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22/09/2025 • 16 min de leitura
Atualizado em 22/09/2025

O Romance Regionalista de 30

Introdução: O Que é o Romance de 30?

O Romance de 30 ou Neorrealismo designa a produção ficcional brasileira de inspiração realista que marcou a Segunda Fase do Modernismo no Brasil (1930-1945), um período de profunda efervescência política e social.

Esta corrente literária surgiu com a ambição de revisitar a realidade brasileira a partir de um olhar mais crítico e engajado, rompendo com o tom mais experimental e "heroico" da Primeira Fase Modernista.

Apesar de a expressão "Romance de 30" ter uma inscrição primariamente temporal e poder, em princípio, abrigar qualquer romance publicado naquela década, na prática, o conceito se estabeleceu em torno do Romance Regionalista, que ganhou enorme importância histórica.

O marco inaugural deste ciclo é a publicação de A Bagaceira (1928), de José Américo de Almeida.


1. Nível Básico: Contexto, Características e Temáticas Essenciais

1.1. Contexto Histórico da Geração de 30 (Fator-chave em Concursos)

A produção literária da década de 1930 foi diretamente influenciada por um cenário de grandes transformações e crises, tanto no Brasil quanto no mundo:

  • Crise de 1929 (EUA): Com impactos econômicos globais, que se refletiram na crise do Café no Brasil.

  • Revolução de 1930: Marcou a deposição do Presidente Washington Luís e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, culminando na criação do Estado Novo.

  • Efervescência Ideológica Global: A ascensão do Nazifascismo e o crescimento da Ideologia Socialista (notadamente a União Soviética), que influenciaram o claro engajamento sociopolítico dos autores.

  • O papel do Escritor: Neste cenário de lutas e desigualdades, o escritor se vê impelido a usar a ficção, a descrição e o romance como forma de denúncia e crítica social.

1.2. Características Fundamentais (O Que os Unia)

Os romancistas da Geração de 30, em termos gerais, compartilhavam traços estilísticos e temáticos que os diferenciavam da geração anterior e da tradição romântica/naturalista do século XIX:

  1. Engajamento Sociopolítico e Denúncia: Havia uma intenção clara de denunciar as desigualdades e injustiças sociais no país. A literatura era vista como uma "arma de luta" e um instrumento de conscientização política.

  2. Neorrealismo e Verossimilhança: A produção ficcional tinha inspiração realista. Buscavam o retrato direto da realidade em seus elementos históricos e sociais.

  3. Temática Regional (Principalmente o Nordeste): A ficção se voltou às diversidades regionais, sociais e culturais da realidade brasileira. O enfoque do sertão nordestino era forte, expondo a condição do homem, o êxodo rural, a fome e a miséria.

  4. Linguagem Coloquial e Regionalista: Buscavam uma linguagem mais brasileira, fluente e acessível, que se aproximava das variedades linguísticas de cada localidade, distanciando-se do experimentalismo radical da primeira fase.

  5. Tipificação Social: Os personagens frequentemente representavam classes sociais ou tipos humanos específicos (o retirante, o coronel, o cangaceiro, o proletário).

  6. Perspectiva Determinista: Em muitas obras, a miséria humana era abordada sob uma perspectiva em que o indivíduo estava subjugado e determinado pelo meio e pelas condições sociais adversas (como em Vidas Secas, onde Fabiano é um "bicho" devido ao meio).

1.3. Principais Temas Abordados (Matéria de Denúncia)

Os romances de 30 mergulharam nas mazelas brasileiras, sobretudo do Nordeste:

  • A seca e o êxodo rural (o drama dos retirantes).

  • A miséria e a subsistência humana.

  • O Coronelismo e as disputas de terra.

  • O Cangaço e o Fanatismo Religioso.

  • A decadência da aristocracia rural (crise dos engenhos) e a formação do proletariado.

  • As relações de trabalho (exploração no campo e na cidade).

  • O conflito entre a experiência rural e urbana e o processo de modernização do país.


2. Nível Intermediário: A Questão da Amplitude e das Exceções

O termo "Romance de 30" é frequentemente reduzido ao "regionalismo" nordestino, mas para uma compreensão completa e para responder a questões complexas de exames, é vital entender sua verdadeira amplitude e as grandes exceções.

