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10/03/2024 • 17 min de leitura
Atualizado em 27/07/2025

Movimentos sociais e conflitos na colônia: A Guerra dos Canudos


O Que Foi a Guerra de Canudos?

A Guerra de Canudos foi um confronto bélico de grande escala que marcou o início da República no Brasil, ocorrido no sertão da Bahia entre novembro de 1896 e outubro de 1897. De um lado, estavam os sertanejos, camponeses, indígenas e ex-escravos recém-libertos, liderados pelo carismático Antônio Conselheiro, que haviam fundado a comunidade de Belo Monte (Canudos). Do outro, o Exército Brasileiro, enviado pelo governo republicano para reprimir o que era visto como uma ameaça à ordem e ao novo regime.

Mais do que um simples conflito, Canudos representa a luta pela sobrevivência de um povo marginalizado contra a miséria, a seca e a opressão das elites locais, que se sentiam desafiadas pela autonomia da comunidade. O movimento teve um caráter messiânico, fundamentado nas pregações religiosas de Conselheiro, mas profundamente entrelaçado com questões sociais e econômicas. A guerra terminou com a completa destruição de Canudos e um saldo trágico de dezenas de milhares de mortos, tornando-se um dos maiores massacres da história brasileira.

1. O Contexto Histórico: Brasil e Nordeste no Final do Século XIX

Para compreender a Guerra de Canudos, é fundamental analisar o cenário do Brasil no final do século XIX:

  • A Jovem República Brasileira: Em 15 de novembro de 1889, a Monarquia foi deposta e a República foi instaurada. O Marechal Deodoro da Fonseca se tornou o primeiro presidente, sucedido por Floriano Peixoto. A transição, inicialmente pacífica, rapidamente deu lugar a disputas de poder entre diversos grupos, incluindo os militares, que foram protagonistas do golpe. O novo regime enfrentava problemas econômicos (como a inflação) e administrativos, causando grande insatisfação popular e gerando as primeiras rebeliões, como a Revolta da Armada e a Guerra Civil no Sul do país.

  • O Sertão Nordestino Empobrecido: O Nordeste, outrora próspero durante o período colonial, era na década de 1890 uma terra empobrecida e decadente. Caracterizado por latifúndios improdutivos, secas cíclicas e desemprego crônico, a região oferecia poucas condições de subsistência para a maioria dos sertanejos.

  • O Legado da Fé Católica e a Abolição: A colonização portuguesa deixou uma forte fé católica na região. Essa devoção, somada à extrema pobreza e à falta de acesso à educação, criava um terreno fértil para lideranças carismáticas. Além disso, a abolição da escravatura em 1888, embora celebrada, deixou milhares de libertos sem qualquer apoio ou indenização. Sem terra ou meios de subsistência, muitos ex-escravos vagavam pelas estradas e sertões, tornando-se uma mão de obra sem valor ou condições de sobrevivência.

2. Antônio Conselheiro: O Peregrino e Líder Messiânico

A figura central de Canudos é Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro.

  • Origem e Trajetória:

    • Nascido em Quixeramobim, Ceará, em 13 de março de 1830, Antônio Conselheiro teve uma infância marcada pela expectativa de que seguisse a carreira sacerdotal.

    • Após a morte dos pais, ele abandonou os estudos e assumiu o comércio da família.

    • Casou-se e tentou a vida como professor e advogado prático, mudando-se constantemente em busca de emprego.

    • Sua vida mudou drasticamente em 1861, após flagrar sua esposa em adultério com um sargento de polícia. Humilhado, ele abandonou sua vida e começou a peregrinar pelos sertões do Nordeste (Ceará, Bahia, Sergipe), a partir de 1874.

  • A Ascensão do "Santo": Antônio Conselheiro rapidamente ganhou fama de "homem santo" e "profeta enviado por Deus". Costumava pregar nas praças, reconstruir igrejas e dar esmolas, cativando um grande número de seguidores. Suas pregações eram contra as desigualdades sociais e criticavam a forma como a República estava sendo implementada, especialmente a cobrança de impostos, a celebração do casamento civil e a separação entre Igreja e Estado, que ele via como "sinais do fim do mundo" e materialização do "reino do Anticristo".

  • O Messianismo e Sebastianismo: O movimento de Conselheiro é classificado como messiânico, pois se baseava na crença em um salvador (ele próprio, como "enviado de Deus") que poria fim a uma ordem opressora e instauraria uma nova era de justiça. Embora algumas fontes sugiram uma relação com o sebastianismo (crença no retorno do rei português D. Sebastião para restaurar a monarquia), a pesquisa mais aprofundada indica que Canudos e Juazeiro não possuem evidências de um "fim dos tempos" (escathon final) em seu universo de crenças, sendo mais uma afirmação de um catolicismo popular autônomo em relação à Igreja oficial. Conselheiro não visava restaurar a monarquia, mas sim resistir aos desmandos da República.

  • A Visão da Elite e da Imprensa: A imprensa da época e muitos historiadores iniciais o retratavam como um louco, fanático religioso, perigoso monarquista e contrarrevolucionário. Jornais como "O Rabudo" (1874) e "A Notícia" (1897) veiculavam notícias alarmantes, criando um clima de medo e justificando a repressão. Essa narrativa manipulada pela oligarquia local, pela Igreja e por grupos republicanos radicais dentro e fora das Forças Armadas, temerosos de qualquer resistência que pudesse abalar o regime frágil, levou à perseguição e posterior ataque ao arraial.

  • Reconhecimento Póstumo: No dia 14 de maio de 2019, a Lei 13.829/19 incluiu Antônio Conselheiro no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, um reconhecimento póstumo que contrasta com a visão de sua época.

3. O Arraial de Canudos (Belo Monte): A "Terra Prometida"

Em 1893, cansado de peregrinar, Antônio Conselheiro decidiu se fixar às margens do rio Vaza-Barris, no norte da Bahia, fundando o Arraial do Belo Monte, mais conhecido como Canudos.

  • Uma Comunidade Autossustentável: Canudos não era apenas um refúgio, mas uma experiência social e econômica única. Os desabrigados do sertão, vítimas da seca e da opressão, eram recebidos de braços abertos. A comunidade se organizava de forma igualitária e autossustentável, baseada na solidariedade e no trabalho comunitário. Tudo o que era plantado ou criado era dividido igualmente entre todos, e a religião servia como um instrumento de libertação social. Milhares de sertanejos, incluindo ex-escravos sem condições de subsistência após a abolição, e indígenas, migraram para Belo Monte em busca de uma vida melhor e livre da opressão dos grandes proprietários de terra. Estima-se que a população tenha chegado a cerca de 25.000 habitantes em 1895.

  • A "Afronta" às Elites: A existência de Canudos rapidamente atraiu a atenção e o temor das oligarquias locais. Para a Igreja, representava uma perda de fiéis e autoridade. Para os latifundiários, Canudos era uma ameaça, pois não só fornecia um refúgio para trabalhadores que abandonavam suas fazendas (incluindo ex-jagunços e ex-cangaceiros que faziam a segurança do arraial), mas também questionava a ordem social e a cobrança de impostos. A comunidade de Canudos, ao se firmar como uma antítese às estruturas sociopolíticas vigentes, entrou em rota de colisão com a sociedade hegemônica.

4. As Expedições Militares: A Força da República Contra a Resistência Sertaneja

A pressão das elites locais e da imprensa levou o governo federal a intervir em Canudos durante a presidência de Prudente de Morais, cujo governo era constantemente ameaçado por republicanos radicais. O Exército Brasileiro, que não passava por seu melhor momento (com baixos soldos, efetivos reduzidos e preocupações mais políticas do que militares), foi encarregado de destruir Canudos.

