
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi o conflito mais devastador da história da humanidade, ceifando dezenas de milhões de vidas e remodelando o mapa-múndi. Mas como o mundo chegou a esse ponto de barbárie? Quais foram as forças, as ideias e os eventos que, interligados, precipitaram a maior catástrofe do século XX? Para compreender a fundo as causas e antecedentes da Segunda Guerra Mundial, é fundamental mergulhar em um período de instabilidade política, econômica e social conhecido como o entreguerras (1918-1939).
Para entender a Segunda Guerra Mundial, precisamos, inevitavelmente, olhar para o seu predecessor. A Primeira Guerra Mundial, encerrada em 1918, deixou um rastro de destruição e um trauma coletivo sem precedentes. Quase 10 milhões de soldados morreram, e até 13 milhões de não-combatentes perderam suas vidas devido às hostilidades diretas ou indiretas. A Europa, especialmente França, Bélgica, Polônia e Sérvia, estava devastada, com perdas catastróficas de propriedades e indústrias.
O presidente norte-americano Woodrow Wilson, em janeiro de 1918, apresentou seus "Quatorze Pontos", uma proposta que visava a uma paz "justa e duradoura", uma "paz sem vitória". Entre os pontos, destacavam-se a autodeterminação nacional para as populações étnicas da Europa e a criação de uma Liga das Nações para arbitrar disputas internacionais. A Alemanha, ao assinar o armistício em 11 de novembro de 1918, acreditava que esses princípios guiariam o futuro tratado de paz.
No entanto, a realidade foi muito diferente. Os líderes das potências vitoriosas (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Itália, conhecidas como as "Quatro Grandes") se reuniram em Paris e, considerando a Alemanha a principal instigadora do conflito, impuseram termos severos. O resultado foi o Tratado de Versalhes, assinado em 7 de maio de 1919.
Pontos-chave do Tratado de Versalhes (muito cobrado em concursos!):
Cláusula da Culpa pela Guerra (Artigo 231): Esta foi, talvez, a parte mais humilhante para a Alemanha. Ela forçou a nação a aceitar total responsabilidade pelo início da Primeira Guerra Mundial. Esse aspecto, mais do que qualquer outro, alimentou um profundo ressentimento e um forte desejo de revanche na Alemanha.
Reparações Financeiras Exorbitantes: A Alemanha foi obrigada a pagar uma quantia massiva por todos os danos materiais causados pela guerra. O primeiro-ministro francês, Georges Clemenceau, em particular, insistiu em pagamentos pesados, temendo uma rápida recuperação econômica alemã e uma nova guerra.
Perdas Territoriais Significativas: A Alemanha perdeu 13% de seu território e 10% de sua população pré-Guerra.
Alsácia-Lorena foi devolvida à França.
Eupen-Malmédy foi concedida à Bélgica.
Partes da Prússia Ocidental, Poznan e Alta Silésia foram para a Polônia.
A região industrial do Sarre ficou sob controle francês por 15 anos.
Danzig (atual Gdansk), uma cidade com grande população alemã, tornou-se uma Cidade Livre sob a proteção da Liga das Nações.
Todas as colônias ultramarinas alemãs foram retiradas.
Restrições Militares Severas: O Tratado visava limitar o potencial da Alemanha para se rearmar.
O exército foi limitado a 100.000 homens, e o recrutamento foi proibido.
A Marinha foi restrita a embarcações menores (menos de 10.000 toneladas) e proibida de ter submarinos.
A Alemanha foi proibida de manter uma força aérea.
A Renânia, região na fronteira com a França, foi desmilitarizada e ocupada, criando uma barreira de segurança física para a França.
O Ressentimento Alemão: A "Lenda da Punhalada pelas Costas"
Para a Alemanha, o Tratado de Versalhes foi visto como um "Diktat" (paz ditada/forçada). A cláusula da culpa pela guerra, as reparações financeiras e as limitações militares pareceram particularmente opressivas. Muitos alemães sentiram que seu governo havia concordado com um armistício baseado nos Quatorze Pontos de Wilson, que prometiam uma paz justa, mas que, no final, não foram integralmente adotados pelos Aliados.
