
A língua portuguesa, com sua riqueza e complexidade, apresenta desafios únicos para estudantes e concurseiros. Entre eles, destaca-se a homofonia de grafemas consonânticos, um fenômeno em que letras ou grupos de letras diferentes representam o mesmo som. Dominar essa particularidade é essencial para uma escrita clara e precisa e, sem dúvida, um diferencial em provas e concursos públicos.
Comecemos pelo básico. Palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma fonética (são pronunciadas com sons idênticos), embora signifiquem e sejam escritas de maneiras diferentes. Isso significa que duas ou mais palavras podem ter a mesma sonoridade, mas são distinguidas por letras que alteram sua forma de escrever e seu significado.
Para ilustrar, observe alguns exemplos de palavras homófonas que causam confusão:
Sessão: indica um espaço de tempo de uma reunião ou espetáculo (ex: sessão de cinema).
Seção: refere-se a um efeito de repartir, uma divisão ou departamento (ex: seção de frios).
Cessão: significa o ato de ceder, transferir ou dar posse de algo a outrem (ex: cessão de direitos).
Embora esses exemplos sejam de palavras homófonas, a homofonia de grafemas consonânticos se aprofunda um pouco mais, focando em como diferentes letras ou combinações de letras podem produzir o mesmo som consonantal dentro de palavras, mesmo que não sejam palavras homófonas completas.
No sistema ortográfico ideal de uma língua alfabética, cada letra corresponderia a um som e cada som a uma letra. No entanto, na língua portuguesa, essa relação ideal raramente se concretiza. Há numerosos casos em que um mesmo som pode ser grafado por mais de uma letra. Por exemplo, o som /z/ pode ser escrito com "s" na palavra "casa", com "z" na palavra "beleza" e com "x" na palavra "exame". Essa particularidade é o que a linguística chama de "relação de concorrência".
A aquisição da língua escrita é uma tarefa complexa, exigindo esforço cognitivo para compreender a natureza do sistema alfabético. Embora o domínio do princípio alfabético (relação letra/som) seja fundamental, ele não garante a escrita correta das palavras devido à necessidade de dominar as convenções ortográficas, incluindo as relações irregulares e regulares.
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um conjunto de orientações dividido em vinte e uma bases. A Base III do Acordo Ortográfico, intitulada "Da homofonia de certos grafemas consonânticos", aborda diretamente o modo de representar os sons consonantais. Seu objetivo é diferenciar o emprego de grafemas consonânticos homófonos, cuja grafia é fundamentalmente regulada pela história das palavras (etimologia).
É crucial entender que, sobre o emprego dessas letras (como ch e x; g e j; s, ss, c, ç; e o uso de s, x, z em final de sílaba), as regras permaneceram as mesmas em relação à ortografia anterior ao acordo. Isso significa que o desafio de distinguir a grafia permanece, tornando o estudo da etimologia e das regras contextuais ainda mais relevante.
O domínio ortográfico é um elemento necessário para a produção de uma escrita de qualidade comunicativa. Para que as ideias expressas em um texto sejam compreendidas por todos, elas precisam obedecer a normas comuns. Em outras palavras, escrever corretamente é uma questão de clareza e eficiência na comunicação escrita.
Além disso, a homofonia de grafemas consonânticos é um tópico frequentemente abordado em concursos públicos e provas de língua portuguesa. As bancas examinadoras utilizam a sutileza dessas distinções para testar a profundidade do conhecimento ortográfico dos candidatos. Uma compreensão sólida não apenas enriquece o vocabulário, mas melhora a precisão e clareza na comunicação escrita.
A principal diretriz para diferenciar o uso de grafemas consonânticos homófonos é a etimologia, ou seja, a história e a origem das palavras. Embora a variedade de condições em que os grafemas consonânticos homófonos se fixam na escrita nem sempre permita uma diferenciação fácil, a origem da palavra é o critério fundamental para sua grafia correta.
Por exemplo, as diferenças na escrita de palavras em espanhol, apesar da correspondência entre grafia e oralidade, são fortemente convencionais e muitas vezes mantidas por razões etimológicas, mesmo quando os fonemas são idênticos. Isso reforça a ideia de que a ortografia é um sistema híbrido, que concilia a fonética com a história das palavras.
Vamos agora mergulhar nos casos específicos de grafemas consonânticos homófonos, com regras, exemplos e as tão importantes exceções que você precisa dominar para as provas.
A distinção entre "ch" e "x" é um dos exemplos mais clássicos de homofonia que pode gerar confusão na escrita. Ambos os grafemas podem representar o mesmo som, mas suas utilizações são definidas pela etimologia das palavras.
O dígrafo CH geralmente tem origens etimológicas específicas:
Encontros latinos cl, fl, pl:
Chave (do latim clave)
Cheirar (do latim flagrare)
Chuva (do latim pluvia)
Do ch francês:
Brocha
Chalé
Chapéu
Chatô
Chefe
Chuchu
Deboche
Flecha
Do espanhol:
Apetrecho
Mochila
Trapiche
Do ci ou cci italiano:
Charlatão
Espadachim
Salsicha
Do sch alemão e do ch inglês:
Chope
Charuto
Cheque
Sanduíche
Do árabe:
Azeviche
Nos sufixos –acho, –achão, –icho, –ucho:
Bonachão
Rabicho
Gorducho
Depois de -n:
Concha
Encher
Gancho
Pechincha
Outros exemplos comuns com CH: achar, archote, bucha, capacho, capucho, chamar, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, estrebucha, facho, ficha, frincha, inchar, macho, mancha, murchar, nicho, pachorra, pecha, penacho, rachar, sachar, tacho.
A letra X é utilizada em diversas situações:
Após ditongos (encontros vocálicos, como ei, ai, ou):
Ameixa
Baixel
Baixo
Feixe
Caixa (não presente na fonte, mas exemplo comum)
Após a sílaba inicial "me-":
Mexer
Mexilhão
Em palavras de origem indígena ou africana:
Xará (não presente na fonte, mas exemplo comum)
Xingú (não presente na fonte, mas exemplo comum)
Orixá (não presente na fonte, mas exemplo comum)
Em palavras que contêm o prefixo "en-" (com som de /ch/ ou /s/):
Enxofre
Enxame
Enxugar
Enxergar
Outros exemplos comuns com X: anexim, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, elixir, faixa, madeixa, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez, xarope, xenofobia, xerife, xícara.
Atenção especial às exceções, pois são muito cobradas em provas:
Após a sílaba "en-": Embora o "x" seja frequente (ex: enxugar, enxame), existem exceções importantes onde se usa "ch":
Encher
Encharcar
e palavras derivadas como enchente, enchimento.
Após a sílaba "me-": O uso do "x" é normal (ex: mexer, mexilhão), mas a exceção mais notável é:
Mecha (de cabelo ou pavio, usa "ch")
O trabalho psicopedagógico na área de leitura e escrita, por exemplo, sugere atividades que levem o aluno a refletir e interiorizar o sistema de grafemas e fonemas, explorando a etimologia e as regras, mas também as exceções. A compreensão dessas diferenças é crucial.
O emprego das letras "g" e "j" pode gerar muitas dúvidas, já que as sílabas "ge", "je", "gi" e "ji" são homófonas, ou seja, têm o mesmo som. Isso ocorre porque as letras "g" e "j" assumem o mesmo fonema fricativo palatal quando antecedem as vogais "e" e "i". A grafia correta depende, novamente, da origem e história da palavra.
A letra G é usada antes de "e" ou "i" nas seguintes situações:
Em substantivos terminados em -agem, -igem e -ugem:
Garagem
Fuligem
Ferrugem
Tatuagem
Origem
Penugem
Viagem
Vertigem
Rabugem
ATENÇÃO: Não confunda o substantivo viagem com a forma verbal viajem (do verbo viajar). Este é um ponto de atenção frequente em provas!
