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10/03/2024 • 19 min de leitura
Atualizado em 27/07/2025

Movimentos sociais e conflitos na colônia: A Revolta de Beckman

Revolta de Beckman: O Grito do Maranhão Contra a Exploração Colonial

A história do Brasil Colônia é rica em movimentos de resistência e conflitos, reflexo das tensões constantes entre os interesses da Coroa Portuguesa e as necessidades e descontentamentos dos colonos. Dentre essas revoltas, a Revolta de Beckman se destaca como um marco importante no Nordeste brasileiro, especificamente no Maranhão, por sua complexidade e pelas causas que a impulsionaram.

Seção 1: Entendendo as Revoltas Coloniais no Brasil – Uma Visão Geral

Para compreender a Revolta de Beckman, é fundamental situá-la no panorama mais amplo dos movimentos sociais e conflitos na colônia portuguesa. O período colonial brasileiro foi marcado por diversas rebeliões, que geralmente surgiam como resposta à exploração econômica, à imposição de monopólios, ao controle excessivo da extração de riquezas e aos altos impostos impostos pela metrópole.

1.1. Definição e Contexto Geral dos Conflitos Coloniais As revoltas coloniais foram manifestações de resistência contra a opressão e exploração exercidas pelas autoridades coloniais em várias partes do Brasil. Elas eclodiram em diferentes regiões do Brasil colonial devido às tensões crescentes entre os colonos e a Coroa Portuguesa. A riqueza de Portugal dependia largamente dos lucros da exploração colonial, sendo o açúcar um dos principais investimentos. Para tentar conter uma profunda crise econômica, a Coroa Portuguesa recorreu a empréstimos financeiros e tratados com a Inglaterra, como o "Tratado de Methuen" (1703), que transferia parte das riquezas das colônias para os ingleses.

Além disso, a Coroa intensificou o controle sobre a produção e o comércio colonial e aumentou os impostos para amenizar sua crise. Essas medidas, juntamente com a proibição do desenvolvimento de indústrias manufatureiras nas colônias e a delimitação das atividades coloniais à agricultura e extração de recursos naturais, geraram grande descontentamento.

1.2. Tipos de Revoltas Coloniais: Nativistas vs. Emancipacionistas (Separatistas) As revoltas coloniais no Brasil podem ser classificadas em dois tipos principais, com objetivos e características distintas:

  • Revoltas Nativistas: Eram lideradas pelos próprios habitantes nativos das localidades (colonos nascidos na colônia ou que viviam nela há muito tempo). Seu principal objetivo era defender os interesses locais contra a exploração colonial e os abusos da metrópole, mas não propunham a ruptura com o domínio colonial nem manifestavam um sentimento de unidade nacional. Geralmente, focavam em questões específicas, como altos impostos, monopólios comerciais, falta de mão de obra ou outros abusos dos colonizadores. A Revolta de Beckman é um exemplo clássico de revolta nativista. Outros exemplos incluem a Guerra dos Emboabas (Minas Gerais, 1707-1709), a Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710-1711) e a Revolta de Filipe dos Santos (Minas Gerais, 1720).

  • Revoltas Emancipacionistas (Separatistas): Estas revoltas possuíam um objetivo mais radical: conquistar a independência política das regiões em revolta em relação à Metrópole portuguesa. Eram lideradas por grupos que almejavam a autonomia ou mesmo a completa separação de suas regiões do domínio português. Exemplos notáveis são a Inconfidência Mineira (Minas Gerais, 1789), a Conjuração Baiana (Bahia, 1798) e a Revolução Pernambucana (Pernambuco, 1817).

1.3. Principais Causas Comuns das Revoltas Coloniais As causas que levaram a esses levantes eram multifacetadas:

  • Exploração econômica: A exploração desenfreada de recursos como ouro e açúcar, muitas vezes associada a altos impostos, monopólios comerciais e práticas abusivas.

  • Altos impostos e tributos: A Coroa Portuguesa impunha taxas pesadas para financiar suas guerras e a administração colonial, sobrecarregando os colonos.

  • Restrições comerciais: O monopólio comercial da metrópole limitava as oportunidades dos colonos, que eram obrigados a vender seus produtos apenas para Portugal e comprar mercadorias a preços inflacionados.

