No coração de cada computador, smartphone ou qualquer dispositivo eletrônico que utilizamos diariamente, reside o software. Longe de ser apenas um conjunto de programas, o software é a inteligência que permite ao hardware (a parte física) executar tarefas, comunicar-se e nos auxiliar em inúmeras atividades. Para quem se prepara para concursos públicos, dominar os conceitos de software é crucial, pois a informática é uma disciplina eliminatória e classificatória em quase 70% dos certames, exigindo mais do que apenas familiaridade superficial com ferramentas digitais.
Para entender o software, primeiro precisamos diferenciá-lo do hardware. O hardware é o conjunto de componentes físicos do computador – transistores, resistores, placas de circuito impresso, processador, memória, disco rígido, impressora, etc.. Por si só, o hardware é um objeto inerte; ele precisa de instruções para "fazer alguma coisa".
É aqui que entra o software: ele é o conjunto de programas, instruções e regras de computador que permitem ao hardware executar tarefas específicas. Em outras palavras, o software é a parte lógica do computador, que comanda as atividades do hardware, e pode ser facilmente alterado, ao contrário do hardware. Uma série de comandos, escritos em uma sequência específica e em uma linguagem de programação, forma um programa, que é o software. Graças ao software, um mesmo computador pode realizar atividades completamente distintas, como redigir um texto, jogar ou navegar na internet.
As instruções do software não são escritas diretamente para o hardware na maioria das vezes, pois isso seria extremamente complexo. Para simplificar essa interação, existe uma camada de abstração: o sistema operacional. O sistema operacional atua como a interface, o "meio de campo", entre o hardware e os demais softwares.
Imagine a seguinte sequência: o usuário interage com um software (por exemplo, o Microsoft Word), que por sua vez interage com o sistema operacional (por exemplo, Windows), e este, finalmente, interage com o hardware (por exemplo, gravando um arquivo no disco rígido).
O sistema operacional (S.O.) possui duas funções básicas:
Apresentar ao usuário uma máquina estendida ou máquina virtual, "conversando" com o hardware.
Gerenciar um sistema complexo, incluindo processadores, memórias, discos, dispositivos de entrada/saída (E/S) e arquivos.
Os softwares são geralmente classificados em três tipos principais, que se distinguem por sua finalidade e utilização.
O software básico é o conjunto de programas essencial e indispensável para o funcionamento de um computador. Sem ele, a máquina simplesmente não funciona. Ele serve de base para que outros programas possam operar e para o gerenciamento dos recursos do computador.
Exemplos Notáveis de Software Básico:
Sistemas Operacionais: São os exemplos mais conhecidos de software básico. Incluem Windows, Linux, macOS, Android e iOS. O usuário precisa esperar o sistema operacional carregar para depois utilizar outros programas como o Word ou o Excel, o que demonstra sua função de base.
BIOS (Basic Input/Output System): É outro exemplo típico de software básico. A BIOS é um firmware, uma classe específica de software que fornece controle de baixo nível para o hardware e é responsável por definir as ações na inicialização do computador. Diferente do sistema operacional que fica no HD, a BIOS é programada diretamente no hardware.
Exceção e Ponto de Atenção para Concursos: Alguns autores e bancas examinadoras incluem os softwares de programação (como montadores, interpretadores e compiladores de linguagens de programação) como softwares básicos. A justificativa é que eles são a base para a criação de outros softwares, inclusive os próprios sistemas operacionais.
Didática: Pense no software básico como a fundação de um edifício: sem ela, a estrutura não se mantém e nada mais pode ser construído ou funcionar.
O software utilitário não é obrigatório para o funcionamento do computador, mas é extremamente útil para seu bom funcionamento, manutenção, otimização e desempenho. Esses programas auxiliam o sistema operacional, suprindo deficiências ou melhorando a gestão dos recursos da máquina. Geralmente são mais técnicos e usados por pessoas com maior conhecimento em computação, embora muitos já venham pré-instalados nos sistemas operacionais.
Exemplos Comuns de Software Utilitário:
Antivírus: Detectam e tentam eliminar malwares (vírus, pragas eletrônicas) no sistema. Exemplos incluem Norton e Avast.
Desfragmentadores de Disco: Reorganizam a estrutura de armazenamento de dados, tornando o acesso aos arquivos mais rápido e eficiente. Exemplos: SpeedDisk (Norton) e Defrag (Windows).
Compactadores de Arquivos: Reduzem o tamanho de arquivos para otimizar o espaço de armazenamento ou facilitar o transporte. Exemplo: WinRAR.
Ferramentas de Backup: Realizam cópias de segurança de dados.