Ex: Fizemos uma ótima viagem. (substantivo)
Ex: Espero que eles viajem em segurança. (verbo)
Em palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio:
Naufrágio
Colégio
Prestígio
Pedágio
Privilégio
Prodígio
Presságio
Sacrilégio
Vestígio
Relógio
Refúgio
Em verbos terminados em -ger e -gir:
Eleger
Proteger
Ranger
Agir
Fingir
Frigir
Fugir
Outros exemplos comuns com G (com som de /j/): adágio, alfageme, álgebra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido, almargem, Alvorge, apogeu, Argel, auge, bege, cônjuge, coragem, digital, elogio, estrangeiro, falange, geada, geleia, gelosia, gema, genealogia, gengiva, gergelim, geringonça, gibi, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, girassol, gíria, herege, ideologia, imaginação, indígena, litígio, monge, nostalgia, original, psicológico, região, religião, sege, tecnologia, tigela, Tânger, vigente, virgem.
A letra J é usada principalmente nas seguintes situações:
Em palavras de origem tupi, africana ou árabe:
Canjica (tupi)
Jiboia (tupi)
Pajé (tupi)
Jeguedê (africana)
Jeribata (africana)
Jiló (africana)
Azeviche (árabe - embora "ch", a origem árabe muitas vezes usa 'j' em outras palavras, como 'alforje').
Exceção notável para G/J: Pajem (com J, embora termine em -agem).
Em palavras derivadas de outras palavras já grafadas com J:
Caranguejo → caranguejeira
Cereja → cerejeira
Laranja → laranjeira
Loja → lojista
Varejo → varejista
Projeto → projetar
Sujeito → sujeira
Outros exemplos comuns com J: adjetivo, ajeitar, ajeru, canjerê, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jecoral, jejum, jeans, jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum, Jerónimo, Jesus, jingle, jipe, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, lisonjear, majestade, majestoso, manjerico, manjerona, mucujê, nojento, objetivo, pajé, pegajento, projeto, rejeitar, subjetivo, trajeto, trejeito.
As letras S, SS, C, Ç e, em alguns casos, X, podem representar sibilantes surdas (o som de /s/). Essa variedade exige atenção redobrada à ortografia, pois a pronúncia é idêntica.
S (início de palavra, após consoante, entre vogal e consoante, ou em alguns sufixos):
Ânsia
Ascensão
Aspersão
Cansar
Conversão
Esconso
Farsa
Ganso
Imenso
Mansão
Mansarda
Manso
Pretensão
Remanso
Seara
Seda
Seia
Sertã
Sernancelhe
Serralheiro
Singapura
Sintra
Sisa
Tarso
Terso
Valsa
SS (entre vogais, para manter o som de /s/ forte):
Abadessa
Acossar
Amassar
Arremessar
Asseiceira
Asseio
Associação
Atravessar
Benesse
Cassilda
Codesso
Codessal, Codassal, Codesseda, Codessoso
Crasso
Devassar
Dossel
Egresso
Endossar
Escasso
Fosso
Gesso
Molosso
Mossa
Obsessão
Pêssego
Possesso
Remessa
Sossegar
C (antes de "e" e "i"):
Acém
Acervo
Alicerce
Cebola
Cereal
Cernache
Cetim
Cinfães
Escócia
Macedo
Obcecar
Percevejo
Ç (antes de "a", "o", "u" e no final da sílaba):
Açafate
Açorda
Açúcar
Almaço
Atenção
Berço
Buçaco
Caçange
Caçula
Caraça
Dança
Eça
Enguiço
Gonçalves
Inserção
Linguiça
Maçada
Mação
Maçar
Moçambique
Monção
Muçulmano
Murça
Negaça
Pança
Peça
Quiçaba
Quiçaça
Quiçama
Quiçamba
Seiça (pretere Ceiça e Ceissa)
Seiçal
Suíça
Terço
X (com som de /s/ surdo, em certas palavras):
Auxílio
Maximiliano
Maximino
Máximo
Próximo
Sintaxe
A pronúncia do S no final de sílaba, e as letras X e Z com valor fônico similar, requerem uma distinção clara na escrita. A posição da letra na sílaba ou na palavra é um fator determinante para a grafia.
