Dominar as Figuras de Linguagem é essencial para conquistar a aprovação, seja no ENEM, em Vestibulares ou em Concursos Públicos. Elas são ferramentas secretas que ampliam a força das palavras, permitindo que autores e oradores transmitam emoções, sensações e ideias de forma mais expressiva, fugindo do sentido literal (denotativo).
As questões em provas frequentemente exigem que o estudante não apenas memorize definições, mas que compreenda o efeito de sentido que cada figura provoca no texto. Entender a intenção por trás desses recursos — como a metáfora pode transformar a compreensão de um poema ou a ironia pode revelar uma crítica escondida — é o diferencial para garantir pontos preciosos.
Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos usados para dar maior ênfase, força, colorido, intensidade e beleza à comunicação. O sentido que elas aplicam ao texto não é o literal, caracterizando uma linguagem conotativa.
O número de figuras varia, mas a maioria dos livros didáticos reconhece entre 30 e 40 figuras, organizadas em quatro grupos principais:
Figuras de Palavras (ou Semânticas): Associadas ao significado das palavras.
Figuras de Pensamento: Trabalham com a combinação de pensamentos e ideias.
Figuras de Construção (ou Sintaxe): Alteram ou interferem na estrutura gramatical da sentença.
Figuras de Som (ou Harmonia/Fonéticas): Relacionadas à sonoridade das palavras.
As figuras de linguagem são um tema recorrente e fundamental em provas de Português, Literatura, Gramática e Interpretação de Textos. As figuras mais frequentes em provas de ENEM e Concursos incluem: Metáfora, Comparação, Metonímia, Hipérbole, Eufemismo, Personificação, Antítese, Paradoxo, Ironia e, mais recentemente, Anáfora.
A Comparação estabelece uma relação de semelhança de forma explícita. Ela aproxima dois termos, mantendo o elemento comparativo.
Palavras-chave: Usa conectivos como “como”, “assim”, “tal qual”, “feito”.
Exemplo: “Aquela pessoa é tão forte como um trator”.
Cobrança em Provas: É frequentemente cobrada em contraste direto com a Metáfora, sendo o ponto de partida para entender a linguagem figurada.
A Onomatopeia é uma Figura de Som que imita ou reproduz o som das palavras.
Exemplo: “O tic-tac do relógio não me deixava dormir.”. O “Buááá” do choro ou o som de batida “Tchan! Slam!” em tirinhas também são onomatopeias.
Cobrança em Provas: Comum em tirinhas e quadrinhos (como no caso do personagem Hagar, que representa o som de alimentação).
A Hipérbole é um exagero intencional na expressão para enfatizar uma ideia ou emoção, comunicando intensidade.
Exemplo: “Estou morrendo de fome!” (A ideia não é literal, mas comunica intensidade). “Já disse isso a você um milhão de vezes!”.
Cobrança em Provas: É uma das figuras mais frequentes, usada para mostrar sentimentos fortes ou destacar uma crítica. Ex: “silenciar por um século”.
O Eufemismo é a suavização de uma expressão ou ideia considerada desagradável, triste ou chocante.
Exemplo: “Ele passou desta para melhor” (para suavizar a ideia de morrer). Outro exemplo é “a Indesejada das gentes” como eufemismo para “morte”.
Cobrança em Provas: Aparece frequentemente em textos jornalísticos ou poéticos quando o autor evita o impacto direto.
Este é o nível mais importante, pois abrange as figuras mais cobradas e as que geram mais confusão nas provas.
A Metáfora é a campeã de cobrança no ENEM e vestibulares. Ela é uma Comparação Implícita. Ocorre quando há a substituição de um termo por outro com base em uma relação de semelhança imaginária.
Exemplo: “Ele é um leão em campo.” (Implica coragem, força, ferocidade). “Minha vida é um trem desgovernado”.
Dúvida Comum (Metáfora vs. Comparação): A metáfora não utiliza conectivos comparativos (como, tal qual), transferindo a característica diretamente. A Comparação usa esses conectivos.
A Metonímia é a substituição de uma palavra por outra com a qual mantém uma relação de proximidade lógica, associação ou contiguidade.
Exemplos Clássicos:
Autor pela Obra: “Li Machado de Assis.” (Em vez de “Li a obra de Machado de Assis”).
Parte pelo Todo: “Preciso de um teto para morar.” (Teto pela casa toda).
Continente pelo Conteúdo: “Bebeu o cálice todo.” (Cálice pelo líquido).
