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Em um cenário global cada vez mais instável, complexo e imprevisível, o gerenciamento de crises emergiu como uma competência fundamental e, por vezes, uma questão de sobrevivência institucional para organizações de todos os portes e setores. Crises podem surgir a qualquer momento, impactando severamente as operações, a imagem e a reputação de uma empresa ou órgão público.
Para começar, é essencial compreender o que é uma crise e o que significa gerenciá-la.
Uma crise pode ser definida como um evento disruptivo que ameaça a integridade, a continuidade e a reputação de uma organização. Trata-se de uma ruptura na normalidade da organização, uma ameaça real ao negócio, à reputação e ao futuro de uma corporação ou de um governo. Crises não são acontecimentos simples e fáceis de lidar, e, quando mal administradas, podem gerar intensa exposição negativa na imprensa e comprometer o futuro da organização.
O especialista em comunicação Wilson da Costa Bueno enfatiza que "um momento crítico pode acontecer a qualquer empresa, a qualquer momento, e é preciso estar preparado para enfrentá-lo".
O gerenciamento de crise é um processo essencial que envolve o conjunto de ações coordenadas destinadas a prevenir, preparar, responder e recuperar-se de eventos disruptivos que ameacem a integridade, a continuidade e a reputação de uma organização. É uma metodologia utilizada com o objetivo de lidar com problemas que poderão causar danos severos às organizações.
Trata-se de um campo multidisciplinar que abrange análise de riscos, comunicação estratégica, liderança em situações críticas, logística emergencial e consciência situacional. O objetivo final é minimizar os danos potenciais à imagem da organização, usando todos os canais e formas disponíveis para uma comunicação eficaz com os públicos estratégicos.
O Plano de Gestão de Crises (PGC) é um componente crucial, composto por ações e procedimentos necessários para o controle e gerenciamento de crises que podem paralisar as operações das empresas. Normalmente, um PGC está associado a um DRP (disaster recovery plan) e/ou BCP (business continuity plan).
Esta é uma distinção importante e frequentemente cobrada em concursos:
Gestão de Crise: Compreende todo o processo de planejamento prévio e elaboração de um plano de ações de caráter preventivo. Envolve a fase de antecipação de problemas.
Gerenciamento da Crise: Refere-se ao conjunto de ações desenvolvidas no momento em que a crise já está instalada na empresa. Foca na resposta imediata e eficaz a crises quando elas ocorrem.
Ambos os termos são frequentemente usados de forma intercambiável, mas para fins didáticos e de exames, é vital entender essa diferença conceitual.
Crises podem ter diversas origens, e o entendimento de suas naturezas é crucial para a prevenção e resposta adequadas. Os tipos de crises que podem impactar uma organização ou líder incluem:
Naturais: Enchentes, terremotos, pandemias (como a COVID-19), desastres naturais em geral. O caso da "Crise do Óleo" no litoral do Rio Grande do Norte em 2019 é um exemplo de desastre ambiental que se tornou uma crise institucional.
Tecnológicas: Falhas sistêmicas, acidentes industriais, falhas em equipamentos e construções.
Cibernéticas: Ataques hackers, vazamento de dados, ransomware, sabotagens digitais. Estes representam uma nova fronteira da vulnerabilidade, com custos médios significativos para as empresas.
Institucionais: Corrupção, escândalos reputacionais, denúncias que afetam reputações.
Sociopolíticas: Protestos, terrorismo, instabilidade geopolítica, greves, ameaça de bomba, vandalismo.
Criminosas: Atos criminosos, como o envenenamento de lotes de Tylenol pela Johnson & Johnson, ou a agressão ao cão "Manchinha" no Carrefour.
Econômicas/Financeiras: Reduções significativas no negócio, mais oferta do que procura, diminuição de lucros, capital de giro insuficiente.
Relacionadas à Informação: Divulgação de informações equivocadas, boatos (como o caso da Catuaba Selvagem), ou o potencial de qualquer pessoa ser produtora de conteúdo em redes sociais, espalhando notícias rapidamente.
