
Os microrganismos, também conhecidos genericamente como micróbios ou germes, são seres microscópicos, ou seja, invisíveis a olho nu. Eles existem na Terra há bilhões de anos, antecedendo o surgimento das plantas e dos animais. Apesar de seu tamanho diminuto, coletivamente, constituem a maior parte da biomassa da Terra e são responsáveis por inúmeras reações químicas essenciais para organismos superiores, inclusive dentro do corpo humano. O meio em que vivemos é amplamente povoado por microrganismos, tornando-os o grupo de seres vivos mais difundido na natureza.
Por muito tempo, a humanidade ignorou a existência desses seres. Foi somente há cerca de 300 anos, com a invenção do microscópio, que passamos a ter consciência deles. Um entendimento mais aprofundado só se tornou possível após o século XX, com o avanço da análise de material genético.
Os principais grupos de microrganismos que impactam a saúde humana e são foco deste estudo incluem:
Vírus
Bactérias
Fungos
Protozoários
(As algas também são mencionadas como um grupo principal, mas não são o foco das doenças abordadas aqui)
A convivência com microrganismos é uma realidade constante e contribui para o desenvolvimento da imunidade do nosso sistema imunológico. No entanto, o contato com altas cargas microbianas pode levar ao adoecimento.
Independentemente do tipo de microrganismo, a prevenção é uma das ferramentas mais eficazes para evitar o adoecimento. As medidas de higiene e comportamento são universais e cruciais:
Higiene Pessoal Adequada: Manter a pele limpa e seca, especialmente em áreas propensas à umidade (como entre os dedos e nas dobras da pele), e secar completamente o corpo após o banho ou atividades que causem transpiração.
Evitar Roupas Úmidas: Recomenda-se trocar regularmente roupas íntimas, meias e roupas de banho molhadas por peças secas para reduzir a umidade na pele, que favorece o crescimento de fungos em áreas como virilhas e axilas.
Uso de Roupas Ventiladas: Preferir roupas que permitam ventilação adequada, principalmente em climas quentes ou durante atividades físicas intensas, para ajudar a manter a pele seca e menos suscetível a infecções.
Uso de Calçados Adequados: Utilizar sapatos ventilados que não comprimam os pés, especialmente em ambientes úmidos e fechados.
Não Compartilhar Objetos Pessoais: Evitar o compartilhamento de toalhas, roupas, roupas de banho, roupas íntimas, e acessórios como alicates de unhas ou outros itens de uso pessoal que possam transmitir microrganismos.
Cuidado em Ambientes Compartilhados: Não andar descalço em locais públicos como piscinas, saunas, chuveiros comunitários e vestiários.
Cuidado com Animais de Estimação: Manter animais domésticos limpos e saudáveis, principalmente se forem propensos a infecções fúngicas.
Consultas Médicas Regulares: Realizar check-ups de rotina para monitorar a saúde da pele, unhas e outras áreas propensas a infecções.
Lavagem das Mãos: Uma das medidas mais eficazes, especialmente com água e sabão.
Etiqueta Respiratória: Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar e usar máscaras.
Evitar Ambientes Aglomerados: Locais com alta concentração de pessoas favorecem a disseminação de microrganismos.
Os vírus são considerados formas particulares de vida porque, ao contrário de todos os outros grupos de microrganismos, são acelulares, ou seja, não possuem organização celular. Essa característica os torna parasitas intracelulares obrigatórios, o que significa que eles necessitam de células hospedeiras para se reproduzir. Uma vez que uma célula é invadida por um vírus, ela passa a dedicar-se quase que exclusivamente à produção de novas partículas virais, podendo uma única partícula viral gerar centenas de novos vírus rapidamente.
A maioria dos vírus é extremamente pequena, medindo menos de 200 nanômetros (2x10-4 mm), o que os torna visíveis apenas por meio de um microscópio eletrônico. Sua estrutura mais simples consiste em material genético (DNA ou RNA) envolto por uma cápsula proteica (capsídeo). Alguns tipos de vírus, como o HIV, o vírus da Influenza (gripe) e o SARS-CoV-2 (novo coronavírus), possuem um envelope lipoproteico que envolve o capsídeo. É por essa razão que água e sabão são eficazes contra vírus envelopados, pois o sabão destrói essa camada de gordura, impedindo que o vírus adira a outras células.
Os vírus são conhecidos por sua capacidade de sofrer mutações frequentes. Esse processo ocorre porque a geração de cópias do vírus dentro da célula hospedeira se dá de forma muito rápida, aumentando as chances de erros na replicação do material genético. Vírus que armazenam suas informações genéticas em moléculas de RNA, como o coronavírus e o vírus da gripe comum, são ainda mais propensos a mutações. Essas alterações podem ter diversas consequências, como:
Gerar proteínas que não são identificadas pelos anticorpos do hospedeiro, dificultando a resposta imune.
Modificar uma proteína que é alvo de uma terapia, tornando medicamentos antivirais ineficazes.
O SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19, é um exemplo marcante da rápida adaptação e evolução viral. Mesmo anos após o início da pandemia, o vírus continua a apresentar alta diversidade genética, com o surgimento de novas variantes (como Delta e Delta Plus), que podem conferir maior transmissibilidade, agravar a doença ou influenciar a eficácia de vacinas e ferramentas de diagnóstico.
O diagnóstico precoce da COVID-19 tem sido uma medida fundamental para a contenção da pandemia. O principal teste laboratorial para a detecção do SARS-CoV-2 é a RT-qPCR, que utiliza a coleta de swab de oro/nasofaringe. Este método é caracterizado por boa sensibilidade e alta especificidade, sendo considerado o "padrão ouro" para a detecção viral.
No entanto, a aquisição de equipamentos de RT-qPCR, assim como de outras tecnologias avançadas, representa um elevado investimento inicial, limitando seu acesso a grandes laboratórios de referência. Para democratizar o acesso a essa tecnologia, estudos demonstraram que o papel filtro pode ser utilizado como um meio de transporte para amostras respiratórias de oro/nasofaringe inativadas para a pesquisa de SARS-CoV-2 por RT-qPCR. Essa abordagem obteve excelentes resultados de concordância (97,2%) com o método de extração direta do espécime respiratório. A utilização do papel filtro torna o processo mais rápido, eficiente e seguro, beneficiando laboratórios de menor porte que não dispõem dos equipamentos necessários.
As bactérias são seres procariontes unicelulares, o que significa que suas células são mais simples do que as células eucariontes, pois não possuem núcleo definido nem compartimentos membranosos no citoplasma. Elas geralmente medem entre 0,5 e 5 micrômetros (µm) e podem ser encontradas em uma vasta diversidade de ambientes.
Existem milhares de espécies bacterianas, que diferem em metabolismo, hábitat e forma celular. As formas e arranjos celulares são frequentemente utilizados em sua classificação biológica e para se referir popularmente a elas:
Esféricas: cocos (ex: estafilococos, em forma de cacho de uvas; estreptococos, em cadeias que lembram colares).
Bastonetes: bacilos (ex: bacilo da tuberculose, Mycobacterium tuberculosis).
Espiriladas: espirilos.
Vírgula: vibriões.
As bactérias se reproduzem de forma assexuada por bipartição, onde uma única célula se divide em duas cópias geneticamente idênticas. Sob condições ambientais adequadas, uma bactéria pode dar origem a milhares de descendentes em poucas horas.
Nem todas as bactérias são "vilãs". Muitas são consideradas "do bem", auxiliando a vida no planeta e a saúde humana e animal. Por exemplo, as bactérias da microbiota intestinal são cruciais na digestão e protegem contra microrganismos patogênicos, produzindo substâncias que inibem seu crescimento ou competindo por nutrientes.
Em relação às bactérias patogênicas, um dos maiores problemas de saúde pública na atualidade é a resistência bacteriana aos antibióticos. A RA é um fenômeno evolutivo natural, que ocorre quando bactérias sofrem mutações e desenvolvem a capacidade de resistir aos medicamentos usados para tratá-las. Isso resulta em tratamentos ineficazes, infecções persistentes e a possibilidade de se espalharem para outras pessoas.
Estudos alertam que, se as medidas de controle não forem intensificadas, as infecções bacterianas resistentes poderão ser responsáveis por milhões de mortes em todo o mundo até 2050. O principal fator que contribui para o aumento da RA é o uso indiscriminado de antibióticos por instituições de saúde, pela população em geral e em práticas agropecuárias. Esse uso excessivo gera uma pressão seletiva: enquanto as bactérias "sensíveis" são eliminadas, as "resistentes" sobrevivem e se multiplicam, proliferando as chamadas "superbactérias" – bactérias patogênicas resistentes a múltiplos antibióticos.
Entre os mecanismos de resistência, os bacilos Gram-negativos resistentes aos carbapenêmicos (ERC) são atualmente os mais preocupantes na clínica, especialmente bactérias da ordem Enterobacterales e não fermentadoras, como Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa. Esses microrganismos estão amplamente distribuídos e podem causar uma gama de infecções graves, como cistite, pielonefrite, septicemia, pneumonia e meningite.
Tradicionalmente, a identificação de microrganismos em processos infecciosos baseia-se na cultura microbiológica, um processo que depende do tempo de incubação para o crescimento microbiano visível. Isso significa que, desde o recebimento do material clínico até a emissão do laudo, podem ser necessárias pelo menos 24 a 48 horas. Esse longo tempo frequentemente leva a tratamentos empíricos que, muitas vezes, são inadequados, prolongam a infecção e a hospitalização, e aumentam a morbidade, mortalidade e custos do tratamento.
Os tempos de incubação para o crescimento de colônias visíveis variam significativamente:
12 horas: Enterobacterales e Cocos Gram-positivos.
16 horas: Haemophilus e Bacilos Gram-negativos Não Fermentadores (BGNNF).
24 horas: Leveduras.
48 horas: Micobactérias de crescimento rápido.
Desafios na Identificação Convencional:
Enterobacterales: Identificação por fermentação de carboidratos e testes bioquímicos, mas pode ser inconclusiva ou incapaz de identificar novas espécies/subespécies.
BGNNF: Difíceis de identificar devido à incapacidade de fermentar glicose e à similaridade fenotípica. Exigem técnicas mais acuradas para identificação em nível de subespécie.
Microrganismos Fastidiosos (ex: Haemophilus): Necessitam de suplementos específicos nos meios de cultura, como os fatores X e V presentes no sangue. Testes tradicionais, como o satelitismo, não diferenciam espécies, o que é importante para o tratamento, pois algumas são parte da microbiota normal e outras são patogênicas.
Cocos Gram-positivos (CGP): A identificação de espécies como Staphylococcus coagulase-negativos (CNS) é problemática para laboratórios clínicos de rotina, apesar de sua importância em isolados de líquidos estéreis, exigindo uma variedade de provas bioquímicas que podem ser pouco confiáveis. A identificação de estreptococos, especialmente os alfa-hemolíticos, também requer uma série de testes bioquímicos.
Micobactérias: O processo é ainda mais demorado e trabalhoso. A identificação em nível de espécie é crucial para o direcionamento da terapia, mas os métodos fenotípicos tradicionais são trabalhosos, caros e exigem técnicos experientes. Micobactérias apresentam crescimento lento, o que retarda o diagnóstico.
Leveduras: A identificação em nível de espécie é importante devido à resistência antifúngica. Métodos convencionais são prolongados e as bases de dados automatizadas podem ser limitadas ou fornecer identificações incorretas.
A urgência em combater a resistência antimicrobiana impulsionou o desenvolvimento de tecnologias mais rápidas e precisas.
1. Espectrometria de Massas MALDI-TOF MS O Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization - Time-of-Flight Mass Spectrometry (MALDI-TOF MS) é uma das tecnologias mais modernas e revolucionárias em diagnóstico microbiológico. Ele reduz significativamente o tempo de identificação microbiana, podendo fornecer resultados no mesmo dia em que colônias são isoladas, economizando pelo menos 24 horas em comparação com as técnicas convencionais.
Vantagens: Simplicidade de execução, rapidez na identificação, classificação taxonômica exata e baixo custo de reagentes.
