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14/03/2024 • 17 min de leitura
Atualizado em 25/07/2025

Geomorfologia: Relevo brasileiro

Geomorfologia do Brasil: Desvendando o Relevo Brasileiro de Forma Didática

Se você busca entender as paisagens do nosso país, desde as majestosas serras até as extensas planícies, e quer se preparar para provas e concursos públicos, este é o seu material definitivo. Aqui, vamos desvendar os segredos da formação do relevo brasileiro, suas características únicas e a interação com a sociedade, tudo de forma didática e acessível.

1. O Que É Geomorfologia e Por Que Ela É Tão Importante Para o Brasil?

A Geomorfologia é a ciência que estuda as origens, formação, transformações sucessivas e a evolução das formas de relevo do globo terrestre. Ela nos permite compreender não apenas como uma montanha se formou, mas também como o clima, a vegetação e a ação humana interagem com essas formas.

No Brasil, o estudo da geomorfologia é crucial porque o relevo é um dos elementos físicos que mais interage com os demais componentes ambientais – como clima, vegetação, águas e solos – em múltiplas relações de causa e efeito. Ele influencia diretamente a distribuição da população, condiciona atividades econômicas e a estruturação da rede viária, impactando a circulação de riquezas e mercadorias.

2. As Características Essenciais do Relevo Brasileiro: Estabilidade e Altitudes Modestas

Uma das primeiras e mais importantes características a serem compreendidas sobre o relevo brasileiro é a sua estabilidade geológica. O Brasil está localizado no centro da Placa Tectônica Sul-Americana. Isso significa que, ao contrário de regiões nas bordas de placas tectônicas (como os Andes), o território brasileiro:

  • Não possui cadeias orogênicas modernas (dobramentos modernos), como os Andes, Alpes ou Himalaias. As grandes montanhas e cordilheiras se formam em áreas de encontro de placas tectônicas, o que não ocorre no Brasil.

  • Não registra grandes abalos sísmicos ou terremotos com frequência. Os tremores que ocorrem são geralmente de fraca ou média magnitude e resultam de acomodações de camadas sedimentares.

  • Não apresenta atividade vulcânica expressiva atualmente.

Devido a essa longa estabilidade e exposição à ação de agentes externos, o relevo brasileiro possui altitudes modestas e terrenos pouco acidentados. A maior parte do território está situada entre 200 e 600 metros de altitude.

  • Aproximadamente 40% do território está abaixo de 200 metros.

  • 45% está entre 200 e 600 metros.

  • 12% está entre 600 e 900 metros.

Curiosidade: O ponto mais elevado do Brasil é o Pico da Neblina, com 2.995,30 metros de altitude, localizado na fronteira norte do país, na Serra do Imeri (estado do Amazonas). Embora elevado, ele não é considerado parte de uma cadeia montanhosa moderna.

3. A Estrutura Geológica do Brasil: A Base Antiga do Nosso Relevo

O relevo brasileiro é construído sobre uma estrutura geológica muito antiga, com formas que foram esculpidas em tempo geológico relativamente recente. Basicamente, a estrutura geológica do Brasil pode ser dividida em duas grandes unidades:

3.1. Escudos Cristalinos (Plataformas e Maciços Antigos)

  • São as rochas mais antigas do território, algumas com mais de 3 bilhões de anos.

  • Formaram-se no Período Pré-Cambriano (especialmente do Pré-Cambriano médio, há cerca de dois bilhões de anos).

  • São áreas de rochas ígneas e metamórficas, muito resistentes e responsáveis pelo relevo forte e altas declividades de algumas paisagens, como a Serra do Mar.

  • No Brasil, são representados por crátons (Amazônico, Guianas, São Francisco, Luís Alves/Rio de La Plata) e extensas faixas móveis proterozoicas.

  • São importantes fontes de recursos minerais metálicos.

  • Localizam-se principalmente no litoral, no Primeiro Planalto Paranaense, na Serra do Mar, no Norte, em parte do Nordeste e em parte do Sul do país.

3.2. Bacias Sedimentares

  • São os compartimentos mais recentes da estrutura geológica, com sedimentos que datam desde a Era Paleozoica (entre 248 e 545 milhões de anos).