Limpadores de Disco/Otimizadores: Limpam arquivos desnecessários e otimizam registros para melhorar o desempenho. Exemplo: CCleaner.
Ferramentas de Criptografia: Protegem dados e garantem privacidade e segurança. Exemplo: VeraCrypt.
Didática: Se o software básico é a fundação, os utilitários são as ferramentas de manutenção e melhoria, como a caixa de ferramentas de um engenheiro para garantir que a casa funcione bem e de forma eficiente.
O software aplicativo é um sistema de programas informáticos projetado para facilitar a execução de tarefas específicas pelos usuários e atender a suas necessidades particulares. Em contraste com os utilitários, os aplicativos não buscam suprir deficiências do sistema operacional, mas sim auxiliar o usuário em suas atividades cotidianas. Quando se fala genericamente em "programa" ou "aplicação", muitas vezes refere-se a essa categoria.
Características Essenciais do Software Aplicativo:
Funcionalidade Específica: Criado para uma tarefa particular (ex: processar texto).
Usabilidade: Deve ser fácil de usar, com funções acessíveis e compreensíveis.
Personalização: Geralmente permite que o usuário ajuste configurações e preferências.
Segurança: Protege os dados do usuário, oferecendo mecanismos como autenticação e criptografia.
Atualizações: Recebe atualizações regulares para melhorias e novas funcionalidades.
Suporte Técnico: Oferece documentação, tutoriais ou assistência direta.
Desempenho Eficaz: Deve ser eficiente, com respostas rápidas e uso otimizado de recursos.
Portabilidade: Projetado para rodar em diferentes dispositivos e sistemas operacionais.
Integração: Pode se integrar a outros softwares ou serviços (ex: e-mail com calendário).
Exemplos Variados de Software Aplicativo:
Escritório: Processadores de texto (Microsoft Word, Google Docs, LibreOffice Writer), planilhas eletrônicas (Microsoft Excel, Google Sheets, LibreOffice Calc), bancos de dados, apresentações (Microsoft PowerPoint, Google Slides, LibreOffice Impress).
Gerenciamento de Negócios: Aplicativos de gerenciamento de projetos (Trello), contabilidade (SAP), vendas (Salesforce).
Comunicação e Colaboração: E-mail (Microsoft Outlook, Mozilla Thunderbird, Slack), mensagens instantâneas (Skype, Messenger), videoconferência (Zoom, Facetime).
Design Gráfico e Multimídia: Edição de imagens (Adobe Photoshop, Adobe Illustrator, GIMP), vídeo (Final Cut Pro), animação, áudio.
Desenvolvimento: Editores de código (Visual Studio Code, Eclipse, Notepad++), ferramentas de teste e depuração (Git).
Entretenimento: Reprodução de mídia (iTunes, Spotify, Windows Media Player), streaming, videogames (Steam, Free Fire).
Educação: Plataformas de e-learning (Moodle), simuladores, ferramentas de apresentação educacional.
Segurança (Web/Cloud): Navegadores (Google Chrome, Mozilla Firefox, Microsoft Edge, Internet Explorer), serviços de armazenamento em nuvem (Dropbox), plataformas de redes sociais (Instagram).
Gerenciamento Pessoal: Agendas (Google Calendar), notas (Evernote), finanças (Mint).
Aplicativos Móveis: Softwares que rodam em dispositivos móveis como celulares, tablets, leitores de e-book.
Didática: Voltando à analogia da casa, os softwares aplicativos são os diversos cômodos e móveis dentro dela (o quarto, a cozinha, a TV, o fogão): cada um tem uma função específica para os moradores, tornando a vida mais confortável e produtiva.
Categoria de Software | Finalidade Principal | Exemplos Chave |
Básico | Essencial para o funcionamento do computador e base para outros programas. | Sistemas Operacionais (Windows, Linux), BIOS. |
Utilitário | Otimiza, mantém e melhora o desempenho do sistema, suprindo deficiências do S.O.. | Antivírus (Avast, Norton), Desfragmentador de disco, Compactadores (WinRAR). |
Aplicativo | Executa tarefas específicas para o usuário, facilitando suas atividades. | Processadores de texto (Word), Planilhas (Excel), Navegadores (Chrome), Editores de imagem (Photoshop). |
O sistema operacional não apenas faz a "ponte" entre hardware e software, mas também gerencia diversos aspectos do computador para garantir seu funcionamento eficaz.
Permitir aos programas o armazenamento e a obtenção de informações.
Controlar o fluxo de dados entre os componentes do computador.
Responder a erros e a pedidos do usuário.
Impor o escalonamento entre programas que solicitam recursos (memória, disco, etc.).