Mecanismo: O microrganismo (bactéria, fungo ou micobactéria) é colocado em uma placa metálica com uma matriz polimérica. Um laser ioniza e vaporiza as proteínas microbianas, que então viajam em um tubo a vácuo até um detector. O tempo de chegada ao detector (“time of flight”) varia conforme o tamanho e a carga da molécula. Diferentes espécies microbianas geram espectros proteicos específicos, que são comparados em tempo real com um banco de dados computadorizado, fornecendo a identificação e o nível de confiabilidade.
Apesar de suas vantagens, o MALDI-TOF MS requer um alto investimento inicial, tornando-o restrito a laboratórios de grande porte com alta demanda de exames. Muitos laboratórios brasileiros, especialmente os de pequeno e médio porte, não possuem esse equipamento.
2. Papel Filtro como Meio de Transporte de Amostras Inativadas Para superar a barreira do custo e ampliar o acesso a tecnologias avançadas como MALDI-TOF MS, qPCR e RT-qPCR, foi proposta a utilização do papel filtro como meio de transporte de amostras microbianas/biológicas inativadas.
Benefícios Chave:
Redução do Risco Biológico: Ao transportar microrganismos previamente inativados, o risco biológico inerente ao transporte de material viável é significativamente reduzido ou eliminado. O papel filtro não vaza, não quebra e não requer transporte refrigerado, dispensando embalagens e transporte específicos.
Facilidade e Custo-Benefício: Permite o envio de amostras em envelopes padrão e em temperatura ambiente, com alta estabilidade e sem prejuízo da qualidade da identificação bacteriana. Isso reduz drasticamente os custos de frete e descarte de resíduos potencialmente infectantes.
Acessibilidade: Facilita o acesso de laboratórios de pequeno porte a tecnologias de ponta, permitindo que enviem amostras para laboratórios de referência.
Estudos confirmaram a eficácia do papel filtro para:
Identificação por MALDI-TOF MS: Avaliado para bacilos Gram-negativos (Enterobacterales, não fermentadores, Haemophilus influenzae), micobactérias não tuberculosas e leveduras. Apresentou alta sensibilidade (97,6%) e especificidade (100%) quando comparado à identificação direta da colônia.
Detecção de Carbapenemases por qPCR HRM: Avaliado para o transporte de bactérias inativadas para a detecção de genes de resistência a carbapenêmicos. Obteve alta concordância (98,86% de sensibilidade e 100% de especificidade) em relação à presença ou ausência de carbapenemases.
3. Detecção de Carbapenemases por qPCR HRM As carbapenemases são o principal e mais preocupante mecanismo de resistência aos carbapenêmicos em Enterobacterales, pois elevam significativamente os valores de Concentração Inibitória Mínima (CIM) dos antibióticos e se disseminam facilmente por meio de elementos genéticos móveis. Elas são classificadas em grupos moleculares (A, B, C, D).
Classe A: Fortemente hidrolíticas, incluem KPC ( Klebsiella pneumoniae carbapenemase), de grande impacto epidemiológico global.
Classe B (Metalo-β-Lactamases - MBLs): Hidrolisam todos os β-lactâmicos e são inibidas por quelantes de íons metálicos (ex: EDTA). Exemplos incluem NDM (New Delhi metalo β-lactamase), IMP (Imipenemase) e VIM (Verona imipenemase).
Classe D (Oxacilinases): Baixa atividade hidrolítica, dificultando a identificação fenotípica.
Embora existam vários métodos para triagem de carbapenemases, o padrão de referência para identificação e diferenciação dessas enzimas baseia-se em técnicas moleculares, como a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), que identifica os genes que as codificam. A PCR em tempo real (qPCR), especialmente a que emprega a técnica de High Resolution Melting (HRM), é ainda mais sensível, permitindo identificar variações nas sequências de ácidos nucleicos com alta especificidade.
Similar ao MALDI-TOF MS, o custo de aquisição do equipamento de qPCR HRM é alto, limitando seu uso a grandes instituições. A validação do transporte de bactérias inativadas em papel filtro para análise de genes de resistência a carbapenêmicos por qPCR HRM é crucial para ampliar o acesso a essa ferramenta "padrão ouro".
