
Compreender os Movimentos de Massa é fundamental para a segurança de comunidades e o desenvolvimento sustentável de cidades, especialmente em um país como o Brasil, onde esses fenômenos são recorrentes e causam significativos prejuízos e perdas de vidas.
Os movimentos de massa são fenômenos naturais de dinâmica externa que têm a capacidade de mudar e modelar as formas do relevo. De forma mais simples, são deslocamentos de um determinado volume de solo, rocha e/ou vegetação ao longo de uma vertente (encosta natural) ou talude (terreno inclinado feito pelo homem), ocorrendo sob a ação direta e principal da gravidade. A contribuição de outros meios, como água ou gelo, ocorre principalmente pela redução da resistência dos materiais da vertente ou pela indução de um comportamento plástico e fluido dos solos.
Nas últimas décadas, a aceleração desses movimentos tem sido observada, não apenas por variáveis do meio físico, mas, principalmente, pela intervenção humana no solo e em encostas sem a devida consideração pelo ambiente natural. Isso os caracteriza como um problema de ordem pública e governamental.
A classificação dos movimentos de massa é de extrema importância, pois permite associar a cada tipo de movimento características específicas, como profundidade, raio de alcance, material instabilizado e potencial destrutivo. Essas informações são, em conjunto com o entendimento dos fatores condicionantes, fundamentais para a formulação de modelos que orientem a proposição de medidas preventivas e corretivas.
Existem várias classificações, como as de Varnes (1978), Guidicini e Nieble (1976), e Turner e Schuster (1996). A classificação de Varnes (1978) é uma referência mundial, sendo considerada oficial pela International Association of Engineering Geology and the Environment (IAEG). No Brasil, a classificação proposta por Augusto Filho (1992) é um referencial para a elaboração de mapas de risco, apresentando os principais movimentos de massa na dinâmica ambiental brasileira e suas características.
Em geral, as classificações modernas baseiam-se na combinação dos seguintes critérios:
Velocidade, direção e recorrência dos deslocamentos.
Natureza do material instabilizado (solo, rocha, detritos, depósitos, etc.), sua textura, estrutura e conteúdo de água.
Geometria das massas movimentadas.
Modalidade de deformação do movimento.
Dúvida Comum / Conteúdo Prioritário (Concursos): Os termos "detritos" e "depósitos" carecem de uma definição clara em algumas classificações brasileiras, e sua diferenciação de "solos" pode ser ambígua, visto que do ponto de vista geotécnico, detritos e depósitos são considerados solos.
Os movimentos de massa podem ser classificados em diferentes tipos conforme o mecanismo de deslocamento, a velocidade e o material envolvido:
São os tipos de movimentos de massa mais estudados pela comunidade científica, devido aos enormes problemas e perdas causados, agravados pela crescente ocupação humana em encostas íngremes. Os deslizamentos de terra foram responsáveis por 87,15% das mortes ocasionadas por desastres no Brasil entre 1991 e 2012.
Definição: Caracterizam-se pelo movimento rápido de solo e rochas que se deslocam, muitas vezes, potencializado pela ação da água. Apresentam movimentação rápida, com volume e forma geralmente bem definidos, e seu centro de gravidade se desloca para baixo e para fora do talude.
Gênese: São controlados por diversos fatores – geológicos, geotécnicos, climatológicos e antrópicos. Ocorrem quando a força gravitacional supera o atrito interno das partículas que compõem o terreno. A saturação das encostas é a principal causa no Brasil, explicando a preponderância de sua incidência durante as chuvas.
Tipos de Escorregamentos (Prioridade para Concursos):
Escorregamento Planar (Translacional):
Mais frequente no Brasil.
Desenvolve-se normalmente durante ou logo após intensos episódios de chuva.
Caracterizado por curta duração e rápido deslocamento de materiais, mobilizando grandes volumes de material (geralmente produto da alteração de rochas locais).
O plano de ruptura frequentemente ocorre no contato solo-rocha em encostas serranas brasileiras.
Critérios Topográficos (Concursos): Inclinações de encostas ≥ 25° e amplitude mínima de 5 metros.
Escorregamento Rotacional:
Caracterizado por um movimento em rotação da massa de solo ou rocha.