  • Primeira Expedição (Novembro de 1896): O Estopim e a Derrota Inicial

    • Causa: Antônio Conselheiro havia encomendado madeira de Juazeiro para uma nova igreja, mas a entrega não foi feita, gerando o boato de que os conselheiristas a buscariam à força.

    • Comandante: Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira.

    • Desfecho: A tropa, composta por cem policiais, foi surpreendida durante a madrugada em Uauá pelos seguidores de Conselheiro, liderados por Pajeú e João Abade. Apesar da superioridade de armamento federal, a luta corpo a corpo foi feroz. As forças federais impuseram pesadas baixas, mas a expedição estava derrotada por não ter mais forças nem coragem para prosseguir. A retirada ocorreu após pesadas baixas e incêndio de Uauá.

  • Segunda Expedição (Janeiro de 1897): Mais uma Derrota e a Estratégia dos Sertanejos

    • Comandante: Major Febrônio de Brito, com 100 militares e 200 policiais.

    • Estratégia dos Sertanejos: Enquanto aguardavam, os jagunços fortificavam os acessos ao arraial e realizavam uma campanha de "terra arrasada", queimando fazendas próximas e retirando alimentos para que os soldados não encontrassem suprimentos.

    • Desfecho: A expedição foi emboscada perto da Serra do Cambaio por cerca de 4.000 homens de Conselheiro. Embora as forças de Febrônio repeliram a investida, a falta de suprimentos os forçou a retornar a Queimadas. A coragem e habilidade militar dos sertanejos, aliada ao seu conhecimento do terreno, se mostraram decisivas.

  • Terceira Expedição (Março de 1897): O Desastre de Moreira César e o Fortalecimento de Canudos

    • Comandante: Coronel Antônio Moreira César, veterano da Revolução Federalista e conhecido como "o Corta-Cabeças" por sua brutalidade. O governo federal assumiu a repressão após as derrotas anteriores.

    • Ataque e Derrota: Moreira César, confiante, atacou Canudos após uma marcha exaustiva e desgastante, com sua tropa sofrendo com o terreno pedregoso, o calor e a falta de suprimentos. No arraial, a disciplina dos soldados se desfez em meio a saques, e o contra-ataque dos sertanejos foi forte. Moreira César foi gravemente ferido e morto. Sem seu comandante, a tropa debandou, deixando para trás grande quantidade de munição e armamento moderno para os homens de Conselheiro, o que tornaria a luta ainda mais difícil. Corpos e cabeças de soldados federais, incluindo a de Moreira César, foram expostos nas estradas como "prêmios". Para os conselheiristas, essa vitória era uma prova da santidade do beato.

  • Quarta e Última Expedição (Abril-Outubro de 1897): O Cerco Implacável e o Fim Trágico

    • Comandantes: General Artur Oscar de Andrade Guimarães (chefe supremo) e General Cláudio do Amaral Savaget, sob a supervisão do Ministro da Guerra, Marechal Carlos Machado de Bittencourt.

    • Escala: Essa foi a maior e mais implacável expedição, com duas colunas totalizando mais de 4.000 soldados equipados com as mais modernas armas da época, incluindo canhões que seriam usados pela primeira vez no Brasil. O exército mobilizou cerca de 12.000 soldados de 17 estados.

    • Desafios e Resistência: As tropas enfrentaram forte resistência dos sertanejos, que estavam bem armados com os equipamentos abandonados nas expedições anteriores. Problemas logísticos, como a falta de comida, água, munição e medicamentos, atormentaram as forças federais, e o moral da tropa permaneceu baixo. A logística só foi resolvida com a chegada do Marechal Bittencourt, que organizou comboios de suprimentos. Pajeú, um ex-escravo e homem de confiança de Conselheiro, destacou-se como um ótimo estrategista e em armas, conduzindo os "conselheiristas" em pontos estratégicos e ordenando que corpos de soldados fossem deixados insepultos para amedrontar as tropas federais.

