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21/09/2025 • 12 min de leitura
Atualizado em 21/09/2025

Pré-Modernismo: Autores e Características

GUIA DEFINITIVO: PRÉ-MODERNISMO BRASILEIRO (1902-1922)

Autores, Obras Essenciais e as Características que Caem no Enem e em Concursos

1: FUNDAMENTOS – O QUE VOCÊ PRECISA SABER NA LARGADA

1.1. Definição e Período (A Dúvida Mais Comum)

O Pré-Modernismo não é considerado uma escola ou estilo literário. É, na verdade, uma fase de transição na historiografia literária brasileira.

  • Período: Estende-se de 1902 a 1922.

  • Início (Marco Inicial): 1902, com a publicação de duas obras cruciais: Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha.

  • Fim (Marco Final): 1922, com a realização da Semana de Arte Moderna.

Por que é uma "Fase de Transição"? O período é marcado por uma mistura de aspectos tradicionais (herdados do Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo) e por elementos inovadores que apontam para o futuro Modernismo. Apresenta um sincretismo estético.

1.2. Contexto Histórico: O Brasil da Virada do Século (O Cenário da Literatura)

O Pré-Modernismo se desenvolveu durante a República Velha (1889-1930). Esse contexto é fundamental para entender as temáticas dos autores:

  1. Domínio Oligárquico: Predominância da Política do Café com Leite (poder concentrado em Minas Gerais e São Paulo).

  2. Problemas Sociais Expostos: O período reflete a desigualdade e a miséria de vastas regiões do país.

  3. Conflitos e Revoltas: Ocorreram sérios problemas no Nordeste (seca) e grandes conflitos, como a Guerra de Canudos (1896-1897), que serviu de tema para Euclides da Cunha. Outras revoltas, como a Revolta da Vacina e a Revolta da Chibata, também faziam parte do cenário.

  4. Urbanização e Periferia: O processo de industrialização e urbanização em São Paulo estava em curso. No Rio de Janeiro, havia o contraste entre a elite da belle époque e a pobreza das regiões periféricas e subúrbios.

2: CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS – O DNA DO PERÍODO

As obras pré-modernistas tinham como objetivo principal trazer à tona o "Brasil real" na literatura. Elas se voltavam para a denúncia da realidade nacional e a recusa do passado literário idealizado (Romantismo e Parnasianismo).

2.1. O Sincretismo Estético

É a principal característica para se entender o período:

  • Prosa (Narrativa): Apresenta traços neo-realistas e neo-naturalistas (objetividade e determinismo, como em Euclides da Cunha).

  • Poesia: Combina o rigor formal parnasiano (métrica e rimas, como em Augusto dos Anjos) com a temática mórbida e angustiante do Simbolismo, adicionando elementos científicos.

2.2. Nacionalismo Crítico e Regionalismo

O nacionalismo do Pré-Modernismo é lúcido e objetivo, distanciando-se do ufanismo romântico.

  • Foco na Realidade: Interesse pela realidade brasileira, com ênfase no social e cultural. Os autores denunciam problemas do Brasil que estava "fora do eixo Rio-São Paulo".

  • O Brasil "Não-Oficial": Inserção de tipos humanos marginalizados ou desconhecidos pela elite literária da época: o sertanejo nordestino, o caipira (Jeca Tatu), o mulato e o funcionário público dos subúrbios.

2.3. Linguagem e Ruptura

  • Linguagem Coloquial: Busca por uma linguagem mais simples e despojada, aproximando-se da fala cotidiana, em contraste com a linguagem pomposa da época. Lima Barreto é o maior exemplo disso, usando o coloquialismo.

  • Ruptura com o Academicismo: Rompimento com os padrões e regras estéticas rígidas, especialmente as do Parnasianismo.


3: AUTORES E OBRAS ESSENCIAIS

O Pré-Modernismo se destaca pela força das inclinações individuais, e não por um ideário coletivo. Os autores mais cobrados em exames são: Euclides da Cunha, Lima Barreto, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos.

Autor

Obra Principal (Ano)

Tema Central

Palavra-Chave

Euclides da Cunha (1866-1909)

Os Sertões (1902)

Guerra de Canudos, Determinismo, Sertão.

A denúncia do sertanejo

Lima Barreto (1881-1922)

Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915)

Crítica social urbana, subúrbios, preconceito.