Dúvida Comum (Metonímia vs. Metáfora): A Metonímia baseia-se em uma relação de proximidade lógica (autor cria a obra); a Metáfora baseia-se em semelhança (a vida se parece com um trem desgovernado).
A Personificação (ou Prosopopeia) é a atribuição de características, ações ou sentimentos humanos a seres inanimados, objetos, fenômenos da natureza ou ideias.
Exemplo: “O vento sussurrava segredos entre as árvores.”. “A cidade acordou triste”. “O medo perambulava pela aldeia”.
Ponto Prioritário para Concursos (Personificação vs. Catacrese):
A Personificação atribui ações ou atitudes humanas (o vento sussurra).
A Catacrese (Figura de Palavra) é o emprego impróprio de uma palavra por falta de um termo mais específico, geralmente envolvendo características físicas (ex: dente do alho, perna da mesa, braço da cadeira). Embora a Catacrese use termos humanos, o foco não é a ação, mas a nomeação de algo que não tem nome próprio.
A Antítese consiste na aproximação de termos ou expressões com sentidos opostos (contrários).
Exemplo: “Entre o amor e o ódio, ele vivia em conflito.”. “Amo o dia e odeio a noite.”.
O efeito: A oposição se dá no nível das palavras, não prejudicando a coerência da frase.
O Paradoxo (ou Oxímoro) é a união de ideias aparentemente contraditórias, gerando uma proposição que parece absurda ou ilógica, mas que faz sentido no contexto expressivo.
Exemplo: “É ferida que dói e não se sente.” (Como pode doer e não ser sentida?). “Estou cego e vejo.”.
Dúvida Crucial (Paradoxo vs. Antítese):
A Antítese usa palavras opostas sem gerar contradição lógica (ex: dia/noite).
O Paradoxo une ideias contraditórias que criam uma contradição interna e uma aparente ausência de sentido.
A Ironia é uma Figura de Pensamento que afirma o contrário do que se quer dizer, geralmente com o objetivo de criticar, satirizar ou provocar humor.
Exemplo: “Que dia lindo…” (Dito em um dia de chuva forte). “Aquele menino dela é um santo. Só derrubou minha coleção de discos de vinil três vezes.”.
Cobrança em Provas: É muito comum em tirinhas, charges e textos literários onde se busca a leitura crítica.
Ponto Prioritário para Concursos (Ironia vs. Sarcasmo): O Sarcasmo é uma forma de ironia, mas costuma ser mais ligado à crítica cruel ou mal-intencionada, com o objetivo de humilhar. A ironia é mais neutra e menos ofensiva.
A Sinestesia é uma Figura de Palavra que mistura diferentes sensações percebidas por órgãos de sentidos distintos.
Exemplo: “Ela tem uma voz macia e doce.” (Voz = audição; Macia = tato; Doce = paladar). “Olhar frio” (Frieza = tato; Olhar = visão).
Cobrança em Provas: Frequentemente associada a textos poéticos (Simbolismo) que exploram o caráter sensorial.
As Figuras de Omissão são Figuras de Construção que interferem na estrutura gramatical da frase.
Elipse: Omissão de um termo que é facilmente subentendido pelo contexto, mesmo que não tenha sido mencionado antes.
Exemplo: “(Eu) Tomara você me entenda.”.
Zeugma: Omissão de um termo já citado anteriormente. Normalmente acontece com a omissão do verbo.
Exemplo: “Fiz a introdução, ele (fez) a conclusão.”.
Dúvida Comum (Elipse vs. Zeugma): A Zeugma é considerada um tipo de Elipse, mas a diferença chave está se o termo omitido já apareceu ou não na frase.
A Anáfora é a repetição de uma ou mais palavras ou expressões no início de versos ou frases consecutivas.
Propósito: Dar ênfase e ritmo ao texto.
Exemplo: “Se você grita, se você chora, se você implora…”.
Cobrança em Provas: A anáfora tem sido uma das figuras de sintaxe mais cobradas recentemente em concursos, sendo considerada uma "modinha" ou tendência atual. É fundamental saber identificá-la em poemas ou discursos.
O Pleonasmo é a repetição intencional de ideias ou palavras para reforçar e intensificar o sentido.
Exemplo Estilístico: “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.” (O mar é, por natureza, salgado, a repetição é para ênfase poética).
