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20/09/2025 • 11 min de leitura
Atualizado em 20/09/2025

Gêneros Literários: Lírico, Épico e Dramático.

1. Introdução e Fundamentos da Classificação (O Básico)

O estudo dos gêneros literários é fundamental para a Teoria da Literatura, a Língua Portuguesa e a Filosofia. Gênero literário refere-se a uma tipologia ou padrão de composição literária. A classificação das obras pode ser feita com base em critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais e contextuais.

1.1. A Origem Clássica (Platão e Aristóteles)

A noção de gênero literário surgiu na Antiguidade Clássica, no século IV a.C., com os filósofos Platão e Aristóteles, baseada no conceito de mimese (imitação ou representação).

  1. Mimese (Imitação) como Conceito Central: Para Aristóteles, a poesia (literatura) era um tipo de imitação. A mimese é valorizada em sua capacidade de criar ações, pensamentos e palavras que são semelhantes à realidade ou que são possíveis de se realizar (verossimilhança).

  2. A Verossimilhança: Não é apenas o que aconteceu (história), mas o que poderia acontecer segundo a verossimilhança e a necessidade. O conceito abrange o campo do possível—referências do passado, presente, e futuro (como as coisas deveriam ser).

  3. A Tríade Original: Aristóteles, em sua Poética, inicialmente definiu apenas o Gênero Dramático e o Gênero Épico. O Gênero Lírico foi incluído na tríade básica posteriormente, no período do Renascimento (Idade Moderna), completando a divisão clássica.


2. Gênero Lírico (O Mais Fácil: O Foco no “Eu”)

O Gênero Lírico é frequentemente considerado o mais direto em sua expressão, focando no mundo interior.

2.1. O que é e Características Essenciais

O Gênero Lírico se manifesta principalmente por meio da poesia.

  1. Subjetividade e Expressão de Sentimentos: Caracteriza-se pelo lirismo, a expressão de sentimentos, emoções e subjetividades, valorizando as paixões intensas ou angústias silenciosas.

  2. A Voz Lírica (Eu Lírico): O texto reflete as emoções e percepções íntimas do Eu Lírico (também chamado de sujeito lírico ou eu poético). O eu lírico é uma entidade fictícia, uma criação do poeta, distinta do autor real.

  3. Uso da Primeira Pessoa: A transmissão de sentimentos e divagações é feita majoritariamente na primeira pessoa do discurso (eu), conferindo um forte caráter subjetivo.

  4. Forma e Musicalidade: Predominância de textos estruturados em versos e estrofes. A palavra lírico deriva do grego lyrikós, referindo-se à lira, um instrumento musical que acompanhava as poesias cantadas na Antiguidade. A musicalidade vai além da métrica e das rimas, estando no ritmo, aliterações e assonâncias.

  5. Linguagem Poética: Utiliza a função poética da linguagem, sendo frequente o sentido conotativo das palavras e o uso de figuras de linguagem, aumentando a expressividade da mensagem.

2.2. Subgêneros Líricos (Conteúdo Cobrado em Concursos)

Os subgêneros líricos são formas específicas de manifestação poética:

  • Poema: Texto literário composto de versos que podem ou não conter rimas.

  • Soneto: Formado por 14 versos (4 estrofes), divididos em 2 quartetos e 2 tercetos.

  • Haicai: Poema breve de origem japonesa, composto por três versos, geralmente com temática referente à natureza.

  • Ode: Poema de exaltação, entusiasmo e alegria.

  • Hino: Semelhante à ode, é um poema de glorificação e louvor a divindades ou à pátria.

  • Sátira: Poema que tem o objetivo de ridicularizar pessoas e situações, criticando vícios (também pode pertencer ao gênero Narrativo ou Dramático).

  • Elegia: Poema melancólico ou triste, com temática como a morte ou o amor não correspondido (elegia significa "canto triste").

  • Écloga: Poema pastoril que retrata a vida bucólica (do campo), frequentemente composto por diálogos.

  • Idílio: Semelhante à écloga, mas destituído de diálogos.

