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10/03/2024 • 21 min de leitura
Atualizado em 26/07/2025

Período Republicano: A política do café com leite e as oligarquias regionais

A Política do Café com Leite e as Oligarquias Regionais

A República Oligárquica, também conhecida como República Velha (1889-1930), é um dos períodos mais marcantes e complexos da história do Brasil, caracterizado por um arranjo político que consolidou o poder nas mãos de poucas elites regionais. Entender a Política do Café com Leite e o funcionamento das Oligarquias Regionais é fundamental para desvendar as dinâmicas sociais, econômicas e políticas que moldaram o país no início do século XX e que ainda reverberam na atualidade.

1. O Contexto da Proclamação da República e a Ascensão das Oligarquias

A Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, pôs fim ao regime imperial no Brasil. Liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, o evento marcou a instauração de uma nova forma de governo: a República. Com a Constituição de 1891, o país adotou um modelo federalista liberal, inspirada no sistema dos Estados Unidos, concedendo autonomia aos estados na organização de seus poderes Executivo e Legislativo.

Contudo, essa autonomia estadual se deteriorou rapidamente devido à construção oligárquica promovida, principalmente, pelo presidente paulista Campos Sales (1898-1902). Ele buscou restabelecer a estabilidade política da República de forma similar ao parlamentarismo imperial, que era organizado pela elite cafeeira.

1.1. A Política dos Governadores: O Alicerce da República Oligárquica

Inserida nesse esforço de estabilização, a Política dos Governadores foi um sistema político crucial instaurado por Campos Sales. Seu objetivo principal era estabilizar e pacificar a recém-proclamada república federativa.

Como funcionava a Política dos Governadores?

  • O governo federal prometia não intervir nos assuntos internos dos estados.

  • Em troca, os governadores estaduais deveriam apoiar o poder executivo federal e garantir que apenas políticos alinhados com o governo fossem eleitos para as assembleias estaduais e federais.

  • Na prática, isso impedia a formação de uma oposição republicana efetiva ao governo federal, consolidando o poder das elites no comando do país.

Essa dinâmica favoreceu a autonomia irrestrita dos estados e fortaleceu o que ficou conhecido como mandonismo local, principalmente através da figura do coronel.

2. A Política do Café com Leite: O Núcleo da Hegemonia Oligárquica

A Política do Café com Leite foi a expressão mais visível e simbólica da Política dos Governadores. Ela descreve uma aliança firmada entre as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais para o revezamento da Presidência da República.

Por que "Café com Leite"? A expressão faz referência aos principais produtos agrícolas que representavam a força econômica desses dois estados: café por São Paulo (o maior produtor econômico do produto) e leite por Minas Gerais (que se tornou o segundo maior produtor de café e possuía o maior colégio eleitoral do Brasil).

2.1. O Funcionamento da Alternância e Seus Pilares

O sistema de alternância presidencial entre paulistas e mineiros, embora parecesse democrático, na prática consolidava o poder nas mãos de poucos, perpetuando a exclusão de outras regiões e classes sociais do cenário político nacional.

Os pilares da Política do Café com Leite eram:

  • Alternância de Presidentes: Em nível federal, ocorria a alternância de presidentes oriundos de São Paulo e Minas Gerais. Os presidentes eram membros das oligarquias desses estados, e o poder federal era utilizado para garantir o apoio dos estados e municípios.

  • Poderio Econômico do Café: O sistema estava fortemente orientado aos interesses do mercado agroexportador de café, que representava a maior parte das exportações e gerava um volume avultante de receitas para a União e, principalmente, para São Paulo. A predominância dos interesses da burguesia cafeeira esteve ligada à expansão da fronteira agrícola e à necessidade de terras, o que significava a incorporação de terras devolutas e a expulsão de pequenos agricultores.

  • Influência do Colégio Eleitoral Mineiro: Minas Gerais, com seu grande colégio eleitoral, era estratégico do ponto de vista político, complementando o poderio econômico de São Paulo.