S em final de sílaba (inicial ou interior):
Adestrar
Calisto
Escusar
Esdrúxulo
Esgotar
Esplanada
Esplêndido
Espontâneo
Espremer
Esquisito
Estender
Estremadura
Estremoz
Inesgotável
X com valor de S em final de sílaba:
Extensão
Explicar
Extraordinário
Inextricável
Inexperto
Sextante
Têxtil
Regra importante: Em final de sílaba que não seja final de palavra, o X com valor de S muda para S sempre que está precedido de "i" ou "u".
Ex: Justapor (em vez de juxtapor)
Ex: Justalinear (em vez de juxtalinear)
Ex: Misto (em vez de mixto)
Ex: Sistino (cf. Capela Sistina) (em vez de sixtina)
Ex: Sisto (em vez de Sixto)
Z com valor de S em final de sílaba:
Capazmente
Infelizmente
Velozmente
Regra importante: Só nos advérbios em -mente se admite "z" com valor idêntico ao de "s" em final de sílaba seguida de outra consoante. Caso contrário, o "s" toma sempre o lugar do "z".
Ex: Biscaia (e não Bizcaia)
S em final de palavra:
Aguarrás
Aliás
Anis
Após
Atrás
Através
Avis
Brás
Dinis
Garcês
Gás
Gerês
Inês
Íris
Jesus
Jus
Lápis
Luís
País
Português
Queirós
Quis
Retrós
Revés
Tomás
Valdês
X em final de palavra:
Cálix
Félix
Fénix
Flux (Note: a fonte "UmPortugues.com" lista "flux", enquanto a fonte "Volitivo" lista "fluxo". Consideraremos "flux" como válido.)
Z em final de palavra:
Assaz
Arroz
Avestruz
Dez
Diz
Fez (substantivo e forma do verbo fazer)
Fiz
Forjaz
Galaaz
Giz
Jaez
Matiz
Petiz
Queluz
Romariz
Valdevez (Arcos de)
Vaz
Regra importante: É inadmissível "z" final equivalente a "s" em palavra não oxítona.
Ex: Cádis (e não Cádiz).
As letras S, X e Z também podem representar sibilantes sonoras (o som de /z/) no interior das palavras. Novamente, a distinção é crucial para evitar erros ortográficos.
S (com som de /z/ entre vogais):
Aceso
Analisar
Anestesia
Artesão
Asa
Asilo
Baltasar
Besouro
Besuntar
Blusa
Brasa
Brasão
Brasil
Brisa
Canaveses (Marco de)
Coliseu
Defesa
Duquesa
Elisa
Empresa
Ermesinde
Esposende
Frenesi ou frenesim
Frisar
Guisa
Improviso
Jusante
Liso
Lousa
Lousã
Luso (nome de lugar, homônimo de Luso, nome mitológico)
Matosinhos
Meneses
Narciso
Nisa
Obséquio
Ousar
Pesquisa
Portuguesa
Presa
Raso
Represa
Resende
Sacerdotisa
Sesimbra
Sousa
Surpresa
Tisana
Transe
Trânsito
Vaso
X (com som de /z/, geralmente entre vogais):
Exalar
Exemplo
Exibir
Exorbitar
Exuberante
Inexato
Inexorável
Z (com som de /z/, geralmente no início ou em sílabas tônicas):
Abalizado
Alfazema
Arcozelo
Autorizar
Azar
Azedo
Azo
Azorrague
Baliza
Bazar
Beleza
Buzina
Búzio
Comezinho
Deslizar
Deslize
Ezequiel
Fuzileiro
Galiza
Guizo
Helenizar
Lambuzar
Lezíria
Mouzinho
Proeza
Sazão
Urze
Vazar
Veneza
Vizela
Vouzela
Aprender a ortografia é um processo complexo que vai além da simples memorização de regras. Envolve a compreensão de como as crianças adquirem essa habilidade e as estratégias mais eficazes para o ensino e a prática.
Natureza da Língua Portuguesa: Diferente de um sistema ideal onde cada letra corresponde a um som, o português apresenta muitas exceções e casos de "concorrência", onde um mesmo som pode ser representado por várias letras. Isso significa que a língua portuguesa não é considerada totalmente regular do ponto de vista ortográfico.