Mobiliza grande volume de material.
Critérios Topográficos (Concursos): Identificado por feições topográficas específicas e registros de ocorrências pretéritas.
Escorregamento em Cunha: Pouco comum e restrito a regiões com relevo fortemente controlado por estruturas geológicas, por isso não é detalhado na maioria dos manuais.
Definição: Fenômenos de fluxo compostos por uma mistura altamente destrutiva de sedimento e água. Possuem múltiplas superfícies de deslocamento (internas e externas à massa em movimentação) e um movimento semelhante ao de um líquido viscoso.
Características:
Desenvolvem-se ao longo das drenagens (canais fluviais).
Velocidades médias a altas.
Mobilizam solo, rocha, detritos e água em grandes volumes.
Possuem extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas.
Impacto: Estão entre os tipos mais catastróficos de movimento de massa devido ao extenso raio de alcance, grande quantidade de material transportado e alta energia do processo, causando grandes prejuízos e fatalidades ao atingir áreas urbanas. São considerados o tipo mais destrutivo entre os movimentos de massa e o principal causador de mortes em áreas urbanas.
Prioridade para Concursos:
Terminologia e Conceitos no Brasil: Há uma divergência na terminologia; enquanto alguns estudos usam "fluxo de detritos", a Defesa Civil no Brasil adota "corrida de massa". A comunidade científica reconhece a subjetividade na definição e identificação desses fenômenos, sendo necessária a padronização de conceitos e terminologias.
Fluxos de Detritos Lenhosos: Devido ao clima tropical e subtropical do Brasil, que favorece o aumento da biodiversidade e biomassa nas bacias, a presença de vegetação e troncos é significativa. Por isso, os fluxos que ocorrem no Brasil podem ser categorizados como fluxos de detritos lenhosos, o que exige estudos específicos sobre a dinâmica dos troncos.
Critérios Topográficos (Concursos): Condição de confinamento (comprimento do vale maior ou igual à sua largura) e talvegue (linha de fluxo) com inclinação média mínima de 10° entre os pontos de início e de espraiamento. A bacia de contribuição deve ser de no mínimo 1 hectare.
Definição: Movimentos, geralmente abruptos, de blocos e matacões rochosos que se desprendem de encostas íngremes, paredões rochosos ou falésias.
Fatores Predisponentes: Descontinuidades litológico-estruturais dos maciços rochosos, ação do intemperismo físico-químico, e podem ser desencadeados por eventos chuvosos.
Características: A velocidade, trajetória e alcance podem variar muito, dependendo de fatores como a declividade da encosta e a forma e dimensão do material mobilizado.
Movimentos Envolvidos: Quedas livres, rolamentos (quando o bloco rochoso sofre movimento de rolamento), tombamentos e desplacamentos de rochas.
Impacto: São eventos complexos, de alto poder destrutivo, com baixa capacidade preditiva de deflagração. A melhor estratégia é a estimativa da trajetória e do alcance do bloco.
Critérios Topográficos (Concursos): Presença de afloramento rochoso (paredões, depósito de tálus, campo de blocos) e encostas com inclinações ≥ 50°, com amplitude mínima de 5 metros.
Proteção: Rodovias, ferrovias e áreas urbanas estão frequentemente sujeitas à instabilidade dos maciços rochosos. Existem sistemas de proteção contra a queda de rochas, que incluem proteções passivas (como trincheiras, aterros e barreiras) e proteções ativas (como reforços superficiais com malhas, cabos de aço e ancoragens).
Os movimentos de massa resultam de uma combinação complexa de fatores naturais e antrópicos.
Constituem um conjunto de condições geológicas, geométricas e ambientais sob as quais acontecem os movimentos de massa.
Complexo Geológico:
Natureza petrológica e petrográfica das rochas.
Estado de alteração das rochas (intemperismo).
Direção das camadas e grau de fraturamento.
Complexo Morfológico:
Amplitude do relevo.
Inclinação superficial (declividade) e forma do relevo.
Complexo Climático-Hidrológico:
Clima.
Regime das águas de superfície e subsuperfície.
