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22/09/2025 • 13 min de leitura
Atualizado em 22/09/2025

O que é o "Mal do Século"?

O MAL DO SÉCULO (ULTRARROMANTISMO): CARACTERÍSTICAS, AUTORES E OBRAS ESSENCIAIS DA 2ª GERAÇÃO ROMÂNTICA

O Romantismo brasileiro é um período fundamental na história da literatura nacional, marcado por profundas transformações estéticas e sociais, tendo seu início com a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836. Tradicionalmente, a poesia romântica no Brasil é segmentada em três fases ou gerações por motivos didáticos: a nacionalista (Primeira Geração ou Indianismo), a ultrarromântica (Segunda Geração) e a condoreira (Terceira Geração ou Geração Social).

Este material de estudo foca na Segunda Geração Romântica, também denominada Ultrarromantismo ou, de forma mais marcante, “Mal do Século”. Este é um tema de altíssima relevância em provas de concursos públicos e vestibulares, exigindo do estudante não apenas a memorização de autores, mas também a compreensão profunda de suas características psicológicas e estéticas.


1. O Que É o "Mal do Século"?

A expressão "Mal do Século" (mal du siècle, em francês, cunhada por Chateaubriand) é o rótulo dado pelos críticos portugueses à fase ultrarromântica, que se desenvolveu no Brasil aproximadamente entre 1853, com a publicação póstuma de Obras Poéticas de Álvares de Azevedo, e 1879, antes do surgimento do condoreirismo de Castro Alves.

1.1. Definição Literária (O Conceito Estético)

O Mal do Século é um tópico literário que se refere a uma profunda crise de crenças e valores sentida na Europa no século XIX, inserida no contexto do Romantismo. Esse sentimento coletivo na literatura é caracterizado por:

  • Tédio de Viver (Spleen): Uma profunda insatisfação, melancolia e desencanto.

  • Desilusão e Pessimismo: Um sentimento de inutilidade e futilidade da existência.

  • Inquietude Perpétua: Interrogações existenciais que permanecem sem resposta.

  • Egocentrismo Extremo e Narcisismo: Uma tendência ao individualismo exacerbado, buscando a solidão e comprazendo-se na meditação dos próprios males e da superioridade.

Essa crise existencial é frequentemente atribuída ao vazio deixado pelo racionalismo iluminista. Os autores ultrarromânticos, como Álvares de Azevedo e seus contemporâneos, trocam os motivos nacionalistas e ingênuos da geração anterior pelo tédio, a desesperança e o satanismo.

1.2. A Dupla Face do "Mal do Século" (Conteúdo Prioritário para Concursos)

Um ponto crucial e que gera muitas dúvidas nas provas é a dupla aplicação da expressão Mal do Século:

  1. Tendência Literária/Psicológica: O sentimento de decadência, melancolia, e desejo de morte decorrente dos amores frustrados e não correspondidos, levando a uma vida boêmia e desregrada, na busca pela fuga da realidade.

  2. Doença Epidêmica: O nome também era dado à tuberculose, que se alastrou no século XIX, matando muitos jovens artistas e intelectuais da época.

Os poetas dessa geração, ao concretizarem o desejo mórbido de seus eus-líricos (o desejo de morrer), acabavam por sucumbir à tuberculose, inter-relacionando o sofrimento da vida (o mal do século tendência romântica) com a morte precoce (o mal do século doença).


2. Contexto Histórico e Influências Estrangeiras

2.1. O Byronismo e o Ideal do Anti-Herói

A Segunda Geração Romântica no Brasil é frequentemente chamada de Geração Byroniana ou Byronismo, devido à forte influência do poeta inglês George Gordon, Lord Byron (1788-1824).

  • Vida de Lord Byron: Byron, que herdou o título de Lord aos 16 anos, chocou a sociedade aristocrática londrina com seus casos amorosos sucessivos, envolvendo-se intimamente com homens e mulheres. Ele viajou pela Europa em busca de emoções e viveu uma vida de excessos, boêmia e desregrada.

  • O Modelo Byroniano: O poeta inglês tornou sua imagem um misto de Satã, Fausto e D. Juan, representando o modelo da juventude liberal europeia, caracterizada pela melancolia que evolui para o desespero e o desprezo pela sociedade.

  • Imitação no Brasil: A atividade poética brasileira dessa fase se vinculou à corrente byroniana, sendo uma espécie de "imitação" da vida desregrada e livre do poeta inglês. A poesia sentimental ultrarromântica brasileira expressa melancolia, pessimismo e a fuga da realidade.