  • Apoio das Demais Oligarquias: As oligarquias estaduais aliadas tinham o papel de organizar as elites locais para garantir votos aos políticos que apoiavam o sistema. As demais oligarquias regionais também se beneficiavam do arranjo político, mesmo que o poderio econômico do café ofuscasse a receita de estados produtores de outras commodities. A autonomia concedida aos estados perpetuava o poder das elites locais, impedindo que interesses contrários fossem atrapalhados.

2.2. A Comissão Verificadora de Poderes: A "Degola"

Um instrumento fundamental para garantir a manutenção do poder oligárquico era a Comissão Verificadora de Poderes. Esta comissão tinha o papel de validar ou "degolar" (eliminar) a eleição dos congressistas, assegurando que apenas candidatos alinhados com as oligarquias chegassem ao poder. Assim, um político de oposição, mesmo que eleito, não tomaria posse se a comissão não aprovasse.

2.3. Desafios à Visão Tradicional: A Complexidade das Alianças

Embora a tese da "política do café com leite" seja uma das mais consolidadas na historiografia brasileira, revisões recentes têm questionado a ideia de uma aliança monolítica, exclusiva e permanente entre Minas Gerais e São Paulo.

  • Instabilidade como Estabilidade: Cláudia Viscardi argumenta que a estabilidade do regime oligárquico foi garantida, paradoxalmente, pela instabilidade das alianças entre os estados politicamente mais importantes da Federação. Essa instabilidade impedia a perpetuação da hegemonia de um único estado e a exclusão definitiva de outros, contendo rupturas internas sem ameaçar o modelo político.

  • Outros Atores Políticos de Relevo: Oligarquias de "segunda ou terceira grandeza" (como as fluminenses, gaúchas e baianas) tiveram importância significativa nos processos de decisão política. Além disso, o Estado Nacional (representado pelo Legislativo e Executivo) e o Exército Nacional atuaram como atores fundamentais, e seu poder foi inversamente proporcional ao poder dos estados-atores hegemônicos. O Exército, por exemplo, interveio intensamente em pelo menos sete dos treze processos sucessórios, fortalecendo candidatos situacionistas ou reforçando oposições, e atuou na defesa de seus próprios interesses.

  • Intervenção Federal: O Estado Nacional detinha o poder de intervenção sobre as unidades federadas, especialmente sobre os estados menores, usando-o para controlar o acesso ao poder pelas diferentes facções.

  • Renovação Parcial: A dinâmica do sistema exigia uma renovação parcial entre os atores, rejeitando atitudes monopólicas. O maior exemplo contrário a isso foi Borges de Medeiros no Rio Grande do Sul, onde a lei permitia a reeleição, e ele pôde perpetuar-se no controle do estado.

3. O Coronelismo: A Espinha Dorsal do Poder Local

O coronelismo é um brasileirismo usado para definir a complexa estrutura de poder característica do Brasil durante a República Velha. Ele tinha início no plano municipal e abrangia todo o sistema político do país. Consistia na figura de uma liderança local – o "coronel" (fazendeiro rico) – que definia as escolhas dos eleitores em candidatos por ele indicados.

3.1. As Raízes e a Disseminação do Coronelismo

As raízes do coronelismo provêm da tradição patriarcal brasileira e do arcaísmo da estrutura agropecuária no interior remoto do Brasil. O título de "coronel" originou-se com a criação da Guarda Nacional em 1831, que substituiu as milícias e ordenanças. Essa patente, concedida preferencialmente a grandes proprietários de terras, conferia-lhes autoridade para impor ordem sobre o povo e os escravos. Embora a Guarda Nacional tenha sido abolida com a ascensão de Getúlio Vargas, o termo "coronel" persistiu para denominar pessoas de posses com influência sobre as massas, como comerciantes e grandes proprietários rurais.

Devido ao vasto território e à falta de mecanismos de vigilância direta do poder central, o Brasil tornou-se "refém dos coronéis", que "personificaram a invasão particular da autoridade pública".