  • Conflitos étnicos e sociais: As tensões entre portugueses, indígenas, africanos escravizados e mestiços eram frequentes e podiam gerar conflitos.

  • Abusos de poder: Autoridades coloniais frequentemente utilizavam métodos coercitivos e autoritários para impor as leis e os interesses da Coroa.

  • Desejo de autonomia e liberdade: Muitos colonos almejavam maior participação nas decisões e a liberdade para determinar seu próprio destino.

Seção 2: A Revolta de Beckman – O Cenário Maranhense

A Revolta de Beckman é um dos exemplos mais claros de como as políticas metropolitanas e a crise econômica geravam insatisfação e levantes no Brasil Colônia.

2.1. Onde e Quando Ocorreu? A Revolta de Beckman ocorreu no então Estado do Maranhão (que na época compreendia os atuais territórios do Maranhão, Ceará, Piauí, Pará e Amazonas), especificamente na cidade de São Luís, entre os anos de 1684 e 1685. É tradicionalmente considerada um movimento nativista na historiografia brasileira.

2.2. Maranhão no Século XVII: Um Período de Crise O Estado do Maranhão, criado em 1621, subordinava-se diretamente à Coroa Portuguesa. Suas atividades econômicas incluíam lavoura de cana, produção de açúcar, cultivo de tabaco, pecuária (para exportação de couros) e coleta de cacau e outras "drogas do sertão". No entanto, a economia local era bastante simples e trazia pouco retorno financeiro, o que resultava em uma população majoritariamente pobre, que vivia da coleta, pesca e agricultura de subsistência.

A partir de meados do século XVII, o Maranhão enfrentava uma grave crise econômica. A expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil havia deixado a economia açucareira regional sem condições de arcar com os altos custos de importação de escravos africanos. A falta de mão de obra escrava era um problema crônico na região.

2.3. Os Protagonistas: Irmãos Beckman e Outros Atores Sociais A revolta foi liderada pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman. Manuel Beckman era um proprietário de engenho e um dos principais líderes da revolta, conhecido por sua personalidade forte e persuasão. Tomás Beckman, seu irmão, era advogado e teve um papel secundário no movimento, atuando como emissário. Jorge de Sampaio de Carvalho também foi um líder importante.

A Revolta de Beckman foi apoiada por uma coalizão de grupos sociais insatisfeitos, incluindo:

  • Comerciantes locais e proprietários rurais (senhores de engenho): Insatisfeitos com o monopólio da Companhia de Comércio do Maranhão, que prejudicava seus negócios.

  • População em geral: Descontente com a baixa qualidade, altos preços e escassez de produtos essenciais fornecidos pela Companhia.

  • Clérigos (não jesuítas) e até o bispo: Condenavam o monopólio e apoiavam os revoltosos.

  • Apresadores de indígenas: Reclamavam das leis que proibiam a escravidão dos nativos, indo contra seus interesses econômicos.

Manuel Beckman, particularmente afetado pela proibição do uso de mão de obra indígena, uniu outros prejudicados pela situação, contando com o apoio de diversas ordens religiosas como franciscanos e carmelitas.

Seção 3: As Causas Profundas da Revolta de Beckman – Conflitos e Monopólios

As causas da Revolta de Beckman eram complexas e giravam principalmente em torno de dois pilares: o monopólio comercial da Companhia de Comércio do Maranhão e a questão da mão de obra indígena e jesuíta.

3.1. A Companhia de Comércio do Maranhão: O Estopim da Revolta Para tentar solucionar a crise de abastecimento e mão de obra na região, a Coroa Portuguesa instituiu a Companhia de Comércio do Maranhão em 1682, com um caráter monopolista. Essa companhia detinha o monopólio de todo o comércio no Maranhão por 20 anos, conhecido como "estanco".

Suas obrigações incluíam:

  • Fornecer 10 mil escravos africanos em 20 anos (500 por ano) para a região, comercializando-os a prazo e com preços tabelados.

  • Fornecer tecidos manufaturados e outros bens europeus essenciais, como bacalhau, vinhos e farinha de trigo, à população local.

  • Comprar os produtos locais (cacau, baunilha, pau-cravo e tabaco) exclusivamente da região, por preços tabelados, e enviar anualmente navios para Lisboa.

