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03/03/2024 • 28 min de leitura
Atualizado em 31/07/2025

Microbiologia: Doenças causadas por micro-organismos: prevenção e tratamento


Microbiologia Essencial: Prevenção e Tratamento de Doenças Causadas por Microrganismos

A microbiologia é uma área da ciência que desempenha um papel fundamental na compreensão e combate às doenças causadas por micro-organismos. Estes seres vivos, invisíveis a olho nu, incluem bactérias, vírus, fungos e protozoários, e muitos deles possuem o potencial de serem patogênicos, ou seja, capazes de causar enfermidades em seres humanos. Entender a microbiologia é crucial para identificar os agentes causadores, desvendar seus mecanismos de ação e, o mais importante, desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento.

1. Fundamentos da Microbiologia e Infecção: Desvendando os Conceitos Básicos

Para iniciarmos nossa jornada, é essencial compreendermos alguns termos e conceitos primários que são a base do estudo das doenças infecciosas.

1.1. O que são Microrganismos?

Microrganismos são seres vivos microscópicos presentes em todos os ambientes e superfícies não estéreis. Embora muitos sejam inofensivos ou até benéficos, sob certas condições, alguns podem ser prejudiciais, provocando doenças graves e até letais.

Os principais tipos de microrganismos causadores de doenças são:

  • Bactérias: Organismos unicelulares identificados pela primeira vez por van Leeuwenhoek por volta de 1670. No século XIX, Louis Pasteur demonstrou que algumas linhagens eram importantes para processos de fermentação, e Robert Koch identificou microrganismos responsáveis por doenças como tuberculose e cólera.

  • Vírus: Agentes infecciosos que dependem da célula hospedeira para sua replicação, tornando-se parasitas intracelulares obrigatórios.

  • Fungos: Incluem espécies que podem causar infecções na pele, mucosas ou de forma sistêmica, especialmente em indivíduos com imunidade comprometida.

  • Protozoários: Microrganismos que também podem causar doenças, como a malária.

1.2. Conceitos Essenciais: Patógeno, Infecção e Doença

  • Patógeno: É um microrganismo com potencial para causar doenças.

  • Infecção: Refere-se à invasão e multiplicação de micróbios patogênicos em um indivíduo ou população.

  • Doença: Ocorre quando a infecção causa danos às funções ou sistemas vitais do indivíduo.

1.3. Portas de Entrada dos Microrganismos no Organismo

Para que um microrganismo cause uma infecção, ele precisa entrar no organismo. O local por onde ele penetra é conhecido como porta de entrada. As principais são:

  • Trato respiratório (boca e nariz): Exemplo, vírus da influenza que causa a gripe.

  • Trato gastrointestinal (boca): Exemplo, Salmonella sp. que causa salmonelose.

  • Trato urogenital: Exemplo, Escherichia coli, que causa cistite.

  • Quebras na superfície da pele: Exemplo, Clostridium tetani, que causa o tétano.

2. Prevenção de Doenças: Um Escudo Essencial para a Saúde

A prevenção de doenças infecciosas é fundamental para a saúde individual e coletiva, e se baseia em dois pilares principais: higiene e vacinação. Pequenos e simples cuidados diários podem manter a saúde sua e de sua família em dia.

2.1. Higiene: A Primeira Linha de Defesa

A higiene correta e regular do corpo é fundamental na prevenção de doenças causadas por vermes, vírus, fungos e bactérias. Segundo o Ministério da Saúde, atitudes simples são de extrema importância em qualquer idade e não podem ser esquecidas.

2.1.1. Higiene Pessoal: Seu Cuidado Diário

  • Tome banho diariamente.

  • Faça sua higiene íntima corretamente.

  • Escove os dentes pelo menos 3 vezes ao dia (logo após as refeições). A saúde bucal é fundamental para a saúde geral, pois infecções na boca podem se espalhar para outras partes do corpo. Cuidar da saúde bucal também pode ajudar a prevenir a COVID-19.

  • Lave as mãos antes e depois de usar o banheiro, antes das refeições, antes de cozinhar, depois de chegar de alguma atividade fora de casa ou quando sentir necessidade. A correta higienização das mãos é crucial, especialmente devido a pandemias como a COVID-19.

  • Mantenha seus cabelos sempre limpos e cuidados.

  • Cuide da saúde de suas unhas.

  • Evite andar descalço.

  • Nunca compartilhe itens de higiene pessoal, como escova de dente e toalha.

  • Evite ter contato com objetos que você desconhece a limpeza.

  • Evite ficar com roupas molhadas no corpo.

  • Se precisar sair de casa durante a quarentena, troque e lave suas roupas ao retornar.

  • Não compartilhe roupas íntimas, como cueca, sutiã e calcinha.

2.1.2. Higiene Ambiental: Cuidando do Seu Entorno

A higiene ambiental é tão fundamental quanto a higiene pessoal na prevenção de doenças. Recomendações do Ministério da Saúde incluem:

  • Não mantenha lixos expostos pela casa (nem nos cômodos, nem no quintal/varanda).

  • Sempre coloque o lixo para fora no dia e na hora em que a coleta pública passa no seu endereço.

  • Evite a proliferação de vetores de doenças deixando caixa d’água fechada, vasos sem acúmulo de água e itens semelhantes.

  • Não fume dentro de casa.

  • Mantenha sua casa sempre arejada, limpa e iluminada pela luz do sol.

  • Se tiver jardim, nunca se esqueça de podá-lo e mantê-lo em ordem.

  • Em caso de falta de saneamento básico, não construa banheiros perto de nascentes e beiras de rio e poços d’água.

No contexto hospitalar, a higiene das mãos é um dos métodos mais eficazes e custo-efetivos para prevenir infecções.