4. Determinação de Suscetibilidade às Polimixinas: Métodos Rápidos As polimixinas (polimixina E/colistina e polimixina B) são consideradas a última opção de tratamento para infecções causadas por bactérias resistentes aos carbapenêmicos (ERC). Embora tenham sido introduzidas em 1947, seu uso diminuiu na década de 1970 devido a efeitos adversos (neurotoxicidade e nefrotoxicidade), mas o aumento da resistência a outros antibióticos as trouxe de volta como opções terapêuticas indispensáveis.
Mecanismo de Ação: Interagem com as membranas celulares bacterianas, desestabilizando os lipopolissacarídeos (LPS) e fosfolipídios, o que aumenta a permeabilidade e leva à morte celular.
Mecanismos de Resistência:
Natural: Presente em algumas bactérias (ex: Proteus spp., Morganella morganii, Serratia marcescens) devido a mutações no genoma bacteriano.
Adquirida (Adaptativa): Bactérias inicialmente sensíveis se tornam resistentes. Em Enterobacterales, o principal mecanismo adquirido é por mutações cromossômicas em genes envolvidos na síntese do LPS (ex: pmrAB, phoPQ, mgrB), que levam a modificações no LPS, diminuindo a afinidade do antibiótico.
Gene mcr (mobile colistin resistance): Descoberto em 2016, é um mecanismo de resistência mediado por elemento genético móvel, o que gera grande preocupação pela sua capacidade de disseminação global.
Desafios no Teste de Suscetibilidade às Polimixinas: Testes tradicionais como disco-difusão e gradiente de concentração não são adequados para polimixinas devido à sua difusão lenta e irregular no ágar, propriedades catiônicas que as fazem aderir ao plástico, e o fenômeno de heterorresistência. O método de referência é a microdiluição em caldo (BMD), que, embora confiável e reprodutível, é laboriosa e exige um tempo de incubação prolongado (aproximadamente 24 horas) para a obtenção dos resultados. Essa demora dificulta um tratamento direcionado e a implementação de medidas de controle de infecção em tempo hábil.
Novas Metodologias Rápidas para Polimixinas: Para acelerar a determinação de suscetibilidade a polimixinas, foram desenvolvidos e avaliados novos métodos:
Leitura Antecipada da Microdiluição em Caldo (BMD):
Neste estudo, a Concentração Inibitória Mínima (CIM) de 192 isolados de bacilos Gram-negativos (Enterobacterales, A. baumannii e P. aeruginosa) foi comparada entre uma leitura antecipada (8-9 horas de incubação) e a leitura padronizada (16-20 horas).
A leitura antecipada apresentou resultados satisfatórios de concordância (97,9% de concordância categórica) com os tempos de incubação padrão.
Essa metodologia pode reduzir o tempo para liberar o resultado da suscetibilidade à polimixina B em 8 a 12 horas, permitindo que o laboratório informe a CIM no mesmo dia em que a bactéria é identificada, favorecendo o tratamento adequado do paciente.
MALDI Polymyxin Test (MPT):
Um novo método qualitativo (determina presença ou ausência de crescimento bacteriano, indicando suscetibilidade ou resistência) para determinação da suscetibilidade à polimixina B, desenvolvido para uso com o MALDI-TOF MS.
Vantagens do MPT:
Rápido: Requer apenas 3 horas de incubação.
Simples e Fácil Execução: Mais simplificado que outras técnicas baseadas em MALDI-TOF MS (como MBT-ASTRA), com menos manipulação de dados e menor possibilidade de erro.
Confiável: Apresentou ótima concordância categórica (95,8%) com a microdiluição em caldo, o método de referência.
Baixo Custo: Não requer solventes especiais e utiliza o equipamento MALDI-TOF MS convencional com a mesma matriz orgânica padrão (HCCA) já comum em laboratórios de microbiologia clínica.
Objetivo: Não depende da leitura visual humana.
O MPT pode ser facilmente integrado à rotina de laboratórios que já utilizam o MALDI-TOF MS para identificação microbiana, permitindo a determinação do perfil de suscetibilidade à polimixina B no mesmo dia.