2.2. A Sociedade Epicuréia (O Cenário Brasileiro)

As raízes dessa onda de imitação da vida e obra de Byron no Brasil foram encontradas na "Sociedade Epicuréia", fundada em São Paulo, em 1845.

  • Integrantes e Atividades: A sociedade congregava estudantes da Faculdade de Direito, como Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães. Eles se reuniam em locais isolados para cometer "toda a sorte de desvarios".

  • Estilo Gótico e Satanismo: Os membros organizavam ceias escolásticas e libações, chegando a beber conhaque em crânios, em um estilo "bem ao estilo hamletiano". Essa aventura acadêmica encontrava nas aventuras de Byron o exemplo para se entregar ao desvario. Essa atmosfera criada pela Sociedade Epicuréia, com suas orgias e delírios, influenciou a poesia do grupo.

2.3. Outras Influências

Além de Lord Byron, os autores desta geração foram influenciados pela poesia de Alfred de Musset. Álvares de Azevedo, especificamente, era um leitor ávido de Byron, Shakespeare, Heine e Musset, demonstrando um gosto acentuado pelo satanismo que fascinou sua geração. A arte gótica, como a obra “The Nightmare”, de Fuseli (1782), também inspirou muitos ultrarromânticos brasileiros.


3. As Características Estéticas Detalhadas

A fase ultrarromântica é marcada por um lirismo subjetivo profundo. O Romantismo, nesse momento, é definido como um "progressivo dissolver-se de hierarquias (Pátria, Igreja, Tradição) em estados de alma individuais".

3.1. Sentimentalismo Exacerbado e Egocentrismo

O egocentrismo e individualismo são marcas dessa fase, onde o artista volta-se para si, colocando-se como centro do universo poético. O sentimentalismo exacerbado e a tendência a exagerar as emoções permeiam a literatura, alcançada pelo uso excessivo de adjetivos e pontuação expressiva.

3.2. A Fuga e o Escapismo da Realidade

Uma consequência direta do sentimento de insatisfação (o Mal do Século) é a necessidade de fuga ou escapismo. Os poetas procuram evadir-se do "mal do século" pela deserção da vida, embora paradoxalmente ajam de forma epicurista, levados pela paixão da existência.

O Romantismo apresenta a fuga em duas dimensões principais:

  • Fuga para a Natureza: Embora o culto à natureza seja herdado do Arcadismo, ela serve como um lugar onde o romântico, sentindo-se separado e incompreendido, encontra conforto e paz, construindo paisagens ideais.

  • Fuga para o Tempo (Passado Pessoal): O romântico busca o passado da infância, um momento da vida em que os conflitos e problemas atuais ainda não existiam, idealizando a vida passada em contraste com o presente hostil.

3.3. O Amor Impossível e a Mulher Idealizada

A temática amorosa é quase absoluta na Segunda Geração, mas sempre retratada de forma pessimista e trágica.

  • Amor Platônico: O amor é sempre inatingível e sem concretização carnal. O encontro amoroso acontece no mundo da imaginação, do sonho e da fantasia.

  • Idealização Feminina: A mulher amada é tratada como um ser inatingível, superior, perfeita, associada a imagens de pureza e virgindade. Muitas vezes, essa figura é um "ideal 'numinoso'".

Essa perspectiva leva ao tema do "amor-medo", uma relação dialética entre amor e medo, motivada, talvez, pela inexperiência amorosa dos poetas, que eram muito jovens.

3.4. O Culto à Morte e o Macabro

A visão da morte, ao mesmo tempo desejada e temida, aparece como a solução derradeira para todos os conflitos e sofrimentos.

  • Escapismo pela Morte: A morte é bem-vinda, pois o que não pode ser concretizado no plano material (o amor) o será no plano espiritual. A morte é vista como um encontro com a mulher idealizada que o esperaria em outro plano, como um anjo.

  • Temas Mórbidos: Temáticas associadas à morte, como o satanismo e a necrofilia, são cultivadas na construção da imagem do poeta ultrarromântico. O clima macabro e funéreo é agravado pelo byronismo.

  • O Sonho e a Morte: O tema da morte se manifesta por meio da obsessão pelo sonho, que transporta a volúpia banida da consciência para as trevas da fantasia.


4. Os Grandes Expoentes e Obras-Chave

Os principais expoentes do Ultrarromantismo no Brasil são Álvares de Azevedo (o maior expoente), Fagundes Varela, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire.

4.1. Álvares de Azevedo (1831-1852)

Considerado o maior expoente do ultrarromantismo brasileiro, Álvares de Azevedo foi um "menino-prodígio" que produziu uma obra volumosa e variada, publicada postumamente após sua morte aos 21 anos, vítima de tuberculose.

