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21/09/2025 • 12 min de leitura
Atualizado em 21/09/2025

Quinhentismo: O Início da Literatura no Brasil

QUINHENTISMO: O Início da Literatura no Brasil Colônia

O Quinhentismo, que se estende de 1500 a 1601, é o marco inicial da tradição escrita em solo brasileiro. Este período abrange todas as manifestações das Letras ocorridas no Brasil durante o século XVI, correspondendo à introdução da cultura europeia no território.

É fundamental compreender que, nesta fase, ainda não se pode falar propriamente em Literatura do Brasil. Os textos produzidos replicavam modelos europeus de escrita e estilo, refletindo diretamente o momento histórico vivido pela Península Ibérica. A produção escrita não possuía uma cosmovisão do homem brasileiro, nem existia um público leitor ativo, grupos de escritores atuantes ou um sentimento de nacionalidade.

O Quinhentismo é dividido em duas vertentes principais, que cumprem funções práticas distintas no projeto colonial: a Literatura Informativa (ou dos Viajantes/Cronistas) e a Literatura de Catequese (ou dos Jesuítas).


1. Contexto Histórico: A Base da Literatura Colonial (O Cenário da Descoberta)

Para as provas de concursos públicos e vestibulares, o domínio do contexto histórico é crucial, pois define as características e o propósito dos textos quinhentistas.

1.1. O Quadro da Era Colonial e Europeia

O Quinhentismo (século XVI) ocorreu paralelamente ao movimento do Classicismo em Portugal. A Era Colonial Brasileira, que se estende de 1500 a 1808, é caracterizada por:

  1. Expansão Marítima e Mercantilismo: O movimento é guiado pelo espírito de conquista e acúmulo de riquezas que sustentava os interesses de Portugal. O objetivo principal da metrópole era explorar as riquezas naturais e garantir vantagens econômicas, como a busca por ouro, prata, ferro e madeira.

  2. Contrarreforma e Expansão da Fé: No cenário europeu, a Igreja Católica buscava conter o avanço do pensamento protestante (Reforma). A resposta católica, a Contrarreforma, resultou na política portuguesa de expansão da fé cristã e catequização, especialmente por meio dos jesuítas.

  3. O "Novo Mundo" Exuberante: O Brasil Colônia era visto pelos europeus como uma terra exótica, misteriosa e exuberante, repleta de recursos naturais desconhecidos. O encontro com os povos indígenas, com suas culturas distintas, gerou tanto fascínio quanto estranhamento.

Dessa forma, o Quinhentismo possui um duplo objetivo central: a conquista material (econômica) e a conquista espiritual (religiosa).


2. Características Gerais e Funcionalidade (Obrigatoriedade para o Estudo)

A produção quinhentista é entendida como tendo um caráter prático e funcional, diretamente ligado ao processo de colonização.

Característica

Descrição e Função

Caráter Documental/Utilitário

Os textos serviam como documentos para a administração colonial e metropolitana. A função era mais utilitária do que artística, visando orientar as decisões políticas e econômicas da Coroa.

Visão Eurocêntrica

O território e os nativos eram vistos a partir da perspectiva do colonizador português. Há um julgamento dos costumes indígenas com base na moral e cultura europeias, geralmente acusando os índios de selvageria.

Exaltação da Terra

Uso de linguagem descritiva e entusiasta, marcada pelo uso exagerado de adjetivos e superlativos. Essa exaltação da natureza perfeita (visão paradisíaca) é considerada a principal semente do sentimento nativista que surgiria posteriormente.

Escrita em Duas Frentes

Os textos se dividiam em: Literatura de Informação (foco nas riquezas materiais e descrição) e Literatura dos Jesuítas/Catequética (foco na expansão da fé).


3. Literatura de Informação (O Levante da Terra Nova)

A Literatura Informativa, também conhecida como literatura dos viajantes ou dos cronistas, tinha o propósito de fazer um levantamento detalhado da terra nova (fauna, flora e habitantes) para a Coroa Portuguesa.

