Você já se perguntou como um estilo musical nascido em uma pequena ilha caribenha, a Jamaica, conquistou o mundo e se tornou um símbolo global de paz, amor e resistência? O Reggae é muito mais do que um gênero musical; é um fenômeno cultural que carrega em suas batidas e letras uma rica história de luta social, espiritualidade e identidade.
O Reggae é um gênero musical que surgiu na Jamaica no final da década de 1960 e alcançou seu auge de popularidade internacional nos anos 1970. É caracterizado por uma musicalidade lenta, dançante e suave, mas com uma batida bem peculiar. As letras das músicas de Reggae frequentemente abordam questões sociais, religiosas e problemas típicos de países em desenvolvimento, transmitindo mensagens de paz, unidade e resistência contra a opressão.
Os instrumentos musicais mais utilizados no Reggae incluem a guitarra, o contrabaixo e a bateria. A forma como esses instrumentos interagem cria o ritmo característico do gênero, que será detalhado mais adiante. O termo "reggae" em si tem uma origem interessante: ele remete à sonoridade produzida pela guitarra, com o "re" indicando o toque para baixo e o "gae" o movimento para cima.
Para entender o Reggae, é essencial conhecer a sua linhagem musical e as influências que o moldaram. O gênero é uma mistura de diversos estilos e gêneros musicais, incluindo a música folclórica da Jamaica, ritmos africanos, e estilos como Ska e Calipso.
A história da evolução do Reggae teve início na década de 1950, um período em que o estilo musical estadunidense Rhythm and Blues (R&B) estava em alta. Na capital jamaicana, Kingston, os habitantes ouviam muito R&B e começaram a misturá-lo aos sons produzidos pelos tambores em seus rituais religiosos.
Dessa fusão, nasceu o Mento, considerado o primeiro estilo musical na evolução do Reggae. O Mento é um tipo de música folclórica que reflete as características do povo jamaicano, combinando o vocal do blues com a musicalidade dos rituais rastafári.
Com a independência da Jamaica, uma batida musical mais acelerada do que o Mento foi criada, chamada Ska. O Ska é um estilo animado, com batidas rápidas e instrumentos de sopro marcantes. Posteriormente, com as influências de famosas bandas de rock estadunidenses, surgiu o Rocksteady, um ritmo mais lento com influências do soul e do rhythm and blues.
A combinação desses estilos (Ska e Rocksteady) resultou no Reggae, um ritmo contagiante que conquistou diversas pessoas ao redor do mundo. O Reggae evoluiu como uma forma mais lenta e descontraída do Ska e do Rocksteady.
Dentro da evolução do Reggae, o Reggae Roots (ou Roots Reggae) é frequentemente considerado o período de ouro. Este estilo emergiu como uma resposta musical às problemáticas da modernização da Jamaica, incorporando em suas canções temas como desemprego, falta de moradia e condições de trabalho precárias.
O Roots Reggae é mais espiritual em seu conteúdo, com letras que frequentemente louvam e falam sobre a fé. Ele mantém uma batida "skank" mais tradicional.
Importante para concursos: O Roots Reggae é a vertente do Reggae mais profundamente ligada ao movimento Rastafári e às suas mensagens de consciência social e política. É onde as temáticas de justiça social, racismo e desigualdades são mais presentes e diretas.
O Reggae e o movimento Rastafári são intrinsecamente ligados e se influenciam mutuamente. O Rastafári é uma religião judaico-cristã afrocêntrica que surgiu na Jamaica na década de 1930, entre negros descendentes de africanos escravizados. Ele é considerado um dos movimentos negros de resistência ao racismo e ao colonialismo mais influentes do século XX.
A divindade central do Rastafári é um deus negro chamado "Jah", uma abreviação de Jeová. Os rastafáris cultuam Haile Selassie I (1892-1975), o último imperador da Etiópia, como a reencarnação de Jesus Cristo ou a própria encarnação de Deus na Terra. Eles acreditam que Selassie I, como herdeiro da Dinastia Salomônica Etíope e chefe da única nação africana jamais colonizada, cumpriu profecias bíblicas relacionadas à segunda vinda de Cristo.
