17/08/2024 • 6 min de leitura
Atualizado em 17/08/2024

História do Afeganistão

Afeganistão: Um Panorama Histórico e Geopolítico

O Afeganistão é um país de grande importância geopolítica, situado no coração da Ásia, fazendo fronteira com países como o Irã, o Paquistão e, ao contrário do que muitos pensam, não diretamente com a Índia. Com uma população diversificada de cerca de 33 milhões de habitantes e uma área semelhante à da França, o Afeganistão é um mosaico étnico e cultural. Compreender a história e a geopolítica do Afeganistão é fundamental para interpretar os eventos contemporâneos e as dinâmicas internacionais que impactam essa região. O território que hoje conhecemos como Afeganistão possui uma história milenar, marcada por invasões, conquistas e resistências, que moldaram a nação como a conhecemos hoje.

O Desenvolvimento Histórico do Afeganistão

Pré-história ao Século XVIII

O território do Afeganistão tem sido habitado há mais de 100.000 anos, com registros de troca comercial com a Mesopotâmia e o Egito já na Idade do Bronze. Devido à sua localização estratégica, conectando a Ásia Central, o planalto iraniano e a Índia, o Afeganistão foi dominado por uma sucessão de impérios e civilizações, incluindo os persas aquemênidas, os exércitos de Alexandre, o Grande, e os nômades cuchãs. Essa posição geográfica fez do Afeganistão um ponto de encontro para culturas e um campo de batalha para potências rivais.

Do século VII em diante, o Islã se expandiu pela região, com a jihad sendo um elemento central na conquista do território. Após uma resistência inicial, os exércitos muçulmanos dominaram o Afeganistão entre os séculos IX e X, estabelecendo uma nova ordem religiosa e política. A hegemonia islâmica na região foi desafiada pelo Império Mongol no século XIII, mas o Afeganistão continuou a ser um importante centro de poder e cultura muçulmana.

Século XVIII-XIX: Guerras Anglo-Afegãs e a Construção do Estado Afegão

No século XVIII, o declínio dos impérios mogol e safávida permitiu que grupos pashtuns, como os khilji e os abdalis, ganhassem proeminência. O Império Durrani, fundado em 1747 por Amade Cã Abdali, um comandante militar de origem pashtun, foi um marco importante na formação do Estado afegão. Contudo, as disputas internas e a fragmentação do império abriram espaço para intervenções estrangeiras, especialmente por parte dos britânicos.

As Guerras Anglo-Afegãs (1839-1919) foram um período crucial para a definição das fronteiras e da identidade política do Afeganistão. Os britânicos, preocupados com a expansão russa na Ásia Central, tentaram estabelecer um governo pró-britânico em Cabul, mas enfrentaram forte resistência afegã. A Primeira Guerra Anglo-Afegã (1839-1842) terminou em desastre para os britânicos, marcando a reputação dos afegãos como ferozes defensores de sua independência.

No final do século XIX, o emir Abdur Rahman, conhecido como o "Emir de Ferro", consolidou o controle sobre o território afegão e iniciou um processo de centralização do poder. Sob seu governo, o Afeganistão começou a se moldar como um Estado-nação, embora sob forte influência britânica, que controlava sua política externa.

Política e Sociedade no Século XX

A Modernização e os Conflitos Internos

No início do século XX, o Afeganistão tentou se modernizar sob o governo de Amanullah Khan, que promoveu reformas sociais e políticas inspiradas em modelos ocidentais. No entanto, essas reformas enfrentaram forte oposição interna, levando a uma breve guerra civil e à abdicação de Amanullah em 1929. O período subsequente, conhecido como a era dos irmãos Musahiban, trouxe uma estabilidade relativa, com o país evitando grandes conflitos externos e focando em seu desenvolvimento interno.

A ascensão de Zahir Shah ao trono em 1933 marcou uma nova fase na história do Afeganistão, com a promulgação de uma nova constituição em 1964, que visava limitar o poder da monarquia e promover a participação política. No entanto, o regime permaneceu autoritário, e as tentativas de modernização continuaram a ser um tema de disputa interna.

A Guerra Fria e a Instabilidade

A partir de 1978, o Afeganistão entrou em um período de grande instabilidade, com o golpe de Estado do Partido Democrático do Afeganistão (PDPA) e a subsequente invasão soviética em 1979. A Guerra do Afeganistão (1979-1989) foi um dos conflitos mais sangrentos da Guerra Fria, com os mujahidins, apoiados pelos Estados Unidos, lutando contra o governo comunista afegão e as tropas soviéticas. A guerra terminou com a retirada soviética em 1989, mas deixou o país em ruínas e sem um governo central forte.

Nos anos 1990, o Afeganistão mergulhou em uma guerra civil, com vários grupos étnicos e facções políticas lutando pelo controle. Foi nesse contexto que o Talibã surgiu, prometendo restaurar a ordem e impor uma interpretação rigorosa da lei islâmica. Em 1996, o Talibã capturou Cabul e estabeleceu um regime que duraria até a invasão americana em 2001.

O Afeganistão no Século XXI

Obs. a imagem acima não reflete toda a população apenas uma fração radicalizada

A Invasão Americana e a Segunda Guerra do Afeganistão

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão com o objetivo de derrubar o regime do Talibã e capturar Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda. A invasão levou à instalação de um novo governo em Cabul, apoiado por uma coalizão internacional, mas a estabilidade continuou a ser um desafio. O Talibã, apesar de removido do poder, manteve uma insurgência que duraria duas décadas.

A Segunda Guerra do Afeganistão (2001-2021) foi marcada por uma luta contínua entre as forças internacionais e os insurgentes talibãs. Embora tenham sido feitas tentativas de reconstrução e desenvolvimento, o país permaneceu em grande parte dependente da ajuda externa, e a corrupção e a violência continuaram a ser problemas crônicos.

Em 2011, a morte de Osama bin Laden marcou o início de um processo gradual de retirada das tropas americanas, que culminou em julho de 2021. A retirada precipitou a queda do governo afegão e o retorno do Talibã ao poder, marcando o início de uma nova e incerta era para o país.

Conclusão

Estudar a história e a geopolítica do Afeganistão é essencial para entender os desafios que o país enfrenta hoje. O Afeganistão é um exemplo de como a localização geográfica e as influências externas podem moldar a trajetória de uma nação. As lições do passado, desde as invasões antigas até as intervenções modernas, mostram a resiliência do povo afegão e a complexidade das questões políticas e sociais que ainda dominam o país. Se você está interessado em entender mais sobre como a geopolítica global influencia nações como o Afeganistão, há muitos caminhos a explorar.

Questões de Múltipla Escolha

  1. Qual foi o principal motivo das Guerras Anglo-Afegãs?

    a) Disputa pelo controle de recursos naturais

    b) Proteção das posses britânicas na Índia

    c) Expansão territorial do Afeganistão

    d) Conquista religiosa

    e) Estabelecimento do socialismo

  2. Qual evento marcou o início da Segunda Guerra do Afeganistão?

    a) Invasão soviética em 1979

    b) Golpe de Estado do PDPA em 1978

    c) Ataques de 11 de setembro de 2001

    d) Formação do Império Durrani

    e) Queda de Cabul pelo Talibã

  3. Quem foi o líder que fundou o Império Durrani em 1747?

    a) Amanullah Khan

    b) Doste Maomé Cã

    c) Abdur Rahman

    d) Amade Cã Abdali

    e) Zahir Shah

Gabarito

  1. b) Proteção das posses britânicas na Índia

  2. c) Ataques de 11 de setembro de 2001

  3. d) Amade Cã Abdali

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