Se você está se preparando para o ENEM, vestibulares ou concursos públicos de 2025, o Parnasianismo e seu lema "Arte pela Arte" são temas de estudo obrigatório. Esta escola literária, que floresceu na poesia no final do século XIX, representa um marco de oposição ao sentimentalismo romântico, priorizando a objetividade, o rigor formal e a busca por uma beleza estética autônoma.
Para garantir o aprendizado mais eficiente, organizamos este conteúdo em uma ordem didática, começando pelos conceitos mais simples e avançando para as análises complexas e as particularidades cobradas nas provas.
A expressão "Arte pela Arte" (em latim, Ars gratia artis) é um sistema de crenças que defende a autonomia da arte. Essa ideia central sustenta que a arte deve ser apreciada por si só.
Dúvida Comum: Se a arte é "pela arte", ela não serve para nada? Pelo ponto de vista parnasiano, o objetivo da arte é puramente a Estética, desligando-a de razões funcionais, pedagógicas ou morais. A estética e a forma são consideradas mais importantes do que qualquer mensagem ou propósito utilitário que a obra possa transmitir. Para os parnasianos, a perfeição formal é o que torna a arte valiosa e apreciável por si mesma.
Origem do Conceito: Embora a ideia remonte a Aristóteles, ela foi desenvolvida no século XVIII. Alexander Baumgarten cunhou a palavra "estética" em 1750, definindo-a como alheia à moral. Immanuel Kant aprofundou o tema, dizendo que o prazer estético é desinteressado. A expressão "arte pela arte" foi sumariada e cunhada por Benjamin Constant em 1804.
Divulgação: Na França, Théophile Gautier foi um grande divulgador, usando o termo para atacar o moralismo e o utilitarismo, chegando a colocar a Beleza em oposição à Utilidade.
O Parnasianismo é uma escola literária, essencialmente poética, que surgiu na França no século XIX, a partir de 1850. Ele se desenvolveu simultaneamente ao Realismo-Naturalismo na prosa.
Etimologia do Nome: O nome deriva de Parnasse Contemporain, uma série de antologias de poesia publicadas em Paris a partir de 1866. Parnaso é uma montanha na mitologia grega consagrada a Apolo, deus da Beleza e da poesia, e às musas.
Contexto Histórico (Foco em Concursos): O movimento surgiu em um momento em que a sociedade ocidental valorizava o conhecimento científico e o positivismo. Essa valorização da ciência levou ao rompimento com o subjetivismo do Romantismo.
Postura Antirromântica: O Parnasianismo surge em oposição ao Romantismo, que era marcado por emoções e subjetividade. Os parnasianos criticavam o sentimentalismo e a simplicidade da linguagem romântica.
No Brasil, o Parnasianismo ganhou força no final do século XIX.
Início no Brasil: O movimento se inicia no Brasil em 1882, com a publicação de Fanfarras, de Teófilo Dias.
Duração: O Parnasianismo dominou a poesia brasileira por um longo tempo, estendendo-se até o advento do Modernismo em 1922, quando ocorreu a Semana de Arte Moderna de São Paulo.
As características do Parnasianismo, essenciais para a interpretação de qualquer poema da escola, são definidas pela busca incessante da perfeição formal e pela crença na Arte pela Arte.
O aspecto mais marcante do Parnasianismo é a valorização exagerada da forma (Culto à forma). A estética era a prioridade.
Rigor Formal: Havia um respeito rígido às regras de versificação. Os poetas buscavam uma linguagem rebuscada e perfeita do ponto de vista formal, o que chamavam de perfeição formal.
Preciosismo: Foco no detalhe e na singularização de cada objeto. Isso se manifesta no uso de vocabulário culto e palavras raras.
Em contraste com a subjetividade romântica, o Parnasianismo preza por uma atitude de objetividade e impessoalidade.
Descrição Fiel: O poeta deve apresentar os fatos e objetos como eles são na realidade, sem deformá-los por sua maneira pessoal de sentir ou pensar.
Rejeição do Lirismo/Sentimentalismo: Buscava-se romper com os excessos do romantismo, defendendo a impessoalidade na escrita. A beleza da forma era o foco, não a transmissão de emoções pessoais. Os autores parnasianos buscavam o racionalismo.
Absenteísmo Político/Social: A "arte pela arte" representava uma forma de escapar de responsabilidades sociais e políticas, focando apenas na estética e na beleza formal. Isso levou ao chamado "afastamento social".
Embora a forma fosse a prioridade, o conteúdo se apoiava em temáticas específicas:
Temática Greco-Romana/Classicismo: Os parnasianos recuperavam temas da antiguidade clássica, valorizando uma visão mais clássica da literatura. Era comum descrever deuses, heróis, fatos lendários, ou personagens marcados na história.
