
A Língua Portuguesa, com sua riqueza e complexidade, exige um domínio que vai muito além da memorização de regras. No coração dessa compreensão aprofundada está a Sintaxe, a disciplina que estuda a organização das palavras e das orações para que elas expressem o pensamento de forma clara, precisa e coerente. Para ter sucesso em provas como o Enem e concursos públicos, e principalmente para se comunicar de forma eficaz, entender a sintaxe é indispensável.
Muitas vezes, a sintaxe é vista como um emaranhado de regras complexas e difíceis de aplicar. No entanto, ela é, na verdade, a lógica interna da língua. A sintaxe estuda as palavras não isoladamente, mas em suas relações e combinações para formar frases e exprimir ideias. É a sintaxe que nos permite entender como as frases são construídas e por que certas combinações são possíveis e outras não.
O domínio da sintaxe é essencial para a clareza da exposição e a ordenação do pensamento. Sem uma organização sintática adequada, mesmo o mais rico vocabulário pode resultar em um discurso incoerente e de difícil compreensão. Imagine tentar ler uma frase como "A azul e vermelha menina veste amanhã saia". Ela não faz sentido porque não segue o padrão sintático aceito pelo Português Brasileiro, o que impede a atribuição de significado às unidades e à sentença como um todo.
Para que serve a Sintaxe?
Organizar o pensamento: Ajuda a estruturar as ideias de forma lógica e sequencial.
Garantir clareza e precisão: Permite que a mensagem seja compreendida sem ambiguidades.
Estabelecer relações entre palavras: Define o papel de cada termo na oração.
Construir enunciados coerentes: Permite a formação de discursos que façam sentido para o leitor.
Para compreender a sintaxe, é fundamental dominar seus blocos construtores básicos: a frase, a oração e o período. Eles representam a organização natural da língua.
Frase: É qualquer enunciado linguístico que possui sentido completo. Não necessariamente precisa ter um verbo.
Exemplos: "Que dia lindo!" (Frase nominal), "Silêncio!" (Frase nominal) [Não nos fontes, mas é um exemplo comum e didático].
Oração: É um enunciado que se organiza em torno de um verbo ou de uma locução verbal. O número de orações em um enunciado é determinado pelo número de verbos ou locuções verbais.
Exemplo: "Já acordamos.".
Período: É o enunciado construído por uma ou mais orações, encerrando-se com um ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação ou reticências.
A classificação do período é crucial para a análise sintática mais aprofundada:
Período Simples: Apresenta apenas uma oração, que é chamada de oração absoluta.
Exemplos: "Hoje está tão quente!", "Preciso disto.".
Período Composto: Apresenta duas ou mais orações. Essas orações podem se relacionar de duas formas principais:
Período Composto por Coordenação: Contém orações independentes entre si, ou seja, cada uma delas tem sentido completo, mesmo que se relacionem semanticamente. As orações coordenadas podem ser:
Assindéticas: Quando não são ligadas por conjunções.
Exemplo: "Levantou, começou a trabalhar." [Adaptado de 299]
Sindéticas: Quando são ligadas por conjunções coordenativas. Elas se classificam em:
Aditivas: Expressam soma, adição (e, nem, mas também, etc.).
Exemplo: "Gosta de praia, mas também gosta de campo."
Adversativas: Expressam oposição, contraste (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, etc.).
Exemplo: "Gostava do curso, contudo não havia vaga na sua cidade."
Alternativas: Expressam alternância, escolha (ou, ora...ora, quer...quer, etc.).
Exemplo: "Vai ele ou vou eu."
Conclusivas: Expressam conclusão (logo, portanto, então, pois – depois do verbo, etc.).
Exemplo: "Estão de acordo, então vamos."
Explicativas: Expressam explicação, motivo (porque, que, pois – antes do verbo, etc.).
Exemplo: "Fizemos o trabalho hoje porque tivemos tempo."
Período Composto por Subordinação: Contém orações que se relacionam entre si de forma dependente, ou seja, uma oração (subordinada) exerce uma função sintática em relação à outra (principal). Podem ser:
Substantivas: Funcionam como um substantivo (sujeito, objeto direto, complemento nominal, etc.).