Apesar de Haile Selassie I ter rejeitado o status divino, os rastafáris creem que ele é o aguardado messias negro que libertaria e resgataria os afrodescendentes para repatriá-los à África, mais precisamente à Etiópia, que é chamada de "Zion" (Sião), a terra prometida bíblica. O mundo colonial e a realidade capitalista são referidos como "Babilônia" no Rastafári, um sistema de opressão do qual os rastas desejam ser libertos.
O Rastafári combina elementos do Cristianismo, Judaísmo, nacionalismo negro e uma consciência política pan-africana, edificado sob a visão do ativista jamaicano Marcus Garvey, que profetizava a vinda de um messias etíope e defendia o retorno dos negros à África.
As letras das músicas de Reggae frequentemente fazem referência a ícones como Haile Selassie, Bob Marley e Nelson Mandela, criando uma comunidade baseada na identidade étnica mais do que nos valores locais. O Reggae, impulsionado pelo Rastafári, se tornou um símbolo de união e força para aqueles que se sentiam marginalizados ou excluídos.
Importante para concursos: A compreensão da relação entre Reggae e Rastafári é fundamental. Questões sobre as crenças rastafáris, a figura de Haile Selassie I, os conceitos de Zion e Babilônia, e o papel de Marcus Garvey são comuns.
O Rastafári não é apenas uma religião, mas um modo de vida. Muitos fãs do Reggae adotam seus valores de paz, igualdade e espiritualidade em seu dia a dia. Alguns dos costumes rastafáris que se refletem na cultura Reggae incluem:
Dieta I-tal: Significa "puro, natural ou limpo". Os rastafáris são basicamente vegetarianos, com uso escasso de alguns alimentos de origem animal e proibição de carnes suínas, peixes sem escamas, entre outros. A comida I-tal não deve ter químicos e ser o mais natural possível, com bebidas preferencialmente herbais.
Dreadlocks: O costume de não cortar ou pentear os cabelos é uma tradição religiosa rastafári, fundamentada em diretrizes sagradas. Para os rastas, cada dread está espiritualmente ligado a uma parte do corpo, e o corpo é considerado um templo que não pode ser modificado.
Uso Religioso da Cannabis (Ganja/Marijuana): A Cannabis é utilizada pelos rastas não para diversão, mas com um significado espiritual de purificação e meditação. Os devotos justificam seu uso através da Bíblia (Gênesis 1:29). Bob Marley, sendo um adepto do Rastafarianismo, defendia a legalização da "verdina", considerada um "Santo Sacramento" que leva espiritualmente, o que o levou a ser preso algumas vezes.
Abstenção de Álcool e Tabaco: Verdadeiros rastas não devem ingerir álcool ou tabaco.
Rejeição à Medicina Convencional: A tradição rastafári não permite o uso de remédios não naturais, preferindo ervas medicinais. Eles acreditam que apenas Jah pode curar.
As cores que representam tanto o Reggae quanto o Rastafári são o verde, amarelo e vermelho. Elas compõem a bandeira da Etiópia, simbolizando a lealdade dos rastas a Haile Selassie, à Etiópia e à África. O encorajamento de Marcus Garvey para que os negros se orgulhassem de sua herança africana inspirou os rastas a abraçar todas as coisas africanas, vendo-as como parte de uma cultura roubada pela escravidão.
Além de sua forte carga cultural e espiritual, o Reggae possui elementos musicais distintos que o tornam facilmente reconhecível:
Padrão Rítmico ("Skank"): O Reggae normalmente apresenta um padrão rítmico constante envolvendo a interação de batidas "ligadas" e "desligadas". Esse ritmo, conhecido como "skank", costuma ser tocado pela guitarra base ou pelo piano. A guitarra faz o "re" (para baixo) e o "gae" (para cima).