Chuvas fortes: São um dos principais agentes responsáveis pela deflagração dos deslizamentos. A saturação das encostas é a causa principal dos movimentos de massa no Brasil, com grandes tragédias frequentemente associadas à passagem do estado não saturado para o saturado.
Tipo de Vegetação Original:
A vegetação é fundamental na estabilidade das encostas, com locais bem vegetados sendo menos susceptíveis.
As raízes das plantas adicionam resistência ao solo, tanto com reforços laterais quanto na base da superfície de ruptura.
Exceção/Cuidado (Concursos): A sobrecarga imposta pela vegetação pode ter um efeito tanto favorável quanto desfavorável, dependendo da inclinação local. Além disso, bananeiras não protegem a encosta. O efeito do vento na transferência de forças cisalhantes ao solo é geralmente pequeno e pode ser desprezado para mapeamento de suscetibilidade.
São as intervenções humanas no ambiente natural que podem desestabilizar as encostas.
Execução de cortes altos e muito inclinados no terreno ou escavação da base das encostas. Mesmo cortes menores em massas coluvionares podem causar movimentos de rastejo que evoluem para movimentos mais rápidos com chuvas.
Construção deficiente de aterros.
Lançamento de entulho e lixo nas encostas e taludes, que obstrui as redes de drenagem.
Remoção da cobertura vegetal (desmatamento), especialmente para construção de moradias, que é uma das principais responsáveis pela ocorrência de deslizamentos e mortes.
Lançamento de águas pluviais e/ou servidas (esgoto) no terreno, o que pode causar erosão e aumentar a saturação do solo.
Ocupação desordenada de encostas e construção em morros muito acidentados, sem acompanhamento técnico ou em locais proibidos pela prefeitura.
É crucial observar os sinais de movimento do terreno para prevenção de desastres. Ao identificar qualquer um desses indícios, a ação imediata pode salvar vidas.
Sinais Visíveis de Movimentos de Massa:
Rachaduras no chão.
Árvores, postes ou cercas inclinadas ou "embarrigadas".
Abatimentos ou fendas no terreno.
Levantamento do piso da residência.
Barulhos vindos do chão, como se fossem pequenos terremotos.
Ações Imediatas ao Observar Sinais (Conteúdo de Segurança Pública):
Saia imediatamente da residência.
Solicite vistoria técnica da Defesa Civil Municipal (o telefone geralmente é 199).
Se identificar rachaduras no terreno, coloque lona plástica para evitar a infiltração de água.
Não retorne para a residência até que haja liberação oficial da Defesa Civil ou órgão competente.
Siga todas as orientações das autoridades e, se recomendado, desloque-se para um abrigo ou ponto seguro indicado.
A avaliação dos riscos geomorfológicos é uma prática fundamental para reduzir os danos provocados por movimentos de massa. Ela busca responder a perguntas chave para gerenciar o risco:
Que fenômeno?
Onde?
Até onde?
Que tamanho?
Quando?
Quem? O quê? Quanto?
Grau de perda?
As cinco primeiras questões são resolvidas a partir da avaliação da Perigosidade.
Para uma compreensão completa da avaliação de riscos, é crucial entender a distinção entre os seguintes conceitos:
Suscetibilidade: Indica a potencialidade de ocorrência de processos geológicos naturais e induzidos em áreas de interesse, expressando-as em classes de possibilidade. É a tendência de uma vertente sofrer movimentos de massa diante de um conjunto de fatores.
Perigo (Hazard): É uma condição ou fenômeno com potencial para causar uma consequência indesejável dentro de um certo período de tempo. A descrição do perigo de deslizamento deve incluir o local, volume (ou área), classificação (tipo) e velocidade dos deslizamentos em potencial. No contexto dos movimentos de massa, o perigo refere-se à probabilidade de ocorrência de um evento com magnitude, período e área específicos. A identificação do perigo potencial é essencial, pois não existe risco sem perigo.
Vulnerabilidade: Refere-se às condições das construções e da sociedade frente aos processos com potencial de ocorrência. No Brasil, a avaliação baseia-se no material empregado nas construções (alvenaria, madeira) e na presença de danos estruturais.
