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22/09/2025 • 15 min de leitura
Atualizado em 22/09/2025

Resumo de "Memórias Póstumas de Brás Cubas"

Memórias Póstumas de Brás Cubas: O Guia Completo para Estudantes

1: O Essencial e a Revolução do "Defunto Autor"

Para começar a entender Memórias Póstumas de Brás Cubas, é fundamental fixar os conceitos básicos que a tornam uma das obras mais relevantes da Literatura Brasileira.

1.1. O Marco do Realismo no Brasil

Ponto-Chave

Detalhe Crucial

Autor

Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), um dos maiores escritores brasileiros.

Publicação

1881.

Significado Histórico

A obra inaugurou o movimento Realista no Brasil.

Estilo

Marcado pela ironia, sarcasmo, pessimismo filosófico e crítica social.

O Realismo surgiu em oposição direta ao Romantismo, que idealizava a vida, a mulher e o amor. O Realismo buscava a objetividade, a crítica do homem e a anatomia do caráter, expondo os vícios da sociedade burguesa.

1.2. O Narrador Inovador: O Defunto Autor (Dúvida Comum e Ponto de Exceção)

O aspecto mais imediatamente chamativo e que rompe com a tradição literária da época é a figura do narrador.

  • Quem Conta a História? Brás Cubas, o protagonista, que narra suas memórias após a morte.

  • A Inversão: Ele se intitula não um "autor defunto", mas sim um "defunto autor". A morte precede a escrita.

  • O Tom da Narrativa: Brás Cubas conta sua história com "a pena da galhofa e a tinta da melancolia".

  • A Estrutura e o Estilo Zigue-Zagueante: O romance é dividido em 160 capítulos curtos, muitos deles fragmentados ou com intervenção direta ao leitor ("fino leitor", "querida leitora"). A narrativa não segue uma ordem linear perfeita; ele salta da morte para o nascimento, refletindo as lembranças do narrador morto.

Dedicatoria (SEO Keyword): O livro é dedicado, ironicamente, "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas Memórias Póstumas". Este início mórbido e irônico já estabelece o tom pessimista e sarcástico que permeia toda a obra.

1.3. A Crítica Central (Relevante para ENEM e Redação)

A obra é um profundo estudo sobre a sociedade carioca da segunda metade do século XIX.

  • Foco da Crítica: A elite burguesa, seus costumes, sua futilidade e sua hipocrisia.

  • Egoísmo e Individualismo: A crítica central reside no egoísmo humano e na vaidade vazia que direciona a busca por poder e status. Os sentimentos de superioridade e a necessidade de distinção são inerentes ao ser humano, independentemente da origem.

  • Valores Superficiais: A sociedade valoriza a opinião dos outros homens e a aparência (valer pela opinião, não pela virtude).


2: Personagens e o Resumo Detalhado da Trajetória

A história de Brás Cubas é a crônica de uma vida fútil, insegura e fracassada.

2.1. Personagens Principais (Para Fixação)

O narrador-personagem, Brás Cubas, é um homem que não dedicou sua vida a nada grandioso ou respeitável. As mulheres de sua vida e os demais personagens servem de espelho para as críticas à sociedade da época.

Personagem

Descrição e Papel na Obra

Brás Cubas

O "defunto autor", protagonista. Representante da elite burguesa, egocêntrico, medíocre, fracassado, que narra sua vida após a morte.

Virgília

O grande amor de Brás Cubas. Filha do Conselheiro Dutra. Casa-se com Lobo Neves por interesse social, tornando-se amante de Brás (adúltera).

Lobo Neves

Marido de Virgília, político influente. Representa a posição social que Virgília preferiu em vez do amor de Brás.

Marcela

Prostituta de luxo ("dama espanhola"). A paixão da juventude de Brás Cubas, marcada pelo interesse financeiro ("quinze meses e onze contos de réis").

