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22/09/2025 • 12 min de leitura
Atualizado em 22/09/2025

"Macunaíma": Resumo e Crítica Social

MACUNAÍMA: RESUMO COMPLETO, CRÍTICA SOCIAL E ANÁLISE PARA CONCURSOS

Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, é amplamente considerada uma das obras mais importantes do modernismo brasileiro, sendo um título fundamental que sintetizou grande parte da teoria idealizada pela vanguarda da época. Escrito por Mário de Andrade, um dos principais organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.


1. Ficha Técnica e Introdução (O Básico)

Para iniciar o estudo de forma didática, é essencial conhecer os dados basilares da obra:

Elemento

Detalhe Crucial

Fonte

Título

Macunaíma: o herói sem nenhum caráter

Autor

Mário de Andrade

Publicação

1928

Movimento

Primeira Fase do Modernismo Brasileiro

Gênero

Rapsódia (classificação do próprio autor)

Foco

Reflexão sobre a cultura brasileira e a identidade nacional.

A obra foi escrita em apenas seis noites e narra a trajetória do personagem Macunaíma. Mário de Andrade realizou pesquisas sobre a cultura popular brasileira, utilizando o material em uma grande colagem inventiva, resultando em uma obra única e original.

2. Contexto Histórico e Posicionamento Modernista

2.1. O Modernismo e a Semana de 22

Mário de Andrade foi um dos grandes intelectuais brasileiros do início do século XX. A publicação de Macunaíma em 1928 se mostra como uma baliza importante do movimento modernista, representando uma espécie de síntese das ideias vanguardistas. O movimento buscava romper a distância entre o intelectual letrado e o povo, incorporando os modos de ser da cultura oral na literatura da tradição escrita.

2.2. Contexto Político-Social (Início do Século XX)

A narrativa está situada no início do século XX. O período foi marcado por movimentos como os tenentistas e a Coluna Prestes, que abalaram a República Velha, a qual só terminou após a Crise de 1929. A ascensão de Getúlio Vargas em 1930 e a subsequente instituição do Estado Novo (1937-1945) levaram à forte perseguição política contra comunistas e artistas brasileiros.

3. Resumo da Obra

O romance Macunaíma possui 17 capítulos e um epílogo. A narrativa tem tempo cronológico e se passa principalmente na Floresta Amazônica e na cidade de São Paulo.

3.1. Nascimento e Início da Jornada

  1. O Herói no Mato-Virgem: Macunaíma, "herói de nossa gente", nasce no "fundo do mato-virgem". Ele é descrito como "preto retinto e filho do medo da noite".

  2. A Preguiça e a Transformação: Macunaíma passa os primeiros seis anos da vida sem falar, dominado pela preguiça. Sua fala é despertada após receber água em um chocalho.

  3. O Primeiro Amante: Levado por Sofará (companheira de seu irmão Jiguê) para passear no mato, Macunaíma "botou corpo num átimo" e se tornou um príncipe lindo, tendo sua primeira relação sexual.

  4. A Cabeça de Piá: Após escapar do Currupira, Macunaíma encontra a cotia, que o atinge com lavagem de aipim envenenado. Ele espirra e cresce, ficando do tamanho de um homem, mas com a cabeça "rombuda e com carinha enjoativa de piá".

  5. Ci e a Muiraquitã: Macunaíma conhece Ci, a Mãe do Mato. Ela lhe dá um filho que logo morre. Antes de subir para o céu por um cipó, Ci entrega a Macunaíma uma muiraquitã (joia/amuleto).

3.2. A Busca Urbana e o Antagonista

  1. A Perda do Amuleto: Macunaíma perde a muiraquitã. Um tracajá come o amuleto, que é encontrado e vendido para Venceslau Pietro Pietra.