Classes de Vulnerabilidade (V1 a V4):
V1 (Baixa): Construções de alvenaria bem construídas, sem danos estruturais, e que apresentem laudo técnico específico de engenharia comprovando sua resistência frente ao movimento.
V2 (Média): Construções de alvenaria visualmente bem construídas, sem danos estruturais, mas sem laudo técnico.
V3 (Alta): Construções de alvenaria com danos estruturais evidentes ou construções de madeira ou alvenaria em condições precárias.
V4 (Muito Alta): Edificações precárias associadas a assentamentos não legalizados.
Exceção/Cuidado (Concursos): Para fluxos de detritos e queda de blocos, devido à alta energia destrutiva e à carência de estudos que mensurem a resistência das estruturas a esses processos, assume-se que a vulnerabilidade será desconsiderada até que existam parâmetros de quantificação específicos.
Risco: Representa as consequências dos movimentos gravitacionais de massa para a sociedade. É a relação entre a análise de perigo e as condições de resistência física (vulnerabilidade) das construções frente aos processos estudados. A qualificação do risco é feita com base no histórico de ocorrências, julgamento de especialistas e matriz de perigo-vulnerabilidade.
O "Manual Técnico para Mapeamento de Perigo e Risco a Movimentos Gravitacionais de Massa" (Volume 1 do Projeto GIDES) tem como objetivo identificar, delimitar e qualificar o terreno frente aos principais processos de movimento de massa no Brasil (deslizamentos planar e rotacional, fluxo de detritos e queda de blocos). A metodologia é baseada em abordagens desenvolvidas no Japão, adaptadas à realidade brasileira.
As etapas metodológicas são:
Etapa 1: Levantamento de Dados e Definição da Área de Estudo
Base de Dados: Coleta de informações cartográficas e históricas de movimentos de massa.
Base Cartográfica: Mapas com curvas de nível (extraídas de Modelos Digitais de Elevação - MDE), drenagem, malha urbana, plano-diretor, carta geotécnica, imagens (Google Earth, ortofotografias).
Prioridade (Concursos): A qualidade do produto gerado está diretamente relacionada à escala de trabalho. Escalas de maior detalhe aumentam a precisão das análises. O manual adota escalas de 1:10.000 (mínima) a 1:2.500 (ou maior detalhe para análise de perigo e risco).
Histórico de Processos: Registros de ocorrências pretéritas de deslizamentos, fluxos de detritos e quedas de blocos, geralmente obtidos da Defesa Civil.
Exceção/Cuidado (Concursos): Frequentemente, esses inventários são incompletos, pois evidências de movimentos menores podem ter desaparecido devido à erosão ou cobertura vegetal. Contudo, um histórico robusto permite o uso de parâmetros locais para o município. A inexistência de registros não impede a aplicação da metodologia.
Definição da Área de Estudo:
Locais de Interesse (LOIs): Porções do município que necessitam de mapeamento (setores residenciais/industriais, hospitais, escolas, estações de tratamento, áreas de expansão urbana).
Limite de Abrangência: Estende a análise para as encostas adjacentes aos LOIs, indo até a crista das encostas que os circundam, para incluir as áreas-fonte de movimentos.
Etapa 2: Análise de Perigo na Área de Estudo Dividida em trabalho de escritório e levantamento de campo.
Fase de Escritório (APE): Aplicação de critérios topográficos e regras de delimitação sobre a área de estudo para identificar o perigo potencial.
Critério Topográfico: Referência quantitativa para identificar condições topográficas favoráveis à deflagração. (Ver critérios específicos por tipo de movimento na Seção 3).
Regras de Delimitação: Instruções para definir o raio de ação (deflagração e atingimento) dos movimentos. Delimita as Áreas Críticas (AC), com maior probabilidade de deflagração e energia concentrada, e as Áreas de Dispersão (AD), sujeitas à deposição do material e energia dispersa. A Área Crítica tem prioridade sobre a Área de Dispersão.
Fase de Campo (APC): Validação e qualificação do grau de perigo.
Validação: Verificação in loco dos critérios topográficos e regras de delimitação. As informações de campo prevalecem sobre as da análise de escritório se houver divergência.
Qualificação do Grau de Perigo: Atribuição de classes de perigo (P1 a P4) com base na observação de indícios de instabilidade no terreno.