  • Epitalâmio: Poema para celebração do casamento, homenageando os noivos.


3. Gênero Épico (ou Narrativo) (Intermediário: A História Contada)

O gênero Narrativo é uma ampliação moderna do Gênero Épico. A diferença estrutural principal é a presença de uma estória e de um contador de estórias (o narrador).

3.1. Evolução do Épico ao Narrativo (Prioridade em Concursos)

A evolução desse gênero é um tópico crucial em provas, pois marca a passagem do Classicismo para a Modernidade.

  1. Fase Épica (Antiga):

    • Forma Principal: Epopeia.

    • Características: Narração em verso. Contava feitos heroicos grandiosos de uma nação, com a presença de deuses e mitos (mitologia greco-romana).

    • Herói: Ser superior, divinizado, buscando a honra e a glória pelo bem da comunidade.

    • Narrador: Mantinha-se distanciado dos fatos narrados.

    • Exemplos Clássicos: Ilíada e Odisseia (Homero), Eneida (Virgílio).

  2. Fase Narrativa (Moderna):

    • Forma Principal: Romance.

    • Transição: O épico, considerado nobre, cedeu espaço ao romance, que surgiu no pós-Renascimento com obras como Dom Quixote.

    • Características: Predominância da prosa. O foco se volta para o homem comum e o individualismo, sem destinar-se a relatar fatos históricos do passado, priorizando a ficção.

    • Narrador Moderno: Mais próximo do leitor e da intimidade das personagens, diferente do mediador distante da epopeia.

3.2. Estrutura Elementar da Narrativa

Todo texto narrativo (ou épico) possui elementos cruciais, interligados para a construção de sentido:

  • Enredo (Mythos): A história a ser contada, o conjunto de ações. É composto por: exposição, complicação, clímax e desfecho, girando em torno de um conflito.

  • Personagens: Seres fictícios que desencadeiam a trama. Podem ser: Protagonista (central), Antagonista (opõe-se ao protagonista) ou Secundária. Classificam-se em: Plana (permanece o mesmo do início ao fim) e Redonda (sofre variação no percurso).

  • Tempo: Pode ser cronológico (linear) ou psicológico (fluxo mental das personagens).

  • Espaço: O local onde as personagens atuam. Pode ser exterior (cenário físico) ou interior (ambiente mental).

  • Narrador / Foco Narrativo: O contador da história.

    • Primeira Pessoa (Homodigiética): Participa da intriga (protagonista ou testemunha/secundário).

    • Terceira Pessoa (Heterodigiética): Ausente da ação.

      • Onisciente: Conhece totalmente as personagens e a trama (mente, passado, futuro).

      • Restritiva/Externa: Apresenta apenas aspectos visíveis, tendo o mesmo conhecimento das personagens.

      • Intruso/Interventiva: Interage com o leitor ou comenta a história.

3.3. Subgêneros Narrativos

As espécies narrativas podem ser em verso ou em prosa:

Em Verso

Em Prosa

Epopeia/Épico (poema longo, feitos de heróis)

Romance (extenso, ações ocorrem juntas, complexo)

Canção de gesta (exalta feitos heroicos)

Novela (extensa, mas menor que o romance, dividida em episódios)

Balada (Idade Média, vida cavalheiresca)

Conto (narrativa breve, rotineira)

Poema heroico (fatos de menor importância que a epopeia)

Crônica (informal, fatos cotidianos, curta duração)

Poema herói-cômico/Burlesco (tom solene com assunto popular ou vice-versa)

Fábula (personagens animais/objetos, lição de moral)

Apólogo (curta, sentido alegórico, personagens inanimadas)

Parábola (breve, refere-se ao homem e destinação transcendental)

Exceção de Classificação (Hibridismo): A crônica e a anedota podem pertencer ao gênero Narrativo, mas também podem ter traços de outras classes (como o humorístico), configurando o hibridismo.


4. Gênero Dramático (O Mais Complexo: Ação e Catarse)

O Gênero Dramático designa os textos literários concebidos especificamente para serem representados (encenados) no palco. A palavra drama vem do grego drao, que significa ação.