    • O Cerco e o Fim: Em 18 de julho, um ataque federal permitiu o fechamento do cerco sobre o arraial. As forças federais conquistavam pontos na periferia, fechando as entradas da cidade.

    • Morte de Antônio Conselheiro: Antônio Conselheiro faleceu em 22 de setembro de 1897, possivelmente devido a disenteria ou ferimentos de granada, antes do fim da batalha. Seus seguidores, por fé, esperaram três dias por sua ressurreição.

    • A Queda de Canudos: O arraial resistiu até 5 de outubro de 1897, quando os últimos defensores foram mortos. Apesar das promessas de vida para os que se rendessem, homens, mulheres e crianças foram degolados em execuções sumárias, conhecidas como "gravata vermelha". O cadáver de Antônio Conselheiro foi exumado, e sua cabeça decepada foi levada à Faculdade de Medicina de Salvador para ser examinada pelo Dr. Nina Rodrigues, que buscava evidências de "loucura" em sua fisionomia. O arraial foi completamente destruído e incendiado.

5. Consequências e Legados da Guerra de Canudos

A Guerra de Canudos deixou marcas profundas na história do Brasil:

  • Massacre e Destruição: Estima-se que cerca de 25.000 sertanejos tenham morrido, além de aproximadamente 5.000 militares. A vila de Canudos foi varrida do mapa, e os sobreviventes foram jogados ao esquecimento, muitos se prostituindo ou buscando abrigo em locais inóspitos.

  • O Termo "Favela": Uma das consequências mais notáveis é a origem do termo "favela". Os soldados que retornaram do conflito, sem moradia no Rio de Janeiro (então capital), ocuparam um morro próximo ao centro da cidade, chamando-o de "Morro da Favela" em referência ao Morro da Favela original em Canudos, que possuía uma planta com esse nome. Este é um exemplo vívido do descaso do Estado brasileiro com os pobres e afro-brasileiros.

  • Impacto no Exército: A campanha causou grande impacto no Exército, que percebeu a necessidade de se modernizar para enfrentar desafios de combate moderno. Passou por diversas reformas nos anos seguintes, inclusive com a contratação de uma missão de instrução do exército francês após a Primeira Guerra Mundial. O General Artur Oscar foi acusado de desviar dinheiro e foi para a reserva.

  • A Pobreza Persistente: O conflito não resolveu os problemas estruturais do sertão, e a pobreza na região se intensificou.

  • Canudos na Historiografia e Cultura Popular:

    • "Os Sertões" de Euclides da Cunha: Euclides da Cunha, engenheiro militar e positivista, foi correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" em Canudos. Inicialmente favorável ao Exército, ele mudou de opinião ao presenciar as barbaridades cometidas contra os sertanejos. Sua obra-prima, "Os Sertões" (1902), baseada em suas observações e pesquisas, tornou-se um marco da literatura brasileira e alterou a percepção do país sobre o sertão e seus habitantes. O livro, que se aproxima da sociologia e da antropologia, analisa as adversidades da "Terra" (geografia), a resiliência do "Homem" (o sertanejo) e a tragédia da "Luta" (o conflito), aplicando teorias deterministas da época. Euclides da Cunha condenou veementemente a campanha, denunciando-a como "um crime".

    • Novos Olhares Historiográficos: A historiografia posterior a Euclides da Cunha buscou ir além das visões iniciais que classificavam os sertanejos como "fanáticos". A História Cultural e a Micro-história, por exemplo, permitiram estudar o cotidiano dos grupos marginalizados, usando fontes como a literatura oral e documentos de época (jornais, obras literárias como "Canudos, História em Versos" de Manuel Pedro das Dores Bombinho). Essas abordagens permitiram perceber a complexidade da sociedade sertaneja, sua autonomia econômica e sua lógica não capitalista, onde valores como honra, coragem e solidariedade eram mais importantes do que a posse de bens materiais.