Exemplo: "Espero que vocês consigam."
Adjetivas: Funcionam como um adjetivo, caracterizando um substantivo (restritivas ou explicativas).
Exemplo: "Os concorrentes que dormem mais têm um desempenho melhor."
Adverbiais: Funcionam como um advérbio, indicando uma circunstância (tempo, causa, modo, etc.).
Exemplo: "À medida que crescem, aumentam as preocupações."
Período Misto: É aquele que apresenta simultaneamente orações coordenadas e subordinadas.
Exemplo: "Levantei, embora ainda estivesse cheio de sono."
Na análise sintática, as palavras e grupos de palavras desempenham funções específicas dentro da oração. Essas funções são classificadas em três grupos principais: Essenciais, Integrantes e Acessórios.
São fundamentais para a estrutura da oração, formando a base do que se declara.
Sujeito: É o elemento sobre o qual se fala ou que pratica/sofre a ação expressa pelo verbo.
Exemplo: "O médico recomendou descanso."
Tipos de Sujeito (muito cobrados!):
Simples: Possui apenas um núcleo.
Composto: Possui dois ou mais núcleos.
Oculto (ou elíptico, desinencial): Não aparece explicitamente, mas pode ser identificado pela desinência verbal (eu, tu, nós, vós).
Indeterminado: Não se consegue identificar quem praticou a ação, mesmo que se saiba que alguém a praticou (ex: verbo na 3ª pessoa do plural sem sujeito expresso; verbo transitivo indireto, intransitivo ou de ligação + partícula "se" de indeterminação).
Inexistente (ou Oração sem Sujeito): Não há sujeito, a oração expressa fenômenos da natureza, verbos "haver" (no sentido de existir), "fazer" (indicando tempo decorrido), etc..
Predicado: É a informação que se declara sobre o sujeito. Sempre contém o verbo.
Exemplo: "O grupo decidiu participar na São Silvestre."
Tipos de Predicado (essencial para concursos):
Predicado Verbal: O núcleo é um verbo significativo (que indica ação, fenômeno ou estado mutável). Não possui predicativo.
Exemplo: "Lúcia correu no final da semana passada."
Predicado Nominal: O núcleo é um nome (substantivo ou adjetivo) que atribui uma característica ou estado ao sujeito, ligado a ele por um verbo de ligação.
Verbos de ligação: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, andar (no sentido de estar), tornar-se, parecer.
Exemplo: "A vista é linda!" (onde "linda" é o predicativo do sujeito).
Predicado Verbo-Nominal: Possui dois núcleos: um verbo significativo e um nome (predicativo do sujeito ou predicativo do objeto).
Exemplo: "Os atletas se esforçaram muito." (Verbo 'esforçar' + 'muito' como adjunto adverbial, não predicativo. Exemplo da fonte 273 para adjunto adverbial. Preciso de um exemplo de V-N).
Exemplo adaptado: "Os alunos saíram cansados." ('saíram' = verbo intransitivo; 'cansados' = predicativo do sujeito) [Não nas fontes, mas é um exemplo didático comum].
Completam o sentido de verbos e nomes na oração.
Complemento Verbal: Completa o sentido dos verbos transitivos, aqueles que precisam de um complemento para ter sentido completo.
Objeto Direto (OD): Completa o sentido de um verbo transitivo direto (VTD) sem o uso de preposição obrigatória.
Exemplo: "Ofereceram presentes às crianças."
Objeto Indireto (OI): Completa o sentido de um verbo transitivo indireto (VTI) com o uso de preposição obrigatória.
Exemplo: "Ofereceram presentes às crianças."
Objeto Direto e Indireto (VTD e I): O verbo exige os dois tipos de complemento.
Exemplo: "Ele entregou o livro ao aluno." ("o livro" = OD; "ao aluno" = OI) [Não nas fontes, mas é um exemplo didático comum].
Predicativo do Objeto: Atribui uma característica ou estado ao objeto (direto ou indireto) por meio de um verbo significativo.
Exemplo: "Eles consideraram a reunião um sucesso." [Não nas fontes, mas é um exemplo didático comum].
Complemento Nominal (CN): Completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) com o auxílio de uma preposição.