Ambas as metodologias (leitura antecipada da BMD e MPT) resultam em uma expressiva redução no tempo para obtenção do resultado de suscetibilidade à polimixina B, o que traz enormes benefícios para a saúde dos pacientes.
As doenças fúngicas são causadas pela proliferação de fungos no corpo humano. Elas podem variar de leves a graves. A maioria das pessoas adquire infecções fúngicas superficiais ao longo da vida, que geralmente são fáceis de tratar, como o pé de atleta (frieira) e a candidíase. No entanto, algumas infecções fúngicas podem evoluir para casos mais severos, podendo ser fatais se não diagnosticadas e tratadas precocemente, especialmente em pessoas com sistema imune debilitado.
Os fungos são seres macroscópicos ou microscópicos, geralmente pluricelulares, eucariontes (com um núcleo celular definido) e heterótrofos (não produzem seu próprio alimento, dependendo de outros seres).
As infecções causadas por fungos (também chamadas de micoses ou infecções fúngicas) podem ser transmitidas de diversas maneiras:
Via Aérea: Comum em ambientes com alta concentração de esporos fúngicos, que são inalados por pessoas.
Contato Direto: Uma das formas mais comuns, ocorre ao tocar superfícies contaminadas, incluindo a pele de uma pessoa infectada ou objetos/materiais que entraram em contato com fungos.
Feridas ou Lesões na Pele: Representam uma via direta de entrada para fungos patogênicos no corpo, comprometendo a barreira natural da pele.
Contágio Animal: Alguns fungos podem ser transmitidos de animais para humanos, principalmente por animais domésticos (gatos e cães) e de fazenda.
Os sintomas variam dependendo do tipo de infecção e da área do corpo afetada:
Coceira e Descamação: Muito comuns em infecções fúngicas da pele (ex: pé de atleta, couro cabeludo).
Vermelhidão e Inchaço: A pele afetada frequentemente fica avermelhada e inchada.
Lesões Cutâneas: Podem variar de manchas vermelhas a bolhas ou pústulas.
Alterações nas Unhas: Em infecções como a onicomicose, causam mudanças na cor, espessura e textura das unhas, além de descolamento.
Dor e Desconforto: Em certas infecções (ex: candidíase oral), pode haver dor ao engolir ou na área afetada.
Corrimento Anormal: Infecções fúngicas genitais (ex: candidíase vaginal) podem causar corrimento.
Problemas Respiratórios: Em infecções fúngicas respiratórias (ex: aspergilose, histoplasmose), sintomas como tosse, falta de ar, dor no peito e febre.
As infecções fúngicas podem ser superficiais e facilmente tratáveis, ou sistêmicas, graves e potencialmente fatais. Algumas das mais comuns são:
Candidíase: Infecção causada por fungos do gênero Candida, sendo a espécie Candida albicans a mais comum. Este fungo já existe naturalmente no corpo, coexistindo com outros microrganismos sem causar danos. No entanto, fatores que enfraquecem o sistema imunológico (como estresse, gripes, uso de certos medicamentos) podem levar ao crescimento descontrolado do fungo. Embora a candidíase vaginal seja conhecida, a infecção pode aparecer em outras regiões como pênis, boca, dobras da pele, unhas e órgãos internos. Não é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), pois pode ser desenvolvida sem contato sexual.
Onicomicose: Infecção fúngica que afeta as unhas dos pés e das mãos. As unhas infectadas ficam amareladas ou esbranquiçadas, quebradiças, espessas, podendo até haver descolamento se não tratada.
Frieira (Pé de Atleta): Infecção fúngica comum que afeta principalmente os pés, especialmente entre os dedos e nas solas. É causada por fungos do gênero Trichophyton, encontrados em ambientes quentes e úmidos (chuveiros públicos, piscinas, vestiários). Os sintomas incluem coceira intensa, descamação da pele e, por vezes, vermelhidão e inchaço.
Aspergilose: Doença oportunista causada por fungos do gênero Aspergillus, principalmente Aspergillus fumigatus. A principal via de transmissão é a inalação de esporos dispersos no ar, afetando o pulmão e causando complicações respiratórias. Indivíduos imunocomprometidos (como pacientes hospitalizados) estão particularmente em risco devido à exposição em ambientes hospitalares contaminados (sistemas de ventilação, chuveiros, objetos). A aspergilose pode ser fatal em casos graves.