  • A Dualidade Estética (Binomia): Sua poesia é marcada por um espírito crítico e pelo desejo de criar o choque de tonalidades e a contradição. Ele próprio denominava essa dualidade antitética de "binomia", evidenciando duas formas de ver a realidade: o polo sentimental e o polo irônico.

  • Obra Mais Representativa: Lira dos Vinte Anos (1853): O poema está dividido em três partes que se misturam e se completam:

    • Primeira Parte (Sentimental/Platônica): Caracterizada pelo lirismo sentimental, erotismo imaginário, dores do coração, medo da morte, a mulher idealizada, sonho e fantasia. Contém poemas como A Canção do Sertanejo (amor-medo e sentimento espiritualizado) e Vida (aborda a identificação incestuosa da amada com a mãe e a irmã, o que remete à tensão dual da adolescência).

    • Segunda Parte (Irônica/Sarcástica): O poeta "prepara o leitor para a mudança". Apresenta um Romantismo irônico e sarcástico, distanciando-se da donzela e poetizando objetos cotidianos para fugir totalmente da vida.

    • Terceira Parte (Retorno Sentimental): Retoma a poesia sonhadora e sentimental da primeira parte. Nela está o poema Meu Sonho (considerado por Antonio Candido como um dos mais fascinantes e bem compostos) e o antológico Se eu morresse amanhã (que expressa o byronismo exacerbado e o escapismo pela morte).

  • Prosa e Teatro (Exceção na Geração): Embora o foco da 2ª Geração seja a poesia, Azevedo produziu prosa (contos fantásticos como Noite na Taverna) e o drama gótico Macário (1855). Macário é uma produção importante que reúne suas facetas de leitor byroniano, shakespeariano e de Musset, com um gosto acentuado pelo satanismo. A peça é notável por dar voz ao Demônio, com o gótico imperando em falas como: "Eu sou o Diabo. Boa noite, Macário...".

4.2. Casimiro de Abreu (1839-1860)

Casimiro de Abreu é conhecido por ser um poeta mais delicado e melancólico, tornando-se predileto das jovens leitoras, sendo descrito como "quase feminino no tom melancólico". Em sua obra Primaveras (1859), há poemas que expressam a fuga para o passado pessoal, como o famoso "Oh! Que saudades que tenho / Da aurora da minha vida, / Da minha infância querida...". Faleceu jovem, aos 21 anos, de tuberculose.

4.3. Fagundes Varela (1841-1875)

Fagundes Varela é considerado "o maior dentre os menores poetas" saídos das Arcadas paulistas. Sua produção poética não foi linear, mas em zigue-zague, transitando entre temas ultrapassados e anúncios do futuro.

  • Byronismo com Transição: Embora classificado como ultrarromântico, sua obra já apresentava características da Terceira Geração Romântica (condoreirismo), introduzindo a temática do negro em Mauro, o escravo.

  • Temas Religiosos: O melhor de sua inventividade reside nos poemas de teor religioso. Seu Cântico do Calvário, escrito pela morte de seu filho Emiliano, tem dimensão épica, transformando a dor pessoal em poesia de superior quilate.

  • Temática: Sua poética se organiza em torno de morte, tristeza, ânsia de infinito e revolta, colocando-o na condição de "maldito". Fagundes Varela também morreu devido à tuberculose, aos 34 anos.

4.4. Junqueira Freire (1832-1855)

Junqueira Freire reflete em sua obra o tenso convívio entre Eros e Thanatos (pulsões da vida e da morte), selando a personalidade do religioso e do artista malogrado.

  • "O Mártir da Psicose Romântica": Foi atacado, como nenhum outro, pelo "mal do século". Faleceu aos 23 anos.

  • Obra e Temas: Sua principal obra é Inspirações do Claustro (1855), que registra suas experiências monacais. É um poeta que se rebela contra as regras de seu universo e expressa horror, desejo reprimido, sentimento de pecado e remorso.


5. Comparação e Contexto para Exames

5.1. Distinção Crucial entre Gerações (Foco no Ultra-Romantismo)

Geração

Denominação Alternativa

Período (Aprox.)

Característica Predominante

Autores Chave

Primeira

Nacionalista, Indianista, Nativista

1836–1853

Exaltação da Pátria e da Natureza; O índio como herói.

Gonçalves Dias, José de Alencar (Prosa Indianista)

Segunda

Ultrarromântica, Mal do Século, Byroniana

1853–1879

Pessimismo, tédio, desejo de morte, amor platônico e escapismo.

Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu

Terceira

Condoreira, Liberal, Social, Hugoana

1870s

Compromisso social, abolicionismo, republicanismo.

Castro Alves

5.2. A Importância da Prosa Romântica (Exceções de Machado e Alencar)

Embora o Ultrarromantismo seja predominantemente poético, é essencial notar as distinções na prosa, frequentemente cobradas em provas:

  • A Prosa Romântica (Não se divide em gerações): A prosa narrativa, exceto em poucos casos como Macário e Noite na Taverna de Álvares de Azevedo, corre por outra vertente. Ela se divide por tipo de romances: Indianista (O Guarani, Iracema), Histórico, Regionalista (O Cabeleira de Franklin Távora, Inocência de Visconde de Taunay), e Urbano (Senhora de José de Alencar).

  • Machado de Assis (O Ponto de Transição): Machado de Assis, embora tenha tido obras iniciais com traços românticos (Ressurreição, 1872), marca a transição para o Realismo a partir de 1881, com Memórias Póstumas de Brás Cubas. Machado é um autor essencial, mas sua fase mais conhecida e relevante para o Realismo é a que sucede cronologicamente o Romantismo.

5.3. O Papel do Estudo da Literatura em Concursos

O conhecimento sobre a periodização da história literária deve ser visto como um artifício didático, permitindo ao aluno reconhecer características e tendências.

  • Foco na Análise, não no "Decoreba": As provas recentes de concursos, vestibulares e ENEM têm se focado menos na memorização de datas e mais na interpretação de textos de apoio aplicados aos movimentos literários, ao pensamento da época e às características da obra. O conhecimento do Ultrarromantismo, por exemplo, fornece rica documentação para a psicanálise e a compreensão dos sujeitos social e psicológico de uma época.

  • Gêneros e Autores Mais Cobrados: O Mal do Século, com seus temas de egocentrismo, sentimentalismo e idealização (e a dualidade em Álvares de Azevedo), é recorrente, assim como a Prosa Indianista (José de Alencar) e a Poesia Social (Castro Alves).


6. Perguntas Frequentes (FAQs) sobre a Segunda Geração Romântica

P1: Por que a 2ª Geração Romântica é chamada de byroniana?

É chamada de byroniana devido à forte influência da vida desregrada, boêmia e da obra melancólica e pessimista de Lord Byron. Os autores brasileiros, especialmente os estudantes da Faculdade de Direito de São Paulo, imitavam o estilo de vida de Byron, muitas vezes através de associações como a "Sociedade Epicuréia".

P2: Qual é a principal diferença entre o amor da 1ª e da 2ª Geração Romântica?

Enquanto na Primeira Geração (Indianista), o foco é mais voltado para o nacionalismo e a mulher ainda é idealizada, na Segunda Geração, o amor se torna doentio, melancólico, insatisfeito e platônico. Substitui-se o "amor-medo" pelo "amor doentio", fruto de neurose ou fantasias.

P3: Como a tuberculose se relaciona com o Mal do Século?

A tuberculose era uma epidemia no século XIX e era, literalmente, chamada de Mal do Século. Muitos poetas ultrarromânticos, que já expressavam em sua arte um desejo de morte e levavam uma vida boêmia (o que os tornava vulneráveis), morriam jovens da doença, fazendo com que a tendência literária e a condição médica se inter-relacionassem e se confundissem.

P4: Qual a importância de Álvares de Azevedo?

Álvares de Azevedo é o maior expoente do Ultrarromantismo brasileiro. Sua importância reside em sua obra variada, escrita em uma vida muito curta (morreu aos 21 anos), e na introdução da "binomia" (dualidade antitética, misturando o sentimentalismo e o sarcasmo/ironia). Sua obra Lira dos Vinte Anos é considerada o poema mais representativo do "mal do século".


Conclusão e Próximos Passos

A Segunda Geração Romântica, ou Ultra-Romantismo, foi um momento de vitória plena da ideologia romântica no Brasil, livre de regras clássicas, mas ainda longe de prenunciar o Realismo. Marcada por temas de tédio, morte, egocentrismo e desespero, essa fase literária, profundamente influenciada pelo byronismo, preparou o terreno para o modelo do homem questionador que viria a seguir.

O estudo aprofundado do Mal do Século, suas influências góticas e a dualidade na obra de Álvares de Azevedo são conteúdos cruciais para quem almeja sucesso em provas de Língua Portuguesa e Literatura. Lembre-se que a chave não é apenas listar nomes, mas entender como os poetas ultra-românticos usaram o subjetivismo para expressar as contradições do eu.