Eugênia

Filha ilegítima de D. Eusébia ("a flor da moita"). Morena, bonita, mas coxa de nascença, o que leva Brás a desprezá-la (crítica aos padrões de perfeição).

Nhã-Loló

Sobrinha de Cotrim, moça pura e prendada arranjada para esposa de Brás, mas morre de febre amarela antes do casamento (a conveniência social frustrada).

Quincas Borba

Amigo de infância e filósofo mendigo. Criador da filosofia fictícia do Humanitismo.

Dona Plácida

Empregada de Virgília, que serve de álibi e fachada na "casinha" dos amantes. Personagem que expõe o sofrimento social.

Prudêncio

Ex-escravo de Brás Cubas. Após a liberdade, adquire um escravo, a quem maltrata. Exemplifica a hierarquização e o egoísmo inerente ao ser humano.

2.2. Resumo por Fases da Vida (Sequência Didática)

O narrador começa pela morte, mas a cronologia da vida se desenrola em 160 capítulos.

2.2.1. Infância e Juventude (Capítulos 10-20, com inserções iniciais)

Brás Cubas relata seu nascimento (Cap. 10) e a infância como o "menino diabo", mimado pelo pai e que praticava atos cruéis sem punição. A passagem mais notória é o uso do moleque escravo Prudêncio como seu "cavalo". Este episódio, muitas vezes, é interpretado pela crítica como uma metáfora do imperialismo e da estrutura social da época.

Aos 17 anos, Brás Cubas se apaixona por Marcela, uma cortesã de luxo que o explora financeiramente. O pai, preocupado com os gastos excessivos ("onze contos de réis"), envia Brás para Coimbra, Portugal, onde ele se forma em Direito de maneira medíocre.

2.2.2. Ambições Políticas e o Casamento Frustrado (Capítulos 21-49)

Ao retornar ao Brasil, Brás encontra sua mãe à morte (Cap. 23). Seu pai, com ambições políticas para o filho, arranja seu casamento com Virgília, filha do influente Conselheiro Dutra. O casamento é puramente estratégico, visando o ingresso de Brás na política (Câmara dos Deputados). O pai de Brás deixa claro que o valor de um homem reside na opinião dos outros.

Neste período, Brás também se envolve com Eugênia ("a flor da moita"), mas a abandona ao descobrir que ela era coxa de nascença. O narrador, em um momento de sarcasmo, questiona a natureza: "Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?" (Cap. 33).

O noivado com Virgília, contudo, é desfeito: ela prefere Lobo Neves, um político com maior status, trocando o "pavão" (Brás Cubas) pela "águia" (Lobo Neves). A escolha de Virgília evidencia que o matrimônio era um negócio social e financeiro. Pouco depois, o pai de Brás Cubas morre de desgosto e, em seguida, Brás e sua irmã, Sabina, brigam pela herança.

2.2.3. O Adultério e os Planos Fracassados (Capítulos 50-120)

Virgília casa-se e muda-se, mas Brás a reencontra anos depois, casada. Eles iniciam um caso extraconjugal. Para manter as aparências e evitar o escândalo público, eles alugam uma "casinha", usando a empregada Dona Plácida como álibi e guardiã do segredo.

A traição é um tema recorrente na obra realista, utilizada por Machado para criticar a hipocrisia burguesa que defendia valores morais publicamente, mas os ignorava na vida privada.

Durante esse período, Brás reencontra Quincas Borba, que estava mendigando. Quincas apresenta sua filosofia, o Humanitismo, o qual Brás escuta com admiração.

O caso de adultério chega ao fim quando Lobo Neves é nomeado Presidente de Província, apesar de Virgília ter engravidado de Brás e abortado. Virgília chora a morte do marido com sinceridade, mas o narrador aponta que ela traía e chorava com a mesma sinceridade, ilustrando sua dissimulação.

2.2.4. A Fase Final e as Negativas (Capítulos 121-160)

Sabina tenta arranjar um casamento para Brás com Nhã-Loló, moça jovem e "perfeita para o cargo de esposa". Contudo, Nhã-Loló morre de febre amarela aos 19 anos, antes do enlace.