Hipóteses dos Alunos: Os erros ortográficos cometidos pelos alunos não são aleatórios. Eles refletem as hipóteses e a lógica que a criança utiliza para construir o conhecimento sobre a escrita, muitas vezes baseando-se na oralidade. Por exemplo, erros ligados a representações múltiplas de fonemas (um som para várias letras, ou uma letra para vários sons) são de apropriação mais lenta e difícil.
Dificuldade de Análise Fonológica: Embora a consciência fonológica seja importante (habilidade de analisar os segmentos sonoros da fala), ela não é sempre suficiente para a escrita correta. Quando a estrutura silábica e acentual se distancia da estrutura frequente da língua, a análise fonológica por si só deixa de ser suficiente, e a escrita correta depende de outros conhecimentos.
Pesquisas destacam a importância de diferentes tipos de consciência metalinguística na aquisição da ortografia:
Consciência Fonológica: Definida como o conhecimento explícito da estrutura fonológica interna das palavras e a capacidade de manipular intencionalmente suas unidades sublêxicas. Ela se manifesta em diferentes níveis (silábico, intrassilábico e fonêmico). A consciência fonológica é uma habilidade indispensável para a aprendizagem alfabética. Estudos mostram uma forte correlação entre consciência fonológica e sucesso na aprendizagem da leitura e escrita alfabética.
Consciência Sintática: É um fator importante na aquisição de aspectos ortográficos que envolvem o conhecimento da classe gramatical a que uma palavra pertence. Por exemplo, distinguir "viagem" (substantivo) de "viajem" (verbo) requer consciência sintática.
O bom desempenho ortográfico resulta de reelaborações internas que o aprendiz processa a partir das informações sobre ortografia que recebe. A explicitação progressiva das representações que o aluno elabora sobre a forma ortográfica das palavras é fundamental.
Pesquisas indicam que crianças com melhor desempenho ortográfico são mais capazes de "transgredir" deliberadamente a norma ortográfica, o que revela um conhecimento já adquirido e explícito da regra. Isso sugere que o ensino explícito das correspondências grafema-fonema pode favorecer o desenvolvimento da consciência fonológica. A intervenção da escola, ao transformar processos não conscientes em metaconhecimento, pode ajudar o aluno a refletir e descrever verbalmente suas estratégias, levando a um melhor desempenho na escrita convencional.
Para dominar a homofonia de grafemas consonânticos e se destacar em provas:
Foque na Etimologia: Entender a origem das palavras é a chave mestra para muitas distinções, especialmente para CH/X e G/J.
Prática Constante com Exemplos: A exposição a palavras que trazem dificuldades ortográficas e a reflexão sobre elas favorecem a abstração dos princípios linguísticos. A prática de exercícios de ortografia e a leitura de textos literários que exemplifiquem essas regras são cruciais. Use as listas de exemplos fornecidas neste guia.
Identifique os Padrões e as Exceções: A aprendizagem é gerativa, ou seja, as crianças aplicam hipóteses de forma consistente. Identifique os padrões (regras) e dedique atenção especial às exceções, pois elas são alvo frequente em questões de concurso.
Faça Revisões Sistemáticas: A correção de textos (próprios e alheios) e a revisão sistemática são fatores de melhoria no desempenho ortográfico, pois promovem a reflexão sobre a correção.
Desenvolva a Consciência Metalinguística: Pense sobre as palavras, sua sonoridade, sua estrutura, e como as regras ortográficas se aplicam. Isso significa tomar a língua como objeto de aprendizagem, e não apenas como meio de comunicação.
Use Recursos Didáticos: Atividades que exploram o vocabulário, a gramática e a organização das ideias, sempre levando em conta o desenvolvimento da oralidade, são valiosas.
Não. A Base III do Acordo Ortográfico (que trata da homofonia de grafemas consonânticos) afirma que as regras para o emprego dessas letras permaneceram as mesmas em relação à ortografia anterior. O Acordo apenas consolidou e sistematizou essas regras, mas não as alterou.
A melhor forma é uma combinação de estratégias:
Compreensão Etimológica: Sempre que possível, tente entender a origem da palavra, pois muitas regras são etimológicas.
