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09/03/2024 • 18 min de leitura
Atualizado em 28/07/2025

Guerra Fria: Queda do Muro de Berlim

Queda do Muro de Berlim e Fim da Guerra Fria

A Queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, foi um dos eventos mais emblemáticos do século XX, marcando o início do colapso do socialismo real na Europa Oriental e, consequentemente, o fim da Guerra Fria. Para entender a magnitude desse acontecimento e suas profundas repercussões, é fundamental mergulhar no contexto da Guerra Fria, compreender a divisão da Alemanha e de Berlim, e analisar os fatores que levaram à sua derrubada e à subsequente reunificação alemã.

A Guerra Fria: O Cenário da Polarização Global

Para começar, precisamos entender o que foi a Guerra Fria. Este não foi um conflito bélico direto, mas uma intensa disputa político-ideológica e estratégica travada entre os Estados Unidos (EUA) e a União Soviética (URSS) entre 1947 e 1991. Essa rivalidade polarizou o mundo em dois grandes blocos: o capitalista, liderado pelos EUA, e o comunista, encabeçado pela URSS.

1.1. Causas da Guerra Fria: As Sementes da Disputa

Após a Segunda Guerra Mundial, que deixou a Europa devastada, restaram apenas duas superpotências: os EUA e a URSS. A principal causa da Guerra Fria foi a rivalidade ideológica entre capitalismo e comunismo.

  • Doutrina Truman (1947): Considerada o marco inicial da Guerra Fria, foi um discurso do presidente Harry Truman em 1947, solicitando verbas para conter o avanço do comunismo na Europa. Essa doutrina resultou no:

    • Plano Marshall: Um plano de recuperação econômica para a Europa, oferecendo grandes somas de dinheiro para reconstruir países pós-guerra, visando evitar o crescimento da ideologia comunista em solo europeu.

  • A Perspectiva Soviética: Historiadores como Eric Hobsbawm argumentam que a URSS não era inerentemente expansionista, mas sim adotava uma postura defensiva após a destruição causada pela Segunda Guerra Mundial, buscando apenas assegurar sua zona de influência no Leste Europeu.

1.2. Características Marcantes da Guerra Fria

A Guerra Fria foi definida por diversas particularidades:

  • Polarização Mundial: O planeta foi dividido entre o bloco capitalista e o bloco socialista, afetando profundamente as relações internacionais.

  • Corrida Armamentista: A busca pela hegemonia levou a um massivo investimento em novas tecnologias bélicas, resultando na proliferação de armas nucleares e termonucleares. Curiosamente, a inteligência americana inicialmente superestimou o poderio soviético de mísseis, mas posteriormente reavaliou essa desvantagem.

  • Corrida Espacial: Um campo de disputa tecnológico e ideológico, com EUA e URSS competindo para alcançar marcos espaciais significativos na década de 1960.

  • Interferência Estrangeira: Ambas as superpotências intervieram em assuntos internos de outros países, seja por meio de financiamento, fornecimento de armas ou treinamento militar. Exemplos incluem a Guerra da Coreia, a Crise dos Mísseis em Cuba e a Guerra do Vietnã.

  • Ausência de Conflito Aberto: Apesar das tensões e da "guerra secreta" com operações encobertas, nunca houve um confronto direto entre EUA e URSS devido ao temor de uma destruição nuclear em larga escala, o que teria aniquilado a humanidade. A estabilização estratégica, em parte, foi assegurada pelos avanços técnicos na inteligência, como os satélites de reconhecimento, que permitiam um conhecimento mútuo das capacidades.

1.3. As Alianças da Guerra Fria: Defesa e Economia

Para consolidar suas esferas de influência, EUA e URSS criaram grandes blocos de cooperação:

  • Cooperação Econômica:

    • Plano Marshall (EUA): Conforme já mencionado, visava à reconstrução europeia.

    • Comecon (Conselho para Assistência Econômica Mútua - URSS): Criado como resposta ao Plano Marshall, unia as nações do bloco comunista para cooperação econômica mútua.

  • Cooperação Militar:

    • OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte - EUA): Fundada em 1949, era uma aliança militar de países alinhados aos EUA, visando a impedir uma agressão soviética.