Exemplo: "Tenho medo da sua reação." ("da sua reação" completa o nome "medo").
Atenção para a exceção/diferença de correntes! A Gramática Tradicional define o Complemento Nominal como ligado a substantivos, adjetivos ou advérbios. Contudo, a Sintaxe Funcionalista, mais alinhada aos usos reais da língua, argumenta que o CN se liga apenas a substantivos e adjetivos, pois adjetivos e substantivos recebem marca de gênero (são nomes), enquanto advérbios não variam e, portanto, não seriam "nomes" no sentido gramatical. Em concursos, a visão tradicional ainda é a mais comum, mas é importante estar ciente dessa nuance teórica.
Agente da Passiva: Indica quem pratica a ação em orações na voz passiva analítica, sempre introduzido por preposição (por, pelo, pela, pelos, pelas).
Exemplo: "Foi subornado pelo candidato."
Adicionam informações secundárias, mas importantes, aos termos essenciais e integrantes, sem serem indispensáveis à compreensão básica da frase.
Adjunto Adnominal (A.A.): Termo que caracteriza ou determina um substantivo, podendo ser um artigo, adjetivo, pronome adjetivo, numeral adjetivo ou locução adjetiva.
Exemplo: "A bonita obra ficou esquecida no museu." ("A" e "bonita" são A.A. de "obra").
Adjunto Adverbial (Ad. Adv.): Termo que modifica um verbo, um adjetivo ou outro advérbio, indicando uma circunstância (tempo, lugar, modo, causa, intensidade, finalidade, etc.).
Exemplo: "Os atletas se esforçaram muito." ("muito" indica intensidade).
Foco em Concursos / Uso da Vírgula: Adjuntos adverbiais deslocados (no início ou meio da oração) ou de longa extensão (três ou mais palavras) geralmente são separados por vírgula. Quando curtos e em sua posição padrão (final da oração), a vírgula é facultativa.
Exemplos:
"Ontem, João comprou um carro." (deslocado)
"João, ontem, comprou um carro." (deslocado)
"João comprou um carro para a esposa, ontem." (posição padrão, facultativo)
Aposto: Explica, especifica, resume ou desenvolve um termo anterior da oração.
Exemplo: "Campos de Jordão, a Suíça brasileira, é um dos principais destinos turísticos do Brasil.".
Sempre é isolado por pontuação, geralmente vírgulas, mas pode ser por dois pontos ou travessão.
Exemplo: "José Saramago, único escritor de língua portuguesa a ganhar o Nobel de Literatura, faleceu em 2010.".
Vocativo: Termo que expressa um chamamento ou invocação ao interlocutor. É um termo independente da oração, ou seja, não se liga sintaticamente a nenhum outro termo.
Exemplo: "D. Glória, a senhora persiste na ideia de meter o nosso Bentinho no seminário?".
Sempre é separado por vírgula, independentemente de sua posição na frase.
Um dos maiores mitos sobre pontuação é que ela se baseia em "pausas para respiração". Isso está equivocado! A pontuação na escrita é uma convenção gráfica que tem como principal objetivo estruturar o texto sintaticamente e garantir a clareza e o sentido da mensagem. Ela é um dos diacríticos da língua, sinais que modificam o valor de outros sinais para fornecer informações fonéticas, semânticas, morfológicas ou sintáticas.
A vírgula (,) é o sinal de pontuação que mais gera dúvidas, mas suas regras são predominantemente sintáticas:
NÃO se separam por vírgula (Erros Comuns em Provas):
Sujeito e Predicado: Nunca coloque vírgula entre o sujeito e o verbo/predicado, mesmo em frases longas ou com o sujeito no final.
Correto: "João comprou um carro para a esposa."
Errado: "João, comprou um carro para a esposa."
Verbo e seus Complementos (Objeto Direto, Objeto Indireto): O verbo e seus complementos diretos ou indiretos formam uma unidade sintática e não devem ser separados por vírgula.
Correto: "O diretor avisou os pais da reunião."
Errado: "O diretor avisou, os pais da reunião."
Errado: "O diretor avisou os pais, da reunião."