3.2. Mecanismos de Controle: O Voto de Cabresto, o Compadrio e o Mandonismo

O coronelismo funcionava através de uma rede complexa de relações onde o poder público alimentava o poder local em troca do voto do eleitorado rural. Os coronéis exerciam um controle político e social sobre seus dependentes e empregados, utilizando-se de métodos como:

  • Voto de Cabresto: O coronel conseguia o voto do eleitor de duas formas:

    • Pela violência: Caso o eleitor votasse em outro candidato, podia perder o emprego ou sofrer violência física.

    • Pela troca de favores (clientelismo): O coronel oferecia a seus dependentes favores como sacolas de alimentos, remédios, segurança, vaga em hospital, dinheiro emprestado, emprego, etc.. O voto não era passivo, mas consciente, dado por quem esperava ou já havia recebido algo.

  • Curral Eleitoral: Nome dado ao conjunto de empregados e eleitores de um coronel, garantindo a fidelidade dos votos.

  • Compadrio: Relações onde elementos considerados inferiores e dependentes se submetiam ao senhor da terra pela proteção e persuasão. A resistência podia levar à expulsão, perseguição e assassinato impune.

  • Mandonismo: Excesso de autoridade dos coronéis que ia além da mera relação profissional, configurando um domínio pessoal e arbitrário sobre a população.

Além disso, eram comuns a fraude eleitoral e a desorganização dos serviços públicos. As eleições municipais eram "pelejas aguerridas" onde a comprovação da maioria do eleitorado no município credenciava a facção local às preferências da situação estadual.

3.3. Debates Historiográficos sobre o Coronelismo

A compreensão do coronelismo é objeto de importantes debates:

  • Victor Nunes Leal: Em sua obra "Coronelismo, Enxada e Voto" (1949), Leal definiu o coronelismo como um compromisso ou troca de proveitos entre o poder público (progressivamente fortalecido) e a influência decadente dos chefes locais. Para ele, o coronelismo não era a mera sobrevivência do poder privado, mas um fenômeno específico da Primeira República, produto do federalismo de 1891 e da crise dos fazendeiros. A dependência mútua entre o coronel (que garantia votos) e o governo estadual (que não interferia em seus redutos) era essencial.

  • Maria Isaura Pereira de Queiroz: Diferentemente de Leal, Queiroz identificou o coronelismo com o mandonismo, ampliando o uso do conceito e diluindo sua precisão histórica. Ela atribuiu ao coronel a função de chefe de parentela, examinando-o em seu aspecto familiar, onde a parentela era vista como a origem da estrutura coronelista, reunindo aspectos políticos, econômicos e de parentesco. O coronel deveria possuir aspecto carismático, mas o poder aquisitivo era crucial.

  • Paul Cammack: Criticou o conceito de "compromisso coronelista" de Leal, argumentando que o sistema político oligárquico na Primeira República deveria ser entendido pela representação de interesses das classes dominantes, e não pelo clientelismo. Ele questionou a dependência do governo estadual em relação ao coronel para a produção de votos.

  • José Murilo de Carvalho: Defendeu a validade do conceito de Leal, apesar de reconhecer os exageros atribuídos ao valor do voto na Primeira República.

Nuances e Perspectivas do Coronel: Apesar da imagem autoritária, o coronel, muitas vezes, trouxe melhorias para seu município (escolas, estradas, correios, hospitais, etc.), o que aumentava seu prestígio político e mantinha sua liderança. O coronel era visto como "juiz entre questões e disputas humanas", resolvendo casos de terra, dinheiro, família e até protegendo criminosos, transformando-os em instrumentos de sua força.

4. Impactos Sociais e Econômicos da República Oligárquica

A Política do Café com Leite e o sistema oligárquico tiveram profundos impactos no Brasil:

  • Concentração de Poder e Riqueza: O sistema favoreceu as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, resultando em uma concentração de poder e riqueza nas mãos de poucos.