O retrato do subúrbio e a crítica social mordaz

Monteiro Lobato (1882-1948)

Urupês (1918)

O caipira (Jeca Tatu), decadência do Vale do Paraíba.

O caipira e o atraso do campo

Augusto dos Anjos (1884-1914)

Eu (1912)

Pessimismo, Cientificismo, Morte, Estética da Podridão.

Poesia única e científica

Graça Aranha (1868-1931)

Canaã (1902)

Imigração alemã, conflito entre civilização e natureza.

Filosofia e Imigração

4: ANÁLISE DETALHADA DOS GRANDES NOMES

4.1. Euclides da Cunha e a Geossociologia da Pátria

Euclides da Cunha foi engenheiro, jornalista e literato. Sua obra Os Sertões, publicada em 1902, é um marco não apenas literário, mas também historiográfico.

Obra Principal: Os Sertões: Campanha de Canudos

  • Gênero: Ensaio antropológico, sociológico e cultural.

  • Origem: A obra nasceu das anotações que Euclides fez enquanto cobria a Guerra de Canudos (1896-1897) para o jornal Folha de São Paulo. Ele foi a campo junto com a quarta expedição militar.

  • Estrutura Tripartida (Muito cobrada em exames):

    • "A Terra": Descrição rigorosa e científica do ambiente do sertão (flora, fauna, clima, cartografia, aridez). Essa descrição detalhada está ligada à crença determinista do autor (o meio determina o homem).

    • "O Homem": Estudo da figura do sertanejo, que ele descreveu como uma "raça forte". O autor analisou aspectos físicos, culturais e a origem desse homem do interior, com o objetivo de preservar a imagem dessa "sub-raça sertaneja".

    • "A Luta": Narração dos combates de Canudos, focando na incompreensão da campanha militar e no desequilíbrio de forças (militares com armas de fogo versus sertanejos com pedras e facas).

  • Linguagem: Euclides utilizava uma linguagem rebuscada, barroca e erudita.

  • Significado: A obra foi fundamental para dar visibilidade ao povo do sertão, o "Brasil marginal" fora do eixo Rio-São Paulo. Euclides, que inicialmente via a revolta como monarquista, percebeu em campo que se tratava de uma questão muito mais profunda: o desconhecimento da realidade do sertanejo.

4.2. Lima Barreto e a Crítica Social do Subúrbio

Afonso Henriques de Lima Barreto, mulato de família humilde, enfrentou grandes dificuldades (alcoolismo, internações em hospício). Sua escrita era movida por um espírito revolucionário e pela crença na função social da literatura.

Características Essenciais (Prioridade Alta para Concursos)

  1. Denúncia Social: Sua obra está a serviço da sociedade, denunciando a hipocrisia do meio social, as irregularidades do governo, a corrupção das elites e o preconceito racial.

  2. Foco no Subúrbio Carioca: Retrata a realidade urbana e periférica. Trouxe para a literatura o povo sofrido dos subúrbios, suas vidas sem horizontes. Ele "virou pelo avesso a imagem fútil da belle époque carioca".

  3. Linguagem Coloquial (Exceção à Norma): Lima Barreto recusou-se a seguir as normas da estética literária vigente e a linguagem pomposa dos escritores da época. Utilizou uma linguagem despojada e coloquial, o que lhe rendeu muitas críticas, mas o aproximou das experimentações modernistas.

  4. Obras de Destaque: Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909) e, principalmente, Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915).

A Obra Mais Cobrada: Triste Fim de Policarpo Quaresma

O romance narra a trajetória do Major Policarpo Quaresma, um nacionalista ufanista e fanático que tenta, de forma utópica e isolada, transformar o Brasil.

  • Fases do Ufanismo Frustrado (Exame de Concursos):

    • I. Ufanismo Linguístico: Propõe a oficialização do tupi-guarani como língua nacional. É ridicularizado e acaba internado.

    • II. Ufanismo Agrícola: Compra o sítio Sossego e tenta reformar a agricultura com métodos científicos. Falha ao se deparar com pragas, desleixo governamental e as limitações da terra.

    • III. Ufanismo Político: Engaja-se nas tropas de Floriano Peixoto (em defesa da República). No entanto, ao denunciar a violência e a corrupção do governo, é preso e executado.