2.1.3. Higiene dos Alimentos: Coma com Segurança

Manter uma alimentação saudável é tão importante quanto cuidar da higiene dos alimentos. Adote estas dicas em sua rotina:

  • Lave bem as frutas, verduras e legumes com água limpa antes de consumi-los.

  • Sempre cubra os alimentos com pano para evitar que insetos pousem neles.

  • Não compartilhe itens pessoais como pratos, talheres e copos.

2.2. Vacinação: Proteção para Indivíduos e Comunidades

A imunização é o processo pelo qual uma pessoa se torna resistente a uma doença, seja por contato com certas doenças ou pela administração de uma vacina. As vacinas estimulam o sistema imunitário do organismo a proteger contra infecções ou doenças.

2.2.1. Benefícios Abrangentes da Vacinação

A imunização previne doenças, incapacidades e mortes por enfermidades evitáveis através da vacinação, como:

  • Câncer do colo do útero

  • Poliomielite

  • Sarampo

  • Rubéola

  • Caxumba

  • Difteria

  • Tétano

  • Coqueluche

  • Hepatite A e B

  • Pneumonias bacterianas

  • Doenças diarreicas por rotavírus

  • Meningite bacteriana

A vacinação em massa é essencial para alcançar a imunidade coletiva, protegendo os grupos mais vulneráveis da sociedade.

2.2.2. Dúvidas Comuns sobre Vacinas (Prioridade para Concursos)

1. As vacinas são seguras? Sim, elas são seguras. Todas as vacinas aprovadas passam por testes rigorosos em diferentes fases de ensaios clínicos e são regularmente avaliadas após a comercialização. Cientistas monitoram constantemente eventos adversos. A maioria das reações são leves e temporárias (dor no local da injeção, febre baixa). Efeitos colaterais graves são raros, notificados e investigados imediatamente. É muito mais fácil sofrer lesões graves por uma doença prevenível por vacinação do que por uma vacina.

2. Mesmo com boa higiene, saneamento e água potável, ainda é necessário vacinar? Sim, a vacinação continua sendo necessária. Embora melhorias na higiene, saneamento e salubridade da água ajudem, muitas doenças infecciosas podem se propagar independentemente da limpeza, causando doenças respiratórias, diarreias e até morte. Se as taxas de imunização (imunidade coletiva) não forem mantidas altas, as doenças preveníveis por vacinas podem retornar rapidamente.

3. A imunidade proporcionada pelas vacinas é melhor que a das infecções naturais? As vacinas interagem com o sistema imunológico para produzir uma resposta imunitária similar à gerada por infecções naturais, mas sem causar adoecimento e sem o risco de sofrer as complicações da doença. A imunização por infecção natural pode ter um alto custo, como disfunção cognitiva por Haemophilus influenzae tipo B, condições congênitas na rubéola, câncer hepático na hepatite B ou morte por complicações de sarampo, HPV ou influenza.

4. É preciso vacinar contra doenças que não circulam na minha comunidade/país? Sim. Em um mundo interconectado, agentes infecciosos podem cruzar fronteiras geográficas e infectar qualquer pessoa não protegida. Surtos de sarampo em populações não vacinadas em vários países europeus e nos EUA são exemplos. A vacinação protege a si mesmo e aos outros, e programas de vacinação bem-sucedidos dependem da cooperação individual para o bem-estar coletivo.

5. Uma criança pode receber mais de uma vacina por vez? Sim. Evidências científicas mostram que administrar várias vacinas ao mesmo tempo não afeta negativamente o sistema imunológico de uma criança. Crianças são expostas a centenas de substâncias estranhas diariamente que desencadeiam uma resposta imunológica. Uma criança é exposta a muito mais antígenos de um resfriado comum ou dor de garganta do que de vacinas. A vacinação combinada reduz o número de injeções e visitas, economizando tempo e dinheiro.

6. É necessário vacinar contra a gripe? Sim. A gripe é uma doença grave que causa entre 300 mil e 500 mil mortes anualmente no mundo. Grupos de risco (grávidas, crianças pequenas, idosos, pessoas com doenças crônicas) correm maior risco de infecção grave e morte. A vacina sazonal oferece imunidade às cepas mais prevalentes e é a melhor forma de reduzir as chances de uma gripe grave e sua disseminação.

7. Há relação entre vacinas e autismo? Não há evidências de ligação entre vacinas e autismo ou transtorno do espectro autista. Um estudo de 1998 que levantou essa preocupação foi posteriormente revelado como seriamente falho e fraudulento, e o artigo foi retirado pela revista que o publicou.

3. Tratamento de Doenças Infecciosas: As Armas da Medicina

Quando a prevenção falha e a infecção se instala, o tratamento adequado torna-se essencial. Os principais medicamentos utilizados são os antibióticos (para bactérias) e os antivirais (para vírus), além dos antifúngicos para infecções por fungos.

3.1. Antibióticos: Combatendo as Bactérias (História e Classes – Prioridade para Concursos)

Antibióticos são compostos naturais ou sintéticos capazes de inibir o crescimento ou causar a morte de bactérias. É crucial ressaltar que antibióticos não são eficazes contra infecções virais.

3.1.1. Breve História dos Antibióticos

  • Século XIX: Robert Koch identifica microrganismos causadores de doenças.

  • Início do século XX: Paul Ehrlich, "pai da quimioterapia", desenvolve o primeiro antibiótico sintético, o salvarsan (1910), usado contra a sífilis.

  • 1935: Gerhard Domagk descobre que o corante prontosil tem atividade in vivo contra Streptococcus, originando as sulfas (sulfonamidas), a primeira classe efetiva contra infecções sistêmicas (início de 1940).