    • A Participação de Ex-Escravos: Um foco importante dos estudos recentes é a participação decisiva dos ex-escravos na Guerra de Canudos. Sem acesso à terra ou condições de subsistência após a abolição, muitos se juntaram a Antônio Conselheiro na esperança de uma vida digna e livre da opressão. Figuras como Pajeú, um ex-escravo, se tornaram líderes e estrategistas fundamentais na resistência.

    • Outras Obras e Mídia: Canudos inspirou diversas obras literárias (como "A Guerra do Fim do Mundo" de Mario Vargas Llosa), filmes, peças de teatro e até mesmo enredos de carnaval, demonstrando sua relevância duradoura na memória e cultura brasileiras.

6. Canudos: Um Fenômeno Social Recorrente no Brasil (Exceção e Comparação para Concursos)

Canudos não foi um evento isolado, mas se insere em uma série de movimentos messiânicos e sociais que ocorreram no Brasil, especialmente no final do século XIX e início do XX, como a Guerra do Contestado (Sul do Brasil), os movimentos de Juazeiro do Norte (Padre Cícero) e a Revolta da Vacina (contexto urbano).

  • Características Comuns: Estes movimentos, muitas vezes liderados por figuras religiosas carismáticas, eram respostas de populações marginalizadas à modernização forçada, à exclusão social e à falta de atenção do Estado.

  • A "Irracionalidade" Contestada: A academia hoje contesta a visão de que esses movimentos eram apenas "irracionais" ou "frutos de fanatismo". Pelo contrário, eram reações normais de sociedades tradicionais em momentos de crise, onde o apelo a valores religiosos era o único canal possível de revolta. Os líderes, como Conselheiro, não eram psicopatas, mas indivíduos informados e profundos conhecedores da cultura religiosa popular.

  • A Questão do Coronelismo: A estrutura de poder no sertão era marcada pelo Coronelismo, onde grandes proprietários rurais (coronéis) exerciam domínio político e econômico, com seus "capangas" e influência local. A elite do sertão, ao contrário dos camponeses, já estava inserida na lógica capitalista, buscando lucro e utilizando diferentes formas de trabalho (assalariado, agregados, escravos). A autonomia econômica dos sertanejos, baseada em trocas locais e regionais, ao mesmo tempo que garantia sua subsistência, também os mantinha em uma posição subalterna dentro dessa rígida estrutura hierárquica.

  • Canudos como Exemplo de Resistência: Canudos destaca-se pela radicalidade de sua autonomia e pela forma brutal como foi esmagada. Sua organização sociopolítica, que se opunha diretamente à forma de organização opressora do latifúndio, levou ao conflito inevitável. O massacre de Canudos foi um triste episódio onde o Exército foi usado para sufocar sertanejos miseráveis, sob a narrativa de proteger a República, mas na verdade atendendo aos interesses das oligarquias locais.

7. Perguntas Frequentes Sobre a Guerra de Canudos (FAQ)

Para consolidar seu aprendizado, vamos responder às dúvidas mais comuns:

  • Q: Quais foram as principais causas da Guerra de Canudos?

    • R: As causas são multifacetadas:

      • Religiosas: Perseguição da Igreja Católica a Antônio Conselheiro e seus "hereges" que atraíam fiéis.

      • Sociais/Econômicas: A miséria extrema no sertão, a seca, a falta de terra e a desassistência aos ex-escravos após a abolição, que viam em Canudos uma esperança de vida digna e igualitária.

      • Políticas: O desafio de Canudos à autoridade da recém-fundada República (recusa em pagar impostos, críticas ao casamento civil) e o medo das elites e do governo de que o movimento fosse monarquista e abalasse o regime.

  • Q: Quem foi o líder de Canudos?

    • R: O líder principal da comunidade de Canudos foi Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro.

  • Q: Onde aconteceu a Guerra de Canudos?