No entanto, a Companhia não conseguiu cumprir adequadamente seus compromissos, agravando a crise econômica e o descontentamento. As principais queixas eram:

  • Desvalorização dos produtos locais: A Companhia pagava preços muito baixos pelos produtos dos proprietários rurais.

  • Cobrança excessiva e baixa qualidade dos bens importados: As mercadorias da metrópole eram vendidas a preços altíssimos, eram de baixa qualidade e chegavam em quantidades insuficientes ou em péssimas condições.

  • Fraude nos pesos e medidas.

  • Irregularidade das frotas: Isso causava a deterioração de produtos que aguardavam embarque.

  • Não cumprimento da promessa de fornecimento de escravos africanos: A Companhia não entregava o número de escravos prometido, aumentando a crise de mão de obra.

3.2. A Questão da Mão de Obra: Jesuítas e Indígenas Um dos pontos mais sensíveis da crise no Maranhão era a falta de mão de obra escrava. Os colonos desejavam a escravização de indígenas para suprir suas necessidades, especialmente na lavoura, dado que os escravos africanos eram caros e escassos.

No entanto, os jesuítas eram veementemente contrários à escravização dos indígenas, pois buscavam protegê-los, catequizá-los e utilizá-los em suas próprias missões (na coleta de "drogas do sertão"). A atuação do padre Antônio Vieira na década de 1650 foi fundamental na defesa dos indígenas e na implantação das missões jesuíticas.

Essa rivalidade entre jesuítas e senhores de engenho foi agravada por uma lei de 1680 (autorizada por D. Pedro II de Portugal), que impedia a escravização de nativos no Estado do Maranhão e entregava o controle do trato dos indígenas exclusivamente aos jesuítas. Para os colonos, essa lei era um obstáculo à sua produção e um abuso de poder.

3.3. Outros Fatores de Descontentamento

  • Rivalidade entre São Luís e Belém: Os habitantes de São Luís sentiam-se prejudicados pelo fato de o governador da província, Francisco de Sá e Menezes, preferir morar em Belém do Pará.

  • Miséria popular: A pobreza na qual grande parte da população era forçada a viver também serviu de motivação para a revolta.

Seção 4: O Desenrolar da Revolta – Do Levante à Junta Revolucionária

A insatisfação generalizada culminou na deflagração da revolta, que foi cuidadosamente planejada.

4.1. A Eclosão do Movimento (24 de fevereiro de 1684) A revolta eclodiu na noite de 24 de fevereiro de 1684, durante as festividades de Nosso Senhor dos Passos, aproveitando a ausência do governador Francisco de Sá de Meneses, que estava em visita a Belém do Pará. Um grupo de 60 a 80 homens, sob a liderança de Manuel e Tomás Beckman e Jorge de Sampaio de Carvalho, mobilizou-se para a ação.

4.2. A Tomada de São Luís e as Primeiras Medidas Os revoltosos assaltaram os armazéns da Companhia de Comércio do Maranhão. Nas primeiras horas do dia seguinte, tomaram o Corpo da Guarda em São Luís, prenderam o capitão-mor Baltasar Fernandes, e expulsaram os jesuítas da região, invadindo seu colégio e profanando o oratório.

Com a cidade de São Luís sob controle, os rebeldes formaram uma Junta Geral de Governo (também chamada de Junta dos Três Estados), composta por seis membros, incluindo representantes de latifundiários, clero (não jesuíta) e comerciantes. Para legitimar o novo governo, foi celebrado um Te Deum.

As principais deliberações dessa Junta foram:

  • Deposição do Capitão-mor (Baltasar Fernandes).

  • Deposição do Governador (Francisco de Sá de Meneses).

  • Abolição do estanco (monopólio comercial).

  • Extinção da Companhia de Comércio do Maranhão.

  • Expulsão dos Jesuítas do Maranhão.

4.3. Tentativas de Legitimação e Busca por Apoio O governo revolucionário tentou expandir o movimento e buscar legitimação. Emissários foram enviados a Belém do Pará para tentar a adesão dos colonos de lá, mas a proposta de depor as armas em troca de anistia e benefícios foi recusada pelos revoltosos. Tomás Beckman foi enviado a Lisboa para tentar convencer as autoridades metropolitanas da justiça do movimento, mas foi preso no Reino e enviado de volta ao Maranhão para ser julgado. Durante mais de um ano, São Luís permaneceu sob o comando dos rebeldes.