Surgiu a "Lenda da Punhalada pelas Costas" (Dolchstosslegende). Essa teoria conspiratória alegava que a Alemanha não havia sido militarmente derrotada na Primeira Guerra Mundial, mas sim "apunhalada pelas costas" por políticos e burocratas internos — os "criminosos de novembro" — que formaram a nova República de Weimar e negociaram a paz. Essa lenda desacreditou os círculos socialistas e liberais alemães, que eram os mais comprometidos com a frágil democracia da República de Weimar. As dificuldades sociais e econômicas do pós-guerra, exacerbadas pela "paz ditada", minaram as soluções democráticas e abriram caminho para a ascensão de líderes autoritários e ultranacionalistas, como Adolf Hitler.
Se o Tratado de Versalhes plantou as sementes do ressentimento, a Grande Depressão foi o catalisador que permitiu a essas sementes germinarem em regimes extremistas. Iniciada com a Quebra da Bolsa de Nova Iorque em 24 de outubro de 1929 (a "Quinta-feira Negra"), esta foi a maior crise financeira e o período de recessão econômica mais longo e severo do sistema capitalista no século XX.
Como a Crise se Espalhou e seus Efeitos Globais:
A Primeira Guerra Mundial devastou as economias europeias, mas impulsionou os Estados Unidos, que lucraram com a exportação de alimentos e produtos industrializados. Contudo, a recuperação europeia levou a uma retração do consumo de produtos americanos. A produção superou em muito a demanda, levando a uma crise de superprodução.
O colapso da bolsa de valores fez com que bancos e investidores perdessem vastas somas de dinheiro. Bancos faliram em massa (14 mil nos EUA), reduzindo o crédito e paralisando a produção industrial. Entre 1929 e 1932, o PIB mundial caiu cerca de 15%. Países como Alemanha, Holanda, Austrália, França, Itália e Reino Unido foram duramente atingidos.
Altas Taxas de Desemprego: O desemprego disparou globalmente. Nos EUA, alcançou 25% em 1933. No Canadá, 30% da força de trabalho estava desempregada em 1933.
Deflação e Queda de Preços: Houve uma queda drástica nos preços dos produtos (deflação), especialmente agrícolas.
Protecionismo e Colapso do Comércio Internacional: A Lei Tarifária Smoot-Hawley (1930) dos EUA, que aumentou impostos em cerca de 20 mil produtos estrangeiros, provocou medidas retaliatórias de outros países, paralisando o comércio global.
Pobreza e Desespero: Milhões de pessoas perderam suas casas, a subnutrição tornou-se comum, e favelas (como as "Hoovervilles" nos EUA) surgiram. O desespero foi tão grande que casos de suicídio por parte de empresários e civis eram comuns.
A Grande Depressão na Alemanha (Foco para Concursos):
A Alemanha, já fragilizada pelas reparações e pela hiperinflação de 1923, foi devastada pela crise de 1929. A República de Weimar acreditou que cortes nos gastos públicos estimulariam a economia, o que resultou no corte de fundos para programas sociais, incluindo o seguro-desemprego. Isso levou a uma taxa de desemprego alarmante de 45% em 1932.
A população, especialmente as classes baixa e média, estava desempregada e profundamente insatisfeita. A República de Weimar perdeu toda a sua credibilidade. Este cenário de caos socioeconômico foi o fator primário que propiciou a ascensão de partidos de ultradireita e facilitou a chegada de Adolf Hitler ao poder em 1933.
A década de 1930 viu a democracia ser desacreditada em muitos países, que buscaram regimes autoritários em meio à crise econômica. O colapso do liberalismo e a falência dos velhos regimes criaram um vácuo de poder que foi preenchido por movimentos radicais.