De Relações Humanas: Sucessão, problemas de gestão, demissões, ou outros problemas de relações humanas.
É importante notar que, embora desastres naturais tenham pouco ou nenhum controle, a maioria das crises resulta de causas provocadas pelo homem, por ação imprópria, erros, inação ou desleixo de pessoas, empregados ou executivos. O público se sente escandalizado nessas crises, que, além dos danos à sociedade e à reputação, podem comprometer o futuro.
Organizações resilientes reconhecem que crises não são exceções, mas parte do ciclo organizacional. A forma como uma organização responde a uma crise pode determinar não apenas sua sobrevivência, mas também sua legitimidade perante os stakeholders e a sociedade.
Os principais benefícios de um bom gerenciamento de crise incluem:
Minimização de perdas: Redução de perdas humanas, materiais e reputacionais.
Redução do tempo de inatividade: Acelera a retomada das operações.
Proteção da marca e da confiança pública: Preserva a imagem e a credibilidade da organização junto a colaboradores, fornecedores, parceiros e clientes.
Melhoria da governança e capacidade de resposta: Fortalece a capacidade institucional de lidar com adversidades.
Aprendizado organizacional e fortalecimento da cultura de prevenção: Permite que a empresa aprenda com os erros, evite repetições e se prepare melhor para o futuro.
Tomada de decisão mais segura: Os gestores ganham mais capacidade analítica e tomam decisões mais seguras diante de situações difíceis.
Continuidade de serviços essenciais: No setor público, é crítico para garantir a continuidade de serviços e a coordenação entre agências.
Combate à desinformação: A comunicação eficiente atua como uma âncora, combatendo o caos e a incerteza gerados por informações equivocadas e rumores.
Para uma resposta eficaz, o processo de gerenciamento de crise é estruturado em quatro fases principais, um modelo reconhecido e frequentemente abordado:
Esta fase consiste na identificação e avaliação dos riscos potenciais, seguida da adoção de medidas para reduzir sua probabilidade de ocorrência ou impacto. É um trabalho conjunto dos times, após identificar sinais que alertam sobre problemas.
Identificação de Riscos: Processo de reconhecer e avaliar ameaças potenciais. Inclui a auditoria de vulnerabilidades e o levantamento do histórico da empresa para avaliar problemas.
Mapeamento de Riscos: Além de identificar, é preciso prever a probabilidade e o impacto de cada risco.
Planos de Continuidade de Negócios (BCP): Medidas para garantir que a organização possa manter suas operações em caso de interrupção.
Políticas de Compliance e Governança: Garantem a conformidade com leis e regulamentos, reduzindo riscos institucionais.
Sistemas de Monitoramento de Ameaças: Ferramentas para antecipar sinais fracos de crise.
A otimização de recursos, utilizando-se os melhores recursos humanos, físicos, tecnológicos e financeiros de modo correto, deve fazer parte da cultura corporativa na fase de prevenção para diminuir perdas e elevar a lucratividade.
Envolve o planejamento e o treinamento das equipes para reagirem de maneira rápida e coordenada. É a fase em que a empresa se dota das ferramentas e conhecimentos necessários para enfrentar a crise.
Elaboração de Planos de Contingência: Documentos que definem as ações a serem tomadas para cada tipo de crise, oferecendo suporte para os momentos difíceis. Este planejamento deve considerar cenários como queda de faturamento, interrupção de fornecedores ou a saída de colaboradores-chave.
Criação de Comitês de Crise: Equipes multifuncionais com papéis claros e bem definidos, responsáveis pelo gerenciamento da crise. Os líderes devem estar na linha de frente, estabelecendo representantes para cada setor.
Capacitação em Comunicação de Crise: Treinamentos para preparar as equipes e porta-vozes para lidar com a mídia e o público.