  • Exclusão Social e Política: Grande parte da sociedade brasileira, especialmente as classes sociais mais baixas e outras regiões, foi excluída do processo político e econômico. A "democracia era uma mera ficção".

  • Dependência Econômica: A economia brasileira tornou-se extremamente vulnerável devido à forte dependência do café como principal produto de exportação. A falta de diversificação econômica aprofundou as desigualdades.

  • Estagnação Política e Econômica: O controle oligárquico e a dependência do café impediram um desenvolvimento político e econômico mais amplo para o Brasil.

  • Descontentamento Popular: A insatisfação com a política oligárquica cresceu entre a população, alimentando movimentos de contestação.

5. Movimentos de Contestações e Abalos no Sistema Oligárquico

Apesar da estabilidade aparente, a República Oligárquica foi um período turbulento, marcado por diversas revoltas que mostravam a insatisfação da população com as condições de vida.

  • Revoltas Rurais:

    • Guerra de Canudos (Bahia, 1896-1897): Liderada por Antônio Conselheiro, o movimento messiânico, coletivista e monarquista, que agregava famílias pobres do sertão baiano, foi considerado uma ameaça pelos governos federal e estadual, exigindo quatro expedições militares para ser vencido.

    • Guerra do Contestado (Paraná/Santa Catarina, 1912-1916): Camponeses se revoltaram contra a concentração de terras e problemas relacionados à construção de uma estrada de ferro, que desalojou parte da população e gerou desemprego. José Maria reuniu pessoas pregando o coletivismo, despertando o descontentamento das lideranças locais e do governo.

    • Cangaço (Sertão Nordestino, 1870-1940): Inicialmente ligado a interesses de coronéis, com o aumento da miséria, grupos como o de Lampião passaram a atuar de forma independente, sendo vistos por alguns como fora-da-lei e por outros como justiceiros.

  • Revoltas Urbanas:

    • Revolta da Vacina (Rio de Janeiro, 1904): Motivada pela higiene precária e pela vacinação obrigatória decretada por Oswaldo Cruz, a revolta também expressava a insatisfação com o desemprego, a fome e a demolição de cortiços em nome da modernização.

    • Revolta da Chibata (Rio de Janeiro, 1910): Marinheiros, liderados por João Cândido (o Almirante Negro), se revoltaram contra os castigos físicos (chibatadas). Apesar das promessas de fim dos castigos pelo presidente Hermes da Fonseca, muitas não foram cumpridas.

  • Movimentos Político-Militares:

    • Tenentismo (1922-1927): Movimento de jovens oficiais militares, descontentes com o governo, que buscaram reformas políticas e tiveram influência no fim do poder dos cafeicultores. Incluiu episódios como os "Dezoito do Forte" (Rio de Janeiro, 1922), a revolta em São Paulo (1924), e a Coluna Prestes (1924-1927), que percorreu vários estados incitando o povo contra o governo.

6. A Crise e o Fim da Política do Café com Leite

O modelo oligárquico começou a sofrer um progressivo desgaste a partir da década de 1920. A crescente insatisfação popular, o acirramento dos conflitos políticos, e a emergência de novos atores sociais (setores médios do Exército, setores urbanos) contribuíram para a fragilização das bases do pacto oligárquico.

A Crise de 1929, com a queda dos preços do café, expôs a fragilidade da economia brasileira baseada na monocultura e aumentou o descontentamento.

6.1. A Ruptura e a Revolução de 1930

O fim da Política do Café com Leite foi precipitado pela ruptura da aliança entre Minas Gerais e São Paulo. Em 1929, São Paulo tentou impor a candidatura de Júlio Prestes para a presidência, à revelia de Minas Gerais. Isso foi visto como uma tentativa paulista de monopolizar o poder político no país, correspondente ao seu potencial econômico, o que culminou na ruptura definitiva da aliança.

  • Eleições de 1930: O pleito eleitoral opôs Júlio Prestes (Partido Republicano Paulista - PRP) e Getúlio Vargas (Aliança Liberal - AL), um candidato gaúcho que não pertencia nem a São Paulo, nem a Minas Gerais.