  • 1928: O Grande Marco – A Descoberta da Penicilina por Alexander Fleming. A penicilina (benzilpenicilina), descrita em 1929, só foi introduzida como agente terapêutico nos anos 1940. Sua atividade superior às sulfas e a demonstração de que fungos produziam substâncias antibacterianas impulsionaram a pesquisa em culturas de microrganismos.

  • 1940-1960: Período de rápido crescimento na descoberta e desenvolvimento de novos antibióticos, principalmente a partir de produtos naturais microbianos (β-lactâmicos, aminoglicosídeos, tetraciclinas, macrolídeos, peptídeos).

  • 1960-1980: Introdução de antibióticos semi-sintéticos eficazes contra patógenos Gram positivo e Gram negativo.

  • 1980-2000: Foco em genômica e triagens de coleções de compostos, mas com uma dramática redução na identificação de novos protótipos antibióticos e aumento da resistência bacteriana. Introdução das fluoroquinolonas sintéticas.

  • A partir de 2000: Poucos antibióticos novos foram introduzidos. Destacam-se a linezolida (sintética, 2001) e a daptomicina (natural, 2003).

3.1.2. Principais Classes de Antibióticos e Seus Mecanismos de Ação (Conteúdo Essencial para Exames)

Os antibióticos de origem natural e seus derivados semi-sintéticos compreendem a maioria dos antibióticos em uso clínico. As classes sintéticas também são importantes. Cada classe atua em um ponto diferente da estrutura ou do funcionamento das bactérias.

  • β-lactâmicos (Penicilinas, Cefalosporinas, Carbapenêmicos, Monobactamas):

    • Mecanismo de Ação: Inibem irreversivelmente a enzima transpeptidase, crucial para a formação da parede celular bacteriana. Essa enzima forma ligações cruzadas na peptidoglicana, conferindo rigidez à parede celular e protegendo a bactéria contra variações osmóticas.

    • Importância: Representaram 50% das vendas de antibióticos em 2004. Têm amplo espectro, alta eficácia clínica e excelente perfil de segurança, pois atuam em uma enzima única das bactérias.

    • Estrutura: Possuem em comum o anel azetidinona (β-lactâmico).

    • Modificações: As modificações nas cadeias laterais podem modular a estabilidade em meio ácido (para uso oral), estabilidade frente às β-lactamases (enzimas de resistência bacteriana) e o espectro de ação contra bactérias Gram negativo.

    • Cefalosporinas: Maior número de β-lactâmicos em uso, subdivididas em gerações com espectro de ação ampliado.

    • Inibidores de β-lactamases (ex: ácido clavulânico): Apresentam fraca ação antibiótica, mas reagem rápida e irreversivelmente com as enzimas de resistência, sendo usados em combinação com penicilinas.

    • Carbapenêmicos (ex: imipenem): Atuam como penicilinas e cefalosporinas, com alta potência e amplo espectro, além de boa resistência a β-lactamases.

  • Aminoglicosídeos (Ex: Estreptomicina):

    • Mecanismo de Ação: Ligam-se especificamente à subunidade 30S dos ribossomos bacterianos, impedindo o movimento do ribossomo ao longo do mRNA e, consequentemente, interrompendo a síntese de proteínas.

    • Características: Bactericidas. Atividade melhor em pH levemente alcalino. Administrados por via injetável devido à polaridade. Podem ser ototóxicos e nefrotóxicos. Têm efeito sinérgico com β-lactâmicos.

  • Macrolídeos (Ex: Eritromicina, Azitromicina):

    • Mecanismo de Ação: Ligam-se ao RNA ribossomal 23S da subunidade 50S, interferindo na elongação da cadeia peptídica durante a tradução e bloqueando a biossíntese de proteínas bacterianas.

    • Características: Bacteriostáticos. Considerados seguros e amplamente usados em infecções respiratórias. As "segundas gerações" (azitromicina, claritromicina) superaram a eritromicina em espectro e perfil farmacocinético.

  • Cloranfenicol:

    • Mecanismo de Ação: Liga-se à subunidade 30S do ribossomo e inibe o movimento dos ribossomos ao longo do mRNA, provavelmente pela inibição da peptidil transferase, responsável pela extensão da cadeia peptídica.

    • Características: Atualmente sintetizado. Não deve ser administrado com macrolídeos e lincosamidas devido ao sítio de ligação sobreposto.

  • Tetraciclinas (Ex: Clortetraciclina, Tigeciclina):

    • Mecanismo de Ação: Inibem a síntese de proteínas através da ligação à subunidade 30S dos ribossomos, impedindo a ligação do aminoacil-tRNA.

    • Características: Bacteriostáticos de amplo espectro. Sua seletividade para ribossomos bacterianos é devido a diferenças estruturais e concentração seletiva nas células bacterianas. Podem quelar metais (especialmente cálcio), não sendo recomendadas para crianças e mulheres grávidas.

  • Lincosamidas (Ex: Lincomicina, Clindamicina):

    • Mecanismo de Ação: Possuem propriedades e mecanismo de ação similares aos macrolídeos.

    • Características: Clindamicina é amplamente utilizada para infecções periféricas por bactérias anaeróbicas penicilina-resistentes e topicamente para acne.

  • Glicopeptídeos (Ex: Vancomicina, Teicoplanina):

    • Mecanismo de Ação: Inibem a biossíntese da parede celular bacteriana pela complexação com o resíduo dipeptídico terminal D-Ala-D-Ala das cadeias peptídicas, impedindo a ação da transpeptidase.

