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21/09/2025 • 10 min de leitura
Atualizado em 21/09/2025

Função Poética e Emotiva nos Textos

1. Introdução: O que são as Funções da Linguagem e Por Que Elas Predominam?

As funções da linguagem são as diversas maneiras de utilizar a linguagem conforme a intenção do falante ou produtor da mensagem. Todo ato comunicativo tem um objetivo.

Elas foram classificadas em seis tipos pelo linguista Roman Jakobson, e cada uma delas está intrinsecamente ligada a um dos seis elementos fundamentais do processo de comunicação.

Embora um texto possa conter múltiplas funções da linguagem, há sempre uma que se predomina (a função dominante). Identificar essa dominância é fundamental em exames e concursos.

2. A Base da Comunicação: Os Elementos de Jakobson (O Mais Fácil)

Para entender as funções, é necessário primeiro conhecer os elementos da comunicação, pois cada função se centra em um desses componentes:

  1. Emissor (ou Locutor): Quem envia ou fala a mensagem (o remetente).

  2. Receptor (ou Destinatário): Quem recebe a mensagem (o interlocutor).

  3. Mensagem: O objeto físico da comunicação, aquilo que é transmitido.

  4. Referente (ou Contexto): O assunto, o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.

  5. Canal (ou Contato): O meio físico ou psíquico que permite a transmissão da mensagem (ex: o ar, a internet).

  6. Código: O sistema de signos que é compartilhado pelos interlocutores para que a mensagem seja compreendida (ex: a Língua Portuguesa).

Elemento Central

Função Dominante

Intenção Principal

Emissor

Emotiva

Transmitir sentimentos e subjetividade

Mensagem

Poética

Preocupação com a forma e a estética

Receptor

Conativa

Convencer ou influenciar

Referente/Contexto

Referencial

Informar objetivamente

Canal/Contato

Fática

Estabelecer, manter ou interromper a comunicação

Código

Metalinguística

Explicar a própria linguagem

3. Função Emotiva (Foco no Emissor): A Expressão da Subjetividade

A Função Emotiva, também chamada de Função Expressiva, é aquela cujo discurso está centrado no Emissor.

3.1. Características Essenciais e Como Identificar (Concursos)

  • Foco Principal: Expressar as emoções, sentimentos, sensações e a subjetividade do locutor/escritor.

  • Marca Gramatical: Uso da primeira pessoa (eu/nós) na conjugação verbal e em pronomes, demarcando o posicionamento pessoal. Exemplos: "Eu me encho de esperança"; "Talvez eu goste ainda mais de nós".

  • Recursos Expressivos: É comum o uso de interjeições, adjetivos que qualificam emoções, figuras de linguagem para auxiliar a expressar sentimentos, e pontuação expressiva, como o ponto de exclamação (!) ou reticências (...). O ponto de exclamação, por exemplo, intensifica a expressão emocional.

3.2. Onde a Função Emotiva é Encontrada

A função emotiva é recorrente em gêneros textuais que naturalmente favorecem a expressão pessoal:

  • Textos líricos e poéticos.

  • Diários, relatos pessoais, blogs e vlogs.

  • Cartas pessoais ou narrativas memorialistas.

  • Críticas subjetivas (teatral ou cinematográfica).


Dúvida Comum e Exceção Importante (Prioridade Concursos)

Pergunta Obviamente Relevante: O que acontece quando a Função Emotiva aparece em textos objetivos?

Embora a função emotiva seja característica de textos subjetivos, ela pode ocorrer em trechos pontuais de textos mais objetivos.

  • Exemplo de Concurso: A carta de reclamação. Embora possua um caráter argumentativo que pressupõe fatos (Função Referencial), é o gênero textual no qual é mais aceitável a presença de expressividade subjetiva. O autor pode relatar um prejuízo ou constrangimento pessoal, utilizando a função emotiva para transferir o impacto emocional ao interlocutor.

4. Função Poética (Foco na Mensagem): A Beleza da Forma

A Função Poética é aquela que se concentra na Mensagem. Sua essência é a preocupação com a forma do discurso e o modo como a mensagem é transmitida.

O objetivo primordial da função poética é afirmar e reafirmar sua própria beleza, buscando despertar no leitor o prazer estético e a surpresa.

4.1. Características Essenciais

  • Foco Principal: A mensagem em si, através da manipulação da linguagem.