Seção 5: A Repressão da Coroa Portuguesa e o Fim da Revolta

Como era de praxe na administração colonial portuguesa, a Coroa reagiu com força e violência para restabelecer sua autoridade e controle sobre a colônia.

5.1. A Intervenção da Metrópole Em maio de 1685, a Coroa Portuguesa enviou uma nova esquadra para São Luís, comandada por Gomes Freire de Andrade, o novo governador do Maranhão. Gomes Freire de Andrade desembarcou em São Luís em 15 de maio de 1685 à frente de tropas militares portuguesas e não encontrou resistência significativa, uma vez que o movimento já apresentava defecções e enfraquecimento.

5.2. A Captura e Punição dos Líderes O novo governador restabeleceu as autoridades depostas e ordenou a prisão e o julgamento dos envolvidos na revolta, além do confisco de suas propriedades. Muitos cidadãos de São Luís fugiram com medo das punições.

Os líderes da Revolta de Beckman receberam sentenças severas:

  • Manuel Beckman e Jorge de Sampaio de Carvalho foram condenados à morte por forca. Manuel Beckman foi enforcado em 2 ou 10 de novembro de 1685, e suas últimas palavras teriam sido: "Morro feliz pelo povo do Maranhão!". Curiosamente, Gomes Freire teria arrematado seus bens em leilão público e os devolvido à viúva e filhas de Beckman.

  • Tomás Beckman e Eugênio Ribeiro Maranhão foram presos. Tomás Beckman, inclusive, foi preso em Lisboa ao tentar justificar o movimento.

  • Belquior Gonçalves foi açoitado e degredado (exilado) de volta para Portugal.

  • Outros envolvidos foram condenados à prisão perpétua ou multados. Um episódio notável foi a traição de Lázaro de Melo, afilhado de Manuel Beckman, que o entregou às autoridades em troca do cargo de Capitão dos Ordenanças, mas foi repudiado por seus comandados.

5.3. As Consequências Imediatas para o Maranhão Com o fim da revolta, algumas medidas foram tomadas e outras revertidas:

  • A Companhia de Comércio do Maranhão foi extinta. A grande rejeição popular a ela, evidenciada pela revolta, foi um fator decisivo.

  • Os jesuítas retornaram ao Maranhão e continuaram a explorar a mão de obra indígena.

  • A proibição da escravização de indígenas foi revista: uma nova lei em vigor a partir de abril de 1688 estabeleceu critérios para a escravização de indígenas, transferindo o controle dessas questões para a Fazenda Real e a Corte, o que permitiu a retomada de expedições de captura de indígenas ("descimentos"). A escravização de indígenas só foi proibida definitivamente em 1755 por ordem do Marquês de Pombal.

Seção 6: O Legado da Revolta de Beckman – Nativismo e Implicações Históricas

A Revolta de Beckman é mais do que um simples episódio de insatisfação; ela oferece importantes reflexões sobre as dinâmicas sociais e econômicas do Brasil Colônia e sobre o desenvolvimento de um sentimento nativista.

6.1. Classificação como Movimento Nativista A Revolta de Beckman é amplamente classificada como um movimento nativista. Isso se deve ao fato de que, embora questionasse as iniciativas da administração metropolitana e buscasse defender os interesses locais dos colonos, ela não propunha a ruptura com o domínio colonial. O movimento não manifestava um sentimento de unidade nacional brasileiro, mas sim uma defesa dos interesses regionais e específicos do Maranhão.

Alguns historiadores, influenciados pela visão economicista, argumentam que a classificação como "nativista" obedece mais a critérios de sistematização do que a uma motivação verdadeiramente nacionalista. Para eles, seria um movimento isolado que contestava apenas um aspecto da dominação metropolitana: o monopólio. No entanto, é importante notar que o monopólio era uma instituição fundamental da ordem colonial. Apesar disso, o pedido de apoio ao Pará e a declaração de Manuel Beckman de que morria "feliz pelo povo do Maranhão" indicam o esboço de um sentimento nativista, claramente desencadeado por razões econômicas.

6.2. Impacto a Longo Prazo e a Visão Historiográfica Apesar da violenta repressão, a Revolta de Beckman foi um claro sinal do descontentamento dos colonos com as políticas da Coroa Portuguesa e da luta por mais autonomia e liberdade econômica no Brasil Colonial. A situação de pobreza da população maranhense persistiu no século XVIII.