  • A "Revolução": Vargas perdeu as eleições, mas a Aliança Liberal mobilizou os militares para a tomada do poder. O assassinato de João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, candidato a vice-presidente na chapa de Vargas, serviu como um gatilho para a Revolução de 1930, embora não tivesse relação política direta.

  • Tomada do Poder: O velório de João Pessoa atraiu apoio popular, levando os militares a exigirem a renúncia do então presidente Washington Luís e entregarem o poder a Getúlio Vargas, que assumiu provisoriamente e anulou a Constituição de 1891. A Revolução de 1930 marcou o fim da Política do Café com Leite e da alternância presidencial entre São Paulo e Minas Gerais no poder federal.

6.2. A Revolução Constitucionalista de 1932: Uma Reação Paulista

Com Vargas no poder provisoriamente e sem uma nova constituição, e com a nomeação de interventores para São Paulo que não correspondiam aos interesses da elite paulista, os paulistas iniciaram uma mobilização popular. Eles exigiam a escolha de um interventor alinhado com seus interesses, a formação de uma Assembleia Constituinte e a realização de eleições.

  • Estopim: Em 23 de maio de 1932, um confronto entre manifestantes paulistanos e partidários da Legião Revolucionária (que apoiava Vargas) resultou na morte de quatro jovens (Euclides Miragaia, Mário Martins, Dráusio Marcondes e Antonio de Camargo), cujas iniciais deram nome à sociedade secreta M.M.D.C..

  • Conflito Armado: Essas mortes foram o estopim para a Revolução Constitucionalista de 1932. Os paulistas lutaram sozinhos contra o exército nacional por três meses, resultando em mais mortos do que a Segunda Guerra Mundial deixaria anos depois.

  • Resultado: A revolução terminou com a rendição dos paulistas e o compromisso de Vargas de lançar uma constituinte em 1934.

Debate sobre a Motivação da Revolução de 1932: Historiadores divergem sobre a verdadeira motivação. Alguns alegam que foi para pressionar o governo a organizar uma Assembleia Constituinte, enquanto outros afirmam que foi uma luta da elite paulista pela retomada do poder, usando a constituição como argumento mobilizador das massas.

7. O Legado e as Repercussões Atuais das Oligarquias

A Política do Café com Leite e o coronelismo deixaram um legado duradouro na política brasileira:

  • Consolidação do Poder Oligárquico: O sistema consolidou o poder das oligarquias, que dominaram a política nacional por décadas e, de certa forma, ainda exercem protagonismo.

  • Influência no Desenvolvimento Regional: A política beneficiou o Sudeste de maneira evidente, com o capital acumulado do café em São Paulo sendo investido na industrialização do estado. Embora ofuscados, estados "periféricos" também se beneficiaram da autonomia política e da manutenção de suas elites locais no poder.

  • Permanência da "Velha Política": Jullyana Luporini de Souza, pesquisadora da FFLCH-USP, ressalta que, embora tenha havido mudanças significativas na política brasileira, "a lógica dos interesses da terra continuam atuais". O conflito envolvendo terra, poder econômico e sustentação de uma arquitetura política que favorece os grandes proprietários e seus interesses ainda pode ser observado no Congresso Nacional. A "política dos conchavos" continua exercendo seu papel no controle dos territórios e das riquezas do Brasil, principalmente através do poder legislativo.

  • Novas Roupegens do Coronelismo: Com o fim da ditadura militar em 1988 e a promulgação da Constituição Federal, os "grandes oligarcas ou coronéis" tornaram-se figuras com uma "nova roupagem" – os caciques.

    • Caciquismo: Semelhante ao coronelismo e caudilhismo, o caciquismo difere na agressividade. O cacique político é o chefe político local que domina seu eleitorado pela emoção (como o caudilho), mas controla a quantidade de votos por zona eleitoral (e não por área rural, como o coronel), agindo ao cortar verbas e trabalhos da máquina estatal para determinada zona eleitoral.