Atenção (Pleonasmo vs. Vício de Linguagem): O uso do pleonasmo é considerado um vício de linguagem (repetição desnecessária) em textos não literários (ex: subir para cima, entrar para dentro). No entanto, quando utilizado de forma expressiva e intencional pelo autor, ele se configura como uma figura de linguagem válida.
Para além das campeãs (Metáfora, Metonímia, Hipérbole, Ironia, Personificação), outros conceitos devem ser dominados, especialmente em provas que buscam o detalhe:
Catacrese: Uso impróprio de termo por não haver um mais específico, geralmente fixado pelo uso (Ex: boca do fogão).
Perífrase (Antonomásia): Substituição de um nome ou expressão por outro que o identifique facilmente (Ex: o Rei das Selvas por o leão, Terra da Garoa por São Paulo).
Litote: Suaviza uma ideia, semelhante ao eufemismo, mas usando a negação do contrário (Ex: Não é que sejam más companhias…).
Hipérbato: Inversão da ordem direta dos termos da oração (Ex: Ouviram do Ipiranga as margens plácidas).
Polissíndeto: Repetição de conectivos para ênfase e ritmo (Ex: e falavam e cantavam e riam).
Assíndeto: Omissão intencional de conectivos, sendo o oposto do polissíndeto.
Silepse: Concordância com a ideia ou termo oculto, e não com o que está expresso (pode ser de gênero, número ou pessoa).
Aliteração: Repetição de sons consonantais em sequência. (Ex: O rato roeu a roupa do rei de Roma).
Paronomásia: Repetição de palavras com sons parecidos (parônimos), mas significados diferentes (Ex: cavaleiro/cavalheiro).
Muitas vezes, a questão não pergunta o nome da figura, mas sim o efeito que ela produz no texto.
Pergunta Objevtiva | Figura de Linguagem | AssociadaEfeito e Objetivo |
Qual recurso cria um exagero para intensificar a emoção? | Hipérbole | Causar impacto emocional ou destacar uma crítica. |
Qual figura utiliza um termo para suavizar uma situação desagradável? | Eufemismo | Evitar o impacto direto ou tornar o conteúdo mais brando. |
Qual figura aproxima ideias ou palavras opostas sem quebrar a coerência? | Antítese | Destacar polaridades ou contrastes. |
Qual figura une ideias contraditórias que geram um absurdo aparente? | Paradoxo | Criar uma contradição interna como efeito de estilo, convidando à reflexão. |
Qual figura atribui ações humanas a seres não humanos? | Personificação (Prosopopeia) | Dar vida à cena, estimular a imaginação e ampliar a expressividade. |
Qual recurso utiliza a repetição de termos no início de versos? | Anáfora | Dar ênfase e ritmo ao discurso. |
Qual figura permite ao autor dizer o oposto do que realmente quer, geralmente com crítica? | Ironia | Criticar ou provocar humor. |
Para ser encontrado pelas mecânicas de busca atuais e, mais importante, para dominar o tema, você deve focar em prática e interpretação de contexto.
Priorize as Campeãs: Domine Metáfora, Comparação, Metonímia, Hipérbole, Ironia e Personificação primeiro.
Foque no Efeito de Sentido: Nunca apenas decore a definição. Pergunte-se: o que essa construção causa no leitor? Emoção? Contraste? Crítica?.
Diferencie as Semelhantes: Saiba distinguir claramente as duplas Metáfora x Comparação e Antítese x Paradoxo. Essas distinções são frequentemente usadas para confundir o candidato.
Treine com Textos Variados: As figuras de linguagem aparecem em letras de músicas, tirinhas, charges, artigos de opinião e campanhas publicitárias. O ENEM valoriza a leitura crítica e a relação entre elementos verbais e não verbais.
Utilize a Anáfora na Redação: Dominar figuras de linguagem contribui diretamente para a Redação do ENEM. Usar uma Antítese para destacar contrastes ou uma Metáfora para reforçar uma ideia pode enriquecer seu texto. A Anáfora, por dar ênfase e ritmo, é um recurso estilístico poderoso.
Pratique com Questões Recentes: Treinar com questões reais de provas anteriores ajuda a fixar o conteúdo e a reconhecer os padrões de cobrança. Fique atento às tendências de bancas como FGV, CESGRANRIO e IBFC, que costumam dar o conceito da figura na própria questão.
Dominar as figuras de linguagem é aprender a enxergar o texto em profundidade, uma habilidade essencial para qualquer área do conhecimento.