    • Características: Fármacos de primeira linha para infecções por bactérias Gram positivo resistentes a outros antibióticos. Desenvolvimento de resistência mais lento. Restritos a Gram positivo pois não penetram membranas de Gram negativo. Vancomicina é um antibiótico de última escolha para patógenos Gram positivo resistentes.

  • Lipodepsipeptídeos (Ex: Daptomicina):

    • Mecanismo de Ação: Envolve a desorganização de múltiplas funções da membrana celular bacteriana.

    • Características: Aprovada em 2003 para infecções por Gram positivo.

  • Rifamicinas (Ex: Rifampicina):

    • Mecanismo de Ação: Inibidor da RNA polimerase, bloqueando a transcrição bacteriana.

    • Características: Usada clinicamente no tratamento da tuberculose.

  • Estreptograminas (Ex: Quinupristina e Dalfopristina):

    • Mecanismo de Ação: Atuam sinergisticamente para bloquear a tradução do polipeptídeo, ligando-se à subunidade 50S dos ribossomos bacterianos.

    • Características: Usadas por via intravenosa em combinação para infecções por Enterococcus faecium resistente à vancomicina.

  • Sulfonamidas (Sulfas) e Trimetoprim:

    • Mecanismo de Ação: Bloqueiam etapas no metabolismo do ácido fólico. O sulfametoxazol inibe a di-hidropteroato sintetase (presente só em bactérias), enquanto o trimetoprim inibe a di-hidrofolato redutase.

    • Características: Agentes bacteriostáticos. Atuam sinergicamente no bloqueio da formação de um cofator essencial para a biossíntese de ácidos nucleicos.

  • Quinolonas e Fluoroquinolonas (Ex: Ácido Nalidíxico, Ciprofloxacina):

    • Mecanismo de Ação: Fármacos bactericidas que inibem a topoisomerase IV (em Gram positivo) e a DNA-girase (topoisomerase II em Gram negativo), enzimas essenciais para o enovelamento e multiplicação do DNA bacteriano.

    • Características: Apresentam seletividade 1000 vezes maior para enzimas bacterianas do que humanas. Amplamente utilizadas para infecções do trato urinário, respiratório e gastrointestinal.

  • Oxazolidinonas (Ex: Linezolida):

    • Mecanismo de Ação: Liga-se à subunidade 50S ribossomal, impedindo sua união com a subunidade 30S para formação do ribossomo 70S, essencial para o início da síntese proteica.

    • Características: Agente bacteriostático de amplo espectro, ativo contra bactérias resistentes a outros antibióticos inibidores de síntese de proteínas.

3.2. Antivirais: Desafiando a Reprodução Viral

Antivirais são substâncias desenvolvidas para combater infecções virais, interferindo na reprodução dos vírus ou fortalecendo a resposta imunológica à infecção. Diferentemente dos antibióticos, eles são direcionados para vírus específicos.

3.2.1. O Desafio do Tratamento Antiviral

A maioria das doenças infecciosas humanas e animais é causada por vírus, e até recentemente, o tratamento se resumia ao alívio dos sintomas. Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, o que significa que dependem da célula hospedeira para se replicar e ficam protegidos pela membrana plasmática da célula contra anticorpos.

Para serem eficazes, os antivirais devem:

  • Penetrar na célula hospedeira e prevenir a replicação viral.

  • Idealmente, não devem interferir nos mecanismos normais de defesa da célula hospedeira, mas complementar a imunidade.

  • Atuar seletivamente inibindo enzimas induzidas ou codificadas pelo vírus, sem afetar enzimas semelhantes na célula hospedeira.

  • Apresentar grande espectro de atividade, potência suficiente para inibição completa, propriedades farmacocinéticas favoráveis e mínima toxicidade para a célula hospedeira.

3.2.2. A Busca por Novas Soluções

A pesquisa de substâncias derivadas de plantas tem se mostrado promissora, especialmente nas florestas tropicais brasileiras, que detêm grande biodiversidade e são fonte de produtos naturais com valor curativo. Substâncias como alcaloides, proteínas, saponinas e flavonoides têm sido identificadas em extratos de plantas com potencial antiviral.

  • Exemplos Notáveis:

    • Extrato aquoso de Melissa officinalis: Demonstrou ação inibitória contra vírus da doença de Newcastle, vaccinia e herpes simplex.

    • Flavonas de Euphorbia grantii: Efeito inibidor pronunciado sobre picornavírus e vírus da estomatite vesicular.

    • Meliacina (Melia azedarach): Peptídeo cíclico com atividade antiviral contra vírus envelopados, inibindo a replicação de HSV-1 e HSV-2.

    • Extrato de Persea americana (abacateiro): Mostrou-se efetivo contra o vírus da doença de Aujeszky, vírus da diarreia bovina, adenovírus tipo 3, HSV-1 resistente ao aciclovir e forte atividade virustática e virucida contra o HIV. Pesquisas indicam que os flavonoides e o ácido clorogênico podem ter um sinergismo antiviral.

3.3. Antifúngicos: Combatendo as Infecções por Fungos

Os antifúngicos são medicamentos utilizados no tratamento de infecções fúngicas, que podem variar de condições superficiais a invasivas e letais, especialmente em pacientes imunocomprometidos.

3.3.1. Exemplos e Tratamentos de Doenças Fúngicas:

  • Pitiríase Versicolor (Pano branco): Causada por Malassezia furfur. Manifesta-se em manchas claras na pele. Tratamento com cremes ou loções à base de antifúngicos.

  • Candidíase: Causada por fungos da família Candida (mais comum Candida albicans). Afeta dobras da pele, unhas, mucosas (boca, esôfago, vagina). Em casos graves, pode se disseminar pela corrente sanguínea. Tratamento com pomadas antifúngicas para casos superficiais; antifúngicos orais ou endovenosos para casos graves.