O tratamento varia conforme o tipo e a gravidade da infecção.
Infecções de Pele, Couro Cabeludo ou Unhas: Requerem acompanhamento médico, preferencialmente com um dermatologista, que prescreverá medicamentos antifúngicos (cremes, pomadas ou comprimidos). Medidas adicionais como manter a pele seca e limpa, evitar roupas apertadas e úmidas, e usar calçados ventilados ajudam a prevenir recorrências.
Infecções Genitais (como candidíase): Necessitam de acompanhamento com ginecologista ou urologista, que iniciarão o tratamento com antifúngicos específicos (cremes, supositórios). Em casos mais complexos ou recorrentes, pode ser necessário o uso de antifúngicos orais. Orientações sobre cuidados pessoais e estilo de vida também são fornecidas.
Casos Graves (infecções fúngicas sistêmicas): Abordagem multidisciplinar e acompanhamento médico indispensável, com tratamento direcionado aos órgãos afetados e à condição do paciente.
As medidas de prevenção já mencionadas na seção geral de prevenção são cruciais para evitar infecções fúngicas, com destaque para a importância de manter a pele seca e evitar ambientes úmidos e compartilhamento de objetos pessoais.
Os protozoários são microrganismos geralmente unicelulares e eucariontes. Uma de suas principais características distintivas em ambientes líquidos é a capacidade de se locomover utilizando cílios ou flagelos.
Existem diversos protozoários que são causadores de doenças em humanos, incluindo:
Amebíase
Doença de Chagas
Malária
Leishmaniose
Toxoplasmose
A compreensão das diferenças entre esses grupos de microrganismos – vírus, bactérias, fungos e protozoários – é fundamental, pois cada um possui formas distintas de desenvolvimento, sobrevivência e interação com o corpo humano, o que, por sua vez, determina as diferentes abordagens de tratamento e prevenção.
A identificação rápida e precisa de microrganismos, a detecção de seus mecanismos de resistência e o diagnóstico precoce de doenças são pilares para a saúde pública. As tecnologias de ponta, como MALDI-TOF MS e qPCR HRM, oferecem avanços significativos na agilidade e precisão do diagnóstico, o que é crucial em um cenário de crescente resistência antimicrobiana.
A proposta de utilização do papel filtro como meio de transporte de amostras microbianas inativadas é uma inovação que democratiza o acesso a essas ferramentas, superando barreiras de custo e logística, e minimizando riscos biológicos. Essa abordagem beneficia diretamente laboratórios de menor porte, ampliando a capacidade diagnóstica em todo o país.
Além disso, o desenvolvimento de metodologias rápidas para determinação da suscetibilidade a antibióticos, como a leitura antecipada da microdiluição em caldo para polimixina B e o MALDI Polymyxin Test (MPT), representa um avanço vital. Essas inovações permitem que os resultados de suscetibilidade sejam liberados no mesmo dia da identificação bacteriana, orientando o tratamento adequado do paciente de forma muito mais célere.
Essas linhas de pesquisa e desenvolvimento estão em total consonância com os objetivos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da ANVISA para combater o alarmante aumento da resistência antimicrobiana, uma das maiores ameaças globais à saúde humana. A colaboração multidisciplinar e a busca contínua por estratégias inovadoras são essenciais para reverter essa tendência e garantir a eficácia dos tratamentos infecciosos no futuro.
Questão 1: Qual dos seguintes organismos é responsável pela decomposição de matéria orgânica?
a) Vírus
b) Protozoários
c) Fungos
d) Bactérias
Questão 2: Quais dos seguintes organismos são unicelulares?
a) Bactérias e fungos
b) Vírus e protozoários
c) Bactérias e vírus
d) Fungos e protozoários
Questão 3: Qual dos seguintes organismos é considerado parasita?
a) Fungos
b) Vírus
c) Bactérias
d) Protozoários
Gabarito:
c) Fungos
c) Bactérias e vírus
d) Protozoários