Simulações e Exercícios de Mesa: Exercícios práticos que ajudam a testar planos de resposta e identificar áreas de melhoria, permitindo simular cenários e validar controles de cibersegurança, por exemplo. A assessoria profissional, por exemplo, pode realizar simulações de ataques virtuais usando técnicas reais para validar a segurança da informação.
Criação de um manual de gerenciamento de crise: Um documento que inclua redes sociais e um conjunto de perguntas e respostas (Q&A) para lidar rapidamente com dúvidas e comentários negativos.
É a fase operacional, que se inicia imediatamente após a eclosão da crise. Exige agilidade na tomada de decisão, clareza nas comunicações e disciplina na execução.
Agilidade na Resposta: É um dos primeiros mandamentos da gestão de crise. Ação rápida e eficaz é essencial para minimizar os impactos.
Contenção do Dano e Controle da Narrativa: A organização deve agir rapidamente para conter o problema e controlar a forma como a história é contada ao público, antes que "pseudojornalistas" ou boatos dominem a narrativa.
Comunicação Transparente e Coordenada: Manter canais de informação confiáveis e transmitir segurança e credibilidade. No caso do Idema na crise do óleo, a Asscom foi transparente e com respostas ágeis, com sistematização das informações, notas técnicas e boletins diários.
Foco nas Pessoas Envolvidas: A liderança deve demonstrar empatia e preocupação com o bem-estar dos colaboradores e das vítimas da crise.
Decisões Baseadas em Inteligência em Tempo Real: O monitoramento contínuo e a inteligência estratégica são cruciais para apoiar decisões durante a crise.
Após o controle da situação, a organização deve restaurar suas operações, avaliar os danos e revisar seus planos. Esta fase é uma oportunidade valiosa para aprendizado e melhoria contínua.
Relatórios Pós-Ação (After Action Review): Análise detalhada do que funcionou e o que não funcionou durante a crise.
Reformulação de Protocolos e Políticas: Ajustes nos planos de contingência e nas políticas internas para incorporar os aprendizados.
Apoio Psicossocial a Colaboradores: Fundamental para o bem-estar da equipe após o estresse da crise.
Reconstrução da Reputação e Relacionamento com Stakeholders: Esforços para reconquistar a confiança do público e restabelecer relações. A Assessoria de Comunicação desempenha um papel crucial aqui.
Análise de Desempenho: Utilizar indicadores de desempenho para medir a eficiência das ações e realinhar o posicionamento.
Para além das fases, diversos elementos e práticas são fundamentais para um gerenciamento de crise eficaz.
A comunicação de crise é um dos pilares mais importantes do processo, pois informações mal geridas podem amplificar o impacto negativo. Uma comunicação eficaz deve ser:
Transparente e Objetiva: A empresa deve ser honesta e clara sobre a situação. A Johnson & Johnson, no caso Tylenol, utilizou a transparência e colaboração com a mídia.
Unificada e Coordenada: Mensagens consistentes em todos os canais para evitar confusão e contradições. No caso da crise do óleo, o Idema centralizou as informações em seu site institucional.
Sensível ao Público e ao Contexto: Adaptar a linguagem e o tom à situação e às preocupações do público.
Amparada por Porta-vozes Treinados: Indivíduos preparados para falar em nome da organização, informados sobre temas sensíveis e o impacto das redes sociais.
Com o crescimento das mídias sociais, as crises podem se espalhar em questão de segundos. Qualquer pessoa pode ser produtora de conteúdo, e se uma organização não agir rapidamente, a versão que circula nos primeiros momentos da crise será a desses "pseudojornalistas".
Agilidade é Chave: O CEO da Starbucks, Kevin Johnson, enviou nota à imprensa e se desculpou pessoalmente logo após o incidente de racismo.
Monitoramento Ativo: É crucial monitorar palavras-chave relacionadas a temas sensíveis, reclamações e comentários negativos nas redes sociais.