    • R: A Guerra de Canudos aconteceu no Arraial de Canudos (rebatizado por Conselheiro como Belo Monte), localizado no interior do estado da Bahia, próximo à divisa com Sergipe, às margens do Rio Vaza-Barris.

  • Q: Qual o papel de Euclides da Cunha na Guerra de Canudos?

    • R: Euclides da Cunha foi um correspondente de guerra do jornal "O Estado de S. Paulo" enviado para cobrir o conflito. Suas observações diretas e pesquisas resultaram na monumental obra "Os Sertões", que se tornou a principal referência sobre o tema, denunciando as atrocidades cometidas pelo exército e redefinindo a imagem do sertanejo no imaginário nacional.

  • Q: Qual a relação entre a Guerra de Canudos e o termo "favela"?

    • R: Muitos soldados que participaram da campanha retornaram ao Rio de Janeiro e, sem moradia, ocuparam um morro na cidade. Eles batizaram esse local de "Morro da Favela" em memória de um morro em Canudos onde eles acamparam e que era coberto por uma planta chamada "faveleira". Assim, a Guerra de Canudos é diretamente associada à origem do termo "favela" no Brasil.

  • Q: O movimento de Canudos era monarquista?

    • R: Embora os jornais da época e as autoridades acusassem Antônio Conselheiro de ser um "perigoso monarquista" que queria restaurar a Monarquia, os estudos historiográficos mais recentes indicam que Conselheiro criticava a República pela forma como ela estava sendo implementada (cobrança de impostos, casamento civil, separação Igreja-Estado), mas não há provas de que seu objetivo fosse reinstaurar a Monarquia. Ele defendia um catolicismo popular e uma organização social que desafiava a ordem vigente, mas não necessariamente o retorno do Império.

8. A Importância de Canudos para o Estudo da História

A Guerra de Canudos é um evento fundamental para entender a complexidade da formação da República no Brasil, os desafios enfrentados pelas populações rurais marginalizadas e o papel da mídia e das elites na construção de narrativas oficiais. Ela expõe a brutalidade da repressão estatal contra movimentos sociais que, embora de caráter religioso, eram profundamente enraizados em anseios por justiça social e sobrevivência.

Estudar Canudos é mergulhar nas entranhas de um país em formação, compreendendo as disputas entre litoral e sertão, elite e povo, modernidade e tradição, e reconhecendo a resiliência de um povo esquecido que, através da fé e da organização comunitária, ousou construir uma alternativa à opressão. O legado de Canudos, imortalizado por Euclides da Cunha e revisto pela historiografia contemporânea, continua a ser uma fonte rica de reflexão sobre as desigualdades e as lutas sociais no Brasil.


Espero que este material detalhado seja extremamente útil para seus estudos e pesquisas!

Questões:

  1. Qual foi o líder do movimento na Guerra de Canudos? a) Antônio Conselheiro
    b) Euclides da Cunha
    c) General Artur Oscar
    d) Luís Carlos Prestes

  2. Por que o governo republicano enviou tropas para reprimir a comunidade de Canudos? a) Por considerar o movimento uma ameaça à ordem pública e à unidade nacional
    b) Para ajudar a comunidade a se desenvolver economicamente
    c) Por pressão dos líderes religiosos locais
    d) Para promover a integração dos sertanejos à sociedade urbana

  3. Qual foi o desfecho da Guerra de Canudos? a) Vitória dos sertanejos, que conseguiram manter Canudos como uma comunidade autossuficiente
    b) Trégua entre as partes envolvidas
    c) Derrota dos sertanejos e destruição da comunidade de Canudos
    d) Retirada das tropas do governo, deixando Canudos em paz

Gabarito:

  1. a) Antônio Conselheiro

  2. a) Por considerar o movimento uma ameaça à ordem pública e à unidade nacional

  3. c) Derrota dos sertanejos e destruição da comunidade de Canudos