QUANDO usar a vírgula (Casos de uso obrigatório/facultativo):
Separação de Adjuntos Adverbiais deslocados ou longos: Como mencionado, se o adjunto adverbial não estiver em sua posição padrão (final da oração) ou for longo (mais de três palavras), a vírgula é geralmente obrigatória ou recomendada.
Exemplo: "Ontem à noite, saímos para jantar." (deslocado) [Adaptado de 342]
Exemplo: "Saímos, ontem à noite, para jantar." (intercalado) [Adaptado de 342]
Exemplo: "João comprou um carro para a esposa, ontem." (curto, final – facultativo)
Separação de Aposto e Vocativo: Sempre isolados por vírgula.
Aposto: "José Saramago, único escritor de língua portuguesa a ganhar o Nobel de Literatura, faleceu em 2010."
Vocativo: "Senhores passageiros, apertem os cintos." [Adaptado de 346]
Separação de Orações Adjetivas Explicativas: Essas orações adicionam uma informação extra sobre o termo anterior, que já é conhecido. Se forem retiradas, o sentido geral da frase não se altera drasticamente.
Exemplo: "Os artistas, que são vaidosos, costumam exagerar nos gastos pessoais." (Todos os artistas são vaidosos).
Cuidado com as Restritivas: As orações adjetivas restritivas não são separadas por vírgula, pois elas restringem o sentido do termo anterior.
Exemplo: "Os artistas que são vaidosos costumam exagerar nos gastos pessoais." (Apenas os artistas vaidosos). A presença ou ausência da vírgula muda o sentido!
Separação de Elementos de Mesma Função Sintática não ligados por Conjunção: Usada para enumerar itens.
Exemplo: "Achava os homens declamadores, grosseiros, cansativos, pesados."
Separação de Expressões Explicativas ou Retificadoras: Expressões como "isto é", "ou seja", "por exemplo", "além disso", "aliás".
Exemplo: "José Saramago morreu no dia 18 de julho, aliás, junho."
Marcação de Elipse (Omisão) do Verbo: Quando um verbo já apareceu e é omitido para evitar repetição.
Exemplo: "Luíza sai para o trabalho às 7h nos dias de semana; no sábado, às 9h." (vírgula no lugar de "sai")
É crucial entender que a gramática não é uma entidade monolítica. Existem diferentes abordagens:
Gramática Normativa (ou Tradicional): É a que aprendemos na escola. Ela reúne as regras que devemos usar para falar e escrever português de acordo com a norma culta, sendo sua natureza pedagógica. Ensina ortografia, acentuação, classes de palavras, termos da oração, pontuação, concordância, regência. É o que é cobrado na maioria dos concursos e no Enem.
Ponto de atenção: Embora importante para a padronização e a comunicação formal, a gramática normativa, por vezes, apresenta "incoerências gramaticais" ou explicações que não se baseiam no uso real da língua (como a pontuação por "pausas de respiração").
Sintaxe Funcionalista: Diferencia-se por considerar a língua como um instrumento de interação social, maleável e sujeito às pressões das diversas situações comunicativas. Esta vertente se preocupa com os aspectos extralinguísticos, a variação e as mudanças da língua, fatores que a tornam verdadeiramente real em relação ao seu uso e suas finalidades.
Por que é importante para o estudante? Ela nos ajuda a entender que a língua é viva, varia de acordo com o contexto e os falantes, e que nem todo "desvio" da norma é um "erro". Um bom profissional de texto (e, por extensão, um bom escritor/estudante) precisa ser "poliglota dentro de sua própria língua", versado nas variedades linguísticas.
Onde se aplica na prática? Permite analisar textos considerando o gênero, o público-alvo, a finalidade comunicativa. Por exemplo, um texto jurídico exige formalidade e rigor, enquanto um folder publicitário pode usar linguagem mais informal e gírias.
Exemplos de Incoerências da Gramática Tradicional destacadas pela Funcionalista:
Definição de Sujeito: A tradicional define como "o ser de quem se diz alguma coisa". A funcionalista foca na parte gramatical da oração, não nos "seres".
Complemento Nominal: A tradicional inclui advérbios, enquanto a funcionalista os exclui por não variarem em gênero.
Pontuação como "pausas": Completamente refutado pela funcionalista, que a vê como marcação estrutural sintática.