  • Linguagem Conotativa: Uso de palavras em sentido figurado ou conotativo, quebrando velhos significados e explorando a combinação de sentidos.

  • Recursos Estilísticos (Figuras de Linguagem): Utiliza intensamente recursos como rimas, aliteração (repetição de consoantes), assonância (repetição de vogais), paronomásia, e recorrências rítmicas.

  • Elaboração Inovadora: A mensagem é manipulada de forma inovadora e imprevista, visando o maior grau de originalidade possível.

4.2. O Mecanismo da Poeticidade (Roman Jakobson)

Jakobson definiu o que faz uma mensagem ser uma obra de arte: é a dominância da função poética, que ocorre quando a mensagem se debruça sobre si mesma.

O conceito-chave para concursos e estudos avançados é:

"A função poética projeta o princípio de equivalência do eixo de seleção sobre o eixo de combinação".

A linguagem se constrói por dois mecanismos elementares:

  1. Seleção (Eixo Paradigmático): O falante escolhe vocábulos virtuais com base na equivalência (semelhança, dessemelhança, sinonímia).

  2. Combinação (Eixo Sintagmático): O falante combina os vocábulos na cadeia verbal com base no princípio de contiguidade.

Na função poética, o princípio da seleção se sobrepõe ao da combinação. Isso significa que equivalências sonoras que são selecionadas para a mensagem implicam, artificialmente, em equivalências semânticas. Este mecanismo é chamado de paralelismo.

  • Exemplo (Paronomásia): Na canção "A Rita", de Chico Buarque, a aproximação fônica de vocábulos como retrato, trapo e prato (plano da expressão) força uma confluência semântica no plano do conteúdo (isotopia de perda), mesmo que as palavras tenham sentidos diferentes.

5. Função Poética vs. Função Emotiva: A Diferença Crucial

A confusão entre Função Poética e Função Emotiva é comum, especialmente em textos líricos onde o emissor expressa sentimentos (Função Emotiva) utilizando uma forma elaborada (Função Poética).

A principal diferença é o Foco:

Função

Elemento Focado

O que ela Prioriza

Emotiva

Emissor

O sentimento do locutor, seu interior, sua experiência subjetiva (1ª pessoa).

Poética

Mensagem

A construção da mensagem, a manipulação estética da forma, o jogo de significantes e significados.

Como decidir a Predominância em um Texto Misto (Exame):

Para identificar a função predominante, deve-se verificar a intenção principal:

  1. Se o texto é focado em questionamentos ou angústias que são únicas do indivíduo (o foco está no "eu" e suas vivências internas), a função Emotiva tende a dominar.

  2. Se a preocupação maior reside na sonoridade, na forma, no efeito estético, na estrutura complexa ou na escolha lexical inusitada, a função Poética domina, mesmo que o tema seja emocional.

No poema "A flor e a náusea", de Carlos Drummond de Andrade (frequentemente citado em concursos), por exemplo, o examinador deve analisar se o eu lírico está apenas despejando suas angústias (Emotiva) ou se ele está utilizando a linguagem de forma a gerar uma complexa relação entre som e sentido, chamando atenção para o estilo e a construção (Poética).

6. Exceção e Convergência: A Função Poética a Serviço da Persuasão (Muito Cobrado em Concursos)

A Função Poética não se limita a poemas. Ela é facilmente encontrada na publicidade.

6.1. O Papel Subordinado da Poética

No texto publicitário, a função predominante é geralmente a Conativa (ou Apelativa), cujo foco é o Receptor e o objetivo é persuadir o destinatário (induzi-lo à compra).

No entanto, a Função Poética atua como um recurso persuasivo a serviço da função Conativa.

  • A publicidade busca o "novo", o diferente e o criativo. A mensagem deve ser elaborada e causar surpresa (estesia).

  • Ao utilizar a função poética (recursos fônicos, ópticos, de escolha lexical, sintáticos e semânticos), a mensagem se torna mais elaborada, sedutora e com maior poder de envolvimento.

  • Persuasão vs. Convicção: O discurso publicitário visa persuadir (atingir a vontade e o sentimento do interlocutor através de argumentos subjetivos e emotivos, dirigidos à emoção), e não apenas convencer (dirigido à razão e provas lógicas). A função poética contribui para este apelo emocional.

