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08/03/2024 • 17 min de leitura
Atualizado em 28/07/2025

Revolução Russa Causas e Antecedentes

A Revolução Russa de 1917 foi um dos eventos mais transformadores do século XX, marcando o fim de uma era czarista e o início da primeira experiência socialista em larga escala. Para o estudante e para aqueles que se preparam para concursos públicos, compreender as causas e antecedentes desse complexo processo é fundamental, pois ele é frequentemente cobrado em exames e oferece lições políticas e sociais profundas.


1. A Rússia Imperial: Um Colosso Atrasado e sua Crise Estrutural

Para entender a Revolução de 1917, é essencial recuar no tempo e compreender as bases da sociedade russa. No século XIX e início do XX, a Rússia era um império vasto e diversificado, mas profundamente marcado por um atraso econômico e social em comparação com as potências ocidentais.

1.1. O Czarismo e a Autocracia: Um Poder Absoluto e Resistente

A Rússia era governada por uma monarquia autocrática, conhecida como Czarismo, há séculos. O czar detinha o poder absoluto, sem órgãos legislativos ou partidos políticos legalizados para limitar sua autoridade. Essa estrutura era sustentada principalmente pela nobreza rural e pela Igreja Ortodoxa Russa.

  • Czar Alexandre II (1858-1881): Percebendo a necessidade de reformas para aliviar as tensões sociais e modernizar o país, Alexandre II iniciou algumas mudanças significativas. A mais notável foi a abolição formal da servidão agrária em 1861, libertando cerca de 22,5 milhões de camponeses servos [15, 41, 47a, 222]. Ele também incentivou o ensino elementar e concedeu autonomia acadêmica às universidades. Contudo, essas reformas, embora importantes, foram limitadas e não alteraram fundamentalmente a estrutura social, enfrentando forte oposição conservadora. Alexandre II foi assassinado em 1881 por grupos de oposição que lutavam pelo fim da monarquia.

  • Czar Alexandre III (1881-1894): Após o assassinato de seu pai, Alexandre III restaurou o rigor do regime monárquico absolutista, concedendo vastos poderes à polícia política (Okhrana) para reprimir qualquer forma de oposição e controlar a imprensa e a educação.

  • Czar Nicolau II (1894-1917): O último czar da Rússia. Nicolau II, filho de Alexandre III, tentou facilitar a entrada de capital estrangeiro para promover a industrialização, mas manteve a política conservadora e autocrática de seu pai. Ele era conhecido por sua timidez e inclinação à vida doméstica, mas também por sua intransigência e falta de senso político como governante. A sua insistência em manter a autocracia intacta para seus sucessores foi um fator crucial para a queda da dinastia. Sua benevolência era "inexistente" para com seus adversários. Nicolau II foi extremamente criticado pela Tragédia de Khodynka, pelo Domingo Sangrento e pelos fatais pogroms antissemitas durante seu reinado.

1.2. A Estrutura Social Feudal: Camponeses e Nobreza Latifundiária

A sociedade russa era profundamente hierarquizada. Mais de 80% da população vivia no campo.

  • Camponeses (Mujiques): Eram a vasta maioria da população e viviam em condições de servidão ou semi-servidão nas terras dos senhores feudais. O regime de servidão foi formalmente instituído em 1649 pelo czar Aleixo, limitando a mobilidade dos camponeses e forçando-os a se submeterem à autoridade do Estado. Eles eram considerados como "peões subordinados por dívidas", trabalhando de 3 a 5 dias por semana nas terras da nobreza. Mesmo após a abolição formal da servidão em 1861, a propriedade dos latifúndios foi preservada, e os camponeses libertados frequentemente não tinham acesso suficiente à terra. Dez milhões de famílias camponesas possuíam 73 milhões de deciatinas de terras, enquanto 28 mil senhores de terras (nobres e kulaks) possuíam 62 milhões de deciatinas. A terra que lhes era distribuída era insuficiente, e eles permaneciam vinculados às exigências da comuna da aldeia, o Mir, que tinha um papel de "superego coletivo".