    • Pacto de Varsóvia (URSS): Criado em 1955, garantia a segurança das nações do bloco comunista contra uma possível agressão ocidental.

A Alemanha Dividida: O Símbolo Vivo da Guerra Fria

A Alemanha foi, talvez, o país mais diretamente impactado pela Guerra Fria. Após a Segunda Guerra Mundial e o Acordo de Potsdam (1945), a Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação, controladas pelas potências aliadas (EUA, Reino Unido, França e URSS).

  • RFA vs. RDA: As zonas ocidentais se uniram, formando a República Federal da Alemanha (RFA), capitalista, também conhecida como Alemanha Ocidental. A zona soviética deu origem à República Democrática Alemã (RDA), socialista, conhecida como Alemanha Oriental.

  • Berlim: Uma Cidade no Coração da Disputa: A própria capital, Berlim, também foi dividida, com o lado oriental comunista e o lado ocidental capitalista. Berlim Ocidental era uma enclave capitalista dentro do território da RDA, com acesso controlado por rodovias e ferrovias (as "Transitstrecke") e acesso aéreo restrito a companhias aéreas dos aliados ocidentais.

2.1. A Construção do Muro de Berlim (1961): Por Que Ele Existia?

O Muro de Berlim foi erguido em 13 de agosto de 1961 pela RDA. Sua existência se tornou o máximo símbolo da divisão de Berlim, da Alemanha, da Europa e do conflito da Guerra Fria.

  • Justificativa Oficial: Os dirigentes comunistas germano-orientais alegavam que o muro era para proteger a economia da RDA de saques, contrabando e especulação. Na propaganda da RDA, era chamado de "proteção antifascista" contra ataques do Ocidente.

  • A Real Razão (Crucial para Concursos): A verdadeira e principal motivação para a construção do Muro de Berlim foi deter o êxodo maciço de sua própria população para a Alemanha Ocidental.

    • Entre 1949 e 1961, mais de 2,6 milhões de germano-orientais fugiram para o Ocidente, muitos deles trabalhadores qualificados e jovens. Essa "hemorragia" de mão de obra era uma ameaça grave à economia da RDA.

    • O muro, com suas cercas, muros e equipamentos, foi construído para impedir a fuga da população de Berlim Oriental, e não para "cercar" Berlim Ocidental, como muitos interpretavam erroneamente.

2.2. A Vida com o Muro: Controle e Resistência

A construção e manutenção do Muro envolveram aspectos políticos e econômicos internos significativos. O governo da RDA gastava grandes somas para renovar e vigiar constantemente o Muro.

  • Controle e Vigilância: A era Honecker, que governou a RDA até 1989, era caracterizada por uma estabilidade política marcadamente despótica, apoiada por um extenso aparato policial, o tristemente célebre Stasi (Serviço de Segurança do Estado). A Stasi assegurava o controle e a vigilância da população, quebrando lealdades familiares e profissionais, tornando a lealdade ao partido e ao Estado condição para progredir ou mesmo sobreviver. Essa paranoia da Stasi visava eleger continuamente "inimigos internos" e controlar a população.

  • Experiência da Travessia Terrestre (Ponto Importante para Dúvidas Comuns): A viagem da Alemanha Ocidental para Berlim Ocidental através da RDA (Transitstrecke) era marcada por uma vigilância rigorosa.

    • Fronteira: Passaportes eram recolhidos e analisados em casinhas, com perguntas sobre o motivo e tempo da visita. Carros eram frequentemente revistados em busca de "material de propaganda ocidental" na entrada e pessoas escondidas na saída.

    • Regras Rígidas: Era proibido sair da rodovia, exceto em paradas designadas, e o limite de velocidade (100 km/h) deveria ser rigorosamente respeitado para evitar problemas com a Volkspolizei (VoPos).

    • Troca de Dinheiro: Ocidentais eram obrigados a trocar uma quantia de marcos ocidentais por marcos orientais ao visitar a RDA, e o dinheiro não podia ser trocado de volta. Muitos acabavam gastando em coisas baratas ou dando gorjetas.

    • Impressões: Para muitos ocidentais, a experiência era ao mesmo tempo assustadora e fascinante.

    • Motivo da Permissão da RDA: A Alemanha Ocidental pagava muito dinheiro à RDA por essas rotas de trânsito, investindo bilhões na infraestrutura e pagando somas anuais substanciais.