Atenção! Embora a sintaxe funcionalista nos dê uma visão mais profunda da língua, em contextos de exames como Enem e concursos, a norma padrão e as regras da gramática normativa ainda são as mais cobradas. O ideal é ter o conhecimento amplo das variações, mas aplicar a norma culta quando exigido. Saber que "nem tudo é variação" e que há regras básicas para a inteligibilidade da escrita é fundamental (ex: a ordem SVO canônica).
Muitos escritores, mesmo os experientes, não dominam a sintaxe de forma consciente. Eles muitas vezes escrevem de forma intuitiva, baseando-se na fala, o que pode levar a equívocos na escrita formal. É por isso que o domínio da sintaxe é um diferencial:
Periodização: A escrita é organizada em períodos, que são estruturas sintáticas completas. Na fala, há mais "quebras" e repetições. Na escrita, buscamos períodos completos, menor repetição e clareza.
Paragrafação: É a organização do texto em parágrafos, cada um girando em torno de um ponto temático. Ao avançar para um novo ponto de conteúdo, um novo parágrafo é criado. A periodização (sintaxe) e a paragrafação (conteúdo) dão a "feição" geral do texto e facilitam a compreensão.
Precisão Vocabular: A escolha das melhores palavras (léxico) é um elemento fortemente revelador do nível de uma linguagem, talvez até mais que a sintaxe. Um bom revisor (e, portanto, um estudante que almeja a excelência na escrita) precisa ter conhecimento acurado de termos técnicos e adequar o vocabulário ao contexto e público-alvo.
Evitando Ambiguidade: A sintaxe e a pontuação são ferramentas poderosas para evitar ambiguidades, especialmente em textos que precisam ser objetivos (como textos oficiais, leis). Na fala, a entonação ou gestos podem desfazer a ambiguidade; na escrita, precisamos de recursos como a pontuação ou a reestruturação da frase.
Um erro comum, especialmente em quem busca a "norma culta" de forma exagerada, é a hipercorreção. Isso acontece quando, por "excesso de zelo com o registro formal" e "desconhecimento das condições de emprego", formas consideradas "erradas" são "corrigidas" para algo que também não se encaixa no contexto.
Exemplo: A expressão "tratar-se de" em "Pode-se dizer que a liberdade se trata, de uma forma geral, da primeira garantia do ser humano em sociedade". Embora a gramática tradicional possa questionar o "se trata de" com sujeito determinado, é uma construção comum na fala. O revisor (e o estudante) precisa analisar o contexto e a finalidade do texto para decidir se tal uso é adequado ou não.
Variação Linguística: A língua é dinâmica e está em constante transformação. Ela varia de acordo com a região, o grupo social, a situação comunicativa. Um texto escrito no Norte do Brasil pode usar termos que não são compreendidos no Sul, e vice-versa. O que é "certo" ou "adequado" em um contexto pode não ser em outro.
O desafio: Saber identificar o "uso permitido" do "equívoco". Para isso, o estudante precisa de um "saber linguístico amplo e consistente" que transcenda apenas o padrão culto e explore os diversos falares.
"Como identificar o Sujeito?": Pergunte "Quem/O que + verbo?". O resultado será o sujeito.
"Qual a diferença entre Objeto Direto e Indireto?": O Objeto Direto não exige preposição; o Indireto sim. Lembre-se: "Quem compra, compra ALGO" (direto), "Quem precisa, precisa DE ALGO" (indireto).
"Adjunto Adnominal ou Complemento Nominal?": O Adjunto Adnominal acompanha um substantivo e tem valor adjetivo (qualidade ou especificação). O Complemento Nominal completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo, advérbio) e é regido por preposição. A diferença pode ser sutil e exige atenção ao sentido e à regência.
Exemplo: "A construção da casa" (da casa = adjunto adnominal, pois "casa" é agente da ação de construir). "A necessidade de casa" (de casa = complemento nominal, pois completa "necessidade").
"Quando usar a vírgula antes do 'e'?": Geralmente, não se usa vírgula antes do "e" quando ele liga orações de mesmo sujeito e com sentido de adição. EXCEÇÕES:
Quando os sujeitos são diferentes.