  • Aspergilose: Causada por fungos do gênero Aspergillus (Ex: Aspergillus fumigatus). Afeta principalmente os pulmões, podendo causar alergias, sinusites ou otites. A aspergilose pulmonar invasiva (API) é uma doença de pacientes imunocomprometidos e também de pacientes críticos com formas graves de infecção por influenza. Casos de Aspergilose Pulmonar Associada à COVID-19 (APAC) têm sido relatados, agravando a insuficiência respiratória.

    • Sintomas de APAC: Insuficiência respiratória refratária, lesão pulmonar compatível (cavitação, nódulos), febre refratária ou nova febre, piora da insuficiência respiratória, dor pleurítica, hemoptise.

    • Diagnóstico: Amostras respiratórias (cultura, galactomanana), lavado broncoalveolar por broncoscopia (difícil em COVID-19 devido ao risco de aerossóis). Biópsia e exame histopatológico também são importantes.

    • Tratamento: Voriconazol ou Isavuconazol; alternativa é anfotericina B lipossomal. Tratamento mantido por no mínimo 6 semanas.

    • Prevenção: Adequada limpeza e desinfecção de superfícies, controle ambiental relacionado a construções/reformas (evitar dispersão de poeiras), limpeza e manutenção de sistemas de climatização. Evitar varredura a seco e aspiradores de pó em áreas assistenciais. Remover vasos de plantas de ambientes de pacientes.

  • Candidemia: Infecção de corrente sanguínea causada por fungos do gênero Candida. Altas taxas de morbidade e mortalidade, especialmente em pacientes de UTI, submetidos a procedimentos invasivos ou imunodeprimidos. Fatores de risco em pacientes com COVID-19 incluem uso de antibióticos de amplo espectro, cateter venoso central, hipotensão prolongada, insuficiência renal e uso de corticoides.

    • Candida auris: Uma espécie emergente associada à resistência a múltiplas drogas antifúngicas e infecções invasivas. Apresenta alta transmissibilidade e pode colonizar facilmente o ambiente hospitalar e pacientes, causando surtos de difícil controle. O primeiro caso no Brasil foi em dezembro de 2020, em UTI de COVID-19.

    • Tratamento: Equinocandinas (caspofungina, micafungina, anidulafungina) são a primeira escolha; formulações lipídicas de Anfotericina B em caso de refratariedade.

  • Mucormicose: Infecção fúngica invasiva rara e grave causada por fungos da ordem Mucorales (Rhizopus spp., Mucor spp., Lichtheimia spp., etc.). Esses microrganismos vivem em todo o ambiente, principalmente no solo e matéria orgânica em decomposição.

    • Grupos de Risco: Principalmente pacientes diabéticos descompensados (hiperglicemia e acidose), imunodeprimidos (neutropênicos, transplantados, em uso de imunossupressores/corticoides), vítimas de trauma e queimaduras. A Índia registrou cerca de 15 mil casos em pacientes com COVID-19, associados à elevada incidência de diabetes e uso de corticoides.

    • Formas Clínicas: Rino-órbito-cerebral (ROC) e pulmonar são as mais frequentes.

    • Sintomas de ROC: Semelhantes à sinusite aguda/subaguda, evoluindo para obstrução nasal, sangramento, edema de face, dor ocular, alterações visuais, necrose ao redor do nariz.

    • Diagnóstico: Biópsia da lesão para análise microscópica, cultura e histopatológico. Presença de hifas hialinas, não septadas, com ramificação em 90º é indicativo.

    • Tratamento: Envolve três pilares: cirurgia extensa, controle da doença de base (ex: compensação do diabetes), e tratamento antifúngico imediato com altas doses de Anfotericina B lipídica.

    • Prevenção: A principal medida é a correção das alterações relacionadas à doença de base, como o controle glicêmico em diabéticos. Medidas de higiene ambiental são importantes para evitar a propagação de poeira e esporos.

4. O Avanço das Superbactérias: A Maior Ameaça à Saúde Pública do Século XXI (Tema de Alta Prioridade para Concursos)

A disseminação de bactérias e outros microrganismos resistentes a quase todos os antimicrobianos disponíveis é um pesadelo mundial e já é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das maiores ameaças à saúde pública do século XXI. Este problema global pode causar mais de 39 milhões de mortes até 2050, superando as mortes anuais por malária, AIDS e tuberculose.

4.1. O Impacto Direto e Indireto da Resistência Antimicrobiana

Sem antibióticos eficientes, torna-se quase impossível realizar cirurgias, transplantes e tratamentos quimioterápicos contra o câncer com segurança. Problemas comuns, como um corte profundo ou uma infecção respiratória, podem se tornar uma ameaça à vida.

  • Números Globais: Em 2019, microrganismos resistentes foram responsáveis diretos por 1,27 milhão de mortes no mundo, e associados a 4,95 milhões de óbitos. As infecções no trato respiratório inferior, sistema circulatório e cavidade abdominal foram as mais letais.

  • No Brasil: Em 2019, ocorreram 33,2 mil mortes diretamente causadas por infecções resistentes e 138 mil nas quais as superbactérias tiveram alguma participação. Os grupos mais afetados são os bebês de até 1 mês de vida e as pessoas com mais de 65 anos. Especialistas suspeitam que esses números sejam ainda maiores após a pandemia de COVID-19, devido ao aumento do consumo de antibióticos.

4.2. Por que as Superbactérias Surgem e se Espalham? (Fatores-Chave)

A resistência bacteriana é um fenômeno ecológico, uma resposta da bactéria ao uso extensivo de antibióticos e sua presença no ambiente.