    • Coronelismo Eletrônico: Uma categoria que transporta o coronelismo para a realidade da transição econômica e tecnológica do fim do século XX e da transição política do Brasil. Consiste na intermediação clientelista de uma rede de relações entre instâncias locais e nacionais. O "coronel" angaria verbas públicas de publicidade governamental, aproveita instalações de retransmissoras por prefeituras, e se beneficia da afiliação a grandes grupos midiáticos, oferecendo capilaridade e apoio político. Essa atuação, fruto da incapacidade de competir com conteúdo qualificado, permite o domínio sobre espaços de debate público e o controle do acesso à informação pelo eleitorado, comprometendo o exercício da cidadania e fragilizando a democracia. O "coronelismo eletrônico de novo tipo" apropria-se de rádios comunitárias por políticos profissionais para fortalecer bases eleitorais, instrumentalizando a radiodifusão em prol de interesses particulares.

Perguntas Frequentes (FAQs)

Para facilitar seu entendimento e preparar-se para exames, confira as respostas para as dúvidas mais comuns sobre o tema:

1. O que foi a Política do Café com Leite? A Política do Café com Leite foi um acordo político durante a República Velha (1889-1930) que garantia a alternância de presidentes da República entre as oligarquias de São Paulo (produtora de café) e Minas Gerais (produtora de leite). Ela estava inserida na Política dos Governadores e visava estabilizar a política nacional e beneficiar as elites agroexportadoras de café.

2. Como as oligarquias controlavam o poder na Primeira República? As oligarquias exerciam controle através de um sistema complexo que incluía:

  • A Política dos Governadores, onde o governo federal apoiava os governadores estaduais em troca de apoio político e controle eleitoral local.

  • O Coronelismo, onde líderes locais (coronéis) controlavam o voto de suas regiões por meio do "voto de cabresto" (coerção ou troca de favores) e a formação de "currais eleitorais".

  • A Comissão Verificadora de Poderes, que validava as eleições e podia "degolar" (impedir a posse) de opositores.

  • A ausência de partidos políticos verdadeiros em nível nacional, favorecendo coalizões para eleições presidenciais e barganhas por recursos.

3. Quais eram os principais impactos da Política do Café com Leite na sociedade e economia brasileiras? Os principais impactos foram:

  • Concentração de poder e riqueza nas mãos das oligarquias paulista e mineira.

  • Exclusão da maioria da população e de outras regiões do país do processo político.

  • Forte dependência econômica do café, tornando o Brasil vulnerável às flutuações do mercado internacional, como evidenciado pela Crise de 1929.

  • Estagnação política e econômica em termos de diversificação e desenvolvimento para o país como um todo.

  • Aprofundamento das desigualdades sociais, com a expansão da fronteira agrícola e expulsão de pequenos produtores.

4. Quem eram os "coronéis" e qual seu papel? Os "coronéis" eram, em geral, fazendeiros ricos ou pessoas de posses (comerciantes, chefes políticos locais) que exerciam controle político e social em suas regiões. Seu poder vinha da posse de terras e de relações de dependência com a população local. Eles eram intermediários entre o poder público e a população, garantindo votos para os governadores estaduais e, em troca, recebendo autonomia para gerir os assuntos locais e benefícios.

5. Quando e como a Política do Café com Leite chegou ao fim? A Política do Café com Leite chegou ao fim com a Revolução de 1930. Fatores como a crescente insatisfação popular, o acirramento dos conflitos políticos, a Crise de 1929 (que impactou o setor cafeeiro) e, principalmente, a ruptura da aliança entre São Paulo e Minas Gerais (quando São Paulo tentou impor a candidatura de Júlio Prestes) levaram ao levante. A Aliança Liberal, liderada por Getúlio Vargas, mobilizou militares e, após o assassinato de João Pessoa, Vargas assumiu o poder, encerrando a alternância presidencial.