Batida da Bateria: A bateria no Reggae é caracterizada por cortes rítmicos regulares sobre a música, tocada no terceiro tempo de cada compasso. Isso confere ao ritmo uma sensação de "lento e dançante".
Linha de Baixo Marcante: O baixo desempenha um papel muito importante, com linhas de baixo complexas e melódicas que são fundamentais para a estrutura da música. É muitas vezes a melodia principal que conduz a canção.
Instrumentação Tradicional: A música Reggae tradicional é feita principalmente com bateria, baixo, guitarra (ritmo e solo), teclado e trompas.
Temática das Letras: As letras frequentemente abordam questões sociais, espiritualidade e amor. Elas conduzem narrativas que falam da realidade, muitas vezes marcada pela violência e pelas condições sociais difíceis.
Crioulo Jamaicano: Algumas letras musicais são compostas em uma língua mista, o crioulo jamaicano, resultado das trocas culturais que o país vivenciou. Muitos rastafáris também aprendem a língua amárica, que consideram sua língua original.
Embora o Roots Reggae seja o "período de ouro" do gênero, o Reggae continuou a evoluir, dando origem a novos estilos.
Dancehall: O Reggae Dancehall é uma versão mais moderna e eletrônica do Reggae. Ele é um termo que historicamente significava "a música popular do momento", o que toca nas baladas e nos bailes com sound system ao ar livre. Enquanto o Roots Reggae é mais espiritual em suas letras e tem uma batida skank tradicional, o Dancehall é descrito como "a prima safada e sexy do reggae", com uma música mais moderna, às vezes com bateria eletrônica. Artistas como General Echo e U-Roy já faziam músicas de "slackness" (conteúdo mais "safado") desde o início do Reggae.
Dub: O Dub é um subgênero do Reggae que se concentra na manipulação de faixas musicais existentes, adicionando efeitos como delay, reverb e echo, e removendo vocais ou instrumentos, criando uma nova versão instrumental ou remixada da música original. Alguns exemplos citados de Dub são "Super Ape Dub" de Lee Perry and The Upsetters e "Scientist Rids the World of the Evil Curse of the Vampires Dub" de Scientist.
Importante para concursos: A diferença entre Roots Reggae e Dancehall é um ponto crucial para entender a evolução do gênero. Enquanto o Roots foca em mensagens espirituais e sociais com instrumentação tradicional, o Dancehall é mais comercial, moderno e com batidas eletrônicas, voltado para as festas e bailes.
O Reggae ganhou reconhecimento internacional com o sucesso de diversos artistas, que levaram suas mensagens e ritmos para o mundo. Alguns dos mais importantes incluem:
Bob Marley: Considerado o ícone mundial e o "Rei do Reggae". Sua trajetória será detalhada na próxima seção.
Peter Tosh: Pioneiro do gênero e membro original do The Wailers junto com Bob Marley e Bunny Wailer. Famoso por álbuns como "Legalize It" e "Equal Rights".
Bunny Wailer: Também pioneiro e membro original do The Wailers.
Jimmy Cliff: Tornou o Reggae um estilo de sucesso mundial, com músicas como "I Can See Clear Now". Ele esteve no Brasil em 1969 para o Festival Internacional da Canção, despertando interesse pelo estilo.
Burning Spear: Artista influente com álbuns como "Marcus Garvey" e "Man in the Hills".
Steel Pulse: Banda britânica de Roots Reggae, mencionada com álbuns como "Earth Crisis" e "Handsworth Revolution".
U-Roy: Importante "deejay" que fazia toasting (um tipo de vocal falado ou rimado) em cima de riddims (bases instrumentais) populares.
Dillinger: Outro deejay.
Yellowman: Conhecido pelo álbum "Zungguzungguguzungguzeng".
Gregory Isaacs: Mencionado com a música "Night Nurse", que na época foi considerada Dancehall.
The Wailers: Banda original de Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer, que começou tocando Ska e chegou ao Reggae no final dos anos 60.