  • Conclusão: Policarpo Quaresma, o intelectual que conhecia o Brasil apenas pelos livros, acaba destruído pela realidade brutal e ineficácia da República, demonstrando o choque entre a ilusão e a realidade.

4.3. Monteiro Lobato: Do Caipira à Crítica Estética

Monteiro Lobato (1882-1948) teve uma extensa obra, sendo o iniciador da literatura infantil no Brasil (Sítio do Picapau Amarelo). Contudo, sua relevância pré-modernista reside em sua prosa regionalista.

Obras de Destaque: Urupês (1918) e Cidades Mortas (1919).

  • O Personagem Central: Jeca Tatu, o caipira acomodado e miserável do interior paulista. Lobato utiliza essa figura para denunciar o atraso econômico e cultural de um Brasil agrário.

  • Evolução da Visão: Inicialmente, Lobato via o caipira com certa crítica (preguiçoso), mas depois passou a compreender que essa condição era resultado das péssimas condições de vida, saúde precária, desamparo social.

EXCEÇÃO E CONTRADIÇÃO (Muito cobrada em exames): Monteiro Lobato e a Crítica ao Modernismo

Apesar de ser um autor pré-modernista, com uma "face moderna" devido à sua visão crítica e nacionalismo objetivo, Monteiro Lobato é famoso por seu posicionamento antimodernista.

  • Artigo "Paranoia ou Mistificação?": Publicado em 1917, este artigo criticava duramente a exposição da pintora modernista Anita Malfatti. Lobato classificava a arte modernista como produto de "cérebros transtornados" ou fruto de "escolas rebeldes" e sadismo.

  • Impacto Histórico: O artigo é considerado o estopim que impulsionou os artistas (como Mário e Oswald de Andrade) a organizar a Semana de Arte Moderna de 1922.


5: O CASO EXCEPCIONAL E A CONSTRUÇÃO DO CÂNONE

5.1. Augusto dos Anjos: O Poeta Inclassificável

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914), natural da Paraíba, é a voz mais singular da literatura nacional da época. Ele é um caso crucial para entender as exceções do Pré-Modernismo.

Por que Augusto dos Anjos é uma exceção?

Sua obra poética, composta por apenas um livro, Eu (publicado em 1912), não se encaixa em nenhuma escola literária. Ele é classificado juntamente aos seus contemporâneos do Pré-Modernismo devido ao caráter sincrético e sua originalidade.

Características de sua Poesia (A Dualidade Estética)

A poesia de Augusto dos Anjos é uma combinação insólita, marcada por uma estética violenta, visceral, mórbida e angustiante.

  1. Influência Científica (Naturalismo e Determinismo): Utiliza um vocabulário científico e biológico (termos "antipoéticos") misturado ao lirismo. Exemplo: O uso de termos como "carbono e amoníaco," "epigênesis," "célula caída," e "frialdade inorgânica".

  2. Pessimismo e Angústia (Simbolismo/Filosofia): Sua poesia é imbuída de um puro pessimismo. Aborda a temática da morte e da podridão, a fatal finitude humana e a decomposição da matéria. Sua visão é influenciada pelo filósofo Arthur Schopenhauer (percebe a vida como um pêndulo entre sofrimento e tédio).

  3. Estética da Podridão: O amor e o prazer são reduzidos a uma "luta orgânica das células," com a existência humana destinada a ser cadáver e alimentar os vermes decompositores.

  4. Forma Rígida (Parnasianismo): Apesar da temática chocante, ele manteve a métrica rígida, utilizando frequentemente o soneto decassílabo.

A Recepção da Obra (O Repúdio e a Fama Póstuma)

  • A crítica de seu tempo repudiou veementemente seu único livro. Olavo Bilac, figura importante do Parnasianismo, chegou a dizer que o poeta "Fez bem em morrer, não se perde grande coisa".

  • Augusto dos Anjos obteve fama póstuma. A terceira edição de sua obra (rebatizada de Eu e outras poesias) vendeu milhares de exemplares em pouco tempo.

5.2. Outros Autores e A Construção do Cânone Pré-Modernista

Além dos quatro grandes nomes, outros autores são importantes para entender a diversidade do período.