Brás, então, torna-se deputado, mas fracassa novamente, perdendo a cadeira. Ele tenta fundar um jornal com Quincas Borba, o que também não prospera.

Brás morre aos 64 anos de pneumonia, vítima do Emplasto Brás Cubas, um medicamento anti-hipocondríaco que nunca saiu do papel. O Emplasto é a metáfora máxima das suas ambições frustradas e projetos inúteis.

O romance se encerra com o célebre Capítulo 160 – Das Negativas. Brás Cubas faz um balanço de sua vida, cheia de falhas e aspirações não concretizadas ("Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento"). Ele chega à sua conclusão final, o "pequeno saldo" positivo:

"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."

Esta frase encapsula o pessimismo filosófico de Machado de Assis sobre a condição humana.


3: Análise Crítica, Estilo e Exceções

A profundidade da obra reside não apenas no que Brás Cubas conta, mas na forma como ele conta e nas críticas que Machado insere através da ironia.

3.1. A Classificação Estética: O Realismo de Machado (A Grande Exceção)

Embora Memórias Póstumas seja o marco do Realismo no Brasil, a obra desafia os critérios fundamentais do realismo tradicional.

  1. Narrativa Subjetiva vs. Objetividade Realista: O Realismo europeu pregava a narração imparcial e onisciente, buscando objetividade. Machado, ao contrário, usa um narrador em primeira pessoa (Brás Cubas), cuja perspectiva é unilateral, cínica e pessimista. O que lemos é a visão de apenas uma das partes.

  2. Quebra da Verossimilhança: O fato de o narrador ser um defunto autor (contando a história do além-túmulo) quebra o pacto de fidelidade e plausibilidade com a realidade empírica, essencial ao Realismo estético.

  3. Estilo Dialético: A crítica moderna conclui que Machado constrói uma "poética dialética". Ele funde e tensiona elementos opostos: a verossimilhança (retratando os costumes e a hipocrisia burguesa) com elementos do Romantismo/Ultrarromantismo (o "fantasma de sabor ultrarromântico" do defunto autor, a melancolia).

  4. Realismo Psicológico: Muitos críticos classificam seu estilo como um "realismo superior" ou "realismo microscópico/psicológico". Isso porque Machado se aprofunda na sondagem moral e nas "molas secretas das suas reações", expondo a mesquinhez e o egoísmo (por exemplo, a hesitação de Brás ao dar a esmola ao almocreve).

3.2. O Humanitismo (Conceito Essencial para Provas)

O Humanitismo é uma filosofia fictícia e satírica criada por Quincas Borba (Joaquim Borba dos Santos), apresentada de forma secundária em Memórias Póstumas.

  • A Fórmula Central: O cerne da filosofia é expresso na famosa frase: "Ao vencedor, as batatas".

  • Significado: Constitui uma crítica irônica e uma sátira ao cientificismo do século XIX, incluindo o Positivismo de Auguste Comte e a teoria da Seleção Natural de Charles Darwin.

  • Princípio do Mais Forte: O Humanitismo prega o "império da lei do mais forte, do mais rico e do mais esperto". Ele afirma que a guerra e a supressão de uma forma são princípios universais e conservadores; a supressão não é morte, mas vida.

  • Humanitas: É a substância da qual emanam e para a qual convergem todas as coisas.

  • Outras Crenças: A filosofia rejeita o sofrimento, exclui o sexo e considera o Cristianismo uma "moral de fracos". No Capítulo 157, Humanitismo é proclamado "a única verdade", negando o Budismo, Cristianismo e outros sistemas.

3.3. As Mulheres Inviáveis (Análise Crítica e Social)

A análise das mulheres na obra é crucial para entender a crítica machadiana ao papel feminino na sociedade burguesa e o cinismo de Brás Cubas. As mulheres são caracterizadas a partir da visão unilateral e misógina de Brás.