  • As Fugas: Apesar do controle, as tentativas de evasão persistiram ao longo dos 28 anos do Muro. Milhares de pessoas conseguiram fugir por diversos meios (túneis, balões, asa-delta, carros, rios), embora cerca de mil tenham morrido na tentativa. A história das fugas evidencia os limites do totalitarismo em fechar completamente uma sociedade.

O Declínio do Socialismo Real e o Caminho para a Queda

A RDA, apesar de ser vista por diplomatas brasileiros como um dos mais bem-sucedidos exemplos de socialismo real no Leste Europeu, enfrentava problemas econômicos crescentes desde 1987, como dívida externa e déficit comercial. O governo de Erich Honecker, no poder até 17 de outubro de 1989, baseava sua economia em pesados subsídios estatais.

  • A Recusa à Perestroika: Honecker rigidamente negava-se a aceitar as propostas de reforma econômica — Perestroika (reestruturação) — e política — Glasnost (transparência) — impulsionadas na União Soviética por Mikhail Gorbachev. Essa recusa, que irritava Gorbachev, era paradoxalmente sustentada pelo relacionamento privilegiado da RDA com a RFA, que concedia empréstimos, doações e facilidades de acesso ao Mercado Comum Europeu.

  • O Início do Fim (Maio de 1989): A partir de 2 de maio de 1989, uma série de eventos começou a comprometer o regime.

    • Abertura da Fronteira Húngara: A Hungria desmantelou suas estruturas militares e abriu a fronteira com a Áustria, impulsionando um êxodo espontâneo de germano-orientais para a RFA. A política imigratória flexível da RFA para germano-orientais facilitava a concessão de cidadania. Este êxodo massivo, de cerca de 350 mil pessoas até dezembro de 1989, principalmente jovens em idade produtiva, provocou graves consequências econômicas, políticas e sociais para a RDA, esgotando a função do muro de impedir a fuga de mão de obra.

    • Surgimento da Oposição: A dramática emigração provocou uma reação da sociedade civil, com o surgimento de organizações como o "Neues Forum" (Novo Fórum) em setembro de 1989, buscando reformas socialistas dentro da RDA.

    • Protestos em Massa: Em setembro de 1989, iniciou-se uma onda de protestos urbanos, com epicentro em Leipzig e Dresden, apoiados por igrejas evangélicas e católicas.

    • Saúde de Honecker e Transição: As especulações sobre a saúde de Honecker, que não aparecia em público, cresciam. Em 26 de setembro de 1989, Honecker teria autorizado o uso da força — uma "solução chinesa" (em alusão ao massacre na Praça Tiananmen) — após os festejos de aniversário da RDA. Contudo, um apelo soviético e da igreja luterana em Leipzig impediu um massacre. Em 17 de outubro de 1989, Honecker renunciou por razões de saúde e incompatibilidade com a realidade política do país, sendo substituído por Egon Krenz.

2.3. O Breve Governo de Egon Krenz (Outubro-Dezembro de 1989)

Egon Krenz, considerado um sucessor da "linha dura" de Honecker, assumiu como primeiro secretário do SED. Seu governo foi lembrado principalmente por sua curta duração e pela decisão de autorizar a livre mobilidade dos germano-orientais.

  • Pressionado por Reformas: Krenz reafirmou o caráter socialista da RDA, mas reconheceu a necessidade urgente de reformas para conter o êxodo e atender às reivindicações populares, como o direito de livre circulação, eleições livres, liberdade de imprensa e respeito aos direitos humanos.

  • A Onda de Protestos: Sem o apoio econômico-financeiro soviético (devido à crise na própria URSS) e sem poder reprimir a população, Krenz enfrentou uma crescente onda de protestos. Em 4 de novembro de 1989, uma manifestação inédita de 500.000 pessoas repudiou o regime comunista.

  • Renúncia do Politburo: Em 8 de novembro, os 18 membros do Politburo do SED renunciaram, com a expectativa de que reformistas, como Hans Modrow (que se tornaria Primeiro-Ministro), assumissem.

A Queda do Muro de Berlim: O Momento Mais Icônico

O ponto de virada definitivo ocorreu na noite de 9 de novembro de 1989.