O Fascismo surgiu na Itália com Benito Mussolini (1883-1945), que chegou ao poder em 1922. A palavra "fascio" significa "feixe", simbolizando a unidade nacional. As características do fascismo incluem antiliberalismo, anticomunismo, nacionalismo exacerbado e uma liderança carismática (o Duce).
Mussolini buscava criar um Novo Império Romano no Mediterrâneo. Essa política expansionista se manifestou em:
Invasão da Etiópia (Abissínia) em 1935: Mussolini invadiu o Império Etíope, um importante reino cristão africano, apesar da resistência feroz liderada por Haile Selassie.
Invasão da Albânia no início de 1938.
Apoio a Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
Na Alemanha, o Partido Nazista (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães) ascendeu com Adolf Hitler, nomeado Chanceler em janeiro de 1933. O nazismo, embora se apresentasse como "nacional-socialista", era de fato oposto ao socialismo marxista e rapidamente ilegalizou sindicatos.
A ideologia nazista era baseada em princípios de antissemitismo, unificação de todos os alemães, a aquisição de "Espaço Vital" (Lebensraum) no Leste Europeu para colonos agrários, a eliminação do bolchevismo e a hegemonia de uma "raça ariana" superior sobre "sub-humanos" (judeus e eslavos).
Hitler e os nazistas pretendiam redesenhar o mapa da Europa, alegando que as fronteiras pós-Primeira Guerra eram injustas. A anexação da Áustria e a aquisição de Lebensraum eram objetivos primários.
As Primeiras Ações Agressivas de Hitler (Pontos Críticos para Provas):
As táticas diplomáticas de Hitler envolviam fazer exigências "razoáveis" e, em seguida, ameaçar com guerra se não fossem atendidas, aceitando concessões para então fazer novas demandas.
Saída da Liga das Nações (1933).
Rejeição do Tratado de Versalhes e Rearmamento (1935): A Alemanha rejeitou o tratado e iniciou um programa de rearmamento, culminando no Acordo Naval Anglo-Germânico.
Remilitarização da Renânia (7 de março de 1936): Em violação do Tratado de Versalhes, a Alemanha moveu tropas para a Renânia. A França, um membro central da Liga, não agiu.
Formação do Eixo com a Itália (1936).
Guerra Civil Espanhola (1936-1939): Alemanha enviou ajuda militar massiva a Franco, usando a Espanha como um "laboratório bélico".
A Anschluss (Anexação da Áustria) - 11 a 13 de março de 1938: A Alemanha nazista anexou o país vizinho, a Áustria (Österreich). Este foi o primeiro ato de agressão e expansão territorial do regime nazista. A anexação violou o Tratado de Versalhes e o Tratado de Saint-Germain, que proibiam a unificação de Áustria e Alemanha. Apesar da proibição, foi amplamente popular na Alemanha e na Áustria. As potências europeias não puniram a Alemanha, caracterizando um ato significativo de apaziguamento.
Contexto da Anschluss: A maioria dos austríacos se considerava etnicamente alemã, e a ideia de união com a Alemanha existia desde o século XIX, especialmente após o fim do Império Austro-Húngaro. Hitler explicitou seu desejo por essa união em "Mein Kampf". O Partido Nazista austríaco, embora fraco inicialmente, ganhou força com a ascensão de Hitler na Alemanha. Uma campanha de terror nazista na Áustria em 1933, financiada pela Alemanha, visava minar o regime de Dollfuss. A sanção econômica Tausend-Mark-Sperre paralisou o turismo austríaco. A tentativa de golpe nazista em julho de 1934, que resultou no assassinato de Dollfuss, falhou, mas a Áustria ficou diplomaticamente isolada.