Outros nomes notáveis incluem: Delroy Wilson, Bob Andy, Johnny Osbourne, Ethiopians, Desmond Dekker, Skatalites, Wailing Souls, Buju Banton, The Congos, Max Romeo & The Upsetters, Lee Perry and The Upsetters, Black Uhuru, Toots & The Maytals, Dadawah, Yabby You, Junior Murvin, Culture, Horace Andy, Junior Delahaye, Scientist, The Heptones, Hugh Mundell, Dr. Alimantado, Junior Murvin, Groundation, Barrington Levy, Shabba Ranks, Sizzla, Cocoa Tea, Tarrus Riley, Stephen Marley, Protoje, Richie Spice, Turbulence, Chronixx, Anthony B, Prince Buster, The Abyssinians, The Meditations, The Skints, UB40, entre muitos outros.
Robert Nesta Marley (Bob Marley), nascido em 1945 na zona rural da Jamaica, é a figura mais emblemática e universalmente reconhecida do Reggae. Sua vida e obra foram dedicadas à propagação da fé Rastafári e da consciência política.
Bob Marley começou a gravar músicas aos 17 anos, em 1962. Ele formou o grupo The Wailers com Bunny Wailer e Peter Tosh, inicialmente tocando Ska e depois evoluindo para o Reggae. O grupo assinou contrato com a gravadora Island Record em 1971, marcando o início de sua expansão internacional. Quando Peter e Bunny deixaram o grupo devido a divergências, Marley seguiu carreira solo, apresentando-se como Bob Marley.
Marley se tornou um ídolo mundial na década de 70, vendendo mais de 75 milhões de discos. Ele era conhecido por compor canções que falavam de paz, amor, liberdade, resistência e problemas políticos e sociais. Sua mansão na Jamaica hoje é um museu em sua homenagem.
Bob Marley era um devoto do Rastafarianismo e se tornou o maior divulgador dessa religião no mundo. Ele defendia a legalização do consumo da Cannabis, considerada um "Santo Sacramento" na religião, o que o levou a ser preso algumas vezes.
Em 1976, Marley sofreu um atentado a tiros em sua casa na Jamaica, dois dias antes de um show gratuito para promover a paz em meio a uma crise política e social. Apesar dos ferimentos graves, ele realizou o show para 80.000 pessoas. Em 1978, ele retornou à Jamaica para um show histórico onde chamou rivais políticos ao palco para selar a paz, um gesto que lhe rendeu a medalha da Paz do Terceiro Mundo no ano seguinte.
Bob Marley era um fanático por futebol e torcia para o Santos no Brasil. Em 1977, machucou o dedão do pé esquerdo em uma partida de futebol, e uma mancha preta levou ao diagnóstico de melanoma (câncer). Ele recusou a amputação do dedo devido à filosofia Rastafári, que considera o corpo um templo que não pode ser modificado.
Em 1980, o câncer havia se espalhado para o fígado, pulmão e cérebro. Bob Marley faleceu em 11 de maio de 1981, aos 36 anos de idade. Suas últimas palavras para o filho foram: "Dinheiro não compra a vida". Seu corpo foi levado para a Jamaica, onde teve um funeral de chefe de estado e foi enterrado em Nine Mile, sua cidade natal.
Importante para concursos: A data da morte de Bob Marley, 11 de maio, é celebrada como o Dia Nacional do Reggae no Brasil, instituída pela presidente Dilma Rousseff em homenagem ao cantor. Sua figura é frequentemente usada em questões sobre cultura, religião e movimentos sociais.
Algumas das músicas mais populares de Bob Marley incluem "Redemption Song", "Is This Love?", "Three Little Birds", "No, Woman, No Cry" e "One Love (People Get Ready)". Versões brasileiras de suas músicas, como "Não Chore Mais (No Woman No Cry)" por Gilberto Gil, também se tornaram mega hits no Brasil.
O Brasil se tornou uma segunda casa para o Reggae, adaptando o ritmo e as mensagens à sua própria realidade cultural.