2.1. A Amplitude do "Romance de 30" e a "Segunda Via"

A expressão "romance de 30" não se preocupou em se descrever, sendo avessa a manifestos literários. Isso resultou em uma produção volumosa de corte realista (seja ele introspectivo ou não) focada na realidade brasileira a partir de uma perspectiva pessimista.

O consenso de que apenas o romance "regionalista" era importante levou à redução do conceito. Entretanto, autores cruciais como Jorge de Lima, Lúcio Cardoso e Cornélio Penna, que produziram romances ditos "psicológicos" ou "intimistas", pertencem ao corpo do Romance de 30.

  • Exceção 1: O Romance Psicológico/Intimista Esta vertente, por vezes chamada de "segunda via" do moderno romance brasileiro, foca no "problema espiritual" em vez do social. O protagonista é frequentemente um "deslocado", filho de proprietários rurais decaídos, vivendo o drama do desenraizamento social (como o protagonista Luís da Silva em Angústia, de Graciliano Ramos).

    Um exemplo notável é Sob o olhar malicioso dos trópicos (1929), de Barreto Filho, onde o protagonista André Lins é um moço rico e desenraizado que retorna à propriedade rural em busca de valores morais perdidos. Essa "volta é a mais infrutífera possível", terminando em loucura, figurando um impasse estrutural entre o moderno e o arcaico no Brasil.

2.2. A Importância do Conflito Rural-Urbano

Um tema central que atravessa todo o Romance de 30 é o das transformações na relação entre a experiência rural e a urbana no Brasil. A produção dessa época frequentemente retrata o rural como um "inferno" ou um "impasse", negando a visão ingênua de que a volta ao campo (mesmo modernizado) era a solução para o país.

  • A Falência da Utopia da Permanência: Livros anteriores, como Senhora de engenho (1922), sugeriam que a modernização da propriedade rural, mantendo a estrutura de poder, resolveria os problemas econômicos e sociais (utopia da permanência).

  • A Bagaceira (1928): Pode ser vista como o fecho dessa vertente mais ingênua. O jovem proprietário Lúcio, formado na cidade, fracassa na modernização, não por causa da estrutura arcaica, mas pela resistência dos trabalhadores rurais.

  • O Impasse Estrutural: Em romances mais complexos, como O Quinze (1930) de Rachel de Queiroz, a protagonista Conceição (professora da capital com raízes rurais) fica presa entre os dois mundos, resultando numa figura "algo trágica" incapaz de se integrar.

  • A Volta Impossível: José Lins do Rego em Menino de Engenho (1932) desbarata qualquer visão conciliatória, mostrando a impossibilidade de volta ao mundo ideal do engenho. Em O Moleque Ricardo e Usina, a ida para a cidade resulta em mais pobreza e prisão, e a tentativa de modernizar o engenho em usina fracassa e é absorvida pelo "capitalismo internacional moderno".


3. Nível Avançado: Análise Detalhada dos Autores-Chave

Os três grandes nomes da prosa de 30 são José Lins do Rego, Jorge Amado e Graciliano Ramos, cada um trazendo uma perspectiva única, mas compartilhando o tom pessimista e realista.

3.1. Graciliano Ramos: A Profundidade Psicológica e a Crítica Lapidar

A obra de Graciliano Ramos (S. Bernardo, Angústia, Vidas Secas) é considerada uma "enciclopédia do tempo", enfrentando desafios temáticos e estéticos da época. Ele é frequentemente visto como inadequado ao rótulo de "regionalista".

3.1.1. O Caso Fabiano: Animalização, Idealização e Consciência

O personagem Fabiano, de Vidas Secas (1938), foi inicialmente criticado por ter uma introspecção considerada inverossímil por ser "tão primário e rústico" (Álvaro Lins).

  • Animalização como Consciência: Graciliano usa o discurso indireto livre para dar voz e resgatar a humanidade de Fabiano. O vaqueiro se vê como um "bicho", mas esse reconhecimento já é um dado de sua capacidade de introspecção e reflexão sobre o que ele deveria ser (um homem). O narrador organiza os pensamentos que faltam ao vocabulário de Fabiano, endossando a sua verdade.

  • Sonho e Possibilidade: Fabiano não almeja grandes luxos, mas sonha com o "esperado e o possível". Sua família o prende ("cambões pesados") e o impede de reagir violentamente. Ele hesita em usar palavras "difíceis" porque as considera perigosas e inúteis, revelando uma crítica histórica e política compartilhada com o narrador.