Oferecer mecanismos de proteção aos recursos básicos do computador.
De forma mais específica, o S.O. realiza quatro tipos principais de gerenciamento:
Gerência de Processos: Unidade básica de trabalho do sistema operacional, incluindo sua criação, exclusão, comunicação e sincronização.
Gerência de Memória: Controla quais partes da memória estão sendo usadas e por quem, alocando e liberando dinamicamente o espaço.
Gerência de Dispositivos de Entrada/Saída (E/S): Controla os dispositivos conectados ao computador, enviando sinais, tratando interrupções e erros.
Gerência de Armazenamento: Fornece o sistema de arquivos para representação de arquivos e diretórios, e gerencia o espaço em dispositivos de armazenamento (HD, SSD, pendrive).
A interação do usuário com o S.O. pode ocorrer de duas formas principais:
GUI (Graphical User Interface): Interface gráfica, onde o usuário interage clicando em janelas, ícones e outros elementos. É a forma mais comum atualmente.
Shell (Interpretador de Comandos): Um processo que lê o teclado, espera por comandos, interpreta-os e os passa ao S.O.. Antigamente, era a interface única, e ainda predomina em alguns sistemas.
O kernel é o núcleo do sistema operacional. Sua arquitetura pode ser classificada como:
Monolítico: Controladores de dispositivos e extensões do núcleo executam no mesmo espaço, com acesso completo ao hardware. Um erro em um módulo pode afetar todo o sistema. Exemplos: Linux, BSD, MS-DOS.
Micronúcleo (Microkernel): Possui um núcleo mínimo, com a maioria das funções do S.O. rodando como processos de usuário (servidores). Isso aumenta a robustez, pois falhas em um servidor não derrubam todo o sistema.
Híbrido: Semelhante ao micronúcleo, mas com código "não essencial" no espaço do núcleo para maior velocidade. Exemplos: AmigaOS, Android, Macintosh, Windows.
Exonúcleos (Exokernel): Fornecem um clone do computador real para cada usuário com um subconjunto de recursos. O exonúcleo é extremamente pequeno e permite que o desenvolvedor da aplicação tome as decisões sobre o hardware.
O licenciamento de software é um tópico de alta incidência em concursos. Uma licença é um documento que define as ações que o usuário pode ou não executar em relação a um software.
É um software licenciado com direitos exclusivos para o produtor. Seu uso, redistribuição ou modificação é proibido ou requer permissão/aquisição de uma licença. O fabricante detém o Copyright, reservando todos os direitos.
Exemplos: Microsoft Windows, Microsoft Office, Adobe Photoshop, Mac OS, RealPlayer, WinZip.
Software livre é um conceito que se refere à liberdade dos usuários, e não necessariamente ao preço. Ele garante que os usuários tenham a liberdade de acessar, executar, copiar, distribuir, estudar, mudar e melhorar o software.
As Quatro Liberdades Essenciais (definidas pela Free Software Foundation):
Liberdade 0: Executar o programa para qualquer propósito.
Liberdade 1: Estudar como o programa funciona e adaptá-lo às suas necessidades. O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.
Liberdade 2: Redistribuir cópias para ajudar o próximo, com ou sem modificações, gratuitamente ou cobrando uma taxa.
Liberdade 3: Aperfeiçoar o programa e liberar os aperfeiçoamentos para que toda a comunidade se beneficie. O acesso ao código-fonte também é um pré-requisito para esta liberdade.
Pontos Chave sobre Software Livre:
Não é o mesmo que software em domínio público: Software livre geralmente mantém os direitos autorais do programador ou organização através de licenças específicas, enquanto o software de domínio público não tem proteção autoral.
Pode ser comercializado: Um software livre pode ser vendido e desenvolvido comercialmente.
Exemplos de Software Livre:
Sistemas Operacionais: Linux (Ubuntu, Linux Mint), Android.
Suítes de Escritório: LibreOffice, Apache OpenOffice.
Navegadores: Mozilla Firefox.
Servidores Web: Apache HTTP Server.
Editores de Imagem: GIMP.
Compiladores: GCC (GNU Compiler Collection).
Clientes de E-mail: Mozilla Thunderbird.
As licenças de software livre se dividem principalmente em Permissivas (Não Copyleft) e Recíprocas (Copyleft).
Copyleft: É uma extensão das quatro liberdades, que exige que qualquer um que distribua o software (modificado ou não) passe adiante a liberdade de copiar e modificar novamente o programa, mantendo a mesma licença. Garante que as liberdades originais não sejam limitadas.
GNU GPL (General Public License): A mais utilizada, adotada pelo kernel Linux. Impede que o software seja integrado em um software proprietário.