  • Multiplicação e Mutação Bacteriana: Bactérias se multiplicam rapidamente, sofrem mutação e podem trocar material genético entre linhagens da mesma ou diferentes espécies, adaptando-se a agentes químicos potentes.

  • Uso Excessivo e Indiscriminado de Antibióticos: Tanto na saúde humana quanto na produção de alimentos (para tratar animais e induzir ganho de peso), a exposição contínua a esses fármacos favorece a seleção de variedades resistentes.

  • Tratamento Inadequado: Se a dosagem e duração do tratamento forem inferiores ao necessário para aniquilá-las, uma parte das bactérias pode sobreviver e se multiplicar, acumulando alterações genéticas que as tornam resistentes.

  • Más Condições de Higiene: Contribuem para a disseminação.

  • Fluxo Contínuo de Viajantes e Aumento de Pacientes Imunocomprometidos: Favorecem a dispersão de resistência.

  • Demora no Diagnóstico: Dificulta o tratamento direcionado.

  • Contaminação Ambiental: Antibióticos e bactérias resistentes contaminam a água, o solo, o ar e as superfícies (ex: esgoto doméstico e hospitalar). No Brasil, o esgoto hospitalar nem sempre é tratado para eliminar bactérias, contribuindo para a dispersão. Superbactérias têm sido encontradas em rios, solos agrícolas, animais (tartarugas, pinguins, cães, gatos) e até em alimentos frescos como alface.

  • Superlotação Hospitalar: Aumenta as taxas de infecção por bactérias multirresistentes, especialmente quando o sistema de saúde está sobrecarregado.

  • Impacto da Pandemia de COVID-19: Aumentou o consumo de antibióticos e as internações hospitalares, contribuindo para a dispersão de genes que conferem resistência.

4.3. Mecanismos de Resistência Bacteriana (Crucial para Concursos)

O conhecimento dos mecanismos bioquímicos e genéticos é de grande importância. Embora variem de patógeno para patógeno, a resistência é causada por alguns fatores básicos:

  • Inativação do Antibiótico: Alterações químicas na molécula bioativa, geralmente promovidas por enzimas bacterianas. Exemplo clássico são as β-lactamases, que hidrolisam o anel β-lactâmico, inativando o antibiótico.

  • Modificação do Alvo: A bactéria altera a estrutura ou função do seu alvo (por exemplo, a enzima ou ribossomo onde o antibiótico deveria se ligar), levando à perda de sensibilidade ao medicamento.

  • Mudanças na Bomba de Efluxo e Permeabilidade Externa da Membrana: As bactérias desenvolvem bombas que ejetam o antibiótico para fora da célula, ou alteram a permeabilidade de sua membrana externa, reduzindo a concentração do antibiótico sem modificá-lo quimicamente.

  • Transmissão do Alvo: Algumas bactérias tornam-se insensíveis a antibióticos porque são capazes de transmitir a inativação de uma determinada enzima, ou seja, os antibióticos com mecanismos de ação que envolvem inibição enzimática tornam-se inativos por não terem o alvo para atuar.

4.4. Os Patógenos Prioritários (Lista da OMS 2017 – Relevante para Concursos)

A OMS publicou uma lista de patógenos prioritários contra os quais é urgente desenvolver novos tratamentos.

  • PRIORIDADE CRÍTICA: Patógenos resistentes a múltiplos medicamentos, particularmente perigosos em hospitais e casas de repouso.

    • Acinetobacter baumannii (resistente a carbapenemas).

    • Bactérias da família Enterobacteriaceae (incluindo Escherichia coli e os gêneros Klebsiella, Serratia e Proteus) (resistentes a carbapenemas e cefalosporinas de 3ª geração).

    • Pseudomonas aeruginosa (resistente a carbapenemas).

    • Essas seis espécies (E. coli, S. aureus, K. pneumoniae, S. pneumoniae, A. baumannii, P. aeruginosa) foram responsáveis por pelo menos 70% das mortes em 2019.

  • PRIORIDADE ALTA: Bactérias que alcançam pontuação intermediária nos critérios de avaliação e estão cada vez mais resistentes.

    • Enterococcus faecium (resistente a vancomicina).

    • Staphylococcus aureus (resistente a vancomicina e meticilina).

    • Helicobacter pylori (resistente a claritromicina).

    • Bactérias do gênero Campylobacter (resistentes a fluoroquinolonas).

    • Neisseria gonorrhoeae (resistente a cefalosporinas de 3ª geração e fluoroquinolonas).

    • Bactérias do gênero Salmonella (resistentes a fluoroquinolonas).

  • PRIORIDADE MÉDIA: Microrganismos com a pontuação mais baixa entre os prioritários, mas que também estão mais resistentes.

    • Bactérias do gênero Shigella (resistentes a fluoroquinolonas).

    • Streptococcus pneumoniae (não suscetível à penicilina).

    • Haemophilus influenzae (resistente a ampicilina).

4.5. Resistência Fúngica: Um Problema Crescente

Embora menos comum que a resistência bacteriana, a resistência fúngica pode ser mais letal. Em 2022, a OMS lançou a primeira lista de patógenos fúngicos prioritários, incluindo a levedura Candida auris. Esta espécie vem causando surtos em hospitais de todos os continentes, é multi-droga resistente, apresenta alta transmissibilidade e pode causar surtos prolongados de difícil controle.

4.6. Estratégias para Combater a Resistência Antimicrobiana (Prioridade para Concursos)

Diversas razões justificam a necessidade urgente de novos agentes antibióticos, principalmente as altas taxas de resistência microbiana e a necessidade de agentes com novos mecanismos de ação. As estratégias adotadas para evitar o desenvolvimento e disseminação de resistência bacteriana incluem:

  1. Prevenção de Infecções Bacterianas com o Uso de Vacinas: As vacinas protegem contra diversas bactérias causadoras de pneumonia, tuberculose e meningite, reduzindo a necessidade de antibióticos.