3.3.1. Marcela (O Profano e o Interesse Financeiro)

Marcela representa o prazer carnal e a ambição. Ela é descrita como interesseira, luxuosa e amiga de dinheiro. O narrador ironiza a relação, calculando o amor em dinheiro: "Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis" (Cap. 17). Ela é o oposto da mulher romântica idealizada.

  • Destino: Sua paixão pelo lucro a consome. Ela é desfigurada por bexigas e morre abandonada e miserável no hospital da Misericórdia (Cap. 38).

3.3.2. Virgília (A Hipocrisia Burguesa e o Adultério)

Virgília é a personagem principal da trama amorosa. Ela simboliza a mulher burguesa da época, para quem o casamento era um "grande negócio". Ela escolhe Lobo Neves pela posição social e o título de baronesa que ele poderia oferecer.

  • Contradições: É dissimulada, mentirosa, faceira, mas preserva as aparências sociais. Seu amor proibido com Brás (adultério) a excita.

  • Traição Sincera: Virgília era capaz de trair o marido e, depois, chorar sua morte com a mesma sinceridade, ilustrando o cinismo da época.

3.3.3. Eugênia (A Crítica aos Padrões de Perfeição)

Eugênia é o fruto de um amor proibido (filha de D. Eusébia e de um homem casado), sendo nomeada ironicamente pelo narrador como "a flor da moita".

  • O Defeito Inviável: Ela é coxa de nascença. Brás Cubas, embora a admire, é incapaz de se envolver por causa da deformidade, refletindo a crítica de Machado aos padrões sociais rígidos. Sua beleza é neutralizada pela imperfeição física.

  • Destino: Acaba morando em um sobrado miserável, sozinha e triste.

3.3.4. Nhã-Loló (A Conveniência Social Interrompida)

Nhã-Loló representa a convenção social para o casamento burguês: jovem, educada, prendada e de boa aparência. O casamento arranjado por Sabina é a tentativa de Brás de dar uma resposta à sociedade e construir uma família.

  • Destino: Morre de febre amarela aos 19 anos antes que o casamento se concretize, tornando-se "irrevogavelmente inviável".


4: Conteúdo para Exames e Dúvidas Frequentes

4.1. Como Usar Memórias Póstumas na Redação (ENEM/Vestibulares)

A obra é um repertório coringa, altamente valorizado, que pode ser aplicado em diversos temas de redação:

Tema da Redação

Aplicação da Obra

Individualismo e Egoísmo

Citar Brás Cubas como a encarnação do egoísmo da elite, que só se preocupa com o próprio prazer (o caso com Virgília) e com o "arruído". Mencionar o "menino diabo".

Hipocrisia Social e Futilidade

Usar o casamento comercial (Virgília/Lobo Neves) ou o fato de Brás ter sido acompanhado no enterro por apenas onze amigos (e o discurso falso de um deles).

Desigualdade e Escravidão

Citar o episódio de Prudêncio (o escravo que, após ser liberto, adquire um escravo para maltratar), ilustrando a manutenção da hierarquia social e a falta de empatia.

Inutilidade de Projetos e Políticas Públicas

O Emplasto Brás Cubas (a invenção grandiosa que nunca se concretizou) serve como metáfora perfeita para promessas políticas vazias ou políticas públicas ineficazes.

Pessimismo Filosófico

Citar o Capítulo das Negativas ("Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria") como argumento de autoridade sobre a falência das ambições humanas.

4.2. O Emplasto Brás Cubas: A Ideia Fixa e Fracassada

O Emplasto é o medicamento "anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade". A ideia de Brás Cubas era grandiosa e útil, mas nunca saiu da esfera da utopia ou da vaidade. O narrador, ironicamente, afirma ter morrido da própria ideia fixa do emplasto, que o levou a contrair pneumonia.