  2. A Viagem a São Paulo: Venceslau Pietro Pietra, conhecido como o gigante Piaimã, comedor de gente, se torna o grande inimigo de Macunaíma. Macunaíma decide ir a São Paulo para resgatar o talismã, acompanhado de seus irmãos Jiguê e Maanape.

  3. Crítica à Urbanização: Em São Paulo, o herói vive aventuras e entra em contato com máquinas, o que o leva à melancólica conclusão: “Os homens é que eram máquinas e as máquinas é que eram homens”. Para a professora Eliane Robert Moraes, Mário de Andrade critica a urbe moderna por meio de uma visão pessimista da lógica citadina.

3.3. O Regresso e a Morte

  1. Recuperação e Tentativas de Casamento: Macunaíma consegue a muiraquitã após várias peripécias. Antes disso, é assediado pelas filhas de Vei, a Sol, mas falha em cumprir a promessa de fidelidade.

  2. A Perda Final: De volta à floresta, Macunaíma é seduzido pela Uiara e acaba mutilado, perdendo a perna direita, dedões, orelhas, nariz e a muiraquitã.

  3. O Fim e o Narrador: Macunaíma sobe para o céu. A história só foi transmitida porque um papagaio contou tudo para o narrador. O narrador, que se transforma em personagem no epílogo, canta a história "na fala impura".

4. Personagens Centrais

A seguir, a identificação dos principais personagens exigidos em provas:

  • Macunaíma (O Herói Sem Nenhum Caráter): O protagonista, índio Tapanhuma. É um anti-herói preguiçoso, malandro e sem escrúpulos. A descrição de seu nascimento ("preto retinto") e posterior embranquecimento na água encantada de Sumé é central para a discussão da ideologia do embranquecimento e da identidade nacional (veja seção 6).

  • Ci (A Mãe do Mato): Companheira de Macunaíma e mãe de seu filho. Ela é quem lhe dá a muiraquitã antes de se tornar a estrela Taína-Cã.

  • Venceslau Pietro Pietra (Piaimã): O antagonista, um gigante comedor de gente e regatão peruano. Na leitura alegórica, ele representa o elemento estrangeiro.

  • Jiguê e Maanape: Irmãos de Macunaíma. Jiguê consegue um bronzeado na água encantada, e Maanape apenas as palmas das mãos e pés vermelhas, por ter lavado-se na água suja, evidenciando o processo de racialização.

  • Outros elementos da cultura popular: Tia Ciata (mãe de santo precursora do samba carioca), Currupira, Uiara, Vei (a Sol).

5. Forma e Estilo: A Rapsódia e a Língua Brasileira

Este é um ponto crucial em concursos, pois a inovação formal é a marca do Modernismo.

5.1. O Que É Uma Rapsódia?

Mário de Andrade classificou seu romance como uma rapsódia. O termo (que significa "canto costurado") remete à cultura grega antiga, onde os rapsodos recitavam fragmentos de composições poéticas de outrem.

A rapsódia modernista de Mário de Andrade é uma colagem inventiva ou um mosaico que junta a literatura da tradição escrita com os modos de ser da cultura oral. A obra incorpora a apropriação de diferentes contos e cantos populares em um novo arranjo.

Conteúdo Exigido em Concursos (Composição):

O procedimento compositivo foi debatido por importantes críticos:

  • Haroldo de Campos descreve o procedimento compositivo como uma síntese de diferentes elementos em mosaico, fazendo uso da justaposição de cantos folclóricos. Ele aproxima esse método da colagem concretista e da ideia de bricoleur (artista que se alimenta de matérias dadas).

  • Gilda de Mello e Souza contrapõe, argumentando que o modelo compositivo deve ser procurado no processo criador da música popular brasileira. O estilo "parasitário" dos cantadores populares, que criam variações sobre núcleos básicos, é a grande referência compositiva, demonstrando o jogo tenso entre manifestações eruditas e populares.