  • Graça Aranha (1868-1931): Além de Canaã (sobre a imigração alemã no Espírito Santo), Graça Aranha foi fundamental por ter proferido a conferência "A emoção estética na arte moderna" na Semana de Arte Moderna de 1922, simbolicamente avalizando o projeto moderno.

  • Simões Lopes Neto (1865-1916): Principal figura do regionalismo rio-grandense, deixou obras como Contos gauchescos (1912) e Lendas do Sul (1913). Seu narrador, Blau Nunes, resgata a memória da rude sociedade pastoril do Sul.

A Construção do Cânone (Tópico de Crítica Literária)

O Pré-Modernismo, como um período da historiografia literária, foi incorporado pela tradição literária posterior, muitas vezes a partir do "filtro moderno".

  • O período marcou uma "guerra estética" que definiu vencedores e vencidos, confrontando o cânone e a margem.

  • Gustavo Barroso (1888-1959): É um exemplo notório de exclusão. Apesar de ser um intelectual polígrafo (contos, romances, História, folclore) com enorme prestígio social e político (diretor do Museu Histórico Nacional), ele foi alijado (relegado) tanto da estética pré-moderna quanto da moderna. Sua exclusão se deu porque ele não se ajustou ao cânone orgânico ou ao elemento conflituante definido pelos modernistas e seus antecessores, ficando em um "entre-lugar".


PERGUNTAS FREQUENTES (FAQs) SOBRE PRÉ-MODERNISMO

1. O Pré-Modernismo é considerado um movimento literário ou escola?

Não. O Pré-Modernismo é um período de transição. Os autores não possuíam um ideário ou estilo estético coletivo, mas sim inclinações individuais, por vezes antagônicas.

2. Por que o Pré-Modernismo é importante?

Ele foi crucial por dois motivos principais:

  1. Denúncia do Brasil Real: Trouxe para a literatura o "Brasil não-oficial", ignorado pela literatura anterior (o sertanejo, o caipira, o mulato).

  2. Preparação para o Modernismo: Suas características (linguagem mais simples, nacionalismo crítico, ruptura com o academicismo) prepararam o terreno para a revolução estética que viria com a Semana de Arte Moderna em 1922.

3. Qual a relação de Monteiro Lobato com o Modernismo?

Lobato é considerado um pré-modernista devido à sua crítica social e nacionalismo lúcido. No entanto, ele foi um grande crítico e adversário do Modernismo nascente. Seu artigo Paranoia ou Mistificação? (1917) criticando Anita Malfatti foi o estopim para a organização da Semana de Arte Moderna.

4. Quais são os principais temas de Augusto dos Anjos que o diferenciam dos simbolistas?

Enquanto o Simbolismo foca no misticismo, no subjetivismo e na sugestão (sendo uma de suas influências), Augusto dos Anjos se destaca pelo uso do cientificismo e do vocabulário "antipoético" (carbono, amoníaco, verme). Seu pessimismo e a obsessão pela decomposição da matéria ("estética da podridão") o tornam único.

5. Qual a diferença entre o nacionalismo romântico e o pré-modernista?

O nacionalismo romântico era ufanista e idealizado, focando na beleza da natureza e no heroísmo mítico. O nacionalismo pré-modernista é crítico, lúcido e objetivo, expondo a miséria, o abandono social e os problemas do país real (como visto em Os Sertões e Triste Fim de Policarpo Quaresma). Policarpo Quaresma, inclusive, é a própria caricatura do ufanismo ingênuo que é destruído pela realidade.


PONTO EXTRA: O Legado e a Continuidade

O Pré-Modernismo, ao expor o choque entre o Brasil da elite "civilizada" e o Brasil marginal do interior, cumpriu sua função de ser a ponte para a modernização cultural.

Apesar das diferenças entre os autores (desde a linguagem rebuscada de Euclides da Cunha até a coloquial de Lima Barreto), a coesão do período reside na sua capacidade de serem produtores de cultura que liam criticamente o seu tempo. O caminho da ruptura foi trilhado por autores como Lima Barreto, que defendeu a literatura como meio de "ligar a humanidade" e conscientizar sobre a "infinita dor de serem homens". Esta postura ética e estética, juntamente com as inovações formais de Augusto dos Anjos, preparou a literatura brasileira para sua fase mais transformadora.