O Emplasto representa a mediocridade e a inutilidade da vida de Brás Cubas e, por extensão, da elite que tanto se preocupa com "arruído" (publicidade).

4.3. Estrutura Capitular: Resumo Detalhado por Blocos

O romance é composto por 160 capítulos. A seguir, um panorama por blocos temáticos, crucial para situar passagens nas provas:

Blocos de Capítulos

Conteúdo Principal

Destaques

Capítulos 1 a 20

Apresentação do Defunto Autor, Dedicatória, Morte, O Emplasto (a ideia fixa), Infância e o "menino diabo", Primeiro amor (Marcela) e o envio para Coimbra.

Óbito do Autor (Cap. 1), Marcela (Cap. 15), O Emplasto (Cap. 2).

Capítulos 21 a 50

Retorno ao Brasil, morte da mãe, noivado arranjado com Virgília (frustrado), Amores com Eugênia (a coxa), Virgília casa-se com Lobo Neves, Morte do pai, a briga pela herança.

Coxa de Nascença (Cap. 32), Virgília casada (Cap. 50), A Herança (Cap. 46).

Capítulos 51 a 90

Início do adultério com Virgília, Encontros na "casinha" (Dona Plácida), Reencontro com Quincas Borba (o roubo do relógio), Ameaça de separação (nomeação de Lobo Neves), Virgília aborta.

O Vergalho (Cap. 68), Dona Plácida (Cap. 70), A Carta Anônima (Cap. 96).

Capítulos 91 a 120

Quincas Borba explica o Humanitismo (Cap. 117), Fim do adultério (Lobo Neves aceita a presidência), Tentativa de Brás de casar-se com Nhã-Loló (morte dela).

O Humanitismo (Cap. 117), Epitáfio (Cap. 125).

Capítulos 121 a 160

Brás como deputado (fracassado), Reencontro com Virgília no baile, Morte de Lobo Neves, Encontros finais com Marcela e Eugênia (miseráveis), Morte de Quincas Borba, Conclusão final da vida.

De como não fui ministro d'Estado (Cap. 139/140), Os cães (Cap. 141), O Capítulo das Negativas (Cap. 160).

4.4. O Debate da Mulher Inviável e a Visão do Narrador (Aprofundamento Crítico)

A análise das mulheres como "inviáveis" (o foco da fonte primária) é crucial, pois revela o posicionamento moralmente enviesado do narrador. Brás Cubas, um homem fútil e fracassado, projeta seus próprios julgamentos negativos sobre elas, descrevendo-as como dissimuladas, traiçoeiras e interesseiras.

  • Marcela é a inviável pelo seu passado "impuro", ligada ao profano.

  • Virgília é inviável por já ter um marido, preferindo o título social ao amor.

  • Eugênia é inviável por sua deformidade física, não atendendo aos padrões de perfeição social desejados por Brás.

  • Nhã-Loló é inviável pelo "golpe do destino", morrendo jovem, frustrando o projeto burguês do casamento.

A condição feminina na época era marcada pela subordinação ao homem, e a felicidade era vista ao lado de um marido, pois o casamento garantia reconhecimento e posição social. Marcela, a única a tentar autonomia (herdou uma loja de ourivesaria), viu o negócio fracassar, talvez por ser dirigido por uma mulher (Cap. 38).

4.5. A Ironia e a Metalinguagem

Machado é um mestre na utilização da ironia. A ironia não é apenas humor, mas um instrumento para denunciar a hipocrisia da sociedade burguesa.

  • Exemplo de Ironia Social: O discurso fúnebre no Capítulo 1, onde um dos "amigos" de Brás elogia seu caráter. Brás, o defunto autor, revela que esse orador só estava ali por ter recebido vinte apólices em testamento ("Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei"). A emoção é comprada.

  • Metalinguagem: O narrador fala diretamente com o leitor ("fino leitor", "caro leitor") e comenta sobre a própria obra, como quando diz que o livro "é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica" (Cap. 71).