  • O Estado Ausente e Opressor: O governo é, para Fabiano, algo distante e idealizado, pois ele não conhece o que há além de sua realidade. O Estado que Fabiano encontra (o Soldado Amarelo, o fiscal de impostos) é violento, opressor e garante a exploração. Fabiano conclui que "governo é governo", mas, ironicamente, ele crê num governo superior, bom, porque é distante – uma prova de sua capacidade de idealizar. O narrador, ao contrário de Fabiano, sabe que o Estado é imobilista no Nordeste e favorece os ricos e coronéis.

3.1.2. S. Bernardo (1934) e a Crítica Estrutural

Em S. Bernardo, Graciliano Ramos oferece um tratamento lapidar ao problema do conflito rural/urbano e da modernização.

O protagonista, Paulo Honório, embora se descreva como ignorante, é um homem atualizado que introduz máquinas e técnicas modernas importadas na propriedade rural. Contudo, ele fracassa porque não percebe o caráter artificial e sem raízes dessas inovações. O que o arruína é a falta de percepção de que as técnicas modernas de nada adiantam quando a estrutura social (a velha lógica dos senhores de terras, marcada pela escravidão) permanece intocada.

Graciliano, neste romance, desloca a questão da modernização técnica para o ponto fulcral das relações de produção, denunciando o modelo de modernização "capenga" do Brasil, que aumenta a exploração, a injustiça e a infelicidade.

3.2. Jorge Amado: O Romance Urbano e o Povo Herói

Jorge Amado é considerado um dos maiores nomes do regionalismo brasileiro. Contudo, uma parte significativa de sua obra da primeira fase (Suor, Jubiabá, Mar Morto, Capitães da Areia) é ambientada no espaço urbano de Salvador, a Cidade da Bahia. Amado foca na diversidade étnica e social e no compromisso de dar voz aos oprimidos e marginalizados, alterando o status quo na literatura.

3.2.1. O Espaço Urbano como Crítica Social (Cidade Alta vs. Cidade Baixa)

Amado utiliza a estrutura espacial de Salvador — marcada pela escarpa de falha — para refletir a divisão social.

  • Cidade Alta: Abriga o poder, as funções administrativas e residências das classes mais abastadas. Para Amado, esta é a "cidade dos ricos", mesquinha e indiferente.

  • Cidade Baixa (Cais do Porto, Mercado): Ligada à função portuária e ao comércio. Abriga a população mais pobre: pescadores, estivadores, o proletariado.

3.2.2. Capitães da Areia (1937): Liberdade e Uso do Espaço

O romance trata dos menores abandonados, os Capitães da Areia, que são os "verdadeiros proprietários das ruas da Bahia".

  • Liberdade: A apropriação do espaço (ruas, cais, praças públicas) pelas crianças se dá pelo valor de uso e não pelo valor de troca, permitindo-lhes a prática da liberdade e da aventura. Essa liberdade é o sentimento mais arraigado nos garotos.

  • O Trapiche (Rugosidade): O trapiche abandonado é uma "rugosidade do espaço geográfico", uma forma do passado que perdeu sua função original (depósito de mercadorias) mas ganha novo significado como abrigo para os excluídos.

  • Transformação: A liberdade inicial (correr pelas ruas) se transforma em consciência política. Pedro Bala (o líder) se une à greve dos estivadores, vendo a revolução como uma "pátria e uma família", uma "voz que chama para lutar por todos, pelo destino de todos, sem exceção".

3.2.3. Suor (1934): O Cortiço como Metáfora

Este é o romance mais marcadamente influenciado pelo realismo socialista, com caráter panfletário e fragmentação narrativa.

  • O Casarão 68 (Microcosmo): O sobrado no Pelourinho, habitado por mais de 600 pessoas em cubículos, é um "microcosmo simbólico" que figura a base social explorada (operários, prostitutas, imigrantes, mendigos). O Pelourinho era o local de "hegemonia dos não cidadãos".

  • O Suor Roubado: Os personagens são vítimas de um sistema explorador, e o corpo torna-se o espaço de inscrição das desigualdades (tuberculose, mutilações por trabalho). O mundo do sobrado é o mundo do "suor roubado".