Descritivismo: A descrição visual é uma força da poesia parnasiana. Grande parte da poesia baseia-se em objetos inertes, que exigem uma descrição detalhada (e, por vezes, exótica).
A estrutura dos poemas parnasianos é a sua assinatura e frequentemente aparece em questões de análise textual em concursos.
A forma mais valorizada e preferida pelos poetas parnasianos é o soneto, uma composição lírica fixa de 14 versos.
Estrutura do Soneto: O soneto é dividido em duas estrofes de quatro versos (quartetos) e duas estrofes de três versos (tercetos). O sentido ou a "chave" do texto é frequentemente revelado no último verso.
Exemplo de Aplicação: No soneto Nel mezzo del camin... de Olavo Bilac, a estrutura segue rigorosamente 2 quartetos e 2 tercetos, com rimas externas e versos decassílabos.
O rigor métrico e a seleção cuidadosa de rimas são cruciais.
Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser constante em cada verso.
Versos Preferidos: Os mais utilizados são os decassílabos (10 sílabas poéticas) e os alexandrinos (12 sílabas poéticas).
Simetria Constante: Por vezes, há alternância simétrica de métrica (exemplo: dez, seis, dez, seis sílabas).
Decassílabos Heroicos e Sáficos (Exceção/Detalhe Complexo): Em análises aprofundadas, como a do poema de Bilac, nota-se a alternância entre decassílabos heroicos (tônica na 6ª e 10ª sílabas) e decassílabos sáficos (tônica na 4ª, 8ª e 10ª sílabas).
Rimas Raras/Ricas: Os parnasianos davam grande ênfase às rimas raras. Eram preferidas as rimas ricas, onde se evitam palavras da mesma classe gramatical.
Figuras de Linguagem: O emprego da linguagem figurada é reduzido, mas o uso do hipérbato é valorizado. O hipérbato (inversão da ordem sintática) estiliza o texto, contribuindo para o objetivo de perfeição e rebuscamento.
Cavalgamento (Enjambement): Ocorre quando a ideia ou o conteúdo sintático do verso não se encerra na linha, estendendo-se para o verso seguinte. Essa tática era usada para priorizar a métrica e o conjunto de rimas.
No Brasil, o movimento foi impulsionado por uma tríade de poetas, cujas obras são frequentemente cobradas.
A chamada tríade parnasiana é composta por:
Olavo Bilac (1865-1918): O mais famoso e conhecido, defendeu ardentemente os preceitos parnasianos. Sua obra Relicário (1888) é um marco.
Alberto de Oliveira (1857-1937): Um dos principais expoentes e propagador do movimento a partir de 1877. É conhecido por seus poemas descritivos de objetos inertes, como Vaso Chinês e Vaso Grego.
Raimundo Correia (1859-1911): Firmou definitivamente o movimento com Sinfonias (1883).
Outros autores notáveis incluem Francisca Júlia da Silva (Mármores, 1895), Vicente de Carvalho, e Luís Delfino.
Embora o movimento brasileiro tenha sofrido grande influência da França, ele não foi uma cópia exata, apresentando particularidades importantes:
Subjetivismo Não Excluído: O Parnasianismo brasileiro, diferentemente do francês, não obedece à mesma preocupação rígida de objetividade e cientificismo. Embora combatesse o sentimentalismo romântico, o Parnasianismo brasileiro não excluiu totalmente o subjetivismo. Poemas de Olavo Bilac, por exemplo, demonstram um sentimento contido, mas presente.
Temas Nacionais: Embora os parnasianos valorizassem o universalismo e a temática greco-romana, autores como Olavo Bilac, apesar de defenderem os preceitos parnasianos, também abordavam temas da vida brasileira, como é visto em partes de sua obra Esmeraldas.
O poema Vaso Chinês, de Alberto de Oliveira, é um dos exemplos mais clássicos e mais cobrados para ilustrar o ideal da Arte pela Arte.
Tema Central: O poema convida o leitor a uma pausa contemplativa, onde a beleza se basta a si mesma, sem a intenção de ensinar ou provocar reflexões profundas.
Estrutura: É um soneto, utilizando versos decassílabos, demonstrando o rigor formal parnasiano.
Foco na Estética: O eu lírico descreve o objeto exótico e elegante com fascinação, detalhando o "mimo" sobre o "mármor luzidio" e a riqueza de detalhes ("rubras flores de um sutil lavrado").
O Esteticismo na Prática: A descrição detalhada do vaso e da figura do mandarim ("olhos cortados à feição de amêndoa") revela o preciosismo na descrição. O foco está na beleza do objeto, na habilidade do artista ("Que arte em pintá-la!"), e na experiência de contemplação, não havendo preocupação com questões sociais ou morais. A obra é uma celebração da estética e da perfeição formal.
Para uma análise completa, é crucial entender como o Parnasianismo foi visto historicamente, especialmente pelo movimento que o sucedeu.
