mundial, mas com grandes perdas territoriais. Essencial para os bolcheviques consolidarem o poder e focarem nos problemas internos.

  • O que foi a Nova Política Econômica (NEP)?

    • Plano de Lênin (1921) para a recuperação econômica pós-Guerra Civil, introduzindo medidas capitalistas limitadas (comércio interno, pequenas empresas privadas, salários, capital estrangeiro) com controle estatal de setores estratégicos.

  • Diferenças ideológicas entre Trotsky e Stálin na disputa pelo poder?

    • Trotsky: "Revolução Permanente" (socialismo internacional).

    • Stalin: "Socialismo em um Só País" (consolidação interna na URSS primeiro). A tese de Stalin prevaleceu.

  • Principais características do Stalinismo?

    • Economia planificada (Planos Quinquenais), coletivização forçada da agricultura (com perseguição a kulaks e fome), terror político (purges, Gulags), culto à personalidade, unipartidarismo e intensa repressão aos opositores.

A Revolução Russa não foi um evento singular, mas um complexo processo de transformações que redefiniu a história russa e global. A compreensão de suas causas profundas, das ideologias divergentes e dos impactos de suas fases é chave para decifrar o século XX.

Questões de múltipla escolha sobre as fases da Revolução Russa:

  1. Qual foi o primeiro estágio da Revolução Russa, que resultou na queda da monarquia czarista e na instauração do Governo Provisório?
    A) Revolução de Outubro
    B) Revolução Bolchevique
    C) Revolução de Fevereiro
    D) Guerra Civil

  2. Quando ocorreu a Revolução de Outubro, também conhecida como Revolução Bolchevique, liderada por Vladimir Lênin?
    A) 25 de outubro de 1917 (calendário juliano)
    B) 8 de março de 1917 (calendário gregoriano)
    C) 7 de novembro de 1917 (calendário gregoriano)
    D) 1918 a 1922

  3. Qual foi o conflito marcado por lutas sangrentas entre as forças bolcheviques e as forças contrarrevolucionárias, que ocorreu entre 1918 e 1922?
    A) Revolução de Fevereiro
    B) Revolução de Outubro
    C) Guerra Civil
    D) Governo Provisório

Gabarito:

  1. C) Revolução de Fevereiro

  2. A) 25 de outubro de 1917 (calendário juliano)

  3. C) Guerra Civil