  • Nobreza: Detentora da maioria das terras férteis, possuindo mais de 50% das terras aráveis. Essa concentração fundiária nas mãos de poucos era um dos principais problemas sociais [48a, 223].

1.3. Uma Economia em Transição Forçada e Desigual

A Rússia do século XIX apresentava características feudais. A tentativa de superar esse atraso econômico, especialmente a partir do final do século XIX, foi um processo complexo e cheio de contradições.

  • Industrialização Tardia e Dependente: O parque industrial russo começou a ser formado a partir de uma política que permitiu a entrada de empresas estrangeiras, principalmente da França, Alemanha, Inglaterra e Bélgica, interessadas em explorar as riquezas do país [42, 46c, 48b, 225, 226]. Essa modernização, porém, não progrediu a passos largos devido à fuga de capitais.

  • Surgimento do Proletariado Urbano: A industrialização concentrou-se em grandes centros urbanos como Moscou e São Petersburgo [48b, 227]. Isso criou um grande contingente de trabalhadores urbanos – aproximadamente 3 milhões de pessoas em 1917 – submetidos a opressivas condições de trabalho: salários miseráveis, jornadas de 12 a 16 horas diárias, falta de alimentação e ambientes insalubres [42, 49d, 227]. Essa situação dramática foi um terreno fértil para as ideias socialistas.

  • Problemas Agrícolas: Apesar dos investimentos na indústria, a agricultura russa foi prejudicada, com a imposição de tributos que desincentivavam a importação de maquinário. A baixa produtividade agrícola resultava em frequentes crises de abastecimento alimentar e fome, como entre 1891 e 1892, quando centenas de milhares morreram.

Assim, tanto no campo quanto na cidade, as camadas populares tinham sua força de trabalho explorada e não possuíam nenhuma participação política, criando um cenário de visíveis tensões sociais.

2. A Semente da Revolta: Tentativas de Reforma e Eclosão de Conflitos

O descontentamento com o czarismo não era novo. Desde muito antes da Revolução de 1917, os camponeses, em especial, vinham lutando.

2.1. A Abolição da Servidão (1861): Uma Meia-Medida

A lei de 1861, decretada por Alexandre II, libertou formalmente os servos, transformando-os em "cidadãos livres" com direito à propriedade, acesso à justiça e disposição de seu próprio trabalho. No entanto, esta foi uma "emancipação relativa". A maioria dos camponeses não tinha recursos para comprar a terra dos senhores, e o processo de financiamento estatal (80% da soma necessária) não funcionou, pois eles não tinham como pagar os 20% restantes. A propriedade das terras permaneceu com seus antigos donos. Isso significa que, embora livres da servidão direta, muitos camponeses caíram em uma nova situação de dependência ou endividamento.

2.2. O Ciclo de Fugas e Revoltas Camponesas

O regime de servidão, antes mesmo de sua abolição formal, provocou inúmeras revoltas e fugas. Nos anos 1650 e 1660, o número de fugas aumentou drasticamente, sendo a fuga considerada uma contravenção penal a partir de 1658. Entre 1773 e 1775, houve diversas revoltas, o que levou a imperatriz Catarina II a endurecer as leis em favor da nobreza. No final do século XVIII, registraram-se 300 insurreições em 32 províncias, e entre 1826 e 1861, houve 1.186 sublevações camponesas, uma média de 34 por ano. Esse histórico de resistência mostrou que os camponeses eram um sujeito social em construção, capaz de revoltas.

2.3. O Despertar Político e o Terror Revolucionário

Em meio a essas tensões, ideias revolucionárias e antimonárquicas ganharam corpo. Diversas sociedades secretas formaram grupos de oposição que planejavam derrubar o governo. Intelectuais foram influenciados por ideais marxistas.

O Terror Revolucionário se desenvolveu na Rússia na segunda metade do século XIX e início do XX. Ele consistiu em uma série de ações violentas de movimentos políticos de esquerda com o objetivo de provocar uma revolução social. Houve picos de terror entre 1870-1880 e novamente no início do século XX, especialmente entre 1905 e 1907. Essas ações, embora minoritárias, contribuíram para um clima de instabilidade e confrontação.

3. O Nascimento e a Cisão da Oposição Organizada: O POSDR, Mencheviques e Bolcheviques

As inquietações sociais e políticas ganharam maior expressão com a criação de partidos e movimentos organizados.

3.1. O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)

Fundado em 1898, o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) tornou-se o principal palco de discussões sobre a situação política, econômica e social do país. Sendo duramente perseguido pelas autoridades, o partido atuava na clandestinidade e realizava congressos no exterior. Seus principais líderes incluíam Gueorgui Plekhanov, Vladimir Ilyich Ulyanov (Lenin) e Lev Bronstein (Trotsky).

3.2. A Grande Divergência: Mencheviques vs. Bolcheviques (Conceito Chave para Concursos)

Em 1903, divergências quanto à forma de ação e interpretação do marxismo levaram o POSDR a se dividir em duas facções:

  • Mencheviques ("Minoria"):

    • Líderes: Georgy Plekanov e Yuly Martov.

    • Abordagem: Defendiam uma revolução gradual e pacífica, por etapas, rumo ao socialismo.

    • Teoria: Acreditavam que a Rússia, sendo um país predominantemente camponês e feudal, precisava primeiro passar por um pleno desenvolvimento capitalista e burguês. Somente após essa fase, a sociedade estaria "amadurecida" para a revolução proletária e a implantação do comunismo, seguindo a ortodoxia marxista. Apoiavam, portanto, a instalação inicial de um governo democrático-burguês que substituiria o czarismo.

    • Participação: Defendiam que os trabalhadores poderiam conquistar o poder participando normalmente das atividades políticas.

  • Bolcheviques ("Maioria"):

    • Líderes: Vladimir Lenin. Trotsky aderiu a eles em 1917. Stalin também foi um líder bolchevique.

    • Abordagem: Defendiam uma revolução proletária imediata e armada, a "qualquer custo", sem esperar por um amadurecimento capitalista. Acreditavam que os trabalhadores russos deveriam ser organizados para promover urgentemente todas as mudanças que um governo de orientação burguesa não teria interesse em realizar.

    • Teoria: Embora baseados no marxismo, os bolcheviques de Lenin defendiam uma adaptação radical da doutrina comunista. Eles acreditavam na formação de uma ditadura do proletariado, onde a classe camponesa também estivesse representada. Apoiados na Internacional Comunista, Lenin incentivou revoluções mesmo em países rurais, diferente da visão ortodoxa de Marx.

A principal diferença entre bolcheviques e mencheviques residia na forma como a teoria marxista deveria ser aplicada no processo revolucionário comunista: se por um caminho gradual e pacífico após o desenvolvimento capitalista (mencheviques) ou por uma revolução violenta e imediata (bolcheviques).

A Estratégia do "Teatro das Tesouras" (Insight Essencial para Entender a Dinâmica da Revolução)

Um conceito crucial para compreender como os bolcheviques, apesar de inicialmente representarem a "maioria" apenas dentro do partido e não do povo, conseguiram o poder, é a estratégia de Lenin conhecida como o "Teatro das Tesouras".

  • A Aparência da Oposição: Lenin sugeriu a constituição de dois partidos (bolcheviques e mencheviques) para criar uma ideia de oposição pública, quando, na realidade, ambos os lados trabalhavam para um objetivo comum: a revolução comunista.

  • A Manipulação da Percepção: O governo czarista e, posteriormente, o Governo Provisório, passaram a ver os mencheviques como uma ameaça menor, mais moderada, enquanto os bolcheviques eram percebidos como os extremistas. Isso fez com que o povo, majoritariamente religioso e inicialmente sem desejo de um sistema comunista, apoiasse o governo mais "ameno" dos mencheviques.

  • O Aguardo e a Radicalização: Lenin apostou que o governo menchevique, com suas promessas de criar instituições e leis (um processo demorado), não aguentaria a lentidão diante da miséria do povo. Publicamente, Lenin fingia apoiar os mencheviques, mas, por trás, incitava o radicalismo com discursos inflamados sobre as promessas não cumpridas.

  • O Colapso Menchevique: Com o tempo, o povo miserável passou a clamar por medidas mais drásticas, percebendo o caminho radical dos bolcheviques como a única política viável. Isso possibilitou que os bolcheviques, liderados por Lenin e Trotsky, derrubassem rapidamente o governo menchevique em outubro de 1917, justificando suas ações radicais perante a opinião pública.

Essa estratégia do "Teatro das Tesouras" demonstra a complexidade da manipulação política e a importância de compreender que as aparências nem sempre refletem a totalidade dos movimentos históricos.

4. Os Estopins Imediatos: Guerras e Crises que Pavimentaram a Revolução de 1917

Além das profundas questões estruturais e ideológicas, uma série de eventos externos e internos atuaram como catalisadores para a eclosão da Revolução de 1917.

4.1. A Guerra Russo-Japonesa (1904-1905): Humilhação e Desprestígio

O desejo da Rússia de expandir-se para o oriente levou a um conflito com o Japão pela posse da Manchúria. Nicolau II via a guerra como uma oportunidade para levantar o moral e o patriotismo russo, esperando uma vitória rápida contra um adversário aparentemente "incapaz".

No entanto, a Rússia sofreu uma derrota humilhante para uma potência não-ocidental, perdendo até 120 mil pessoas e tendo sua frota aniquilada. Essa derrota, formalmente encerrada pelo Tratado de Portsmouth, decu a o prestígio do governo czarista e a autoridade do império autocrata, ampliando a insatisfação popular e preparando o terreno para a revolução interna.

4.2. O Domingo Sangrento (1905) e a "Revolução Ensaio"

A derrota na guerra contra o Japão e a crescente insatisfação culminaram nos eventos de 9 de janeiro de 1905 (calendário juliano).

  • O Evento: Uma multidão de milhares de trabalhadores, liderados pelo padre ortodoxo Gueorgui Gapon (que tinha ligações com a polícia), marchou pacificamente pelas ruas de São Petersburgo em direção ao Palácio de Inverno. Eles carregavam imagens do czar e de santos, cantavam canções patrióticas, e portavam uma petição não-radical pedindo melhorias salariais, jornada de trabalho de oito horas e mais liberdade de expressão. O czar Nicolau II não estava na cidade e não autorizou o recebimento da petição. As tropas czaristas abriram fogo contra a população desarmada.

  • Consequências Imediatas: Estima-se que pelo menos 130 pessoas morreram, embora algumas estimativas falem em até 5 mil mortes. A visão positiva que se tinha do imperador foi convertida em ressentimento e raiva, e Nicolau II passou a ser conhecido como "Nicolau, o Sangrento". A indignação se espalhou, desencadeando protestos por todo o país.

  • Concessões do Czar e a Duma: Diante da crescente revolta, Nicolau II foi forçado a fazer concessões. Em outubro de 1905, ele emitiu o Manifesto de Outubro, prometendo liberdades civis básicas e a convocação da Duma Estatal, um parlamento com poder legislativo. Contudo, o czar rapidamente tentou restringir a autoridade da Duma, que frequentemente entrava em conflito com ele. As Dumas subsequentes (Terceira e Quarta) se tornaram mais cautelosas, mas o czar ainda as via com desconfiança.

  • O "Ensaio Geral": A Revolução de 1905, embora derrotada pela repressão czarista após o fim da guerra com o Japão, serviu como uma lição crucial para os líderes revolucionários. Segundo Lenin, foi um "ensaio geral" para a Revolução Russa de 1917, permitindo que os grupos revolucionários ganhassem força e que se abrisse o caminho para os bolcheviques tomarem o poder anos depois.

4.3. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918): O Golpe Final no Império

A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial (no bloco dos Aliados, juntamente com Inglaterra e França) foi o último e decisivo fator para o colapso do czarismo.

  • Despreparo e Derrotas: A Rússia estava excessivamente despreparada para uma guerra de tamanha escala. O exército russo, embora numeroso, era prejudicado por uma administração ineficiente, falta de suprimentos e transporte inadequado (apenas uma ferrovia Transiberiana). As derrotas massivas no front oriental, como na Batalha de Tannenberg, resultaram em milhões de mortos, feridos e prisioneiros.

  • Colapso Econômico e Social: A guerra levou a uma crise econômica profunda: 15 milhões de homens foram retirados das fazendas, os preços dos alimentos dispararam (um ovo custava quatro vezes mais em 1917 do que em 1914), e as ferrovias, sobrecarregadas, entraram em colapso. Isso resultou em desabastecimento, fome e alta inflação (1000% em 1917).

  • Czar no Front e Descrédito da Monarquia: Em um erro fatal, Nicolau II assumiu o cargo de comandante-em-chefe do exército em setembro de 1915, ligando diretamente a imagem do czar às derrotas militares. Com o czar distante, a administração do governo doméstico ficou a cargo de sua esposa, a Imperatriz Alexandra, e a relação dela com o místico Grigori Rasputin promoveu um enorme descrédito na autoridade da dinastia. Rumores e acusações sobre a influência de Rasputin e a lealdade "alemã" de Alexandra (devido às suas raízes) eram constantes. O assassinato de Rasputin em dezembro de 1916 por um grupo de nobres não foi suficiente para salvar a monarquia.

  • Agitação Crescente: As derrotas e o caos em casa acirraram as tensões sociais, aumentando o número de greves e ampliando a formação de partidos operários.

5. As Revoluções de 1917: O Desfecho dos Antecedentes

A soma de todos esses fatores – a autocracia persistente, a questão agrária não resolvida, a industrialização desigual, a agitação política crescente, as derrotas militares e o colapso econômico da Primeira Guerra Mundial – culminou nos eventos revolucionários de 1917.

5.1. A Revolução de Fevereiro (Março de 1917): A Queda do Czar

Em 23 de fevereiro de 1917 (8 de março no calendário ocidental), uma combinação de inverno rigoroso, intensa carência de alimentos e a explosão de greves e manifestações em Petrogrado (então capital) levou ao ponto de ruptura. A polícia e, crucialmente, partes do exército (soldados e recrutas mal-motivados) se recusaram a atirar na multidão e se amotinaram, juntando-se aos manifestantes.

  • Abdicação de Nicolau II: Diante da perda de controle na capital, dos amotinamentos militares e da pressão de seus generais, Nicolau II foi forçado a abdicar em 15 de março de 1917 (2 de março no calendário juliano). Ele abdicou em seu nome e de seu herdeiro, Alexei, passando o trono para seu irmão, o grão-duque Miguel Alexandrovich, que, no entanto, recusou aceitar o trono sem a votação popular. A monarquia Romanov, que durava há três séculos, chegava ao fim.

  • Governo Provisório e Soviete de Petrogrado (Dualidade de Poder): Após a queda do czar, formaram-se dois centros de poder:

    • O Governo Provisório: Inicialmente liderado pelo Príncipe Georgy Lvov, e depois por Alexander Kerensky. Era de caráter liberal-burguês, comprometido com a manutenção da propriedade privada e com a permanência da Rússia na Primeira Guerra Mundial.

    • O Soviete de Petrogrado: Formado por representantes de trabalhadores, soldados e militantes socialistas, reivindicava para si a legitimidade para governar. O Soviete defendia a distribuição de terras aos camponeses, o fim imediato da guerra e um exército com disciplina voluntária, objetivos muito mais populares.

  • Essa dualidade de poder – um governo oficial, mas com a legitimidade e o apoio popular crescendo para o Soviete – gerou instabilidade e impasse político, um dos antecedentes diretos para a fase seguinte da revolução.

5.2. A Revolução de Outubro (Novembro de 1917): A Tomada Bolchevique

Com a Rússia ainda na guerra e a população sofrendo com a escassez e a inflação crescente, Lenin, que retornou à Rússia em abril de 1917 com ajuda financeira alemã (interessados em tirar a Rússia da guerra), lançou seu lema: "Todo o poder aos sovietes!". Ele pregava a formação de uma "república dos sovietes" e a nacionalização dos bancos e da propriedade privada.

  • A Tomada do Poder: Na madrugada de 25 de outubro de 1917 (7 de novembro no calendário ocidental), os bolcheviques, liderados por Lenin e Trotsky, cercaram a capital e derrubaram o Governo Provisório. O Soviete de Petrogrado delegou o poder ao Conselho dos Comissários do Povo, dominado pelos bolcheviques, e dissolveu a Assembleia Constituinte.

  • Primeiras Medidas do Governo Bolchevique: O novo governo rapidamente tomou medidas radicais:

    • Pedido de paz imediata: Assinou o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha em março de 1918, retirando a Rússia da Primeira Guerra Mundial, embora à custa de vastas perdas territoriais (Finlândia, Países Bálticos, Polônia, Bielorrússia, Ucrânia, etc.).

    • Confisco de propriedades privadas: Grandes propriedades da aristocracia e da Igreja Ortodoxa foram tomadas e distribuídas entre o povo.

    • Estatização da economia: O governo passou a intervir diretamente na economia, nacionalizando diversas empresas.

    • Declaração do direito nacional dos povos: Compromisso de acabar com a dominação russa sobre diversas etnias.

  • Início da Guerra Civil Russa: A ascensão bolchevique e suas medidas impopulares para alguns grupos levaram à Guerra Civil Russa (1918-1921). O Exército Vermelho (bolchevique), organizado por Trotsky, enfrentou os Exércitos Brancos (czaristas, liberais e socialistas moderados), além de forças anarquistas e nacionalistas, saindo vitorioso e consolidando o poder do Partido Comunista.


A Revolução Russa de 1917, portanto, não foi um evento isolado, mas o ápice de séculos de tensões sociais e políticas, exarcerbadas por reformas insuficientes e pelas catástrofes de guerras externas. A didática do processo revela a interconexão de fatores históricos, econômicos, sociais e ideológicos, culminando na ascensão de um novo regime que mudaria o curso da história mundial. Para concursos, a compreensão detalhada do Czarismo, das questões agrárias e operárias, da dicotomia Bolchevique-Menchevique (especialmente o "Teatro das Tesouras"), e o impacto das Guerras Russo-Japonesa e Primeira Guerra Mundial, são pontos de prioridade máxima.

Questões de múltipla escolha sobre a Revolução Russa:

  1. Quais foram as principais categorias de causas da Revolução Russa?
    A) Econômica, religiosa e cultural
    B) Econômica, política e social
    C) Política, militar e tecnológica
    D) Social, ambiental e educacional

  2. Quem era o governante da Rússia durante a Revolução Russa?
    A) Vladimir Lênin
    B) Josef Stalin
    C) Nicolau II
    D) Mikhail Gorbachev

  3. Qual foi o resultado da Revolução de Outubro liderada pelos bolcheviques?
    A) Estabelecimento do primeiro estado capitalista do mundo
    B) Continuação do regime czarista
    C) Instauração do primeiro estado socialista do mundo sob a liderança de Vladimir Lênin
    D) Adoção de um sistema monárquico constitucional

Gabarito:

  1. B) Econômica, política e social

  2. C) Nicolau II

  3. C) Instauração do primeiro estado socialista do mundo sob a liderança de Vladimir Lênin