  • Da Fragmentação à Luta: A solidariedade de classe e a união dos moradores contra a injustiça (cobrança indevida de multa) transformam a escada (antes caminho para o confinamento individual) em símbolo de força e união, culminando na participação na greve. A utopia revolucionária pulsa no espaço sórdido.

3.3. José Lins do Rego: A Decadência do Engenho

José Lins do Rego focou principalmente na crise dos engenhos e na decadência da aristocracia rural. Sua obra (Menino de Engenho, Banguê, Usina) trata da passagem do mundo patriarcal açucareiro para o capitalismo moderno.

  • Menino de Engenho (1932): Inovador por ser narrado na perspectiva de um adulto que relembra um mundo rural idealizado que já não existe. A voz narrativa se configura no "intervalo" entre o passado (engenho) e o presente (cidade).

  • A Falência Rural: Seus romances seguintes, como Usina (1936), são a declaração de falência de qualquer utopia rural, mostrando a tentativa fracassada de modernização (transformar engenho em usina) e sua incorporação pelo grande capitalismo.


4. Perguntas Frequentes (FAQs) sobre o Romance de 30

4.1. Qual a diferença entre o regionalismo do Romantismo e o Romance de 30?

O regionalismo do Romantismo (séc. XIX, ex: José de Alencar) frequentemente trazia um nacionalismo ufanista, enaltecendo a natureza e o homem local de forma idealizada e folclórica, sem aprofundar a crítica social. Já o Romance de 30 (Neorrealismo) adota uma perspectiva pessimista e crítica, denunciando explicitamente a miséria, a exploração e as injustiças sociais (fome, seca, coronelismo), e buscando uma linguagem mais coloquial e verossímil.

4.2. Por que Graciliano Ramos é um autor de exceção dentro do regionalismo?

Graciliano Ramos é uma exceção porque, embora use o cenário nordestino, ele não se encaixa facilmente no rótulo regionalista. Sua obra vai além do mero retrato do meio e se concentra na análise implacável da estrutura social e na profundidade psicológica de seus personagens. Em Vidas Secas, por exemplo, a preocupação central é a animalização do homem em face da opressão (social e da natureza), revelada através de complexas reflexões interiores (o discurso indireto livre).

4.3. Qual a relação entre o Romance de 30 e o Modernismo de 1922?

O Romance de 30 (2ª fase do Modernismo) herdou e amadureceu as conquistas da 1ª fase (1922):

  • O interesse por temas nacionais e a busca pela identidade brasileira.

  • A busca por uma linguagem mais brasileira (coloquialismo, regionalismos) e a liberdade formal.

  • A Geração de 30 deu sentido humano ao programa de 22, utilizando uma prosa "liberta e amadurecida" para interpretar o país.

4.4. O Romance de 30 aborda apenas temas rurais?

Não. Embora a temática rural (seca, engenhos) tenha predominado e generalizado o termo "regionalista", o período inclui importantes romances urbanos (como a primeira fase de Jorge Amado: Suor, Mar Morto, Capitães da Areia), e romances de corte psicológico.

O cenário urbano era crucial para o projeto de denúncia dos autores engajados, pois a cidade era vista como o lugar privilegiado para o drama das massas e a luta de classes (o proletariado).

4.5. Por que A Bagaceira é considerado o marco inicial?

A Bagaceira (1928), de José Américo de Almeida, é o marco inicial porque é o romance que inaugura o ciclo neorrealista ou romance de 30. Ele é um dos primeiros a trazer o drama da seca e dos retirantes com um tom de denúncia e a utilizar inovações estilísticas herdadas do modernismo, embora ainda carregue traços da ingenuidade das vertentes anteriores, sendo um ponto de transição.


5. Prioridade para Concursos: O Legado do Romance de 30 na Crítica Social

O Romance de 30 é material vastamente cobrado por sua importância na interpretação crítica da sociedade brasileira. A chave é identificar como os autores utilizaram técnicas modernistas para fins de denúncia e análise sociológica.

5.1. A Transgressão na Narrativa de Jorge Amado (Uso do Espaço e Identidade)

Jorge Amado demonstra como o espaço geográfico na literatura é crucial para a identidade e a luta.

  • Identidade Coletiva (Mar Morto): O Cais do Porto é concebido como territorialidade e modo de vida. A "lei do cais" e o cancioneiro popular (ABC, sambas, canções) reiteram a identidade e o destino comum dos marítimos.