O Reggae chegou ao Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Sua chegada teve algumas direções importantes, como a visita de Jimmy Cliff em 1969 para participar do Festival Internacional da Canção, que despertou o interesse de muitas pessoas. Além disso, em 1972, Caetano Veloso gravou a música “Nine Out of Ten”, que tinha influências claras do Reggae, ajudando a popularizar o gênero no país.
O início do Reggae no Brasil ocorreu principalmente em São Luís (MA) e Salvador (BA), cidades onde a cultura afro já era muito presente. Nessas cidades, a cultura africana e a musicalidade jamaicana se encontraram com uma identidade étnica já estabelecida, mais do que com valores locais.
São Luís, no Maranhão, é amplamente considerada a capital brasileira do Reggae. A cidade possui uma cena musical forte e diversos artistas locais famosos. Em São Luís, eram realizadas festas conhecidas como “radiolas”, onde a comunidade se reunia para dançar as canções jamaicanas. O documentário "A Jamaica Brasileira" (2004) explora o Reggae e suas personalidades locais em São Luís.
Em Salvador, Gilberto Gil e Edson Gomes foram figuras centrais na difusão do Reggae como forma de protesto contra a marginalização dos negros e pobres e para o resgate dos laços com a África. Gilberto Gil adotou influências do estilo jamaicano em discos como "Refavela".
Outros artistas brasileiros tiveram um papel importante no desenvolvimento e popularização do Reggae no país:
Década de 1970: Músicos como Gilberto Gil e Jorge Ben Jor (com "Samba Esquema Novo", de 1963, considerado um marco na fusão do reggae com o samba) são influenciados pelo estilo.
Década de 1980: O rock se une ao gênero jamaicano nas letras do grupo Paralamas do Sucesso, que contribuíram para popularizar o Reggae pelo país.
Década de 1990: O número de bandas de Reggae aumentou significativamente. Surgem vários músicos e bandas como Cidade Negra, Tribo de Jah, Natiruts, Alma D'Jem, Adão Negro, Planta & Raiz e Sine Calmon & Morro Fumegante.
Grandes Nomes Atuais: Natiruts, Tribo de Jah, Planta e Raiz, Chimarruts e Ponto de Equilíbrio são alguns dos grandes nomes do Reggae brasileiro. Artistas como Natiruts e Ponto de Equilíbrio têm realizado turnês em diversos países, mostrando que o Reggae brasileiro tem ganhado destaque internacional.
Outros: Maneva, Maskavo, Grupo Karetas.
O Reggae no Brasil possui influências de outros gêneros musicais, como o samba, o funk e o hip hop, resultando em uma sonoridade única. Essa fusão é parte do que torna o Reggae especial para os brasileiros, pois suas letras abordam questões sociais relevantes para o país, e suas batidas criam uma atmosfera de positividade.
A cultura Sound System é uma parte vital do universo do Reggae e tem uma presença marcante no Brasil. Um Sound System refere-se a um sistema de som potente, geralmente construído artesanalmente, que é usado para tocar músicas de Reggae, Dub e Dancehall em bailes e festas.
A documentação audiovisual do Reggae e da cultura Sound System no Brasil tem crescido, trazendo material interessante com narrativas diversificadas. Diversos documentários nacionais exploram esse cenário, as bandas, os sound systems e as radiolas no Brasil:
RAM – Reggae Além da Música (2023): Explora o significado do Reggae e do movimento Sound System na vida das pessoas em São Paulo.
A Jamaica Brasileira (2004): Foca no Reggae e suas personalidades em São Luís – MA, mencionando figuras como Serralheiro e DJs de radiolas.
FYA – Um Filme Remix Sobre o Dancehall de Quebrada (2018): Mergulha na realidade dos agitadores e do público dos bailes de Dancehall, guiado por Emcee Lê.
House Sounds (2017): Mostra as dificuldades de dois jovens da periferia de São Paulo para divulgar a cultura Sound System e construir seus próprios sistemas.