  2. Uso Racional de Antibióticos:

    • Médicos devem prescrever antibióticos apenas para infecções bacterianas, idealmente com testes que indiquem o fármaco mais adequado.

    • Pacientes devem usar a dose recomendada e pelo tempo indicado, mesmo que melhorem antes, para garantir a eliminação completa das bactérias e evitar a seleção de resistentes.

    • Evitar o descarte inadequado de medicamentos no ambiente.

  3. Controle e Prevenção da Disseminação de Microrganismos Resistentes:

    • Melhora da Higiene Geral: Incluindo higiene pessoal, ambiental e dos alimentos.

    • Controle de Infecções Hospitalares: Medidas como testes de detecção e isolamento de pacientes colonizados por patógenos multirresistentes têm se mostrado eficazes.

    • Atenção à qualidade do atendimento: Quando o sistema de saúde está no limite, com excesso de pacientes e poucos profissionais, as taxas de infecção aumentam.

    • Vigilância: Um bom sistema de vigilância que integre a frequência de microrganismos resistentes em hospitais e monitore sua disseminação para a comunidade e o meio ambiente é crucial.

    • Tratamento de Esgoto Hospitalar: Embora não seja obrigatório no Brasil, é uma medida importante para a eliminação de bactérias.

  4. Descoberta e Desenvolvimento de Novos Antibióticos:

    • Novas Fontes de Produtos Naturais: Pesquisadores têm explorado organismos de novos ecossistemas (ambientes extremos, microrganismos marinhos como actinobactérias, bactérias gliding, microrganismos endofíticos, plantas, bactérias simbiontes com insetos e até mesmo o conteúdo estomacal de pinguins) em busca de novas substâncias bioativas.

    • A Contribuição da Genômica:

      • Metagenômica: Permite o estudo do DNA de comunidades microbianas não cultiváveis para a produção e identificação de novos produtos naturais.

      • Biossíntese Combinatória: Envolve a engenharia genética de vias biossintéticas naturais para produzir novos compostos, como antibióticos derivados de policetídeos.

      • Exploração Genômica (Genome Mining): Identificação de clusters de genes associados à biossíntese de antibióticos que não são expressos em condições usuais de cultivo.

    • Novos Mecanismos de Ação Antibiótica: A pesquisa tem se concentrado na identificação de compostos que atuem por mecanismos diferentes dos fármacos em uso, essencial para combater a resistência. Apenas alguns antibióticos recentes apresentam novos mecanismos (ex: linezolida, daptomicina).

    • Novos Ensaios Antibacterianos:

      • Ensaios High-throughput screening (HTS): Permitem triagens rápidas de grandes coleções de compostos.

      • Alvos Prioritários: Enzimas como transglucosidase, enzimas da biossíntese do isopreno, sortases (em Gram positivo), e fatores de virulência ligados ao quorum sensing (moléculas sinalizadoras que regulam o comportamento bacteriano).

      • Modelos in vivo: Utilização de mamíferos (ratos, cobaias) e organismos invertebrados geneticamente caracterizados (Drosophila, Caenorhabditis elegans, Danio rerio) para identificar substâncias ativas com maior informação agregada, agilizando o desenvolvimento de fármacos.

  5. Exemplos de Doenças e Seus Agentes Causadores (Revisão e Detalhes Importantes)

Esta seção consolida os exemplos de doenças e seus agentes, reforçando as informações mais relevantes para o estudo.

5.1. Doenças Virais (Viroses)

São bastante comuns, desde resfriados simples a quadros mais graves.

  • Faringite viral: Adenovírus.

  • Síndrome respiratória aguda grave (SARS): Coronavírus. A COVID-19 é causada pelo SARS-CoV-2 e, em casos graves, aumenta significativamente o risco de infecções fúngicas invasivas, como aspergilose, candidemia e mucormicose.

  • Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV): Causa a AIDS, que destrói progressivamente glóbulos brancos e compromete a imunidade, abrindo espaço para infecções oportunistas.

    • Transmissão: Contato com fluidos corporais (sangue, sêmen, líquidos vaginais) ou células infectadas. Grávidas infectadas podem transmitir ao recém-nascido (amamentação não é recomendada).

    • Tratamento: Medicamentos antirretrovirais (ARVs) interrompem a reprodução do HIV, mas não eliminam o vírus.

    • Prevenção: Uso de camisinha (reduz transmissão sexual), triagem de doadores de sangue/órgãos, acompanhamento pré-natal para grávidas infectadas. Não há vacina contra o HIV.

  • Gripe (Influenza): Causada pelo vírus Influenza. A vacinação sazonal é a melhor forma de prevenção. Infecções graves por influenza podem aumentar a suscetibilidade a infecções bacterianas e fúngicas.

  • Infecção pelo vírus Zika: Zika Vírus.

  • Catapora: Causada pelo vírus Varicella-Zoster. Infecção altamente contagiosa que acomete principalmente crianças, causando erupções cutâneas pruriginosas.

    • Prevenção: Isolamento da pessoa infectada e vacinação, que faz parte do calendário de imunização do SUS (disponível na vacina Tetra viral, que previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/catapora).

  • Dengue: Causada pelos vírus DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Transmitida pela picada de mosquitos. Pode evoluir para febre hemorrágica, forma grave e fatal. Não há medicamentos antivirais eficazes; o tratamento é sintomático.