Esta é uma literatura meramente descritiva, buscando registrar o que havia no novo território com foco no seu potencial econômico e utilitário. Por ser estritamente descritiva, muitos críticos não a consideram "literatura propriamente dita".

O Ponto Central: A Carta de Pero Vaz de Caminha (Análise e Prioridade em Concursos)

A Carta de Pero Vaz de Caminha (também chamada Carta a el- Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil), escrita em 1500 e datada de primeiro de maio, é o documento fundador da história do Brasil.

3.1. Pero Vaz de Caminha (1450-?)

Pero Vaz de Caminha, nascido no Porto (Portugal), foi nomeado escrivão da esquadra de Pedro Álvares Cabral. Ele não era propriamente um escritor, mas sim uma espécie de contador, e estava na frota a caminho de Calicute, na Índia, para fazer a contabilidade de uma feitoria.

  • Destinatário e Objetivo Pessoal (EXCEÇÃO COBRADA): A Carta era dirigida ao Rei Dom Manoel I. Além dos objetivos oficiais (informar sobre a nova terra), Caminha tinha um interesse pessoal: pretendia estreitar laços com o Rei para tentar provar que a condenação e o exílio de seu genro haviam sido injustos.

3.2. Análise da Carta: Ideologia, Riqueza e Nudez

A Carta, considerada uma literatura informativa, é um documento de batismo da nossa terra e oferece o primeiro olhar estrangeiro sobre o Brasil.

  1. A Visão da Terra: Caminha demonstra uma visão paradisíaca da natureza. A descrição era pormenorizada de tudo o que via: fauna, flora, e comportamento dos nativos.

  2. A "Fome de Ouro": O texto rapidamente demonstra o interesse português no lucro, posteriormente chamado pelos historiadores de "fome de ouro". Caminha sublinha a ausência inicial de ouro, prata ou ferro, mas se adianta em redigir o que imagina que poderia ser retirado da terra.

  3. O Encontro com o Nativo: O escrivão usa o recurso da comparação ao redigir o relato, tentando entender como os indígenas poderiam ser úteis ao Rei. Eles são descritos como pardos, avermelhados, de bons rostos, e bem-feitos.

    • Ideologia da Mão de Obra: O propósito ideológico de descrever os índios como "tão rijos e tão nédios", com "bons narizes, bons rostos, bons corpos" (segundo a interpretação crítica), era mostrar à coroa portuguesa a feição daqueles que poderiam servir como mão-de-obra, tornando-os objetos que favoreceriam Portugal.

  4. A Nudez e o Choque Cultural: A nudez dos nativos é um ponto de destaque. Eles andavam nus, sem nenhuma cobertura, e nisso tinham tanta inocência. Isso contrastava com a ideologia católica da nudez pecaminosa, sendo impensável para um europeu.

    • Crítica Ideológica (Dúvida Comum): O conceito de "vergonha" e "inocência" na nudez tende a favorecer a visão do português, que se admirava da sensualidade das índias sem sentir "nenhuma vergonha" em olhá-las, o que alguns críticos interpretam como um olhar com interesse sexual, algo comum em relatos de descoberta para despertar o interesse europeu.

  5. A Missão de Catequizar: Caminha deixa claro o interesse na catequização dos índios. Com um olhar eurocêntrico, o europeu via o índio como uma "página em branco", sem qualquer tipo de crença. Caminha conclui que o melhor fruto da nova terra seria salvar esta gente (conversão do gentio).


4. Literatura de Catequese (A Conquista Espiritual)

A Literatura de Catequese, produzida pelos jesuítas, é uma manifestação literária de caráter religioso, pedagógico e doutrinário.

Os jesuítas, membros da Companhia de Jesus, foram enviados ao Brasil durante a colonização com o intuito principal de catequizar os índios e obter mais fiéis para a Igreja Católica, em resposta à Reforma Protestante na Europa. Além da catequese, os jesuítas promoveram a educação no país e fundaram os primeiros colégios.