Licenças Permissivas (Não Copyleft): Impõem poucas restrições aos que obtêm o produto.
Licença BSD (Berkeley Software Distribution): Permite o uso e distribuição do código-fonte tanto em software livre quanto proprietário.
Licença Apache: Permite uso e distribuição do código-fonte em software livre e proprietário, exigindo apenas a inclusão do aviso de copyright e termo de responsabilidade.
Licença MIT: Permite uso, modificação e distribuição sem restrições, tanto em projetos livres quanto proprietários, e não exige copyright, permitindo modificações na própria licença.
São softwares gratuitos (free de "grátis") que podem ser utilizados pelos usuários sem a necessidade de pagar por uma licença de uso. No entanto, é crucial notar que freeware não é necessariamente software livre. Ele geralmente é protegido por direitos autorais, o autor mantém a propriedade legal, e pode impor restrições de uso (por exemplo, apenas para fins não comerciais ou acadêmicos) e não oferece acesso ao código-fonte.
Exemplos: Nirsoft utilities (LastActivityView).
São softwares que funcionam por um período de teste limitado ou com funcionalidades restritas. Após o período de avaliação ou para acessar a funcionalidade completa, o usuário deve pagar para adquirir a licença do produto. O objetivo é permitir que os usuários testem o software antes de comprá-lo.
Exemplos: WinRAR.
É um software que exibe propagandas (advertisements). Um software pode ser classificado como adware e shareware ao mesmo tempo, por exemplo, exibindo anúncios que são removidos após a compra da licença.
É qualquer software desenvolvido com o objetivo de gerar lucro para a empresa criadora, seja pela venda de licenças ou pela utilização de anúncios. É importante lembrar que um software comercial não é idêntico a um proprietário; existem softwares comerciais que também são livres.
Esses termos são frequentemente confundidos e aparecem em provas.
Firmware: É um tipo de software específico que é programado diretamente no hardware, fornecendo controle de baixo nível para o dispositivo. Ele é um conjunto de instruções operacionais gravadas em um microchip durante o processo de fabricação.
Exemplo: A BIOS (Basic Input/Output System) de um computador.
Drive (sem "r" no final): Refere-se a um hardware, uma unidade de armazenamento de dados. É a parte física, palpável.
Exemplo: Pen drive, drive de CD, drive de DVD, disco rígido.
Driver (com "r" no final): É um software, um programa de computador que permite ao sistema operacional controlar como um dispositivo de hardware funciona. Ele faz a interface entre o S.O. e um hardware específico.
Exemplo: O driver da impressora (programa que diz ao Windows como a impressora funciona), o driver do mouse.
A informática é uma matéria de peso em concursos, cobrando desde conceitos teóricos até a aplicação prática. Os tópicos abordados neste guia são recorrentes e de alta incidência nas provas.
Sistemas Operacionais e Software: 14% a 21% da prova, dependendo da banca.
Pacote Office (Editores de Texto, Planilhas, Apresentações): Frequentemente representa as maiores porcentagens, chegando a 23% para editores de texto e 21% para planilhas.
Noções de Hardware e Software: Essencial.
Internet e Segurança da Informação: Tópicos sempre presentes, com Internet atingindo até 13% e Segurança da Informação até 7%.
Redes de Computadores e Fundamentos da Computação em Nuvem: Importantes em provas de nível superior.
Explore o Edital: Identifique os tópicos específicos cobrados e o peso da disciplina.
Pratique com Softwares: Use programas como Word, Excel, PowerPoint e outros que podem ser relevantes.
Resolva Questões Anteriores: Familiarize-se com o formato das perguntas e os conceitos mais abordados pelas bancas. Os exemplos e comentários de questões de concursos apresentados nas fontes demonstram a forma como o conteúdo é exigido.
Mantenha-se Atualizado: A tecnologia evolui rapidamente; fique a par das últimas novidades.
Utilize Material Didático Especializado: Guias e livros preparatórios oferecem explicações detalhadas e exercícios práticos.
Participe de Fóruns e Grupos de Estudo: Troque conhecimentos e experiências com outros estudantes.
Faça Cursos Especializados: Aulas com professores experientes podem ajudar a aprofundar termos específicos e conteúdos complexos.
O conhecimento em software é uma pedra angular na era digital e um diferencial competitivo nos concursos públicos de 2025. Ao entender as categorias (básico, utilitário, aplicativo), suas interações, os modelos de licenciamento e os termos técnicos, você constrói uma base sólida. Lembre-se de que a prova de informática é, em muitos casos, eliminatória, o que torna sua preparação ainda mais vital.
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