Transformação da Crise em Oportunidade: A Catuaba Selvagem, ao invés de ignorar o boato dos vermes, agiu rápido, buscou o youtuber, explicou a situação e o convidou para conhecer a fábrica, transformando uma crise em uma aula de gestão e gerando engajamento positivo. A Gina Indelicada, por sua vez, transformou uma página sarcástica em uma parceria, ganhando enorme popularidade.
SAC 2.0: Procedimentos claros e estruturados para atendimento via rede social, buscando resolver problemas de forma mais rápida e transparente.
Durante uma crise, a comunicação interna eficiente atua como uma âncora, mantendo a equipe coesa e informada. A transparência é uma aliada poderosa que ajuda a combater o caos e a incerteza.
Centralização da Informação: Utilizar plataformas centralizadas para todas as atualizações importantes, garantindo acesso à informação correta.
Comunicação Bidirecional: Incentivar feedback e perguntas dos colaboradores, promovendo engajamento e confiança.
Mensagens Frequentes e Claras: Atualizações devem ser frequentes, concisas e fáceis de compreender para manter todos informados e minimizar desinformações e rumores.
Gestão Emocional: A comunicação aberta contribui para a gestão emocional dos colaboradores, reduzindo estresse e ansiedade. Os líderes precisam informar os novos procedimentos, fazer reuniões e fornecer esclarecimentos para as dúvidas.
Momentos de crise exigem liderança assertiva, capaz de tomar decisões sob pressão e com dados incompletos.
Centralização do Comando: Associada à delegação operacional, permite agilidade sem perder o controle estratégico.
Humanização da Liderança: Em crises, os líderes devem ser acessíveis, transmitir empatia, ouvir as preocupações da equipe e até demonstrar vulnerabilidade. Isso fortalece os laços de confiança e eleva o moral da equipe.
Propósito e Missão: Líderes eficazes devem destacar o propósito da organização, mostrando como cada colaborador contribui para a superação da crise.
Adaptação e Resiliência: O líder precisa entender as novas necessidades e propor ações embasadas na realidade, buscando novos conhecimentos e especialização para oferecer mentorias que façam a diferença.
Ferramentas avançadas de inteligência estratégica são incorporadas às práticas modernas de gerenciamento de crise para antecipação e resposta coordenadas.
Antecipar Sinais Fracos: Identificar riscos antes que se tornem problemas maiores.
Simular Cenários e Gerar Alertas em Tempo Real: Usar inteligência artificial, big data e sensores IoT para apoiar decisões baseadas em evidências.
Monitoramento de Canais: Acompanhar a presença digital da marca, identificar stakeholders, detratores e embaixadores. Ferramentas de monitoramento são utilizadas para acompanhar postagens envolvendo temas críticos e reclamações.
A contratação de uma assessoria profissional pode minimizar erros e oferecer suporte especializado em diversas frentes de crise.
Proteção Contra Ataques Virtuais: Reduzir chances de perda de informações, recuperar ambientes e dados comprometidos por hackers, garantindo a segurança da informação (LGPD).
Simulações de Ataques Reais (Pentests): Testes contínuos para validar controles de cibersegurança e superar novos métodos de violação.
Disponibilidade dos Serviços: Assegurar que os sistemas e serviços permaneçam disponíveis para não interferir na experiência do cliente.
Análise Forense Digital: Aplicação de técnicas de investigação científica para crimes e ataques virtuais, identificando o problema, localizando a fonte e recuperando informações comprometidas. Utiliza ferramentas específicas para exame de banco de dados e coleta de evidências digitais.
A análise de casos reais oferece lições valiosas sobre o que fazer – e o que não fazer – em momentos de crise.
Crise: Dois homens negros impedidos de usar o banheiro e presos por não consumirem. Vídeos viralizaram, associando a marca à discriminação racial.
Resposta Eficaz:
Agilidade: CEO Kevin Johnson enviou nota desculpando-se imediatamente.
Foco nas Pessoas: Johnson se encontrou pessoalmente com os homens e demitiu o funcionário responsável.