  • São espessas sequências de rochas sedimentares e vulcânicas que cobrem os escudos cristalinos.

  • No Brasil, as quatro grandes bacias sedimentares são: Bacia Amazônica, Bacia do Paraná (ou Paranaica), Bacia do Parnaíba (ou Meio-Norte) e Bacia Central.

  • A Bacia do Paraná, por exemplo, teve sua formação iniciada no Siluriano e terminada no Período Cretáceo. Ela é famosa por eventos geológicos marcantes:

    • No Jurássico, transformou-se em um imenso deserto (o deserto Botucatu), cobrindo parte do Sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.

    • No Cretáceo, com a ruptura do supercontinente Gondwana e a separação entre América do Sul e África, houve a liberação de magma que formou extensos derrames de lavas basálticas. Esses derrames atingiram até 1.500 metros de espessura e cobriram mais de 1.200.000 km². A alteração dessas lavas resultou na famosa "terra roxa", um solo de alta fertilidade agrícola, muito cobrado em concursos.

    • Sobre essas rochas, no Noroeste do Estado, ocorre o arenito Caiuá, também formado em ambiente desértico ao final do Cretáceo, que gera solos suscetíveis à erosão e pobres para agricultura.

4. Agentes Modeladores do Relevo: As Forças Que Esculpem a Paisagem

O relevo é o resultado da interação de forças endógenas (internas) e exógenas (externas). No Brasil, a atuação dos agentes exógenos é preponderante.

4.1. Agentes Endógenos (Forças Internas)

  • São responsáveis pela formação inicial das grandes estruturas e pela movimentação da crosta terrestre. Incluem:

    • Tectonismo: Movimentos da crosta terrestre, como o soerguimento (epirogênese), que eleva grandes blocos continentais. No Brasil, a reativação de falhamentos na estrutura brasileira, influenciada pelo soerguimento da Cordilheira dos Andes (na Era Cenozoica, Terciário), foi fundamental para a constituição das escarpas da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira.

    • Vulcanismo: Atividade de extravasamento de magma. Embora não haja vulcanismo ativo e expressivo no Brasil hoje, derrames basálticos no Cretáceo foram cruciais para a formação da "terra roxa" na Bacia do Paraná.

    • Dobramentos e Falhamentos: Movimentos que dobram ou quebram as rochas. No Brasil, os dobramentos são antigos (proterozoicos) e estão muito desgastados pela erosão, sendo importantes fontes de minerais.

4.2. Agentes Exógenos (Forças Externas)

  • São os principais responsáveis pelo modelado atual do relevo brasileiro, atuando no intemperismo (desagregação e decomposição das rochas) e na erosão (transporte e deposição de materiais).

  • Os principais agentes exógenos incluem:

    • Água: Chuvas, rios, mares e geleiras (no passado geológico). A água é um dos mais poderosos agentes de erosão e transporte de sedimentos.

    • Vento: Responsável pela erosão e deposição em áreas áridas e semiáridas.

    • Variações de Temperatura: Causam a dilatação e contração das rochas, facilitando sua quebra.

    • Clima: O conjunto das condições atmosféricas ao longo do tempo geológico influencia o tipo e intensidade do intemperismo e da erosão.

5. As Grandes Unidades do Relevo Brasileiro: Classificações e Detalhes

Ao longo da história, diversos geógrafos e geomorfólogos propuseram classificações para o relevo brasileiro, aprimorando nossa compreensão. As mais relevantes são:

5.1. Classificação de Aroldo de Azevedo (1940s)

  • Foi uma das primeiras a identificar oito unidades de relevo no Brasil.

  • Preocupou-se em designar unidades como planaltos e planícies, valorizando a terminologia geomorfológica.

  • Critério principal: nível altimétrico.

    • Planalto: Superfície aplainada ou suavemente ondulada, com mais de 200 m de altitude.

    • Planície: Superfície aplainada com altitudes inferiores a 200 m.

  • Dividiu o relevo em 4 planaltos (Guianas, Central, Atlântico, Meridional) e 4 planícies (Amazônica, Costeira, Pantanal, Pampas).

5.2. Classificação de Aziz Nacib Ab'Sáber (1958/1962)

  • Serviu de base para o desenvolvimento da geografia física brasileira e dos domínios morfoclimáticos.

  • Manteve grande parte da proposta de Azevedo, mas utilizou critérios de processos de intemperismo, erosão e sedimentação.

    • Planalto: Superfície onde predomina o processo de erosão sobre o de sedimentação.

    • Planície: Superfície onde o processo de sedimentação supera o de erosão.

  • Foi a primeira a identificar outras formas de relevo, dividindo o Brasil em 10 unidades (7 planaltos e 3 planícies).

  • Introduziu o conceito de "mares de morros" e subdividiu os planaltos.

5.3. Classificação de Jurandyr L. Sanches Ross (1989/1995)

  • É a classificação mais utilizada e completa atualmente.

  • Baseou-se nos estudos de Ab'Sáber e, principalmente, no Projeto Radambrasil (levantamento topográfico com radar entre 1970 e 1985).

  • Identificou 28 macrounidades geomorfológicas.

  • Considera três tipos principais de unidades geomorfológicas, refletindo sua gênese, estrutura e o clima (passado e presente):

A. Planaltos
  • Constituem as formas mais elevadas do relevo brasileiro, com altitudes que variam entre 300m e 1000m.

  • São áreas onde os processos de desgaste (intemperismo e erosão) são dominantes. Ross os divide em quatro subcategorias:

    • Planaltos em Bacias Sedimentares:

      • Terrenos elevados e aplainados que se formam nas áreas das bacias sedimentares.

      • Nas suas bordas, apresentam relevos escarpados, caracterizados por frentes de cuestas (formas assimétricas com um lado suave e outro íngreme).

      • Exemplos: Planalto da Amazônia Oriental, Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba, Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná.

    • Planaltos em Intrusões e Coberturas Residuais de Plataformas:

      • Caracterizados por serras e morros pontiagudos isolados, resultantes de intrusões de granito, derrames vulcânicos e dobramentos antigos (Pré-Cambriano).

      • Exemplos: Planaltos Residuais Norte e Sul Amazônicos (onde se encontra o Pico da Neblina, com serras descontínuas como Tapirapecó, Parima, Tumucumaque, Navio), Planaltos e Chapadas dos Parecis.

    • Planaltos em Núcleos Cristalinos Arqueados:

      • Formados em cinturões orogenéticos antigos, são núcleos cristalinos intensamente trabalhados pela erosão, com feições dômicas (arredondadas).

      • Exemplos: Planalto da Borborema (Nordeste, altitudes até 1.000m) e Planalto Sul-rio-grandense (Sul, altitudes até 450m).

    • Planaltos em Cinturões Orogenéticos:

      • Correspondem a relevos residuais de dobramentos antigos de rochas intrusivas e metamórficas, com feição de serras dissecadas pela erosão.

      • Exemplos: Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste (incluindo a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, com escarpas acentuadas e fossas tectônicas), Planaltos e Serras de Goiás-Minas (com chapadas como Brasília e dos Veadeiros), Serras Residuais do Alto Paraguai.

B. Planícies
  • Caracterizadas por terrenos baixos e aplainados, formados essencialmente por processos de deposição de sedimentos (marinhos, lacustres, aluviais), datados principalmente do Holoceno.

  • Suas altitudes chegam a, no máximo, 220 metros.

  • No Brasil, localizam-se na faixa litorânea, na bacia do Rio Amazonas e no Centro-Oeste.

  • Exemplos: Planície do Rio Amazonas (com a Ilha de Marajó), Planície e Pantanal Mato-Grossense (com altitudes entre 100 e 150m), Planícies e Tabuleiros Litorâneos, Planície do Rio Araguaia (com a Ilha do Bananal), Planície do Rio Guaporé, Planície das Lagoas dos Patos e Mirim.

C. Depressões
  • São formas de relevo muito desgastadas, resultantes de um intenso processo de erosão, que se processou nas bordas das bacias sedimentares (com exceção da Amazônica Ocidental).

  • São terrenos mais baixos do que aqueles situados em seus arredores.