Exposição e Leitura: Leia bastante. Quanto mais você vê as palavras escritas corretamente, mais sua memória visual se fortalece.
Prática Deliberada: Faça exercícios focados nas distinções homófonas. Escreva e reescreva palavras que geram dúvida.
Associação e Mnemônicos: Crie suas próprias formas de memorizar, como listas de exceções ou frases-chave.
Revisão Ativa: Não apenas releia, mas tente explicar as regras para si mesmo ou para outra pessoa, ou mesmo "transgredir" intencionalmente a norma para testar seu conhecimento explícito.
A principal razão é a etimologia (origem) das palavras. Como visto na seção 3.1, a grafia com 'CH' ou 'X' em palavras com o mesmo som deriva de diferentes línguas de origem (latim, francês, espanhol, alemão, inglês, árabe para 'CH' e, por exemplo, ditongos e prefixos para 'X'). Mesmo que o som seja idêntico no português atual, a grafia histórica foi mantida.
Essa é uma dúvida muito comum e frequentemente cobrada em concursos:
Viagem (com G): É um substantivo. Significa o ato de viajar, o percurso, ou o destino.
Ex: Fizemos uma ótima viagem.
Ex: Essa viagem parece ter sido bem cara.
Viajem (com J): É uma forma conjugada do verbo "viajar".
Pode ser a 3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo: Espero que vocês viajem para cá logo.
Ou a 3ª pessoa do plural do imperativo: Viajem para lá, vocês não vão se arrepender!
A distinção depende da classe gramatical e do contexto sintático.
Sibilantes Surdas: Produzem o som de /s/ (como em "sapo"). São representadas por S (no início, após consoante, ou em SS entre vogais), SS, C (antes de e/i), Ç (antes de a/o/u) e, ocasionalmente, X.
Sibilantes Sonoras: Produzem o som de /z/ (como em "zebra"). São representadas por S (entre vogais), X (em casos específicos) e Z.
A identificação ocorre pela pronúncia do som e, principalmente, pela posição na palavra e pela etimologia. As listas de exemplos detalhadas nas seções 3.3, 3.4 e 3.5 deste guia são a melhor forma de fixar essas distinções.
O domínio da ortografia, especialmente das sutilezas da homofonia de grafemas consonânticos, é um processo contínuo e fundamental. Como vimos, a língua portuguesa apresenta uma "relação de concorrência" entre letras e sons, exigindo que o aprendiz vá além da mera correspondência fonética e compreenda as regras ortográficas estabelecidas, muitas delas enraizadas na história das palavras.
Ao se dedicar ao estudo dessas distinções, você não apenas aprimora sua capacidade de escrever de forma precisa e clara, mas também desenvolve um conhecimento aprofundado da estrutura da língua. Essa maestria se traduz em textos de alta qualidade comunicativa e, crucialmente, em excelente desempenho em exames e concursos públicos, onde a ortografia é um critério de avaliação rigoroso.
Incentivamos a prática constante, a leitura atenta e a busca pelo conhecimento etimológico para solidificar seu aprendizado. Lembre-se que cada erro é uma oportunidade de aprendizado e reflete uma hipótese em construção. Com dedicação e as ferramentas certas, como este guia, você estará bem preparado para desvendar os mistérios da ortografia portuguesa e alcançar seus objetivos.
Qual das palavras abaixo usa a letra ch corretamente?
a) Achim
b) Archote
c) Axar
d) Exorar
e) Xente
Em qual das palavras abaixo a letra g é usada corretamente?
a) Adájio
b) Falanje
c) Geringonça
d) Jerimum
e) Jelozia
Qual das palavras abaixo exemplifica o uso correto de ss?
a) Acosar
b) Benese
c) Egresso
d) Asociação
e) Cereal
Qual das palavras abaixo termina corretamente com z?
a) Atrás
b) Brás
c) Avestruz
d) Fluxo
e) Cálix
Qual das palavras abaixo usa corretamente a letra x no início da sílaba?
a) Esplêndido
b) Esdrúxulo
c) Extensão
d) Espontâneo
e) Espremer
b) Archote
c) Geringonça
c) Egresso
c) Avestruz
c) Extensão