Classes de Perigo (P1 a P4):
P1 (Baixo): Condições topográficas e de delimitação de atingimento atendidas; baixa possibilidade de ocorrência/deposição; terreno sem feições de instabilidade.
P2 (Moderado): Condições topográficas e de geração atendidas; moderada possibilidade de ocorrência/deposição; terreno geralmente sem feições, mas casos isolados podem ocorrer.
P3 (Alto): Condições topográficas e de geração atendidas; alta possibilidade de ocorrência/deposição; terreno pode apresentar feições de instabilidade evidentes; registros pretéritos podem ocorrer.
P4 (Muito Alto): Condições topográficas e de geração atendidas; muito alta possibilidade de ocorrência/deposição; terreno pode apresentar feições de instabilidade marcantes; registros pretéritos são comuns.
Prioridade (Concursos): A qualificação está baseada na experiência do pesquisador e se refere a uma estação chuvosa normal, não sendo aplicável a situações climáticas extremas que podem elevar o grau de perigo.
Influência de Obras: Obras de engenharia (contenção) com laudo técnico podem diminuir consideravelmente o grau de perigo. Obras sem laudo ou inacabadas não alteram a qualificação.
Etapa 3: Análise de Risco na Área de Estudo O foco passa para as consequências dos movimentos de massa para a sociedade, avaliando as condições das construções.
Classificação da Vulnerabilidade: Avaliação do material das construções e danos estruturais (V1 a V4). (Ver Seção 6.1).
Qualificação do Risco: Baseada no histórico, julgamento do pesquisador e uma matriz de perigo-vulnerabilidade. O produto final é a Carta de Risco.
Uso de SIG: A utilização de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) é fundamental para a identificação, delimitação e representação dos processos, auxiliando na organização e padronização dos dados.
Sensoriamento Remoto: Amplamente aplicado no levantamento de cicatrizes e na geração de mapas de suscetibilidade.
Mapas Detalhados: Quanto mais detalhado o mapa, mais confiável será o resultado, especialmente para a representação da topografia.
Produtos Cartográficos Finais (Leiautes): O manual propõe modelos padronizados para garantir a uniformização e fácil compreensão das informações.
Carta-Índice de Perigo e Risco: Espacializa globalmente as informações de perigo e risco, permitindo identificar áreas afetadas, setores de perigo com ou sem risco, zonas e rotas seguras.
Carta de Perigo: Exibe os polígonos dos setores de perigo e suas qualificações, incluindo obras de contenção que alteram o grau de perigo. Pode ser em maior escala que a carta-índice.
Carta de Risco: Apresentada em maior detalhe que as anteriores, exibindo os polígonos dos setores de risco com suas qualificações e o número de construções em risco por grau. Deve ser detalhada o suficiente para apoiar planos de contingência (ruas, pontes, malha urbana).
A prevenção é crucial para mitigar os impactos dos movimentos de massa.
As técnicas de estabilização de taludes são fundamentais na construção civil para proteção de áreas sujeitas à erosão hídrica e condições geotécnicas desfavoráveis. A escolha da melhor técnica depende do solo, condições geológicas e geotécnicas, presença de água, tempo de intervenção, acesso, disponibilidade de materiais e, principalmente, da avaliação correta de um profissional geotécnico.
Passos Iniciais Cruciais:
Realizar uma sondagem prévia para mapear as características do solo.
Elaborar um projeto geológico-geotécnico para estabelecer técnicas de intervenção e verificações de estabilidade.
O acompanhamento de um engenheiro civil geotécnico em campo é imprescindível devido às incertezas da geotecnia.
Categorias Principais de Técnicas:
Soluções Sem Contenção:
Remoção de Blocos e Direcionamento de Blocos: Comuns em formações com rochas fraturadas; retira ou direciona blocos soltos para evitar danos à estrutura.
Retaludamento: Processo de terraplanagem (cortes e/ou aterros) para gerar ganho de estabilidade na inclinação do talude. Deve ser associado a proteções superficiais para evitar erosões.
Proteção Superficial: Realizada com materiais naturais (gramas, vegetação) ou artificiais (drenagem superficial, concreto projetado, biomantas, telas). O solo nunca deve ficar exposto.