  • As altitudes podem chegar a até 100 metros.

  • Sua gênese está relacionada a ciclos erosivos diferenciados, alternados entre climas mais úmidos e secos.

  • Exemplos: Depressão Sertaneja e do São Francisco (abrangendo o vale do rio São Francisco, com inselbergs esculpidos em rochas cristalinas e sedimentares, como as Chapadas do Apodi e Araripe), Depressão Amazônica Ocidental, Depressões Marginais Amazônicas (Norte e Sul), Depressão do Araguaia, Depressão Cuiabana, Depressão do Alto Paraguai e Guaporé, Depressão do Miranda, Depressão do Tocantins, Depressão da Borda Leste da Bacia do Paraná, Depressão Periférica Central ou Sul-rio-grandense.

6. Foco em Geofeicões Relevantes: Serra do Mar, Chapadas e Planícies Costeiras

Vamos aprofundar em algumas das formações mais emblemáticas e frequentemente cobradas em exames.

6.1. A Imponente Serra do Mar

A Serra do Mar é uma das feições geomorfológicas mais marcantes do Brasil, estendendo-se por mais de 1.000 km, do Espírito Santo a Santa Catarina. No Paraná, atinge seu ponto mais alto no Pico Paraná (1969m).

  • Origem e Evolução (muito importante para concursos!):

    • Sua origem está ligada à separação continental entre a América do Sul e a África, iniciada há 150 milhões de anos com o surgimento do Oceano Atlântico.

    • No processo, ocorreu um amplo soerguimento em toda a borda leste do continente sul-americano.

    • A Serra do Mar corresponde a uma escarpa de falha. Isso significa que ela se formou pelo levantamento do bloco ocidental e o rebaixamento do bloco oriental da Falha de Santos, aproximadamente há 65 milhões de anos (no Paleoceno).

    • Inicialmente, a escarpa da Serra do Mar situava-se dezenas de quilômetros a leste da linha de costa atual. Ao longo de milhões de anos, a erosão agiu intensamente, causando o recuo erosivo da escarpa até a posição atual.

    • Os sedimentos resultantes dessa erosão foram depositados em áreas oceânicas, formando as bacias marginais (Bacias de Campos e Santos), que são hoje importantes reservatórios de petróleo. Calcula-se que cerca de 3 km de rochas foram erodidos da borda do continente nos últimos 80 milhões de anos.

  • Maciços Graníticos da Serra do Mar no Paraná:

    • A Serra do Mar no Paraná possui uma característica especial: não é apenas uma serra de borda de planalto, mas também apresenta setores com significativas diferenças de altitude.

    • Grandes corpos graníticos se formaram há 550 milhões de anos (Pré-Cambriano) no interior do planeta, a mais de 10 km de profundidade.

    • Esses maciços (como Granito Marumbi, Serra da Prata, Graciosa) afloram hoje devido a esforços tectônicos e processos erosivos que desgastaram as rochas sobrejacentes.

    • Os granitos são mais resistentes à erosão do que as rochas encaixantes (gnaisses e migmatitos). Isso faz com que os granitos formem altos topográficos, sobressaindo 400 a 900 metros acima do nível do planalto, originando serras individualizadas.

    • O que é Granito? É uma rocha ígnea, produto da solidificação lenta de magma em grandes profundidades, permitindo que seus minerais (quartzo, feldspato, anfibólios, biotitas) sejam visíveis a olho nu.

    • Gnaisse e Migmatito: São rochas metamórficas, formadas pela transformação de rochas anteriores sob altas temperaturas e pressões. Têm aspecto cristalino, mas diferem dos granitos por apresentar bandamento e orientação de seus minerais.

6.2. As Chapadas Brasileiras

As chapadas são geoformas de grande extensão espacial e de grande importância ecológica e econômica, encontradas principalmente nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.

  • Conceito e Desafios: Há um debate conceitual sobre as chapadas, e a legislação ambiental (CONAMA 303/2002) que as protege possui falhas por usar valores fixos que nem sempre se aplicam à realidade natural.