4.1. Padre José de Anchieta: O Principal Expoente (Conteúdo Mais Cobrado)

O Padre José de Anchieta (1534-1597) é a figura principal e o precursor do teatro no Brasil. Jesuíta espanhol que ingressou na Companhia de Jesus no Reino de Portugal, ele foi um dos fundadores das cidades de São Paulo (em 1554, junto com Nóbrega e outros padres) e do Rio de Janeiro (em 1565, junto com Estácio de Sá e Nóbrega).

Anchieta é considerado:

  • O primeiro dramaturgo, primeiro gramático e primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias.

  • Autor de obras em quatro línguas: português, castelhano, latim e tupi.

  • Declarado co-padroeiro do Brasil em 2015.

4.2. Obras Essenciais e Estilo (Destaque Didático/Concursos)

A produção de Anchieta é a melhor do ponto de vista estético no Quinhentismo brasileiro.

Obra de Anchieta

Gênero

Relevância para Concursos

Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil (1595)

Gramática

É a primeira gramática sobre a língua tupi e a segunda obra dedicada a línguas indígenas na América. Instrumento crucial para a catequese.

Auto de São Lourenço (ou Na Festa de Natal, Da Pregação Universal)

Teatro Pedagógico

Considerado precursor do teatro brasileiro. As peças eram adaptadas à realidade local, utilizando elementos da cultura indígena para ensinar a doutrina cristã e catequizar.

Poema à Virgem (De Beata Virgine Dei Matre Maria)

Poesia de Devoção (Lírica)

Composto por 5786 versos. Segundo a tradição, foi escrito e memorizado nas areias da Praia de Iperoig (enquanto Anchieta era refém dos tamoios em 1563).

De gestis Mendi de Saa (Os feitos de Mem de Sá) (1563)

Poema Épico

Escrito em latim, narra a luta para expulsar os franceses da França Antártica. É considerado o primeiro poema épico da América e a primeira obra de Anchieta publicada.

Exceção de Estilo (Alto Nível de Cobrança): Anchieta, embora contemporâneo ao Renascimento (Classicismo em Portugal), não seguia as novidades de conteúdo e forma renascentistas. Ele se inspirava em modelos medievais, fazendo uso da medida velha (redondilha), e não do decassílabo (medida nova) que era típico do Classicismo.

4.3. Outros Autores Jesuítas Relevantes

  • Padre Manuel da Nóbrega (1517-1570): Provincial dos Jesuítas no Brasil. Participou da fundação de São Paulo e Rio de Janeiro. Obras incluem: Diálogo Sobre a Conversão do Gentio e Informação das Coisas da Terra.

  • Fernão Cardim (1549-1625): Jesuíta português. Obras incluem: Do Clima e da Terra do Brasil.


5. Análise Crítica e Ideológica (Aprofundamento)

Embora a Carta de Caminha seja "canonizada por muitos como sendo a primeira literatura brasileira", a crítica literária e histórica questiona o caráter ideológico desses textos.

5.1. O Debate sobre a Literatura Nacional

O Quinhentismo não é facilmente classificado como "Literatura Brasileira". A produção refletia uma cosmovisão europeia, não havendo um sentimento de nacionalidade ou expressão da identidade local.

5.2. O Papel da Ideologia na Literatura de Informação

O termo ideologia pode ser entendido como um conjunto de ideias que orientam a visão de mundo de um grupo, mas também, sob uma ótica crítica (marxista), como um instrumento de dominação que mascara ou encobre a realidade.

  • Mascaramento da Realidade: A influência ideológica no Quinhentismo buscava legitimar a dominação de classe e os interesses coloniais.

  • A "Neutrabilidade" Falsa: Embora Caminha tenha declarado que tentaria narrar os fatos sem "aformosear nem afear", sua neutralidade era impossível, pois seu texto estava atrelado à bagagem ideológica social, política e histórica do colonizador, evidenciando o eurocentrismo.

  • O Mito da Convivência Pacífica: A Carta relata uma convivência amigável e pacífica com os índios, que trocavam presentes e andavam juntos. Essa visão é considerada um mito que tenta camuflar a barbárie da tomada das terras e o choque cultural real.