3.1. O Anúncio Inesperado de Günter Schabowski (Ponto ESSENCIAL para Concursos)

  • A Lei de Viagens: Krenz havia aprovado uma minuta de uma futura lei de viagens, que formalmente entraria em vigor após aprovação no Parlamento. No entanto, o porta-voz do governo, Günter Schabowski, não havia sido totalmente atualizado sobre os detalhes ou a data de implementação.

  • "Imediatamente, Sem Demora": Durante uma coletiva de imprensa transmitida ao vivo em 9 de novembro, Schabowski, ao ser questionado sobre a entrada em vigor da nova lei de viagens, respondeu de forma confusa, mas categoricamente: "Até onde eu sei, entra em vigor imediatamente, sem demora". Ele também confirmou que as viagens poderiam ser realizadas em todos os postos fronteiriços, incluindo Berlim Ocidental.

  • Repercussão Imediata: A notícia se espalhou como um raio. As televisões da Alemanha Ocidental, amplamente assistidas na Alemanha Oriental, transmitiram os trechos da coletiva de imprensa. Centenas de milhares de berlinenses orientais, ao ouvir a notícia, começaram a se aglomerar nos seis postos de controle do Muro, exigindo a abertura imediata dos portões.

3.2. A Abertura dos Portões e a Celebração

  • A Incapacidade de Reação: Os guardas de fronteira, surpresos e em menor número, não tinham ordens claras para usar força letal. Ninguém entre as autoridades assumiria a responsabilidade pessoal por tais ordens.

  • Abertura do Primeiro Ponto de Controle: Finalmente, às 22h45 (ou 23h30) de 9 de novembro, Harald Jäger, comandante da passagem da fronteira com a Bornholmer Straße, cedeu e permitiu que os guardas abrissem os portões, deixando as pessoas passarem com pouca ou nenhuma verificação de identidade.

  • A Alegria e a Demolição: Do outro lado, os berlinenses ocidentais ("Wessis") receberam os recém-chegados ("Ossis") com flores e champanhe em meio a uma celebração selvagem. Pouco depois, as multidões começaram a pular no Muro e a derrubá-lo com martelos, em um ato espontâneo de libertação. O termo "Mauerspechte" (literalmente "pica-paus do muro") surgiu para descrever as pessoas que quebravam pedaços do Muro como lembranças.

  • Abertura Formal e Demolição Oficial: O Portão de Brandemburgo foi aberto em 22 de dezembro de 1989. A demolição oficial do Muro começou em 13 de junho de 1990 e foi concluída em 1992, embora a fronteira inter-alemã já tivesse perdido seu sentido em 1º de julho de 1990, quando a Alemanha Oriental adotou a moeda ocidental.

Consequências e Repercussões: O Mundo Pós-Muro

A queda do Muro de Berlim desencadeou uma série de eventos com profundas e duradouras consequências para a Alemanha, a Europa e o mundo.

4.1. A Reunificação da Alemanha: Um Processo Complexo

A queda do Muro foi o primeiro passo crítico para a reunificação alemã, que se concretizou em 3 de outubro de 1990.

  • O Programa de Dez Pontos de Kohl: O chanceler da RFA, Helmut Kohl, rapidamente explorou a fraqueza do SED. Em 28 de novembro de 1989, apresentou seu "Programa de Dez Pontos para Superar a Divisão da Alemanha e da Europa", que propunha uma aproximação gradual com a RDA, culminando na reunificação.

    • Kohl visava incorporar o território da RDA à RFA, com a população germano-oriental rapidamente aderindo à ideia, mudando seu lema de "nós somos o povo" para "nós somos um povo".

  • Oposição e Acordos: Inicialmente, houve ceticismo e oposição à reunificação por parte de líderes como Gorbachev, François Mitterrand (França) e Margaret Thatcher (Reino Unido), que temiam o ressurgimento de um "perigo alemão" e a instabilidade na Europa. Hans Modrow, Primeiro-Ministro da RDA, aceitava uma aproximação, mas rejeitava a reunificação.