  • Subversão dos Destinos: Amado usa a literatura para apontar a transformação social. Lívia, em Mar Morto, após a morte do marido Guma, rompe com o espaço feminino da espera e assume o comando do saveiro, subvertendo a lógica imposta para as viúvas do cais. Sua luta é um "milagre" que não vem mais do Céu, mas dos homens.

  • O Imaginário da Luta: Em Capitães da Areia, a marginalidade dos meninos se transforma em força revolucionária. A libertação de Pedro Bala não é apenas individual, mas coletiva, encontrando na revolução uma "pátria e uma família".

5.2. O Regionalismo do Sul e as Diferentes Abordagens

Embora o Nordeste seja o foco principal, a prosa de 30 também abordou o Sul do país, com relatos do cotidiano urbano, valores sociais e a formação do Rio Grande do Sul. Autores como Érico Veríssimo (Caminhos Cruzados, 1935) e Dionélio Machado se destacaram no romance urbano e psicológico da região.

5.3. A Visão de Conjunto de Antonio Candido

Antonio Candido, um dos críticos mais importantes, destacou a dialética entre poesia e documento na prosa de 30. Os autores tinham uma forte preocupação em documentar a realidade social (documento), mas a qualidade artística dependia de como essa realidade era transfigurada ou estilizada (poesia), como ele observou em Jorge Amado.

A Geração de 30 assumiu a tarefa de interpretar o país antes que as comunidades científicas se consolidassem. Eles viam no romance a ferramenta para a descoberta e interpretação da identidade nacional e das relações sociais antagônicas, construindo uma literatura engajada no processo de transformação.


Tabela Resumo: Obras e Temas Prioritários

Autor

Obra (Ano)

Temática Central

Destaque (Concursos)

José Américo de Almeida

A Bagaceira (1928)

Seca, retirantes, transição entre o arcaico e o moderno (fecho de uma vertente)

Marco inicial do ciclo. Impasse da modernização rural.

Rachel de Queiroz

O Quinze (1930)

Seca, êxodo rural, drama social e feminista

Conflito rural vs. urbano no drama da professora Conceição.

José Lins do Rego

Menino de Engenho (1932)

Decadência do ciclo da cana-de-açúcar e do mundo patriarcal

A "volta impossível" e a falência da utopia rural.

Graciliano Ramos

S. Bernardo (1934)

Exploração, coronelismo, estrutura social

Crítica lapidar ao modelo de modernização capenga.

Graciliano Ramos

Vidas Secas (1938)

Seca, retirantes, animalização do homem

Discurso indireto livre e complexidade psicológica de Fabiano (crítica ao Estado opressor/ausente).

Jorge Amado

Capitães da Areia (1937)

Menores abandonados, vida urbana, luta proletária

Exceção ao regionalismo rural; denúncia social urbana; uso do espaço como liberdade/luta.

Jorge Amado

Mar Morto (1936)

Pescadores, vida no cais, religiosidade

Territorialidade e modo de vida. Subversão do destino feminino (Lívia).

Cyro dos Anjos

O Amanuense Belmiro (1937)

Romance intimista/psicológico

Exceção/segunda via; figuração do conflito rural/urbano de maneira irônica (a experiência rural como fantasma, esgotada).


6. Detalhamento Estilístico (Revisão para Provas)

O Romance de 30 não se preocupou com o experimentalismo da forma como a primeira fase, mas incorporou técnicas narrativas importantes para a sua profundidade social e psicológica:

  • Linearidade Narrativa: Em geral, os romances apresentam uma narrativa mais linear e tradicional, facilitando a transmissão da mensagem social.

  • Linguagem: Uso de regionalismos e variações linguísticas, aproximando-se da fala popular.

  • Foco Narrativo: Uso frequente do narrador onisciente que penetra a psicologia do personagem, como o discurso indireto livre em Graciliano Ramos. Este recurso permite ao narrador traduzir os pensamentos complexos das personagens simples, negando a ideia de sua incapacidade intelectual.

Importante: A Geração de 30 representou uma maturidade da prosa modernista, mostrando que era possível usar a liberdade estética conquistada pela primeira fase para criar uma literatura profundamente engajada e analítica da realidade nacional.