Na segunda metade do século XVIII, a administração do Marquês de Pombal (1750-1777) tentou implementar soluções para os graves problemas da região. Dentro de sua política reformista, Pombal criou a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão em 1755. Essa nova companhia, aproveitando-se de situações externas favoráveis (como a Revolução Industrial na Inglaterra e a Guerra de Independência das Treze Colônias), estimulou o plantio de algodão no Maranhão, financiando a atividade. Embora a exportação tenha crescido significativamente por um tempo, o declínio veio quando a Inglaterra reatou relações com sua antiga colônia.

A expulsão dos jesuítas promovida por Pombal também desorganizou a coleta das drogas do sertão na Amazônia. Essas e outras dificuldades levaram à extinção do Estado do Maranhão em 9 de julho de 1774, com suas antigas capitanias sendo subordinadas ao Vice-rei do Brasil, no Rio de Janeiro.

A Revolta de Beckman, juntamente com a República de Pastos Bons e a Balaiada, demonstrou os questionamentos ao sistema colonial, embora os representantes do sistema colonial tenham conseguido reverter esses movimentos.

6.3. A Revolta na Cultura Popular: A Obra Dramática A memória de Manuel Beckman e da revolta foi perpetuada na cultura, sendo um exemplo notável a peça teatral "Manoel Beckman - Drama Histórico em Verso e em Seis Atos", de autoria de Domingos Joaquim da Fonseca, escrita em 1888. Essa obra dramatiza a trajetória e o martírio de Manuel Beckman, exaltando sua liderança e apresentando-o como mártir da resistência, mesmo diante da execução. A peça resgata o episódio como parte fundamental da formação da consciência cívica brasileira, especialmente no Maranhão, e traz uma forte mensagem de crítica ao poder absolutista e à repressão colonial.

Seção 7: Pontos Essenciais para Concursos Públicos e Dúvidas Comuns

Para quem se prepara para concursos públicos ou busca uma compreensão aprofundada, focar nos seguintes pontos é crucial:

7.1. Recapitulação das Causas e Consequências (Muito Cobrado)

  • Causas Principais:

    • Monopólio da Companhia de Comércio do Maranhão (o "estanco"). A Companhia falhava em fornecer escravos, vendia produtos caros e de má qualidade, e pagava pouco pelos produtos locais.

    • Conflito entre colonos e jesuítas pela mão de obra indígena. Os jesuítas impediam a escravização dos indígenas, que os colonos consideravam essencial, enquanto a Coroa proibia a escravidão indígena.

    • Miséria e descontentamento geral da população.

  • Consequências Principais:

    • Revolta violentamente reprimida pela Coroa Portuguesa.

    • Líderes Manuel Beckman e Jorge de Sampaio foram enforcados.

    • Extinção da Companhia de Comércio do Maranhão.

    • Retorno dos jesuítas e a revisão da lei sobre a escravização indígena (com critérios para a escravização, até a proibição final por Pombal em 1755).

7.2. A Distinção Crucial: Nativista, Não Separatista Este é um ponto fundamental em exames: a Revolta de Beckman foi uma revolta nativista, e não separatista ou emancipacionista.

  • Objetivo: Questionava o monopólio comercial e os abusos da Companhia e dos jesuítas, buscando melhorias nas condições locais e mais autonomia econômica.

  • Não buscava: A independência do Brasil ou do Maranhão em relação a Portugal. Não havia um projeto de unidade nacional ou de ruptura com a metrópole.

7.3. O Papel da Companhia e dos Jesuítas (Dúvida Comum)

  • Companhia de Comércio do Maranhão: É o alvo principal da revolta. Era uma companhia monopolista criada pela Coroa para gerenciar o comércio e o fornecimento de escravos, mas que gerou grande insatisfação devido à má gestão e abusos.

  • Jesuítas: Eram os defensores da liberdade dos indígenas (para catequizá-los e usá-los em suas missões) e, por isso, eram vistos como inimigos dos colonos que dependiam da mão de obra nativa. Foram expulsos pelos revoltosos, mas retornaram após a repressão.