Malha Talude: Proteção superficial específica para rochas, podendo, em conjunto com grampos metálicos, promover uma estabilização flexível.
Soluções Com Contenção:
Gabião e Muros de Gravidade (Ciclópico).
Solo Reforçado: Com uso de tecnologias como LandPro e geogrelhas.
Muros à Flexão de Concreto Armado.
Taludes Reforçados com Geossintéticos.
Considerações de Projeto (Prioridade para Concursos):
Fatores econômicos, ambientais, construtivos, prazo e segurança devem ser considerados na decisão da solução.
A água é um fator crítico que impacta a estabilidade; alterações no uso do solo (ex: impermeabilização por empreendimentos imobiliários) que direcionam a água para o talude podem exigir modificação da solução.
A vida útil das obras de proteção é regulamentada: revestimentos e barreiras de proteção devem ter vida útil mínima de 25 anos, enquanto aterros de proteção devem ter vida útil mínima de 50 anos.
A população também desempenha um papel fundamental na prevenção:
Evite fazer cortes altos e muito inclinados no terreno, assim como escavar sua base.
Evite retirar a vegetação que protege a encosta. Lembre-se que certas plantas, como bananeiras, não protegem a encosta.
Solicite a poda de árvores que estão próximas à sua residência, pois ventos e tempestades podem derrubá-las.
Evite lançar água ou esgoto no terreno, pois essa prática pode causar erosão.
Não jogue lixo e entulhos nas encostas, pois isso obstrui as redes de drenagem.
Não construa em morros muito acidentados, nem fundações/alicerces sem acompanhamento técnico ou em locais proibidos pela Prefeitura.
Os movimentos de massa, um tema central na geomorfologia, são fenômenos complexos, mas compreendê-los é um passo crucial para a gestão de riscos de desastres e o planejamento urbano seguro. A aplicação de metodologias padronizadas como a do Projeto GIDES, o investimento em tecnologias de monitoramento (como as do Cemaden) e a conscientização da população são essenciais. Embora a previsão exata de um deslizamento seja quase impossível, a prevenção e a mitigação de seus resultados são totalmente possíveis. Continuar a pesquisa, padronizar terminologias e fortalecer a integração entre cientistas, gestores públicos e a comunidade são as chaves para reduzir as perdas humanas e materiais no Brasil.
Esperamos que este guia completo e didático tenha sanado suas dúvidas e fornecido as informações mais relevantes e atualizadas sobre Movimentos de Massa para seus estudos e preparações para concursos.
Palavras-chave SEO: Movimentos de Massa, Deslizamentos de Terra, Geomorfologia, Risco Geomorfológico, Prevenção de Desastres, Estabilização de Taludes, Escorregamentos, Fluxo de Detritos, Queda de Blocos, Mapeamento de Risco, Perigo Geológico, Vulnerabilidade Geotécnica, Fatores Naturais de Instabilidade, Ações Antrópicas em Encostas, Defesa Civil, Geotecnia, Engenharia Civil, Estudos de Solo, Cartografia de Risco, Segurança em Encostas, Desastres Naturais Brasil.
Questões de múltipla escolha:
O que são os movimentos de massa, conforme descritos no texto?
a) Deslocamento de placas tectônicas.
b) Movimentação de materiais ao longo de uma encosta devido à ação da gravidade.
c) Aceleração de partículas em experimentos científicos.
d) Formação de dunas em regiões desérticas.
Qual dos seguintes não é um exemplo de movimento de massa?
a) Deslizamentos.
b) Desmoronamentos.
c) Erosão fluvial.
d) Rolamento.
Quais são alguns dos fatores que podem desencadear os movimentos de massa?
a) Terremotos, atividades humanas, e ventos.
b) Chuvas intensas, terremotos, e atividades humanas.
c) Erosão fluvial, deslizamentos e nevascas.
d) Secas, furacões, e atividades vulcânicas.
Gabarito:
b) Movimentação de materiais ao longo de uma encosta devido à ação da gravidade.
c) Erosão fluvial.
b) Chuvas intensas, terremotos, e atividades humanas.