  • Febre Amarela: Causada pelo vírus amarílico. Transmitida por mosquitos. Pode comprometer gravemente órgãos internos, como o fígado (causando icterícia).

    • Prevenção: A vacinação, disponibilizada pelo SUS, é a melhor forma de prevenção.

5.2. Doenças Bacterianas

Algumas espécies de bactérias são responsáveis por causar doenças conhecidas.

  • Botulismo: Clostridium botulinum.

  • Cólera: Vibrio cholerae.

  • Gonorreia: Neisseria gonorrhoeae.

  • Tuberculose: Mycobacterium tuberculosis.

  • Pneumonia bacteriana: Streptococcus pneumoniae.

  • Leptospirose: Causada pela Leptospira interrogans. Infecção grave transmitida pelo contato com terra e água contaminadas, ou urina de animais (ratos, cães).

    • Sintomas: Febre, dor de cabeça, dores musculares intensas, calafrios, podendo evoluir para meningite.

    • Tratamento: Antibióticos sob acompanhamento médico.

    • Prevenção: Não existem vacinas para humanos. Medidas incluem saneamento básico, controle de roedores, evitar contato com água ou lama de enchentes e higiene adequada de reservatórios de água.

  • Hanseníase: Causada pela Mycobacterium leprae. Uma das doenças mais antigas da humanidade, que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos, com alto poder incapacitante.

    • Sintomas: Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, com perda ou alteração de sensibilidade.

    • Tratamento: Antibióticos, que detêm a progressão e evitam a transmissão.

    • Prevenção: Diagnóstico precoce, tratamento e investigação de contatos prolongados.

  • Meningite bacteriana: Causada por vários tipos de bactérias. Inflamação das meninges (membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal).

    • Sintomas: Febre súbita, dor de cabeça, rigidez do pescoço, podendo evoluir para convulsões e coma.

    • Transmissão: Principalmente pessoa a pessoa, por gotículas e secreções respiratórias.

    • Prevenção: Vacinas disponíveis para as principais causas de meningite bacteriana. Evitar aglomerações e manter ambientes ventilados e limpos.

  • Salmonelose: Provocada pelas espécies Salmonella entérica e Salmonella bongori. Causa intoxicação alimentar e, em casos graves, infecções letais.

    • Transmissão: Ingestão de alimentos contaminados com fezes de animais (galinhas, porcos, répteis, anfíbios, vacas).

    • Sintomas: Diarreia, vômitos, febre, dor abdominal.

    • Prevenção: Medidas de controle em todas as etapas da cadeia alimentar, higiene das mãos, evitar alimentos de origem animal mal cozidos e consumir alimentos em locais com boas condições de higiene.

5.3. Doenças Fúngicas (Micoses)

Podem causar problemas graves quando aliadas à imunidade baixa.

  • Aspergilose: Ver detalhes na seção de tratamentos antifúngicos.

  • Pitiríase Versicolor: Ver detalhes na seção de tratamentos antifúngicos.

  • Candidíase e Candidemia: Ver detalhes na seção de tratamentos antifúngicos.

  • Criptococose: Causada por fungos do gênero Cryptococcus. Micose sistêmica que pode ser letal, principalmente em indivíduos com imunidade comprometida.

    • Sintomas: Febre, fraqueza, dor no peito, rigidez de nuca, dor de cabeça, confusão mental, comprometimento pulmonar, ocular e ósseo.

    • Origem: O fungo vive em matéria orgânica morta no solo, frutas secas, cereais, árvores e nas fezes de aves (principalmente pombos).

    • Tratamento: Depende da forma clínica, geralmente requer internação.

    • Prevenção: Medidas específicas de higiene em locais de criação de aves ou aglomeração de pombos.

  • Mucormicose: Ver detalhes na seção de tratamentos antifúngicos.

5.4. Doenças Causadas por Protozoários

  • Malária: Causada por protozoários (por exemplo, espécies de Plasmodium). Mencionada como uma das doenças que a resistência antimicrobiana pode superar em termos de mortalidade.

Um Olhar para o Futuro da Saúde Pública

Compreender a microbiologia é fundamental para a prevenção e tratamento de doenças causadas por microrganismos. A adoção de medidas simples de controle de infecção (higiene pessoal, ambiental e alimentar) e o uso adequado de medicamentos (antibióticos, antivirais, antifúngicos) são as bases para manter a saúde e combater as infecções.

No entanto, o cenário atual de avanço das superbactérias e da resistência antimicrobiana global é alarmante. Este desafio exige esforços contínuos e integrados, que vão desde a conscientização pública sobre o uso racional de antibióticos e a importância da vacinação, até o investimento em pesquisas para a descoberta de novas substâncias com diferentes mecanismos de ação e o aprimoramento das práticas de controle de infecções em ambientes de saúde.

A informação e a colaboração entre todos os setores da sociedade (profissionais de saúde, pacientes, gestores e pesquisadores) são as principais armas para enfrentar esses males e garantir um futuro mais saudável para todos.

Lista de Exercícios:


Questão 1:
Como pode ser alcançada a prevenção de doenças causadas por micro-organismos?

a) Boa alimentação
b) Uso indiscriminado de antibióticos
c) Boa higiene, vacinação e controle de infecção
d) Exposição prolongada ao ar livre

Questão 2: Qual é o tratamento frequentemente prescrito para infecções bacterianas?

a) Antifúngicos
b) Antibióticos
c) Antivirais
d) Antiprotozoários

Questão 3: Qual das seguintes doenças é causada por um protozoário?

a) Tuberculose
b) Hepatite
c) Micose
d) Malária

Gabarito:

  1. c) Boa higiene, vacinação e controle de infecção

  2. b) Antibióticos

  3. d) Malária