7.4. Líderes e Desfecho

  • Líderes: Manuel Beckman (proprietário de engenho, principal líder) e Tomás Beckman (advogado, irmão de Manuel).

  • Desfecho: Repressão pela Coroa, com a chegada do governador Gomes Freire de Andrade. Execução de Manuel Beckman e Jorge de Sampaio. Extinção da Companhia e retorno dos jesuítas.

7.5. Crise Econômica Portuguesa e Medidas da Coroa (Contexto Mais Amplo) As revoltas coloniais são intrinsecamente ligadas à crise econômica que Portugal enfrentava.

  • Portugal sob domínio espanhol: Perdeu territórios coloniais para holandeses, franceses e ingleses. Os territórios mantidos não geravam os mesmos lucros.

  • Endividamento: A Coroa recorreu a empréstimos e tratados (como o Tratado de Methuen com a Inglaterra em 1703) que transferiam riquezas das colônias para os credores.

  • Medidas para conter a crise: Aumento de impostos, ampliação do monopólio comercial (Pacto Colonial), proibição de manufaturas e delimitação das atividades coloniais à agricultura e extração de recursos. A criação de companhias de comércio monopolistas, como a Companhia de Comércio do Maranhão (1682), a Companhia Geral de Comércio do Brasil (1649) e o Conselho Ultramarino (1642), visava a administrar e controlar os negócios e as finanças do império colonial.

Dúvida Comum: Por que, apesar da revolta ter sido reprimida, a Companhia de Comércio do Maranhão foi extinta? A extinção da Companhia não foi um sinal de "vitória" dos revoltosos no sentido de impor sua vontade diretamente à Coroa, mas sim um reconhecimento por parte da metrópole de que a Companhia era um fracasso em sua gestão e que seu modelo gerava instabilidade e revoltas. A Coroa portuguesa, ao mesmo tempo em que reprimia a desordem, precisava buscar soluções para os problemas que a causaram. A Companhia estava falhando em seus objetivos de fomentar a economia e, em vez disso, aprofundava a crise e a insatisfação. A violenta revolta foi um claro sinal para a Coroa de que a Companhia era insustentável.

Conclusão

A Revolta de Beckman (1684-1685) é um capítulo essencial na compreensão da história colonial do Brasil e dos movimentos sociais e conflitos na colônia. Liderada pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, ela foi uma resposta contundente da população do Maranhão aos abusos da Companhia de Comércio do Maranhão e à questão da mão de obra indígena, fortemente influenciada pela atuação dos jesuítas.

Embora tenha sido violentamente reprimida, culminando na execução de Manuel Beckman, o movimento alcançou uma de suas principais reivindicações: a extinção da Companhia de Comércio do Maranhão. Contudo, a Coroa Portuguesa manteve sua política de controle, permitindo o retorno dos jesuítas e revisando as leis sobre a escravidão indígena.

Classificada como uma revolta nativista, a Revolta de Beckman não visava à independência, mas sim à defesa dos interesses locais e à contestação de aspectos específicos da dominação metropolitana. Sua análise nos permite entender as tensões inerentes ao sistema colonial, a luta por autonomia econômica e as raízes dos sentimentos de descontentamento que, mais tarde, levariam a movimentos emancipacionistas no Brasil. A memória de Manuel Beckman, inclusive, é celebrada em obras culturais, como a peça teatral "Manoel Beckman", que perpetua seu legado como símbolo de resistência. O estudo aprofundado da Revolta de Beckman é, portanto, indispensável para qualquer estudante ou concurseiro que busque dominar a história do Brasil colonial.

Questões:

  1. Quem liderou a Revolta de Beckman no Maranhão em 1684?

a) Manuel Beckman
b) Dom Pedro I
c) Tiradentes
d) Zumbi dos Palmares

  1. Contra qual instituição os revoltosos se opuseram durante a Revolta de Beckman?

a) Igreja Católica
b) Companhia de Comércio do Maranhão
c) Coroa Portuguesa
d) Governo local

  1. Qual foi o principal resultado da Revolta de Beckman?

a) Independência do Brasil
b) Estabelecimento de uma república no Maranhão
c) Deposição do governador local
d) Repressão pelas forças militares portuguesas

Gabarito:

  1. a) Manuel Beckman

  2. b) Companhia de Comércio do Maranhão

  3. d) Repressão pelas forças militares portuguesas