Os Eventos da Anschluss: Em fevereiro de 1938, Hitler impôs exigências ao chanceler austríaco Schuschnigg no Acordo de Berchtesgaden, minando a soberania austríaca. A tentativa de Schuschnigg de um plebiscito sobre a independência austríaca foi frustrada por ultimatos de Hitler em 11 de março de 1938, levando à sua renúncia. Tropas alemãs invadiram a Áustria em 12 de março sem resistência armada, sendo recebidas com flores e manifestações de alegria. Em 13 de março, a "Lei Anschluss" incorporou formalmente a Áustria à Alemanha nazista, tornando-a uma província alemã chamada Ostmark.
Violência Antisemita: A Anschluss marcou o início de uma terrível perseguição para os 200.000 judeus da Áustria, com ondas de violência, humilhação pública e a imposição das leis discriminatórias nazistas.
Propaganda e Aceitação: Os nazistas celebraram a Anschluss como cumprimento do destino alemão. Um plebiscito em 10 de abril de 1938, com cerca de 99% de votos a favor (mas excluindo judeus, ciganos e oponentes), serviu como propaganda para justificar a anexação. Muitos austríacos ajudaram na nazificação do país.
Acordo de Munique (30 de setembro de 1938): Este foi um evento decisivo de apaziguamento. O Reino Unido (Primeiro-ministro Neville Chamberlain) e a França concederam a Hitler a anexação da Região dos Sudetos da Checoslováquia, de maioria alemã étnica. Hitler prometeu que seria sua "última reivindicação territorial". A Checoslováquia não foi autorizada a participar da conferência e foi pressionada a aceitar.
Ocupação do Resto da Checoslováquia (março de 1939): Quebrando o Acordo de Munique, as tropas alemãs invadiram Praga, e a Checoslováquia deixou de existir como país, com a Eslováquia declarando independência sob influência alemã. Isso finalmente fez os governos europeus perceberem que o apaziguamento não garantia a paz.
Na Ásia, o Império do Japão também nutria desejos expansionistas, impulsionados pela falta de recursos minerais estratégicos e o desejo de dominar economicamente o Leste Asiático. Uma ideologia nacional altamente militarista e agressiva prevaleceu no Japão.
Invasão da Manchúria (1931): O Japão fabricou o Incidente de Mukden para estabelecer o estado fantoche de Manchukuo.
Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937): O Incidente da Ponte Marco Polo desencadeou a invasão japonesa da China. O Japão buscou remover a influência ocidental na China sob o disfarce da Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental.
Conflito com as Potências Ocidentais: A agressão japonesa alarmou os EUA, que, junto com o Reino Unido e os Países Baixos, impuseram embargos de petróleo e outros recursos ao Japão a partir de 1940. Essa escassez de recursos foi um fator chave para o Japão buscar a expansão e, por fim, a guerra.
Ocupação da Indochina Francesa (1940-1941): Para cortar o fornecimento de armas e combustível para a China, o Japão ocupou a Indochina Francesa de Vichy.
Por que o Japão se aliou à Alemanha e Itália? (Dúvida Comum!)
Inicialmente, o Japão era aliado das potências ocidentais na Primeira Guerra Mundial, assim como a Itália. No entanto, a expansão japonesa na Ásia e italiana na África levou ao atrito com essas potências, resultando no gradual desmantelamento dessas alianças.
Isolamento e Inimigos Comuns: O Japão e a Alemanha se sentiam isolados devido à sua beligerância. Ambos eram fortemente anticomunistas e viam a União Soviética como um inimigo potencial.
Admiracão Mútua (Limitada): O Japão tinha uma queda pela cultura e política alemãs desde a Restauração Meiji, baseando seu governo no modelo prussiano. Hitler via os japoneses como superiores a outras raças asiáticas.
Oportunismo Político: A Alemanha, que inicialmente apoiou a China Nacionalista, decidiu que o Japão seria um aliado mais valioso, dada sua força econômica e militar. A queda da França em 1940, que enfraqueceu o controle sobre suas colônias, tornou a aliança com a Alemanha atraente para o Japão, permitindo-lhe ocupar a Indochina Francesa.