Grave Na Caixa! O Sound System de Kingston a SP (2016): Um mini-documentário sobre a cultura Sound System, mostrando sua propagação em São Paulo através de depoimentos de personagens importantes.
Mozziyah Hi-Fi (2017): Conta a história de uma equipe de som formada em 2012 em São Bernardo do Campo – SP.
Malditos Jovens do Reggae (2023): Apresenta o movimento Reggae no estado de São Paulo, com foco nas periferias.
Sound System A Voz da Quebrada (2019): Relata o surgimento da cultura Sound System na cidade de São Paulo, com foco em discos de vinil, gritos empolgados e dançarinos urbanos.
Um dia de baile SOUND SYSTEM – Com Kalimba S.S (2024): Um mini-documentário que mostra os bastidores e a rotina de trabalho da equipe Kalimba S.S de Franca-SP, com o objetivo de estimular novas equipes.
Esses documentários mostram como o Sound System não é apenas sobre música, mas sobre a construção de comunidade, a superação de dificuldades e a preservação da cultura jamaicana na realidade brasileira.
O Reggae continua a ser um estilo musical muito apreciado, com festivais dedicados exclusivamente ao gênero.
Reggae Sumfest (Jamaica): Considerado "o maior festival de reggae da Terra", acontece anualmente em Montego Bay, Jamaica. Há planos para sua expansão para o Brasil em maio de 2025, com negociações em andamento.
Festival Reggae Brasil: Um dos maiores eventos de Reggae do país, acontece anualmente em Brasília. Também há um Festival Reggae Brasil que acontece em São Paulo.
Festival Maranhão Roots: Realizado em São Luís, a capital brasileira do Reggae.
Dia Municipal do Reggae em São Paulo: São Paulo recebe um festival gratuito em comemoração a essa data, com mais de 30 atrações.
Para solidificar o seu conhecimento e tirar dúvidas comuns, compilamos algumas perguntas e respostas chave sobre o Reggae:
Como o Reggae chegou ao Brasil? O Reggae chegou ao Brasil na década de 1970, principalmente através de discos de vinil importados da Jamaica. A visita de Jimmy Cliff em 1969 e a gravação de "Nine Out of Ten" por Caetano Veloso em 1972 foram marcos importantes.
Quais foram os primeiros artistas de Reggae a se destacar no Brasil? As cidades de São Luís (MA) e Salvador (BA) foram os berços do Reggae no Brasil. Artistas como Gilberto Gil e a banda Cidade Negra foram pioneiros em incorporar o Reggae em suas músicas.
Quais são as características do Reggae brasileiro? O Reggae brasileiro mescla elementos do Reggae jamaicano com ritmos brasileiros, como o samba e o maracatu. Suas letras abordam temas sociais e políticos relevantes para o país, refletindo a realidade local.
O Reggae brasileiro é popular em outros países? Sim, o Reggae brasileiro tem ganhado destaque internacional, com artistas como Natiruts e Ponto de Equilíbrio realizando turnês em diversos países.
Qual a importância do Reggae no contexto cultural brasileiro? O Reggae tem uma grande importância por ser uma forma de expressão artística que aborda questões sociais e políticas relevantes. Além disso, dissemina mensagens de paz e amor, e contribui para o sentimento de pertencimento, resistência e denúncia.
O Reggae influenciou outros estilos musicais no Brasil? Sim, o Reggae influenciou diversos outros estilos, como o rap e o hip hop. Muitos artistas brasileiros incorporaram elementos do Reggae em suas músicas. No movimento da Tropicália nos anos 60, artistas como Gilberto Gil e Caetano Veloso foram influenciados pelo Reggae.
Existe algum movimento cultural ligado ao Reggae no Brasil? Sim, o movimento cultural Rastafári está diretamente ligado ao Reggae no Brasil e no mundo, pregando valores como igualdade social, espiritualidade e conexão com a natureza.
O Reggae é apenas um estilo musical ou também é um estilo de vida? O Reggae vai além de um estilo musical, representando um estilo de vida baseado em valores como paz, igualdade e espiritualidade. Muitos fãs do Reggae adotam esses valores em seu dia a dia.