  • Eleições e Tratados: As eleições livres de 18 de março de 1990 na RDA, com intenso apoio dos partidos da RFA, resultaram na vitória de grupos favoráveis à rápida reunificação. Seguiram-se dois importantes tratados de unificação (econômico, monetário e social em maio de 1990; político-administrativo em agosto de 1990) e o crucial Acordo "2+4" (Setembro de 1990), onde as quatro potências vitoriosas da Segunda Guerra Mundial (URSS, EUA, Grã-Bretanha e França) aceitaram a reunificação e a manutenção da Alemanha unificada na OTAN.

4.2. Os Dilemas da Unificação de Berlim

A unificação da Alemanha trouxe desafios específicos para Berlim. O prefeito de Berlim Ocidental, Walter Momper, empenhou-se na integração da cidade e em sua confirmação como capital federal da Alemanha reunificada.

  • Argumentos a Favor: Berlim representava uma compensação pelas agruras da divisão, simbolizava a restauração da identidade nacional e seria o coroamento de um processo democrático capaz de "exorcizar os demônios do passado nazista". A cidade também oferecia um modelo de reunificação e amplos espaços para desenvolvimento urbano.

  • Desafios e Oposição: A transferência da capital enfrentou forte resistência, principalmente dos estados da Renânia do Norte-Vestfália (onde ficava Bonn, a então capital da RFA) e da Baviera, preocupados com os altos custos da mudança (aproximadamente US$ 55 bilhões) e o esvaziamento de Bonn. Havia também preocupações com a infraestrutura deficiente no lado oriental da cidade e as diferenças culturais e atitudinais em relação à economia de mercado.

  • O "Muro Invisível": Anos após a queda física do Muro, observadores e pesquisas de opinião constataram a persistência de um "muro psicológico" entre os habitantes dos antigos setores leste e oeste de Berlim (os "Ossis" e "Wessis"), evidenciado, por exemplo, pela baixa taxa de casamentos entre eles. Muitos alemães do Leste ainda se sentem como "cidadãos de segunda ou terceira classe", um sentimento que contribuiu para a ascensão de partidos neocomunistas na região.

4.3. O Fim da Guerra Fria e a Nova Ordem Mundial

A queda do Muro de Berlim é amplamente reconhecida como um divisor de águas na história mundial, sendo um dos eventos mais importantes do século XX.

  • Dissolução da União Soviética: O fim da Guerra Fria foi formalizado com a dissolução da União Soviética em 26 de dezembro de 1991. A URSS já enfrentava uma grave crise econômica e política desde a década de 1970, com uma indústria em queda, agricultura insuficiente e crescente insatisfação social. Os programas de Glasnost e Perestroika de Gorbachev, embora bem-intencionados, acabaram por acelerar o colapso.

  • Consequências Globais (Panorama Pós-1989):

    • Colapso de Regimes: Além da URSS, a Iugoslávia também se fragmentou, e diversos países do Leste Europeu adotaram sistemas democráticos.

    • Ascensão do Capitalismo: O capitalismo despontou como o sistema político-econômico mundial predominante, com a globalização econômica e a expansão de princípios ultraliberais. A ausência de uma alternativa ao capitalismo tornou-o o modelo inconteste.

    • Tecnologia e Informação: O ano de 1989 também marcou o lançamento definitivo da internet pelo CERN, revolucionando as relações humanas e a difusão do poder.

    • Novos Conflitos e Atores: A retirada soviética do Afeganistão abriu caminho para a ascensão do Talibã e de Osama Bin Laden, levando aos eventos de 11 de setembro de 2001. A China, por sua vez, conseguiu modernizar sua economia e globalizar-se, evitando o colapso soviético.

    • Questões Transnacionais: Comércio internacional, direitos humanos e meio ambiente (desenvolvimento sustentável) se tornaram questões-chave globais.

    • Emergência de Potências: O mundo passou a ser multipolar, com o surgimento de alianças à margem das potências tradicionais, como o G-20.

    • Novos "Muros": Apesar da queda do Muro de Berlim, surgiram novos "muros" invisíveis e visíveis: a muralha do dinheiro (desigualdade social e econômica), o muro tecnológico, e muros físicos como o de Israel contra palestinos ou dos EUA contra migrantes latino-americanos.

Desmistificando a Imprensa e Pontos para Concursos

É crucial analisar as narrativas sobre a Queda do Muro e os eventos da Guerra Fria para uma compreensão aprofundada.