Embargo de Recursos: O embargo de petróleo e outros recursos imposto pelos EUA, Reino Unido e Holanda empurrou o Japão para a Alemanha como um "caminho natural" para uma aliança.
É importante notar que, apesar da aliança, não havia um "amor" ou "respeito" profundo entre as nações do Eixo (Alemanha, Itália, Japão); eram alianças em tempo de guerra com agendas separadas pós-guerra.
A Liga das Nações, criada após a Primeira Guerra Mundial com o objetivo explícito de prevenir futuras guerras, revelou-se impotente.
Pontos de Fragilidade da Liga:
Falta de Força Armada: A Liga não possuía uma força militar própria e dependia da vontade dos países membros para fazer cumprir suas resoluções.
Dependência de Decisões Unânimes: A exigência de unanimidade e o interesse próprio dos membros-chave levaram à sua ineficácia.
Ausência dos EUA: Apesar de Woodrow Wilson ser seu arquiteto, os Estados Unidos nunca se juntaram à Liga, diminuindo significativamente seu poder e credibilidade.
Exemplos Notórios da Ineficácia da Liga:
Ocupação da Manchúria pelo Japão (1931): A Liga se manifestou contra, mas o Japão simplesmente se retirou da organização e continuou sua agressão.
Invasão da Etiópia pela Itália (1935): A Liga impôs sanções econômicas, que se mostraram ineficazes, e a Itália se retirou da Liga.
Remilitarização da Renânia pela Alemanha (1936): A França, um membro central, "nada fez a respeito".
Guerra Civil Espanhola (1936-1939): A Liga permaneceu neutra, enquanto Alemanha e Itália apoiavam ativamente as forças de Franco.
A inapetência da Liga das Nações diante de atos claros de agressão demonstrou que não seria capaz de evitar o revanchismo das nações totalitárias ou preservar a paz mundial.
Em meio ao trauma da Primeira Guerra Mundial, britânicos e franceses adotaram a política de apaziguamento, concedendo concessões "razoáveis" aos alemães e italianos, com o objetivo primordial de evitar um novo conflito. A opinião pública na Grã-Bretanha e na França era fortemente pacifista, e os políticos temiam alertar o público sobre os perigos de uma Alemanha ressurgente.
O Acordo de Munique (1938) foi o auge dessa política. Britânicos e franceses apaziguaram Hitler, permitindo a anexação da Região dos Sudetos da Checoslováquia, na esperança de que ele não fizesse mais reivindicações territoriais. No entanto, Hitler não foi sincero. Essa decisão foi duramente criticada por alguns que viam que "a Grã-Bretanha e a França estavam em uma posição estratégica e diplomática mais forte" para resistir.
A ficha caiu quando, em março de 1939, Hitler quebrou o Acordo de Munique e ocupou as terras tchecas, incluindo Praga, fazendo a Checoslováquia desaparecer. Essa ação mostrou que o apaziguamento não era garantia de paz.
Por que o Apaziguamento Falhou?
Credulidade dos Líderes: Figuras como Lorde Halifax e Neville Chamberlain realmente acreditaram na palavra de Hitler, ou subestimaram sua agressividade.
Medo do Comunismo: Para grande parte da classe política britânica, a União Soviética de Stalin era vista como ainda mais perigosa do que o nazismo. A desconfiança mútua entre Stalin e as democracias ocidentais (França e Inglaterra) deixou Hitler livre para agir.
Despreparo e Falta de Apoio Público para Guerra: As potências vitoriosas da Primeira Guerra Mundial teriam que ter agido muito antes, cumprindo as cláusulas do Tratado de Versalhes, como a proibição de rearmamento e oposição militar à remilitarização da Renânia. No entanto, "não houve apoio público para nenhuma dessas ações".
Com a falha do apaziguamento e a demonstração da agressividade inabalável de Hitler, o Reino Unido e a França mudaram de estratégia, decidindo que qualquer nova expansão unilateral alemã seria enfrentada pela força.
O próximo alvo "natural" de Hitler era a Polônia, devido à questão da Cidade Livre de Danzig e do Corredor Polonês. Danzig, com sua grande população alemã, tornou-se uma cidade-estado livre após o Tratado de Versalhes, e o Corredor Polonês separava a Prússia Oriental do resto da Alemanha. Em 1939, Hitler exigiu a extratterritorialidade para a rodovia Berlin-Königsberg e uma mudança no status de Danzig. A Polônia recusou, temendo perder seu acesso ao mar e ser subjugada.
Em 23 de agosto de 1939, a Alemanha Nazista e a União Soviética assinaram em Moscou o Pacto Molotov-Ribbentrop (também conhecido como Pacto Nazi-Soviético ou Pacto Hitler-Stálin). Nominalmente, era um pacto de não-agressão. No entanto, seu aspecto mais crucial era um protocolo secreto que dividia a Polônia e outras áreas de influência no Leste Europeu (Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Bessarábia na Romênia) em esferas de interesse de ambos os lados.
Por que Stalin e Hitler assinaram o Pacto? (Dúvida Comum e Contexto para Provas):
Para a Alemanha (Hitler): O pacto deu a Hitler a segurança de que a União Soviética não reagiria a uma invasão da Polônia, permitindo-lhe evitar uma guerra em duas frentes.
Para a União Soviética (Stalin): A justificativa oficial do Kremlin era que Stalin queria ganhar tempo para preparar as defesas soviéticas contra um eventual ataque alemão. Contudo, as evidências sugerem que Stalin foi muito mais proativo e antiocidental. Ele buscava explorar a agressão nazista em benefício próprio, acelerando a queda do Ocidente capitalista e expandindo a influência soviética. O pacto permitiu à URSS anexar os países bálticos e a província romena da Bessarábia, além de invadir a Finlândia.
Detalhe Curioso e Relevante: Ocorreu uma parada militar conjunta em Brest-Litovsk entre as forças alemãs e soviéticas em 22 de setembro de 1939, simbolizando a colaboração inicial. Essa cena foi amplamente divulgada pela propaganda alemã como um "encontro na fronteira da paz", enquanto a mídia soviética a omitiu.
Impacto Moral e Político: O pacto chocou o mundo político, transformando "todos os nossos isms em wasms". Causou grande insatisfação entre comunistas ao redor do mundo, que foram forçados a justificar a aliança com os nazistas, manchando a reputação moral do comunismo.
Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha Nazista invadiu a Polônia. Esse ataque violou acordos internacionais e desafiou diretamente a soberania polonesa. A estratégia alemã foi a Guerra Relâmpago (Blitzkrieg), caracterizada por ataques coordenados e rápidos usando infantaria, artilharia e aviação para desorganizar as defesas inimigas. A Polônia foi rapidamente ocupada.
Em resposta à invasão, e em cumprimento aos tratados de defesa com a Polônia, o Reino Unido e a França declararam guerra à Alemanha em 3 de setembro de 1939, marcando oficialmente o início da Segunda Guerra Mundial. Pouco depois, em 17 de setembro, as forças soviéticas também invadiram a Polônia, seguindo as cláusulas secretas do pacto.
A primeira fase da guerra, de 1939 a 1942, foi marcada pelas vitórias do Eixo na Europa. A máquina de guerra alemã (Wehrmacht) conquistou rapidamente Dinamarca, Noruega, Países Baixos, Bélgica e França em 1940. A rendição francesa foi humilhante, e um regime colaboracionista foi estabelecido em Vichy. Apenas a Inglaterra, com a atuação de sua marinha e da Força Aérea Real (RAF), resistia.
Com a Europa quase dominada, Hitler voltou-se para o Leste. Em 22 de junho de 1941, a Alemanha lançou a Operação Barbarossa, invadindo a União Soviética com uma força massiva. Embora Stalin esperasse um ataque, a surpresa e a escala da invasão foram grandes. A intenção de Hitler era conquistar Leningrado, Moscou e Kiev antes do inverno.
A guerra na frente oriental foi brutal e diferente da Blitzkrieg no Ocidente. Os soviéticos impuseram uma resistência feroz, especialmente na Batalha de Stalingrado (1942-1943), que Unido e os Países Baixos) criaram uma crise econômica e militar para o Japão.
Em 7 de dezembro de 1941, sem declaração prévia de guerra, a Marinha Imperial Japonesa atacou a base naval americana em Pearl Harbor, no Havaí, com o objetivo de destruir a frota de batalha dos EUA. No mesmo dia, outras forças japonesas atacaram as Filipinas, a Malásia Britânica, Cingapura e Hong Kong.
A "Surpresa" de Pearl Harbor (Outro Ponto Controverso e Relevante):
Alguns historiadores, como Marc Ferro, levantam a hipótese de que os EUA "se deixaram" ser atingidos em Pearl Harbor ou, no mínimo, tinham conhecimento prévio da possibilidade de um ataque. Evidências incluem:
O embaixador japonês Matsuoka ouviu de Hitler em Berlim que a Alemanha não precisava de ajuda militar e não pretendia compartilhar sua vitória, sugerindo que o Japão deveria focar outras batalhas, e a rápida derrota japonesa na Batalha de Midway apenas seis meses depois, reforçam essa teoria para alguns.
Em resposta aos ataques, o Canadá declarou guerra ao Japão em 7 de dezembro, e o Reino Unido e os Estados Unidos o fizeram em 8 de dezembro de 1941. Quatro dias depois, em 11 de dezembro de 1941, a Alemanha Nazista e a Itália fascista declararam guerra aos Estados Unidos, formalmente trazendo os EUA para o conflito na Europa e acabando com o isolacionismo americano.
As causas da Segunda Guerra Mundial não podem ser atribuídas a um único fator, mas sim a uma complexa interação de eventos e ideologias que se agravaram ao longo do período entreguerras. O ressentimento alemão com o Tratado de Versalhes, a desestabilização global causada pela Grande Depressão de 1929, a ascensão de **regimes totalitários e estopim da guerra em 1º de setembro de 1939. A partir daí, a agressão territorial e ideológica do Eixo se expandiu, arrastando o mundo para o mais mortífero conflito de sua história, que só se tornaria verdadeiramente global com a entrada da União Soviética e dos Estados Unidos.
Compreender esses antecedentes é essencial para qualquer estudante ou concurseiro, pois eles explicam não apenas como a Segunda Guerra Mundial começou, mas também as complexas relações e tensões que moldariam o mundo nas décadas seguintes.
Questões de múltipla escolha:
Qual foi um dos fatores políticos que contribuíram para o início da Segunda Guerra Mundial, conforme descrito no texto?
A) Ascensão do comunismo na Alemanha
B) Tratado de Versalhes favorável à Alemanha
C) Expansionismo japonês na Europa
D) Nazismo e política de expansão territorial liderada por Adolf Hitler
Como a crise econômica de 1929 e a Grande Depressão influenciaram o cenário internacional pré-Segunda Guerra Mundial?
A) Fortaleceram a estabilidade política e social na Europa
B) Contribuíram para o surgimento de regimes autoritários e nacionalistas
C) Reduziram as tensões entre as potências mundiais
D) Promoveram a cooperação econômica global
O que desencadeou o início da Segunda Guerra Mundial em 1939, de acordo com o texto?
A) Invasão japonesa à China
B) Ataque alemão à União Soviética
C) Invasão alemã à Polônia
D) Declaração de guerra dos Estados Unidos à Alemanha
Gabarito:
D) Nazismo e política de expansão territorial liderada por Adolf Hitler
B) Contribuíram para o surgimento de regimes autoritários e nacionalistas
C) Invasão alemã à Polônia