5.2. A Criação da "Língua Brasileira"

A obra é famosa por sua inovação linguística, valorizando a linguagem coloquial. Mário de Andrade tinha o objetivo de criar a "língua brasileira", uma mistura do português com as variações encontradas nos diversos falares do povo, além de influências estrangeiras e termos de origem indígena.

No epílogo, o narrador relata a história de Macunaíma cantando "na fala impura", o que reflete a intenção modernista de romper com o vocabulário pomposo e a erudição excessiva da época.

6. Análise Aprofundada e Crítica Social

A crítica social e a ambiguidade do herói são temas centrais de Macunaíma, frequentemente cobrados por exigirem interpretação complexa.

6.1. O Significado do "Herói Sem Nenhum Caráter"

A expressão "herói sem nenhum caráter" é a chave para a crítica social e a identidade nacional na obra:

  1. Ambiguidade da Identidade Nacional: Macunaíma tem em sua natureza uma forte ambiguidade. Ele não possui caráter no sentido de que a nação brasileira não possui um conjunto de características sólidas e consolidadas que a definem. Sua plasticidade e inacabamento lastreiam a experiência histórica nacional.

  2. Moral Reprovável: A falta de caráter também tem o sentido moral, refletindo a gatunagem sem esperteza, a "honradez elástica" e a ausência de padrões comportamentais definíveis. O anti-herói configura o inacabamento do brasileiro.

  3. Sátira e Pessimismo: A obra não idealiza o povo brasileiro. Mário de Andrade propôs uma sátira dura, um diagnóstico de nacionalidade deformada por vícios, desfigurada pela ausência de normatividade e impregnada pela luxúria. Esse pessimismo é apresentado por meio de uma "caçoada complacente".

6.2. A Crítica ao Indianismo Romântico

Macunaíma promove uma releitura do passado histórico, alinhando-se com a busca de outras vozes étnicas formativas do estrato social brasileiro, típica da Primeira Geração Modernista. Ao criar um índio preguiçoso e mentiroso, a obra contraria a imagem idealizada do índio romântico do século XIX.

6.3. O Embranquecimento e a Identidade (Tópico de Alto Nível)

A cena do banho na água encantada de Sumé é central para discussões sobre raça e identidade:

  • Macunaíma, que era "preto retinto", sai do banho "branco loiro e de olhos azuizinhos".

  • Jiguê, que se atira na água já suja, consegue apenas a cor do bronze novo.

  • Maanape, que só molha a palma dos pés e das mãos, permanece negro, exceto por essas partes que ficam vermelhas.

Essa passagem é interpretada como uma representação do processo de embranquecimento correspondente à viagem do herói para São Paulo e a incapacidade brasileira de se afirmar com autonomia em relação ao modelo ocidental. O enredo auxilia o entendimento da tensão básica da formação nacional, uma "metáfora eficiente do desterro que nos constitui".

A obra de Mário de Andrade, nesse sentido, aglutina vozes que constituem a entidade nacional, expressando uma essência de sua meditação sobre o Brasil. A diversidade cultural brasileira, com elementos da cultura indígena e afro-brasileira, é um eixo temático forte.

7. O Debate Crítico e a Recepção da Obra

A natureza polissêmica de Macunaíma gerou importantes debates na crítica literária nacional na segunda metade do século XX. Os estudos de Haroldo de Campos e Gilda de Mello e Souza são frequentemente comparados em exames.

Crítico/Obra

Foco Metodológico

Ponto Central da Leitura

Haroldo de Campos (Morfologia do Macunaíma, 1973)

Estruturalismo / Formalismo. Ênfase nas razões estéticas.

Macunaíma como mosaico compositivo e intertextualidade (aproximação com a fábula russa de Propp). A ausência de caráter reforça a funcionalidade narrativa. Sua leitura visa opor-se ao nacionalismo ontológico.

Gilda de Mello e Souza (O tupi e o alaúde, 1979)

Alegórica / Histórico-Cultural. Ênfase na razão pragmática (nacionalista).