Medidas Concretas: Fechou 8 mil lojas nos EUA por uma tarde para treinar 175 mil funcionários sobre combate ao racismo.
Aprendizado: Agilidade na resposta, empatia e ações concretas (treinamento, demissão, pedido de desculpas pessoal) são fundamentais para restaurar a imagem.
Crise: Boato de vermes em garrafas, iniciado por um vídeo de youtuber.
Resposta Transformadora:
Agilidade e Proatividade: A empresa, segura de sua qualidade, agiu rápido e buscou o autor da denúncia nas redes sociais.
Transparência e Convocação: Explicou a situação e convidou o youtuber para conhecer as fábricas.
Engajamento: O post gerou milhares de comentários positivos. O youtuber se retratou e aceitou o convite.
Comprovação: A empresa fez um vídeo sobre o controle de qualidade.
Aprendizado: É possível transformar uma crise em uma oportunidade de engajamento e demonstração de qualidade, com proatividade e transparência.
Crise: Um segurança terceirizado agrediu e matou um cão no estacionamento de uma loja. Vídeos circularam, gerando revolta e protestos.
Resposta Inadequada Inicial:
Demora no Pronunciamento: Apesar de nota inicial, a demora e o uso de várias notas oficiais não reduziram o impacto negativo.
Insatisfação Pública: Clientes e população criaram um abaixo-assinado pedindo justiça.
Consequências: A Justiça determinou que a empresa depositasse R$ 1 milhão para o cuidado de animais, e o Carrefour, posteriormente, afirmou implementar um extenso plano de ação.
Aprendizado: A demora e a ineficácia na comunicação podem agravar a crise, levando a consequências legais e perda de confiança. Ações concretas devem ser rápidas e alinhadas com a expectativa pública.
Crise: Uma página no Facebook com o nome "Gina Indelicada" usava a imagem da modelo do produto com tom sarcástico e grosseiro.
Resposta Oportunista:
Inversão da Crise: A empresa Rela Gina propôs uma parceria com o criador da página para assumir o controle das publicações.
Resultado: A marca, que não tinha presença nas redes sociais, teve um salto de popularidade e grande engajamento.
Aprendizado: Uma crise de imagem pode ser transformada em uma oportunidade de marketing e conexão com o público se a empresa souber identificar o potencial e colaborar com o que está gerando a repercussão.
Crise: Mortes após o consumo de cápsulas de Tylenol envenenadas com cianeto, criminosamente injetado nos lotes.
Resposta Referencial:
Transparência e Colaboração: A empresa agiu com total abertura com a mídia, sendo vítima do crime.
Agilidade na Retirada: Em dois dias, mobilizou a retirada de 32 mil embalagens do produto.
Abertura à Imprensa: Interrompeu propagandas e abriu as portas para responder a todos os questionamentos.
Resultado: A empresa recuperou seu mercado em poucos meses, sendo reconhecida pela transparência.
Aprendizado: Um dos cases de sucesso mais estudados. Demonstra que transparência radical, proatividade na proteção do consumidor (retirada do produto) e colaboração com as autoridades e a imprensa são cruciais para a recuperação da reputação, mesmo em crises graves.
Crise: O youtuber PewDiePie foi acusado de antissemitismo por vídeos com referências nazistas e discriminatórias, incluindo o pagamento de pessoas para exibir cartazes "Morte a todos os Judeus".
Resposta Firme:
Alinhamento de Princípios: A Disney encerrou o contrato, alegando que os vídeos não condiziam com os princípios da empresa.
Aprendizado: É fundamental para as marcas associadas a influenciadores ou outras figuras públicas ter clareza sobre seus valores e agir de forma decisiva quando esses valores são comprometidos.
Crise: Foto de um rato em garrafa, com um caso judicial antigo sendo veiculado na TV, alegando danos à saúde do consumidor.