4.1. Características e Estrutura

  1. Feito para Encenação: O foco é a ação e não a narração distante.

  2. Ausência de Narrador: A voz narrativa está entregue às personagens, que contam a história por meio de diálogos (ou monólogos), sem a mediação de um narrador.

  3. Estrutura Formal: Texto em forma de diálogos, dividido em atos e cenas.

  4. Rubricas/Didascálias (Importante): São descrições secundárias que informam os atores e o leitor sobre o espaço, a situação, ou a dinâmica do texto principal (ex: "com voz baixa").

Elementos do Texto Dramático: Além das personagens (protagonista, antagonista), há o Coro, um conjunto de atores que comenta a ação ao longo da peça.

4.2. Tipos Clássicos e Modernos (Foco em Concursos)

A tragédia e a comédia foram os dois tipos principais produzidos na Grécia Antiga.

Característica

Tragédia

Comédia

Definição (Aristóteles)

Imitação de ação de caráter elevado, suscitando terror e piedade, resultando na purificação das emoções (catarse).

Imitação de homens inferiores.

Tom e Linguagem

Sério, solene e formal.

Cômico, ridículo e coloquial.

Personagens

Nobres (reis, príncipes) que sofrem destino imposto pelos deuses/destino. O herói erra e sofre.

Estereotipados, simbolizando vícios humanos (avareza, mesquinhez), temática ligada ao cotidiano e sátira.

Desfecho

Ação inicial feliz, mas com desfecho fatal (funesto).

Situação inicial complicada, mas com final feliz.

Exemplo Clássico

Édipo Rei (Sófocles).

Lisístrata (Aristófanes).

Subtipos Misto/Exceções:

  • Tragicomédia: Mistura elementos trágicos e cômicos.

  • Farsa: Pequena peça teatral de teor ridículo e caricatural, que critica a sociedade, sem preocupação com a verossimilhança.

  • Drama (Sentido Amplo): Toda peça teatral caracterizada por seriedade, mas sem a solenidade da tragédia.

4.3. A Catarse: O Efeito Dramático Clássico (Alto Valor em Concursos)

A Catarse é um dos elementos centrais da teoria do drama de Aristóteles, vinculada ao conceito de tragédia.

4.3.1. Catarse Aristotélica (Clássica)

A catarse é o efeito de purgação dessas emoções (compaixão e terror).

  • Finalidade: Obter a purgação dessas emoções. Estudos filológicos sugerem que o termo tem origem médica (purgação de humores) ou religiosa (purificação espiritual).

  • Mecanismo: A catarse se baseia no pressuposto teórico da identificação do público com o personagem (objeto representado). O espectador, vendo um personagem que se assemelha a ele e que sucumbe à sua desmedida, experimenta uma descarga de emoções ou alívio da tensão psicológica.

  • Paradoxo Estético: A catarse é um equilíbrio balanceado entre a beleza da representação estética (prazer estético) e as ações cruéis que despertam terror e compaixão no objeto representado. O mito (enredo) é priorizado como o recurso principal para se obter o efeito de catarse, em detrimento do espetáculo cênico.

4.3.2. Catarse na Contemporaneidade: Deslocamentos (As Exceções)

A partir do século XIX, teorias como as de Brecht e Artaud promoveram deslocamentos e atualizações do conceito de catarse, insatisfeitas com a função do teatro tradicional.

A. Bertolt Brecht: O Teatro Épico e o Distanciamento

Brecht via a estética aristotélica como um incentivo à passividade e à identificação (fruição/diversão), transformando o teatro em mercadoria. Seu projeto dramaturgo defendeu o Teatro Épico, de caráter narrativo.

  • Objetivo: Transformar o teatro em arte provocativa com uma perspectiva didática.

  • Mecanismo (A Grande Exceção): O Efeito de Distanciamento (Verfremdungseffekt): Brecht buscava destruir a identificação (empatia) entre o público e a personagem, colocando o objeto representado a distância para que o espectador o visse como estranho e problemático, mobilizando seu senso crítico. Isso implicava a destruição da ideia de "quarta parede".