A Visão Modernista (A Crítica Mais Comum): Os modernistas de 1922 tomaram de assalto as letras nacionais. Na narrativa teleológica da história literária, o Parnasianismo passa a ser visto como a imagem negativa que justifica o surgimento e a existência do Modernismo. O Parnasianismo é frequentemente apresentado em materiais didáticos como:
Poética pedante, alienada e obsoleta.
Arte artificial, superficial, "epidermica e pretensiosa".
Um movimento que petrificou a expressão e criou um hiato entre a língua falada e a língua escrita.
Uma poética de "academicismo" que busca o equilíbrio pela cópia.
A Defesa Crítica (Para ir além do clichê): É necessário um esforço para compreender o Parnasianismo segundo suas próprias premissas estéticas, dissociando-o da imagem construída pelos modernistas.
Críticos apontam que a escola, apesar de criticada por seu "estetismo esnobe" e ser considerada "fria, mecânica e superficial", cumpriu um papel histórico importante, consolidando o sistema literário brasileiro e estimulando, por reação, o surto transformador do Modernismo.
O Simbolismo surgiu após o Parnasianismo e, embora sejam escolas distintas, possuem algumas afinidades e contrastes que são frequentemente explorados em questões de prova.
Característica | Parnasianismo | Simbolismo |
Foco Principal | Objetividade, razão, forma | Subjetividade, mistério, inconsciente |
Fórmula Estética | Arte Pela Arte (Beleza Visual) | Arte do Símbolo e das Correspondências |
Linguagem | Descritiva, precisa, linguagem rebuscada | Sugestiva, liberdade metafórica, sinestesias |
Forma Comum | Soneto e metrificação rigorosa | Tendência a formas mais livres, mas ainda com apuro formal |
Atitude Social | Afastamento social, impessoalidade | Isolamento, preferência pelo subjetivismo |
Afinidades | Ambas valorizam o apuro formal, o vocabulário erudito e o exotismo. Poetas como Cruz e Souza (Simbolista) ainda guardaram na forma uma impregnação parnasiana. |
Destaque Simbolista: O Simbolismo buscou a transcendência e explorou o mistério através de figuras poéticas e combinações sinestésicas (associação de cores, sons e perfumes). Enquanto os parnasianos eram ideativos, o Simbolismo se fechava no subjetivismo.
Para auxiliar na fixação do conteúdo e cobrir dúvidas óbvias, veja este resumo em formato de perguntas e respostas.
O que significa o lema “A Arte Pela Arte” (Ars gratia artis)? Significa que a arte existe e é apreciada por sua própria beleza e estética, sem precisar ter um propósito moral, pedagógico, social ou utilitário. A beleza da forma se basta.
O Parnasianismo se parece com o Realismo? O Parnasianismo foi contemporâneo ao Realismo-Naturalismo e ambos compartilham a busca pela objetividade. No entanto, o Parnasianismo é uma poesia de caráter ideativo, voltando-se a temas universais e à mitologia (Classicismo). O Realismo, por sua vez, foca na observação da realidade social. Além disso, o Parnasianismo só produziu poesia; não existe prosa parnasiana.
Por que a Tríade Parnasiana (Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia) é tão importante para os concursos? Estes três poetas foram os principais responsáveis pela consolidação e popularização da escola no Brasil e são os mais citados nos materiais didáticos, sendo seus poemas (especialmente os sonetos e os descritivistas) os exemplos-chave da estética parnasiana.
Qual o principal recurso formal utilizado pelos parnasianos? O soneto é a forma fixa preferencial, e o uso de metrificação rigorosa (decassílabos ou alexandrinos) e rimas ricas/raras são cruciais para atingir a perfeição formal.
O Parnasianismo brasileiro é uma cópia fiel do francês? Não. Embora tenha forte influência, o Parnasianismo brasileiro não seguiu o rigor científico e a impessoalidade extrema do modelo francês. Ele não excluiu totalmente o subjetivismo e, em certos momentos, abordou temas da vida brasileira, distanciando-se do purismo europeu.
O Parnasianismo é considerado um movimento negativo? Historicamente, sim. A crítica literária, sobretudo após o Modernismo de 1922, tendeu a depreciar o Parnasianismo como um movimento "pedante, alienado e obsolet". Contudo, é fundamental reconhecer que o movimento teve sua importância na consolidação do sistema literário nacional e serviu como catalisador para o surgimento do Modernismo, que se definiu justamente por ser seu contrário.
*Fontes de Referência Adicionais: A estética parnasiana, com sua preferência pelo verso alexandrino de tipo francês e a ênfase na forma perfeita, dominou a vida literária do país até a chegada do Modernismo. O pessimismo, ou o sensualismo, são tendências observadas nos poetas parnasianos, que viam o homem preso à matéria, sem possibilidade de se libertar do determinismo.