  • Características Consensuais (segundo especialistas): Um estudo utilizando o método Delphi com geomorfólogos brasileiros propôs um conceito mais abrangente para chapadas, considerando os seguintes parâmetros:

    • Altura Relativa e Ruptura de Declive: Devem ser formas alçadas na paisagem por possuírem uma altura relativa suficiente para destacá-la em relação ao seu entorno, com uma ruptura de declive bem marcada entre sua superfície mais elevada e uma área de altimetria mais baixa.

    • Declividade do Topo: A superfície superior (platô) deve ser plana, com declividade majoritariamente ≤ 6º.

    • Mergulho de Camadas: A inclinação do topo é condicionada pelo mergulho das camadas rochosas, que deve ser majoritariamente ≤ 5º ou ≤ 6º.

    • Categoria Litológica: Principalmente modeladas sobre rochas sedimentares. Excepcionalmente, podem ocorrer em rochas metassedimentares de baixo metamorfismo, sedimentares vulcânicas ou vulcânicas máficas, desde que possuam uma camada superficial tabular, horizontal ou sub-horizontal.

    • Extensão Superficial: Para fins legais e práticos, deve ter no mínimo 10 hectares. Este critério é considerado suficiente para a implantação de agricultura e para diferenciar de formas menores como platôs ou mesas em um contexto legislativo.

    • Gênese: Ocorrem a partir do encaixamento vertical da rede de drenagem, muitas vezes motivado por uma mudança no nível de base (frequentemente de ordem tectônica), individualizando os platôs. Posteriormente, sua evolução está associada ao recuo lateral de suas bordas e à manutenção (ou quase manutenção) altimétrica do seu topo.

  • Chapadas x Tabuleiros: A distinção entre chapadas e tabuleiros é um ponto de discussão. Ambos são formas de relevo de topo plano, elaboradas em rochas sedimentares e limitadas por escarpas.

    • Chapadas: Situam-se em altitudes mais elevadas.

    • Tabuleiros: Apresentam altitudes relativamente baixas. Geralmente recobrem extensas faixas da zona litorânea e sublitorânea e da Amazônia Brasileira, sendo modelados sobre sedimentos do Plioceno (Série Barreiras). Embora a diferenciação seja importante cientificamente, para fins de proteção legal, os critérios e a área de proteção são os mesmos (faixa de 100 metros da borda).

6.3. As Planícies Costeiras

As planícies costeiras paranaenses (e do Brasil em geral) são regiões planas e baixas, com altitudes máximas de 20 metros acima do nível atual do mar.

  • Formação: São formadas por sedimentos arenosos de origem marinha costeira, com idades inferiores a 120.000 anos. Sua formação é devida às grandes variações do nível do mar que ocorreram no Período Quaternário (últimos 1,8 milhão de anos), em consequência dos períodos glaciais (eras do gelo) e interglaciais (períodos quentes).

  • Dinâmica da Linha de Costa:

    • Há 120.000 anos: O nível do mar estava 8 metros acima do atual; a planície costeira praticamente não existia, e a linha de costa localizava-se quase no sopé da Serra do Mar. Ilhas como Mel, Superagui e Peças não existiam, mas havia muitas pequenas ilhas formadas por morros isolados.

    • Há 18.000 anos: No máximo do último período glacial, o mar desceu para aproximadamente 120 metros abaixo do nível atual, formando extensas planícies costeiras. A linha de costa paranaense se localizava a mais de 100 km a leste da costa atual.

    • Há 5.600 anos: Após o pico do último período glacial, as geleiras derreteram e o mar subiu rapidamente, alcançando um nível de 3 metros acima do atual. A linha de costa localizava-se entre 2 e 5 km mais para o interior. As baías de Paranaguá e Guaratuba eram bem maiores.

    • Após 5.600 anos até hoje: O mar desceu até o nível atual, formando a parte mais nova das planícies costeiras.

7. Relevo e Sociedade: Impactos e Sustentabilidade

O relevo, como elemento da natureza, e a sociedade, com suas atividades humanas, estão intrinsecamente relacionados. Essa interação, no entanto, pode gerar impactos ambientais significativos, especialmente quando o planejamento e a sustentabilidade são negligenciados.