Exemplo na Publicidade (Filtro Melita): Na publicidade do filtro de café Melita, a função poética se manifesta através de:

  1. Recursos Fônicos (Assonância e Aliteração): A repetição de vogais /o/ e /u/ para sugerir a cor preta do café ou a forma arredondada dos furos. A aliteração do fonema /f/ para sugerir a leveza do papel. O uso de consoantes nasais (/m/, /n/, /nh/) para imitar o som de satisfação ("hum! Hum!").

  2. Recursos Ópticos e Metalinguagem: O alongamento da vogal "o" na palavra gostosoooooo transforma a letra no formato do filtro anunciado. A própria letra "o" (código) passa a representar os furos do filtro (objeto). A função poética age, portanto, como um auxílio à função conativa para aumentar a persuasão.

7. A Estrutura Semiótica da Função Poética (Nível Mais Complexo e Aprofundamento Teórico)

Para uma compreensão completa da natureza da função poética, especialmente em provas que exigem semiótica literária (Greimas, Jakobson, Hjelmslev), é necessário analisar a estrutura profunda do signo poético.

7.1. Os Planos da Linguagem e o Signo

A semiótica, partindo de Saussure e Hjelmslev, estabelece que a linguagem é composta por dois planos distintos e solidários:

  • Plano de Expressão (Significante): O som material (substância) e o conjunto de fonemas (forma).

  • Plano de Conteúdo (Significado): O sentido geral/massa do pensamento (substância) e o conjunto de traços sêmicos que a organizam (forma).

A função semiótica é uma solidariedade: a expressão só é expressão porque é a expressão de um conteúdo, e vice-versa.

O Signo Poético: O signo poético é considerado um signo complexo. No sistema da poética, a substância da expressão (a materialidade fônica, os sons físicos) que é geralmente excluída do objeto de estudo da linguística, torna-se fundamental e detentora de sentido.

7.2. O Conceito de Arbitrariedade e a Ilusão de Motivação

O fundamento do signo linguístico, na acepção saussureana, é a arbitrariedade da relação entre o significante e o significado. Não há vínculo natural entre eles.

Em contraste, o símbolo (como a balança para a justiça) mantém um grau de motivação natural.

7.2.1. O Semissimbolismo (A Natureza do Signo Poético)

O texto poético é constituído por signos linguísticos, mas são manipulados para criar artificialmente a impressão de motivação. Entre o signo (arbitrário) e o símbolo (motivado) está o semissímbolo.

O semissímbolo é o signo por excelência da expressão artística, introduzindo uma parcela de motivação na relação que, de outra forma, seria arbitrária. Essa motivação não é natural, mas forjada pelo poeta no momento da manifestação (semiose), por meio de procedimentos da poética, como o paralelismo.

7.2.2. Isomorfismo e Paralelismo

O conceito de Isomorfismo (identidade formal de estruturas em planos diferentes) corresponde, em grande medida, ao conceito de Paralelismo de Jakobson.

No isomorfismo, categorias do plano de expressão e do plano de conteúdo são homologadas (equiparadas).

  • Exemplo Clínico (Iconicidade): O isomorfismo pode resultar em iconicidade, um procedimento que busca produzir um efeito de sentido de 'realidade' ou ilusão referencial. Na canção "Cajuína" de Caetano Veloso, a recorrência sonora do fonema /i/ (vogal alta, fechada, de timbre agudo e grafismo longilíneo) no plano da expressão, homologa-se à substância do conteúdo (a fragilidade da existência, a vida que se sustém por um fio), mimetizando a sensação de estreitamento associada à angústia.

A poética, por meio do isomorfismo/semissimbolismo, recodifica o sistema da língua, fazendo com que a forma e a substância da expressão se articulem diretamente com o conteúdo, permitindo a leitura do texto poético em várias direções isotópicas.


8. Resumo Geral das Funções Emotiva e Poética para Revisão Final

Aspecto

Função Emotiva (Foco no Emissor)

Função Poética (Foco na Mensagem)

Elemento Central

Emissor

Mensagem

Objetivo

Expressar o estado interior e a subjetividade

Estilizar o conteúdo e chamar atenção para a forma

Marcas Linguísticas

1ª pessoa, interjeições, pontuação expressiva (exclamação, reticências)

Conotação, figuras de linguagem (metáfora, rima, aliteração, paronomásia), paralelismo

Gêneros Típicos

Diários, autobiografias, relatos pessoais

Poemas, letras de música, cordéis

Exceções Cobradas

Pode ocorrer em textos objetivos (e.g., carta de reclamação)

Comum em publicidade, atuando a serviço da Função Conativa