O método compositivo é a música popular brasileira. Macunaíma representa a alegoria da formação nacional e a carnavalização do herói de cavalaria (inversão da moral).

Divergência Central: O cerne do debate reside na oposição entre métodos: para Haroldo de Campos, a forma possui um fim em si, sendo uma experiência estética autorregulada, que inibiria o psicologismo. Para Gilda de Mello e Souza, a forma lastreia a dinâmica cultural que constitui a experiência histórica nacional, e o herói representa a dubiedade constitutiva da cultura nacional.

8. O Legado e o Contraponto Indígena: O Caso Makunaimã

O legado de Macunaíma inclui uma histórica releitura cinematográfica em 1969, dirigida por Joaquim Pedro de Andrade e estrelada por Grande Otelo, um marco do cinema novo brasileiro.

No entanto, uma das discussões mais complexas e atuais é o diálogo que a obra de Mário de Andrade estabelece com a literatura indígena contemporânea, notadamente a peça Makunaimã: o mito através do tempo (2019).

8.1. A Insurgência de Makunaimã

A obra de 2019, de autoria coletiva (incluindo vozes Wapichana, Macuxi e Taurepang), é um projeto estético-político que contesta a interpretação hegemônica do Macunaíma modernista.

  • Reivindicação de Autoria: O texto teatral se dedica a Akuli Taurepang (cuja narrativa oral serviu de base para Mário de Andrade, registrada por Koch-Grünberg). A autoria coletiva rompe com a forma canônica colonial.

  • O "Tem Mais Sim" Contra o "Tem Mais Não": O personagem Laerte, escritor Wapichana, confronta o "defunto-autor" Mário de Andrade, afirmando ter vindo "resgatar as histórias que roubaram do meu povo". Ele responde ao emblemático "Tem mais não" do epílogo de Mário, dizendo que "Tem mais sim", assegurando que a história da literatura brasileira continua a ser contada por vozes indígenas.

  • Crítica à Homogeneização: Laerte critica Mário por misturar histórias de povos distintos (Ceuci do povo Tembé com barro Carajá e o mito Makunáima) "como se fosse tudo igual", o que desvaloriza as culturas e "produz estereótipos".

  • A Literatura como Resistência: A peça de 2019 se insere no quadro das literaturas indígenas, onde a escrita é usada como uma ferramenta de resistência política, cultural e estética para demarcar pertencimentos ancestrais e identidades.

9. Dúvidas Comuns (FAQ)

9.1. O que Macunaíma representa para o Modernismo?

Macunaíma representa a síntese e a consolidação de muitas ideias do Modernismo brasileiro. A obra utiliza a linguagem popular, rompe com a tradição escrita rígida, promove o nacionalismo crítico (sem idealização) e condensa elementos da cultura popular e folclórica brasileira, do Norte ao Sudeste.

9.2. Qual o significado de "Herói sem nenhum caráter"?

Significa, primariamente, que o herói (e, por alegoria, o povo brasileiro) carece de uma identidade nacional sólida e consolidada. Secundariamente, refere-se à sua moralidade deficiente, caracterizada pela preguiça, mentira, inconsequência e "honradez elástica".

9.3. O que é a muiraquitã na obra?

A muiraquitã é uma joia ou amuleto dado a Macunaíma por sua amada Ci, a Mãe do Mato, antes de ela subir para o céu. A busca pela muiraquitã, que foi roubada e estava nas mãos do gigante Piaimã, é o eixo central da narrativa e o motor que leva o herói da floresta para São Paulo.

9.4. Qual é a crítica de Macunaíma à cidade de São Paulo?

Mário de Andrade apresenta uma crítica à urbe moderna (São Paulo) por meio de uma visão pessimista. O contato de Macunaíma com a cidade culmina na percepção de que “Os homens é que eram máquinas e as máquinas é que eram homens”, sugerindo a desumanização e a submissão à lógica citadina.