  • A Ocupação do Espaço: Normalmente, os agrupamentos humanos preferem se estabelecer em lugares planos ou menos inclinados. Contudo, o desenvolvimento tecnológico permite a ocupação de áreas mais desafiadoras, nem sempre de forma sustentável.

  • Problemas Recorrentes:

    • Erosão: Um dos principais problemas, manifesta-se pela remoção da cobertura vegetal próxima a rios e em áreas de acentuada declividade (serras, morros). Isso deixa o solo e a rocha mais expostos aos agentes intempéricos e à erosão, aumentando o risco de deslizamentos e desmoronamentos.

    • Exploração Mineral: A exploração irrestrita de depósitos minerais pode fragilizar a estrutura geológica e acelerar processos erosivos, podendo levar ao solapamento (rebaixamento abrupto) de áreas.

  • Desigualdade Social: As contradições sociais também se refletem na ocupação do relevo. A formação de favelas e habitações irregulares em áreas de morros e encostas é um problema comum em várias cidades brasileiras, tornando a construção do espaço geográfico problemática e incontrolável, gerando sérios impactos socioambientais.

  • A Importância do Conhecimento e Planejamento: É fundamental que os conhecimentos sobre a composição dos solos, as características internas e externas do planeta sejam elucidados para um planejamento adequado. Isso inclui mapeamentos geológicos, diagnóstico de áreas e um plano para a instalação de obras, projetos de infraestrutura, construção de residências e desenvolvimento de atividades econômicas.

    • A agricultura, por exemplo, sempre esteve associada ao conhecimento do relevo, com técnicas milenares como o cultivo em curvas de nível e o terraceamento para otimizar o uso do solo em ambientes adversos.

8. Tempo Geológico: Uma Perspectiva Fascinante

Para entender a escala da formação do relevo, o tempo geológico é uma ferramenta conceitual poderosa. Se considerarmos toda a vida da Terra (4,6 bilhões de anos) em apenas um ano:

  • O homem teria aparecido às 20h14min do dia 31 de dezembro, vivendo apenas as últimas três horas e quarenta e seis minutos do ano.

  • Os Dinossauros viveram mais de 100 milhões de anos, o equivalente a oito dias e meio.

  • A Serra do Mar se formou nos últimos 5 dias do ano.

  • Os corpos graníticos que a compõem são ainda mais antigos, tendo se formado muito antes.

Essa perspectiva nos ajuda a valorizar a lentidão e a magnitude dos processos que moldaram e continuam a moldar a paisagem em que vivemos.

Um Relevo Complexo e Vibrante

O relevo brasileiro, com sua estrutura geológica antiga e a predominância da ação dos agentes exógenos, apresenta uma variedade de formas modestas em altitude, mas ricas em detalhes e histórias geológicas. As classificações de Azevedo, Ab'Sáber e, principalmente, de Jurandyr Ross, nos fornecem as ferramentas para compreender essa complexidade.

Compreender a geomorfologia do Brasil é essencial não apenas para o conhecimento geográfico, mas para o planejamento territorial sustentável e a mitigação de impactos ambientais. O estudo das serras, planícies e depressões, aliado à compreensão dos processos que as formaram e as transformam, é um convite a olhar a paisagem com novos olhos, percebendo a dinâmica constante que a molda há bilhões de anos.

Continue aprofundando seus estudos, revisando os conceitos e aplicando-os à realidade do seu entorno. O Brasil é um laboratório geomorfológico a céu aberto, pronto para ser desvendado!

Questões de múltipla escolha:

  1. Qual é a principal característica do Planalto Central brasileiro?

    a) Presença das principais cadeias montanhosas.

    b) Ausência de bacias hidrográficas.

    c) Abundância de planaltos e planícies.

    d) Clima equatorial.

  2. Qual é a região do Brasil que abriga a maior bacia hidrográfica do mundo?

    a) Norte

    b) Nordeste

    c) Centro-Oeste

    d) Sul

  3. Qual das seguintes regiões brasileiras é conhecida por sua paisagem de montanhas e planícies?

    a) Nordeste

    b) Sudeste

    c) Sul

    d) Norte

Gabarito:

  1. c) Abundância de planaltos e planícies.

  2. a) Norte

  3. c) Sul