  • Nova Catarse: Para Brecht, a catarse é o efeito crítico que torna o teatro épico praticável: despertar o processo didático. O espectador torna-se consciente de seu momento histórico e um agente de mudanças.

B. Antonin Artaud: A Poética da Crueldade e a Metamorfose

Artaud buscava a sacralização do teatro, opondo-se ao teatro laicizado de entretenimento.

  • Objetivo: Propor uma nova condição humana, criando mitos que refletissem a condição humana em seu sentido geral e coletivo.

  • Linguagem Cênica: Defendeu a necessidade de romper a sujeição do teatro ao texto e priorizar a linguagem cênica—aproximando-se mais do gesto e da expressão do que da palavra dialogada.

  • Mecanismo: Impor ao público um estado de transe através da encenação (Teatro da Crueldade), retirando-o da passividade.

  • Nova Catarse: O efeito esperado é uma experiência vital e prova iniciática da qual o espectador sairia metamorfoseado e purificado. A catarse é uma alteração no espírito do indivíduo, reformulando sua identidade.


5. Dúvidas Comuns e Teorias Avançadas (Alto Nível e Exceções)

5.1. Pergunta Óbvia: Gênero Épico é o Mesmo que Gênero Narrativo?

Resposta: Sim, na Teoria da Literatura moderna. O Gênero Épico é o nome clássico da categoria, sendo o Gênero Narrativo a nomenclatura contemporânea, que engloba tanto as narrativas em verso (epopeia) quanto em prosa (romance, conto, etc.). O termo "narrativo" reflete a evolução e a dominância da prosa (romance) na fase moderna, que se distancia da tradição épica.

5.2. O Debate Teórico: Pureza vs. Hibridismo dos Gêneros (Cobrado em Concursos)

A forma como os gêneros interagem e evoluem é uma questão frequentemente abordada.

Teoria Clássica (Antiga/Neoclássica)

Teoria Moderna (Descritiva)

Imutabilidade e Pureza: Os gêneros eram considerados distintos, separados e imutáveis. Não deveria haver mistura (miscigenação) entre as classes.

Mutabilidade e Hibridismo: A moderna teoria é descritiva (não ditando regras) e admite a mistura de gêneros (como a tragicomédia).

Normativa/Prescritiva: Ditava regras estritas de composição para que os poetas atingissem a perfeição.

Liberdade do Escritor: O escritor é livre em sua produção, podendo se mover à vontade dentro das categorias.

Hierarquia Social: A épica e a tragédia tratavam de indivíduos superiores (reis, nobres), enquanto a comédia tratava da classe média.

Variação e Autonomia: Enfatiza o caráter original de cada obra e a autonomia da criação artística.

Relevância em Concursos: A moderna teoria reconhece que o surgimento de novos gêneros (ou subgêneros) não segue um fluxo linear. O prazer da obra literária moderna advém tanto da novidade quanto do reconhecimento de formas tradicionais, pois um gênero totalmente novo é inconcebível se não dialogar com a tradição.

5.3. A Importância Didática da Classificação

Apesar da flexibilidade das categorias, o estudo dos gêneros literários tem grande valor didático. Ele fornece um instrumental analítico para o estudante ou profissional de letras, permitindo compreender os elementos estruturais e os diálogos intertextuais da obra com a tradição.

Resumo Analítico da Classificação Funcional: Uma forma funcional de entender os três gêneros básicos, que resgata Aristóteles de modo descritivo, é a seguinte:

  • Gênero Épico/Narrativo: Caracteriza-se pela presença de uma estória e de um contador de estórias (narrador).

  • Gênero Dramático: Caracteriza-se pela ação, sendo uma estória sem contador, onde os personagens interpretam (atuam) diretamente através de diálogos.

  • Gênero Lírico: Não há narrador nem história a ser contada, mas uma apresentação direta onde o poeta (eu lírico) expressa sentimentos e divagações.