Onde posso ouvir Reggae no Brasil? Você pode ouvir Reggae em casas de shows especializadas, festivais de música e nas plataformas de streaming.
Como o Reggae influenciou a cultura brasileira além da música? O Reggae influenciou a cultura brasileira através da moda (roupas coloridas, estampas, dreadlocks), e a forma como as pessoas se relacionam com a natureza e com questões sociais.
Qual é a mensagem principal transmitida pelo Reggae? A mensagem principal é a importância da paz, do amor e da justiça social, incentivando as pessoas a se unirem em prol de um mundo melhor e mais igualitário.
O Reggae, com suas batidas contagiantes e mensagens profundas, transcendeu fronteiras geográficas e culturais. De sua origem humilde na Jamaica, misturando ritmos africanos, indígenas e europeus, ele se tornou um gênero que inspira milhões ao redor do globo.
A forte conexão com o movimento Rastafári dotou o Reggae de uma profundidade espiritual e de um propósito de luta por justiça e igualdade, tornando-o uma voz poderosa para os oprimidos. O legado de artistas como Bob Marley, o "Rei do Reggae", é imenso, não apenas por sua música, mas por sua dedicação à disseminação de ideais de paz e resistência.
No Brasil, o Reggae encontrou um terreno fértil, especialmente em cidades como São Luís, tornando-se parte integrante da rica tapeçaria cultural do país. A cultura Sound System e o surgimento de talentos brasileiros consolidaram o gênero no cenário nacional e internacional.
O Reggae continua a ser um ritmo que convida à reflexão e à dança, mantendo sua relevância e sua capacidade de tocar os corações das pessoas e inspirar novas gerações de artistas. Se você busca uma "boa vibração", já sabe: Reggae na caixa!.
Reggae: Gênero musical originário da Jamaica, caracterizado por ritmos marcantes e letras que abordam temas sociais e espirituais.
Ska: Estilo musical jamaicano animado, com batidas rápidas e instrumentos de sopro marcantes, predecessor do Reggae.
Rocksteady: Ritmo jamaicano mais lento, com influências do soul e do rhythm and blues, predecessor do Reggae.
Mento: Primeiro estilo musical na evolução do Reggae, tipo de música folclórica jamaicana com vocal de blues e musicalidade de rituais rastafári.
Roots Reggae: Considerado o "período de ouro" do Reggae, mais espiritual e focado em problemáticas sociais e mensagens de fé.
Dancehall: Versão mais moderna e eletrônica do Reggae, que historicamente significava "a música popular do momento".
Dub: Subgênero do Reggae focado na manipulação de faixas musicais com efeitos como delay e reverb.
Rastafári (Rastafarianismo): Religião judaico-cristã afrocêntrica surgida na Jamaica, intrinsecamente ligada ao Reggae, que cultua Haile Selassie I como a encarnação de Deus (Jah).
Jah: Abreviação de Jeová, nome de Deus para os rastafáris.
Haile Selassie I: Último imperador da Etiópia, cultuado pelos rastafáris como a encarnação de Deus e o messias negro.
Zion (Sião): A África, mais precisamente a Etiópia, considerada a terra prometida e o paraíso dos rastas.
Babilônia: Termo rastafári para o mundo e a realidade capitalista, vistos como um sistema de opressão.
I-tal: Termo rasta que significa puro, natural ou limpo, referente à dieta vegetariana e natural.
Dreadlocks: Estilo de cabelo mantido por rastafáris como parte de sua tradição religiosa, simbolizando uma conexão espiritual.
Ganja/Marijuana: Cannabis, utilizada pelos rastas com significado espiritual de purificação e meditação.
Sound System: Sistema de som potente, geralmente artesanal, usado para tocar Reggae, Dub e Dancehall em bailes e festas.
Radiola: Festas em São Luís (MA) onde a comunidade se reunia para dançar canções jamaicanas.