  • Perguntas Críticas (Dúvidas Comuns Avançadas): Por que um documento informativo, como a Carta, foi considerado literatura?

    • O reconhecimento como literatura se deve ao seu inestimável valor histórico e à sua função de registrar o primeiro olhar sobre o continente. Contudo, a análise crítica sugere que essa "canonização" ideologicamente favorece a visão do vencedor/colonizador e camufla a ausência da voz dos vencidos (os indígenas).


6. O Fim do Quinhentismo e a Transição (Ponte para o Barroco)

O Quinhentismo, que se encerra em 1601, é seguido pelo movimento Barroco.

6.1. Exceção e Transição para o Barroco

O Barroco, que representa a segunda fase da Literatura Colonial, inicia-se no Brasil em 1601 com a publicação do poema épico Prosopopeia de Bento Teixeira.

Embora o Barroco apresente características de uma produção mais elaborada, é importante notar a transição:

  • A Literatura Jesuítica já apresentava traços do Barroco.

  • O Barroco nasceu da crise dos valores renascentistas e foi fortemente influenciado pela Contrarreforma (o mesmo contexto religioso que impulsionou a Literatura de Catequese).

Enquanto o Quinhentismo se concentrava na descrição da terra e na catequização dos nativos, o Barroco se caracteriza pelo dualismo existencial (tensão entre o antropocentrismo renascentista e o teocentrismo) e pela complexidade formal (Cultismo e Conceptismo).


7. Resumo Didático e Perguntas Frequentes (FAQ SEO)

Quadro Comparativo: Literatura de Informação vs. Literatura de Catequese

Tipo de Literatura

Autores Chave

Caráter Principal

Objetivo Primário

Estilo

Informativa

Pero Vaz de Caminha, Pero de Magalhães Gândavo

Documental, descritivo, utilitário, crônicas de viagem.

Informar a Coroa sobre a terra e o potencial de riqueza (Conquista Material).

Uso de superlativos, exaltação da terra.

Catequese

Padre José de Anchieta, Manuel da Nóbrega

Pedagógico, doutrinário, religioso.

Converter os nativos ao cristianismo (Conquista Espiritual).

Linguagem simples (para os nativos), utiliza a Medida Velha (redondilha).

Perguntas e Dúvidas Comuns (Conteúdo Prioritário para Vestibulares)

P: Qual é a importância da Carta de Caminha? R: A Carta, datada de 1500, é o primeiro documento da literatura brasileira. Ela é de inestimável valor histórico por registrar o primeiro olhar sobre a terra e explicitar o duplo objetivo da expansão portuguesa: a busca por bens materiais e a expansão da fé cristã.

P: Por que o Quinhentismo não é considerado "Literatura Brasileira" em seu sentido pleno? R: Porque os textos reproduziam modelos europeus. Não existia ainda uma cosmovisão do homem brasileiro, nem um público leitor ativo, ou um sentimento de nacionalidade, espelhando diretamente a Península Ibérica.

P: Quem foi José de Anchieta e qual sua obra mais importante? R: José de Anchieta foi um padre jesuíta espanhol, co-fundador de São Paulo e Rio de Janeiro e o principal nome da Literatura de Catequese. Sua obra mais relevante para a língua e catequese foi a Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil (1595), a primeira gramática do Tupi.

P: Qual é a principal característica estética de Anchieta, e por que é uma exceção? R: Anchieta priorizava a Medida Velha (redondilha), um estilo associado à poesia medieval. Isso é uma exceção porque ele não adotou o verso decassílabo (medida nova) e as formas fixas (como o soneto) que eram a tônica do Classicismo/Renascimento contemporâneo em Portugal.

P: Qual é o principal propósito ideológico da Literatura de Catequese? R: Seu principal propósito era catequizar os índios e convertê-los ao cristianismo. Os jesuítas viam a conversão como o "melhor fruto" que se podia tirar da terra, servindo como um instrumento de controle cultural e evangelização.

P: Quando o Quinhentismo termina formalmente? R: O Quinhentismo (1500-1601) termina com o início do Barroco em 1601, marcado pela publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira.