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21/09/2025 • 13 min de leitura
Atualizado em 21/09/2025

Simbolismo e a Poesia de Cruz e Sousa

SIMBOLISMO E CRUZ E SOUSA

1. O Simbolismo: Contexto, Definição e Início no Brasil (Conceitos Fundamentais)

O Simbolismo representa uma reação estética e filosófica de grande importância na literatura mundial. Para compreender plenamente a obra de Cruz e Sousa, é fundamental dominar o contexto em que o movimento surgiu.

1.1. Definição e Origem Europeia (O Mais Fácil)

O Simbolismo surge na França no final do século XIX, estreitamente ligado ao Decadentismo. Este movimento consolidou-se como uma revolta frontal contra o espírito positivista e contra os movimentos literários dominantes da época: o Realismo, o Naturalismo e, na poesia, o Parnasianismo.

Enquanto os parnasianos se concentravam na objetividade, no culto à forma perfeita e na descrição do mundo visível, o Simbolismo procurou instalar um credo estético baseado no subjetivo, no pessoal, na sugestão e no vago.

1.2. O Simbolismo no Brasil: O Ano de 1893 (Contexto Histórico)

No Brasil, o movimento é inaugurado oficialmente no ano de 1893, com a publicação das obras de João da Cruz e Sousa:

  • Missal (fevereiro de 1893): obra composta por poemas em prosa.

  • Broquéis (agosto de 1893): obra em versos, que violenta a estrutura do poema convencional vigente desde os árcades.

Enquanto a Europa vivenciava a insegurança diante do progresso (Revolução Industrial), o Brasil pós-Abolição (1888) e pós-Proclamação da República (1889) estava dividido entre a luta abolicionista e o reavivamento do racismo.

1.3. A Posição Marginal (Exceção Importante para Concursos)

Diferentemente de outras escolas, o Simbolismo Brasileiro ocupou uma posição marginal em relação à literatura oficial.

Os principais representantes da escola simbolista brasileira são Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens. Alphonsus de Guimaraens, conhecido como o Solitário de Mariana, tinha uma poesia marcada pelo sofrimento da morte de sua noiva, que despertou nele um forte sentimento religioso. Sua obra revela misticismo alegorizante, com alusão a elementos de rituais religiosos como sinos, hinos e cânticos.


2. As Características Estéticas Simbolistas (Do Vago à Musicalidade)

As características a seguir definem o programa estético que Cruz e Sousa levou ao extremo, sendo a musicalidade e a sugestão os pilares mais cobrados em exames.

2.1. O Princípio da Sugestão e Indizibilidade

A estética simbolista buscava o misterioso e ilógico. Segundo Mallarmé, o poeta não deveria nomear o objeto, nem mostrá-lo diretamente, mas sim sugeri-lo, evocá-lo pouco a pouco, utilizando o símbolo como processo encantatório.

  • Falta de Clareza: Os poetas simbolistas consideravam mais importante sugerir a realidade do que delineá-la totalmente.

  • Indizibilidade: A poesia simbolista frequentemente atinge um limite de expressão, buscando figurar o indizível, aquilo que não se pode dizer claramente através da língua. A linguagem, ao menos em Cruz e Sousa, manifesta-se através da insuficiência significadora, tornando presente o desejo de transcender o dizível.

2.2. A Forte Vocação Mística e Espiritual

O poeta simbolista, em fuga da realidade, inclina-se para a elevação mística e para a ênfase na espiritualidade.

  • Fuga da Matéria: É uma viagem ao mundo invisível e impalpável do ser humano. Busca-se o mundo situado além do real e da razão.

  • Vocabulário Litúrgico: Para expressar o misticismo, há o uso de vocabulário da liturgia cristã (termos como antífona, missal, ladainha, hinos, breviários, turíbulos e incensos).

2.3. A Supremacia da Musicalidade (Conteúdo Técnico Essencial)

O Simbolismo foi a escola literária que mais se vinculou à música. A musicalidade é uma característica marcante da poesia de Cruz e Sousa.

O poeta simbolista francês Paul Verlaine resumiu esse ideal: "de la musique avant tout chose" (a música antes de qualquer coisa). Para a poesia simbolista, a sonoridade da palavra tem valor intrínseco, não importando tanto o significado racional.

A musicalidade é alcançada através de recursos técnicos:

  • Aliteração: Repetição de fonemas idênticos ou parecidos (sons consonantais). Por exemplo, em Violões que Choravam: "Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos violões, vozes veladas...".

  • Assonância: Repetição de sons de vogais, especialmente em sílabas tônicas. Por exemplo, em Antífona: "Horas do ocaso, trêmulas, extremas".

  • Sinestesia: Fusão de impressões sensoriais (mistura de sentidos como audição, visão, olfato, tato). É um recurso chave para a sugestão. Exemplo clássico em Alphonsus de Guimaraens: a fusão entre o contexto físico ("Quando chegaste...") e o emotivo ("até nas nuvens repicaram sinos"). Em Cruz e Sousa: "Brancas sonoridades de cascatas" ou "Ó almas presas, mudas".


3. Cruz e Sousa: A Dicotomia de um Intelectual "Emparedado" (O Drama Existencial)

A vida de Cruz e Sousa foi marcada por um intenso drama pessoal e social, refletindo-se em sua obra, o que o torna um dos poetas brasileiros mais complexos e testados em concursos.

3.1. O Preconceito e a Dor Existencial

Filho de escravizados alforriados, Cruz e Sousa recebeu uma educação formal de elite, mas sua condição de homem negro impôs-lhe o preconceito racial ao longo de toda sua vida. Sua dor existencial e sua temática de refúgio no transcendente originam-se do sentimento de opressão provocado pelo drama racial e pessoal que vivia.

Cruz e Sousa expressava essa dor de existir e o sentimento de opressão. Ele utilizava a arte para superar a exclusão, acreditando que a grandeza da arte supera qualquer fator social ou racial.

3.2. A Poesia Social e o Poema em Prosa "Emparedado" (Exceção e Protesto)

Apesar da tendência simbolista de fuga da realidade, Cruz e Sousa utilizou sua poesia para denunciar as mazelas sociais e o drama do afro-descendente, inclusive em textos como "Da senzala..." e "Escravocratas".

O poema em prosa "Emparedado" (publicado em Evocações) é o texto onde sua condição de afro-brasileiro "aflora com todo vigor". O texto é um manifesto onde o eu-enunciador relata como se sente cercado (emparedado) por diversas formas de exclusão:

  • Parede da Direita: Egoísmos e Preconceitos.

  • Parede da Esquerda: Ciências e Críticas.

  • Parede da Frente: Despeitos e Impotências.

  • Parede de Trás (Derradeira): Imbecilidade e Ignorância.

O texto assume uma força revolucionária (o "verbo soluçante") e interioriza a questão social. A frustração e a angústia diante das ideologias racistas conferem um alto grau existencial à sua poesia.

3.3. O "Dante Negro" e a Filiação Baudelaireana

Cruz e Sousa é frequentemente chamado de Dante Negro. No poema em prosa "No inferno", ele encontra o poeta francês Charles Baudelaire, que é seu nume tutelar. Cruz e Sousa demonstra uma profunda apropriação dos motivos baudelairianos, especialmente a luta entre a carne e o espírito, o inferno e o céu.

Baudelaire é figurado como um Santo-Demônio, representando a dupla faceta da poesia: alta e baixa, transcendente e imanente. O inferno, em Cruz e Sousa, torna-se um espaço de refúgio da sensibilidade e de rebelião contra o progresso burguês e o mundo estabelecido. O poeta se sente um "corpo estranho" no campo literário brasileiro.


4. Temáticas Chave na Poesia de Cruz e Sousa

No plano temático, a obra de Cruz e Sousa é vasta e complexa, navegando entre o etéreo e o carnal.

4.1. O Conflito Matéria versus Espírito

A dualidade é central. O poeta está constantemente em conflito entre o mundo material (corpo, erotismo, pobreza) e o mundo espiritual (transcendência, misticismo).

  • Sublimação da Angústia Sexual: Impulsos sexuais são transpostos ou sublimados em ideais. O apreço do poeta pela mulher branca que ele não conseguiu desposar (mesmo que não pretendesse tanto) foi sublimado para os objetos de sua poesia. A Lua e a monja branca da cela constelada tornam-se figuras centrais dessa feminilidade idealizada e etérea, desprovida de corpo carnal.

4.2. A Obsessão pelo Branco e o Brilho (Motivo Recorrente)

A cor branca é uma constante na poesia de Cruz e Sousa, ligada ao desejo de pureza, transcendência e ao ideal inatingível. Essa fixação pelo branco e pelo brilho é notada pela crítica. O vocabulário utilizado para evocar o branco é rico, incluindo termos como Níveo (cor de neve, muito branco), Nivoso (cheio de neve) e Ebúrneo (alvo como marfim).

Dúvida Comum: O uso do branco desvincula o poeta de sua negritude? Resposta: Embora seja uma questão crítica, o vocabulário da alvura e da nebulosidade é primariamente uma vinculação à estética simbolista que buscava o ideal e o transcendente. Em essência, a complexidade de sua poesia reside na busca por esse ideal disfarçado.

4.3. A Exaltação da Carne (O Paradoxo Temático)

Em contraste com a busca pelo etéreo, Cruz e Sousa também aborda o erotismo carnal e o sensualismo. O poema "Lubricidade" é um exemplo de audácia temática onde ele exalta a mulher branca (símbolo de pureza social) em toda a sua sexualidade. O eu-lírico assume uma postura desejante, vendo a mulher de forma carnal e corpórea, o que subverte os padrões sociais vigentes.


5. Formalismo e Linguagem

5.1. A Influência Parnasiana na Forma (A Grande Exceção)

Uma das características mais importantes para concursos, pois trata-se de uma exceção no movimento simbolista brasileiro, é a influência decisiva do Parnasianismo no plano formal.

A escola simbolista no Brasil, representada por Cruz e Sousa, não rompeu com as regras rígidas das formas fixas.

  • Preferência pelo Soneto: O poeta utiliza frequentemente o soneto.

  • Métrica: Preferência por versos decassílabos.

  • Esquemas Rímicos: Culto à forma e preferência por rimas ricas.

O parentesco é, portanto, somente quanto à estrutura do poema, já que a temática tratada é fundamentalmente diferente das preferidas pelos parnasianos.

5.2. O Uso de Figuras de Linguagem

A linguagem de Cruz e Sousa é altamente sugestiva, vaga e imprecisa.

  • Sinestesia: Já detalhada, é o cruzamento de sentidos. Exemplo: a fusão de som e cor em "Harmonias da Cor e do Perfume".

  • Metáfora e Sugestão: Uso intenso de metáforas, o que leva à sugestão ao invés da explicitação.

  • Maiúsculas Alegorizantes: Uso de letra maiúscula em substantivo comum para conferir valor absoluto e transcendente ao termo (ex: Dor, Sonho, Música, Morte, Mistério).


6. Análise Aprofundada dos Poemas

A complexidade da poesia de Cruz e Sousa é melhor compreendida na análise de seus poemas mais emblemáticos, muitos dos quais exploram a dualidade temática e formal.

6.1. Antífona (O Código Estético Simbolista)

O poema de abertura de Broquéis é uma poética e um manifesto do Simbolismo.

  • A Indizibilidade da Forma: Antífona exemplifica a dificuldade de nomear e descrever. O verso "Ó Formas alvas, brancas, Formas claras / De luares, de neves, de neblinas!..." mostra uma justaposição cumulativa de adjetivos. Essa insistência no signo "Formas" e a hesitação em adjetivar mostram a dificuldade de dizer, revelando que a essência é imprecisa e resistente à redução.

  • A Estrutura Musical: O poema se relaciona pelo som e não pelo nexo lógico, funcionando como "notas musicais".

  • A Oração: Antífona se desenvolve como um clamor e uma exclamação que traduz a admiração (pela vida) e o espanto (pela morte). O desejo é que a vida aconteça, manifestando "o que não se pode dizer num dado lugar social: uma substância real". O título, de origem litúrgica (alternância de corpos corais), remete a essa estrutura de diálogo ou alternância interna.

6.2. Sonata (A Poesia como Forma Musical)

Este poema em Broquéis é uma evidência da musicalidade formal na obra de Cruz e Sousa, espelhando a estrutura clássica da forma-sonata.

  • Exposição (Temas A e B):

    • Estrofe I (Tema A): "Caráter masculino", mais rítmico, reforçado por aliterações repetidas (ma, me, mu).

    • Estrofe II (Tema B): "Caráter feminino", mais melódico, com léxico leve e o uso de anáforas (repetição de "Canções").

  • Desenvolvimento (Estrofe III): Os elementos temáticos dos temas A e B são mesclados e justapostos.

  • Reexposição (Estrofe IV): Retorno do material exposto, dando ênfase ao caráter rítmico (Tema A).

Cruz e Sousa demonstra um profundo interesse em converter a paisagem textual em paisagem sonora, usando a forma musical (Sonata) como elemento concatenador.

6.3. Acrobata da Dor (A Metáfora do Coração)

Este soneto de Cruz e Sousa é um excelente exemplo da sugestão e do drama existencial simbolista.

  • A Metáfora Central: O Acrobata da Dor é uma metáfora que simboliza o coração.

  • A Revelação Gradual: O título já sugere a dor. O coração só é revelado no último verso ("Ri,! Coração, tristíssimo palhaço").

  • O Drama do Palhaço (Antítese): O poema utiliza a antítese para descrever a dualidade do artista: ele deve "Gargalha, ri" e fazer "macabras piruetas d`aço", mascarando a dor violenta ("estertor dessa agonia lenta").

  • O Vocabulário: O poeta utiliza um vocabulário erudito e requintado (ex: gavroche, clown, estertor, macabras), comprovando a preocupação formal. A grande quantidade de adjetivos evoca a dor (tormenta, atroz, macabras, tristíssimo).

6.4. Cavador do Infinito

Este poema reflete a busca pela essência do ser e a integração cósmica.

  • A Ação Simbólica: O Cavador do Infinito utiliza a "lâmpada do Sonho" para descer "abissalmente em si mesmo". Cavar o infinito significa a busca pelos desejos e ânsias irrealizáveis, uma luta incessante contra a opressão e um esforço para abafar os "gritos soluçados do interior do ser".

  • A Imprecisão da Linguagem: A profundidade da busca é refletida na utilização de palavras de caráter impreciso (ex: imponderáveis, inefáveis, insondáveis).

  • O Mito de Sísifo (Analogia Importante): O tema do cavador pode ser comparado ao Mito de Sísifo. Sísifo foi condenado a rolar uma pedra montanha acima, sabendo que ela rolaria de volta, num trabalho inútil e sem esperança. No entanto, a luta incessante ("A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem") se torna o consolo. Da mesma forma, o trabalho do Cavador, mesmo sabendo que o infinito não tem fim, é a persistência na tarefa, que por si só constitui seu próprio mundo.


7. Revisão de Dúvidas Comuns e Conteúdo Prioritário em Concursos

7.1. Perguntas Frequentes sobre Cruz e Sousa (FAQ)

Pergunta Comum

Resposta Didática Baseada nas Fontes

O Simbolismo é objetivo ou subjetivo?

Subjetivo. Opõe-se à objetividade parnasiana. Busca o subjetivo, o pessoal, o misterioso e o ilógico.

Cruz e Sousa era Parnasiano na forma?

Sim, formalmente. Ele demonstra culto à forma, preferindo o soneto em decassílabos e utilizando esquemas rímicos rígidos. Contudo, sua temática é puramente simbolista (misticismo, sugestão).

O que são Maiúsculas Alegorizantes?

É o uso de letras maiúsculas em substantivos comuns (ex: Dor, Mistério, Música) com a finalidade de lhes dar um valor absoluto e transcendental.

A "brancura" em Cruz e Sousa nega sua origem negra?

A crítica entende que a obsessão pelo branco está ligada à estética simbolista de busca pelo ideal. É uma sublimação da realidade e do desejo, transpondo o corpo carnal para figuras etéreas como a Lua ou a Monja branca. Contudo, Cruz e Sousa também usou sua prosa (Emparedado) para protestar ativamente contra o racismo.

Qual é a importância do Misticismo?

O misticismo e o espiritualismo são a fuga da realidade, a viagem ao mundo invisível. O poeta incorpora vocabulário da liturgia cristã para reforçar essa busca transcendente.

O que Antífona representa?

A "profissão de fé" do Simbolismo no Brasil. É um manifesto estético que inaugura o movimento em Broquéis.

7.2. Principais Características Formais e de Linguagem

  • Formal: Soneto, decassílabo, rimas ricas.

  • Linguagem: Sinestesia, metáfora, aliteração, assonância. Predominância de substantivos e adjetivos, linguagem vaga e imprecisa.

  • Temas: Morte, Misticismo, Espiritualidade, Conflito Matéria/Espírito, Sublimação Sexual, Obsessão pelo Branco, Escravidão (em prosa).

7.3. Obras Principais

Obra

Gênero

Ano de Publicação

Importância

Missal

Poemas em Prosa

1893

Inauguração do Simbolismo no Brasil. Contém os germes do Simbolismo.

Broquéis

Poesia (Versos)

1893

Inauguração do Simbolismo no Brasil. Obra que renovou a expressão poética. Contém Antífona e Sonata.

Evocações

Poemas em Prosa

1898 (Póstuma)

Contém Emparedado (protesto racial) e No Inferno (diálogo com Baudelaire).

Faróis

Poesia

1900 (Póstuma)

Contém poemas célebres como Violões que Choravam.

Últimos Sonetos

Poesia (Sonetos)

1905 (Póstuma)

Contém poemas de alta densidade existencial, como O Assinalado.