Quando o "e" tem valor adversativo ("mas").
Quando a oração seguinte, iniciada por "e", é uma oração explicativa ou com sentido de consequência.
Quando há intercalação de termos entre o "e" e a oração.
Quando o "e" se repete (polissíndeto).
"Verbo de Ligação vs. Verbo Significativo?": Verbo de ligação liga sujeito a característica (predicativo), não indica ação em si (ser, estar, etc.). Verbo significativo indica ação, fenômeno ou estado mutável (correr, chover, cair, etc.).
A sintaxe não opera no vácuo. Ela se integra com a semântica (estudo dos significados) e o contexto sociocultural. A Semântica Cultural, por exemplo, estuda a relação entre os sentidos das palavras e a cultura em que a língua está inserida. Isso significa que o significado não é apenas dicionarizado, mas construído socialmente.
O revisor como mediador: O trabalho do revisor textual, assim como o desafio do estudante, é de ser um "mediador entre autor e público-alvo", garantindo que o sentido integral pretendido seja compreendido. Isso exige não só o domínio técnico da gramática, mas um vasto conhecimento de mundo e cultural.
Adaptabilidade: A língua se adapta a diferentes "eventos de utilização na sociedade", "funções comunicativas" e "interlocutores". A forma como a língua é usada em um texto do Senado Federal é diferente de um gibi da Turma da Mônica. O revisor, e por extensão, o estudante proficiente, deve ser capaz de navegar por essas nuances.
O domínio da sintaxe é uma jornada contínua, não um destino. A língua evolui, e o estudo deve acompanhar essa evolução. Conforme aprendemos, o trabalho do revisor – e, por analogia, a tarefa do estudante de alto nível – é complexo e técnico, abrangendo muito além da mera ortografia. Inclui coesão, coerência, variação linguística, aspectos semânticos e sintáticos.
Para você, estudante que busca a excelência:
Pratique constantemente: "Só se aprende ou se melhora a escrita escrevendo".
Analise textos variados: Observe como a sintaxe e a pontuação são usadas em diferentes gêneros textuais (notícias, artigos científicos, literatura, publicidade).
Aprofunde-se nos conceitos: Não memorize apenas, busque entender a lógica e a função de cada termo e regra. Questionar e buscar diferentes perspectivas (como a funcionalista) pode enriquecer muito seu aprendizado.
Use bons materiais de consulta: Tenha sempre à mão um bom dicionário e um guia de pontuação. Lembre-se, porém, que nenhum corretor ortográfico digital substitui o conhecimento humano para uma revisão de qualidade.
Priorize o entendimento do sentido: No final das contas, a sintaxe serve ao sentido. A compreensão do "sentido integral pretendido pelo autor" é o desafio final.
Dominar a sintaxe é dominar a arte de organizar as palavras para que suas ideias brilhem. Com dedicação e um olhar atento às complexidades da nossa Língua Portuguesa, você estará preparado para qualquer desafio, seja em um concurso público, no Enem, ou na vida acadêmica e profissional.
Qual é a definição de sintaxe?
A) A parte da linguagem que estuda as relações entre os componentes de uma oração e as combinações que as orações constituem entre si
B) A parte da linguagem que estuda o significado das palavras
C) A parte da linguagem que estuda a formação de palavras
D) A parte da linguagem que estuda a pronúncia das palavras
E) A parte da linguagem que estuda a origem das palavras
Qual é o objetivo da análise sintática?
A) Identificar os elementos essenciais e integrantes de uma oração
B) Identificar a origem das palavras
C) Identificar a pronúncia das palavras
D) Identificar a formação de palavras
E) Identificar a estrutura da frase
O que é uma regência nominal ou verbal?
A) A relação entre o substantivo e o verbo
B) A relação entre o verbo e o sujeito
C) A relação entre o substantivo e o adjetivo
D) A relação entre o verbo e o objeto
E) A relação entre a palavra e a sua origem
A) A parte da linguagem que estuda as relações entre os componentes de uma oração e as combinações que as orações constituem entre si
A) Identificar os elementos essenciais e integrantes de uma oração
A) A relação entre o substantivo e o verbo ou D) A relação entre o verbo e o objeto