Resposta:
Negação e Rigidez dos Processos: A empresa manifestou-se, afirmando que seus produtos obedecem a rígidos processos de fabricação e que era impossível um roedor entrar na garrafa.
Conclusão Judicial: Sete meses depois, a Justiça concluiu que o rato nunca existiu e que os problemas de saúde não tinham relação com a bebida.
Aprendizado: A defesa da integridade do processo produtivo deve ser firme quando baseada em fatos. A conclusão legal posterior pode validar a postura da empresa, mas a comunicação inicial deve ser cuidadosa e amparada por dados.
Crise: O empresário Junior Durski criticou as medidas de isolamento social para conter a Covid-19, defendendo que o país não podia parar "por 5 ou 7 mil mortes".
Resposta Inconsistente:
Pedido de Desculpas Inicial: A primeira reação foi um pedido de desculpas, afirmando preocupação com as pessoas.
Retratação do Arrependimento: No dia seguinte, Durski afirmou que não se arrependia do que havia dito.
Consequências: Milhares de internautas criticaram as declarações e convocaram boicote. O faturamento do Madero despencou.
Aprendizado: A inconsistência na comunicação e a falta de alinhamento com a sensibilidade pública podem ter consequências financeiras e reputacionais severas. Uma comunicação de crise eficaz exige mensagens unificadas e coerentes.
Crise: Desastre ambiental com manchas de óleo atingindo o litoral, o maior vazamento de óleo no país, impactando o meio ambiente e a economia (pesca, turismo).
Resposta Governamental (Idema/RN):
Comitê Unificado: Criação do COEMORN (Comando Unificado de Incidentes) e GGI (Gabinete de Gestão Integrada) para uma resposta integrada, apesar da inação do Governo Federal.
Comunicação Institucional Crucial: A Assessoria de Comunicação (Asscom) do Idema teve papel fundamental.
Estratégias de Comunicação: Sistematização de informações, campanhas informativas, divulgação de notas técnicas e boletins diários, coletivas de imprensa, monitoramento e gestão de mídias, e estreito relacionamento com a imprensa local, nacional e internacional.
Canal Oficial Único: Prioridade em definir o site institucional (idema.rn.gov.br) como canal oficial para centralizar e unificar informações. Criou-se uma área específica com boletins, imagens, materiais didáticos, relatórios.
Desafios: Inação do Governo Federal, escassez de informações sobre a origem do óleo, ausência de recursos financeiros e materiais, e a falta de acionamento do Plano Nacional de Contingência.
Aprendizado: Em órgãos públicos, a comunicação eficiente e planejada é essencial para mitigar crises e manter a confiança pública. A sistematização das informações, a proatividade na divulgação e a escolha de um canal oficial são cruciais, especialmente quando há lacunas na resposta de outras esferas governamentais.
O gerenciamento de crise não é apenas uma resposta reativa a eventos adversos, mas uma capacidade estratégica que diferencia organizações resilientes. Para que organizações avancem em sua maturidade em gerenciamento de crise, recomenda-se:
Institucionalizar a Cultura de Prevenção e Resiliência: Fazer do gerenciamento de riscos parte da cultura organizacional, não apenas uma resposta emergencial.
Criar Estruturas Permanentes de Gestão de Riscos: Estabelecer comitês de crise permanentes e planos de continuidade de negócios.
Realizar Simulações Realistas com Base em Cenários de Risco: Testar planos e equipes periodicamente para identificar pontos de melhoria.
Investir em Capacitação Multidisciplinar e Tecnologias de Apoio: Treinar equipes em media training, simulação de crises e uso de redes sociais, além de incorporar ferramentas de análise de risco, IA, big data e IoT.
Estabelecer Parcerias: Colaborar com instituições de segurança, defesa civil e pesquisa para fortalecer as capacidades de resposta.
Analisar o Contexto Econômico: Preparar-se para cenários de crise decorrentes de variáveis externas, otimizando recursos e eliminando atividades desnecessárias.