5.1. Mitos Comuns e o que Estudar para Concursos

  • Mito 1: A Queda do Muro foi Causada Pela Crise Econômica Recente: Embora a crise econômica da URSS na década de 1980 seja inegável, a construção do Muro, em 1961, serviu justamente para evitar uma crise econômica muito anterior na RDA, provocada pela fuga de mão de obra em grande escala. A crise dos anos 80 é mais uma consequência do esgotamento da lógica totalitária do que a causa direta da queda do Muro.

  • Mito 2: O Muro Simbolizava a Guerra Fria: Enquanto a imprensa repetiu exaustivamente que o Muro era o símbolo da Guerra Fria, uma análise mais aprofundada sugere que ele era, antes e acima de tudo, a marca da lógica totalitária da sociedade fechada da RDA, voltada para controlar e impedir a saída de sua própria população.

  • Mito 3: A Queda do Muro foi "Surpreendentemente Pacífica e Rápida": Essa é uma visão simplista. A ausência de um confronto violento aberto foi mais "surpreendente" na construção e vigência do Muro (como na crise do Checkpoint Charlie em 1961) do que em sua queda, quando o regime da linha-dura já estava enfraquecido e sem condições de repressão. Além disso, houve muita violência brutal (mortes, Stasi) durante a existência do Muro. A queda demorou a ocorrer, sendo resultado de mudanças e insatisfações acumuladas ao longo de décadas, não um evento rápido e isolado.

5.2. Conteúdos Essenciais para Concursos e Dúvidas Frequentes

  • A natureza da Guerra Fria: Entender que foi um conflito indireto, sem confronto militar direto entre EUA e URSS.

  • Os protagonistas: EUA e URSS.

  • Principais doutrinas/planos: Doutrina Truman, Plano Marshall, Comecon, OTAN, Pacto de Varsóvia.

  • Divisão da Alemanha: As duas Alemanhas (RFA e RDA) e a divisão de Berlim.

  • Causa real da construção do Muro: Evitar a fuga de cidadãos qualificados da RDA.

  • O papel de Mikhail Gorbachev: Glasnost e Perestroika, e sua decisão de não intervir militarmente nas revoltas da Europa Oriental.

  • O "erro" de Günter Schabowski: O anúncio "imediato" da lei de viagens que levou à aglomeração e abertura dos portões.

  • O impacto da Hungria: A abertura de suas fronteiras como catalisador do êxodo.

  • A Reunificação Alemã: O papel de Helmut Kohl, o "Programa de Dez Pontos", e o acordo "2+4".

  • As consequências pós-queda: Dissolução da URSS, a nova ordem mundial (unipolaridade/multipolaridade), e os "muros invisíveis" que persistem.

  • A Stasi: O serviço de segurança da RDA e seu papel opressor.

Um Legado Complexo

A Queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria representaram o encerramento de uma era de bipolaridade e o surgimento de uma nova ordem internacional. Embora a reunificação da Alemanha tenha sido uma conquista histórica, o processo não foi isento de desafios, e as divisões, tanto econômicas quanto psicológicas, ainda reverberam na sociedade alemã e global.

A história do Muro nos lembra que as transformações sociais são processos complexos, muitas vezes impulsionados por fatores internos e pela vontade popular, mais do que por eventos isolados ou interpretações simplistas. Compreender esses nuances é essencial para um domínio completo do tema e para uma análise crítica do mundo contemporâneo.

Questões de Múltipla Escolha:

  1. Qual foi o evento histórico que simbolizou o fim da Guerra Fria e a reunificação alemã?

    A) Dia D
    B) Construção do Muro de Berlim
    C) Queda do Muro de Berlim
    D) Início da Guerra Fria

  2. Em que ano ocorreu a queda do Muro de Berlim?

    a) 1945
    b) 1961
    c) 1989
    d) 2004

  3. Além da Alemanha, quais outros países da Europa Oriental também experimentaram mudanças políticas significativas após a queda do Muro de Berlim?

    A) Republica tcheca e Portugal
    B) França e Itália
    C) Polônia, Hungria e Tchecoslováquia
    D) Espanha e Portugal

Gabarito:

  1. C) Queda do Muro de Berlim

  2. C) 1989

  3. C) Polônia, Hungria e Tchecoslováquia