6. Houve "quebras" na Política do Café com Leite antes de 1930? Sim, ocorreram períodos em que a alternância direta entre presidentes paulistas e mineiros foi interrompida, sinalizando abalos no sistema:

  • Hermes da Fonseca (gaúcho, 1910-1914): Representou uma "primeira quebra" na alternância. Sua eleição resultou de uma aliança contra as pretensões paulistas de prolongar sua permanência no poder.

  • Epitácio Pessoa (paraibano, 1919-1922): Foi outra "quebra" no sistema de alternância direta, escolhido como resultado de um acordo entre grandes e médios estados, com o apoio de Minas contra as pretensões paulistas. Essas "quebras" demonstram que a aliança não era tão monolítica quanto muitas vezes retratada, e que outros estados e atores (como o Exército) também tinham influência nas disputas presidenciais.

7. A "Revolução de 1930" foi realmente uma revolução? A historiografia debate essa questão. Boris Fausto, por exemplo, questiona se o movimento de 1930 foi uma "revolução", já que não foram processadas mudanças estruturais profundas na sociedade. Ele propõe caracterizá-lo como o resultado de conflitos intraoligárquicos, fortalecidos por movimentos militares dissidentes, buscando golpear a hegemonia da burguesia cafeeira. Viscardi, por sua vez, a vê como uma reação armada a um jogo sucessório, um capítulo de instabilidade do modelo oligárquico, e não necessariamente o rompimento com o pacto oligárquico, mas sim um esforço para resgatá-lo.

8. Qual a diferença entre Coronelismo, Mandonismo e Clientelismo?

  • Mandonismo: É a forma mais ampla de domínio pessoal e arbitrário exercido por um "mandão" sobre a população, geralmente ligada à posse de terra. É uma característica da política tradicional.

  • Coronelismo: É um aspecto específico e datado do mandonismo local brasileiro, florescendo com a República. Victor Nunes Leal o define como um compromisso entre o poder público (Estado) e os chefes locais ("coronéis"), onde o voto é moeda de troca.

  • Clientelismo: É um fenômeno de dependência e troca de favores entre um "patrão" (o coronel) e seus "clientes" (os dependentes), onde o voto ou apoio é trocado por benefícios como emprego, comida, proteção.

9. A Política do Café com Leite ainda tem repercussões hoje? Embora o Brasil tenha passado por significativas transformações políticas e sociais, a lógica dos interesses da terra e a influência de grupos oligárquicos ainda podem ser percebidas. O que se observa é uma permanência da "velha política" de conchavos e o controle de territórios e riquezas por elites, principalmente através do poder legislativo. Formas contemporâneas de poder, como o caciquismo e o coronelismo eletrônico, são vistas como novas roupagens da concentração de poder midiático e político, perpetuando a instrumentalização da radiodifusão e o controle de informações em prol de interesses particulares.

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Questões:

  1. Qual era o objetivo principal da política do café com leite durante a República Velha no Brasil?

A) Promover a diversificação da economia nacional.

B) Consolidar o poder das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais.

C) Estimular a industrialização em todas as regiões do país.

D) Expandir a produção agrícola em todo o território brasileiro.

  1. Como as oligarquias do café com leite controlavam a política nacional durante a República Velha?

A) Através da promoção da democracia direta.

B) Por meio da manipulação do voto de cabresto.

C) Com a implementação de eleições livres e justas.

D) Utilizando o sistema de representação proporcional.

  1. Quais foram alguns dos impactos sociais e econômicos da política do café com leite no Brasil?

A) Redução das desigualdades sociais e diversificação da economia.

B) Fortalecimento da classe trabalhadora e diminuição da dependência econômica.

C) Aumento das desigualdades sociais e manutenção da dependência econômica do país.

D) Promoção do desenvolvimento sustentável e expansão da infraestrutura.

Gabarito:

  1. B) Consolidar o poder das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais.

  2. B) Por meio da manipulação do voto de cabresto.

  3. C) Aumento das desigualdades sociais e manutenção da dependência econômica do país.