Delegação de Tarefas: Distribuir tarefas de forma adequada para que os líderes possam focar nas estratégias mais importantes e os colaboradores desenvolvam suas aptidões.
Avaliar o Pós-Crise: O gerenciamento do pós-crise envolve avaliar o andamento da situação e fazer os ajustes necessários.
A preparação permanente é a melhor estratégia em um mundo onde as crises se tornam mais frequentes, interdependentes e complexas.
Para solidificar seu conhecimento e prepará-lo para dúvidas comuns:
P1: Qual é o objetivo principal do planejamento no gerenciamento de crises? R: O objetivo principal do planejamento é antecipar problemas e desenvolver planos de gerenciamento para estar preparado para enfrentar qualquer situação crítica que possa surgir.
P2: O que deve ser feito primeiramente ao enfrentar uma crise grave? R: Primeiramente, é crucial controlar o fluxo de informações e garantir a segurança de pessoas e ativos. A agilidade na resposta é essencial.
P3: Por que as simulações de crise são importantes? R: As simulações de crise são importantes para testar planos de resposta e identificar áreas de melhoria. Elas permitem que as organizações se preparem de forma prática para possíveis crises.
P4: Como preparar os porta-vozes para uma crise? R: Os porta-vozes devem ser treinados periodicamente (media training, simulação de crises) e bem informados sobre os temas sensíveis da empresa, compreendendo os impactos das redes sociais na viralização de crises. Devem ser capazes de transmitir mensagens transparentes, unificadas e sensíveis.
P5: Como avaliar o andamento da situação de crise? R: O andamento da crise deve ser avaliado por meio do monitoramento contínuo (inclusive das redes sociais e imprensa), do uso de indicadores de desempenho, e da análise constante dos feedbacks e dos relatórios pós-ação.
P6: Qual o papel da liderança na gestão de crises? R: A liderança desempenha um papel muito importante na motivação e engajamento dos colaboradores. Líderes devem ser assertivos, acessíveis, transparentes, empáticos e capazes de tomar decisões sob pressão. Devem transmitir confiança e segurança, destacando o propósito da organização e humanizando a relação com a equipe.
P7: Como as redes sociais impactam as crises? R: As redes sociais aceleram a disseminação das crises em segundos, permitindo que qualquer pessoa se torne produtora de conteúdo e que a narrativa inicial seja definida por "pseudojornalistas" se a organização não agir rapidamente. Elas amplificam a divulgação e a repercussão, tornando o monitoramento e a agilidade na resposta ainda mais críticos.
P8: O que é comunicação institucional e qual sua relação com o gerenciamento de crise? R: Comunicação institucional é um conjunto de procedimentos para difundir informações de interesse público sobre as filosofias, políticas, práticas e objetivos das organizações. Ela é fundamental para o sucesso e sustentabilidade de uma organização. No gerenciamento de crises, a comunicação institucional desempenha um papel crucial na mediação de conflitos, na construção de uma imagem positiva e na disseminação de informações claras e transparentes para todos os públicos estratégicos, minimizando danos à imagem e protegendo a reputação.
Qual é o objetivo principal do planejamento no gerenciamento de crises?
a) Reduzir custos operacionais
b) Aumentar os lucros
c) Antecipar problemas e desenvolver planos de gerenciamento
d) Expandir o mercado
e) Melhorar a qualidade do produto
O que deve ser feito primeiramente ao enfrentar uma crise grave?
a) Demitir funcionários
b) Controlar o fluxo de informações
c) Fechar a empresa temporariamente
d) Aumentar os preços dos produtos
e) Ignorar a situação
Por que as simulações de crise são importantes?
a) Para aumentar as vendas
b) Para testar planos de respostsa e identificar áreas de melhoria
c) Para reduzir a carga de trabalho
d) Para promover a empresa
e) Para treinar novos funcionários
c) Antecipar problemas e desenvolver planos de gerenciamento
b) Controlar o fluxo de informações
b) Para testar planos de respostsa e identificar áreas de melhoria