O Sulfato Ferroso é um composto químico fundamental, amplamente conhecido por sua aplicação na saúde humana e na agricultura. Seja você um estudante de química, farmácia, nutrição, agronomia ou se preparando para concursos públicos, compreender este sal inorgânico é essencial.
O ferro é o segundo metal mais abundante e o quarto mineral mais abundante no solo. No organismo humano, ele é um mineral essencial à vida e um dos elementos mais importantes no metabolismo das células vivas. É através do ferro que o sangue transporta o oxigênio para todo o corpo, sendo um componente principal da hemoglobina. A deficiência desse nutriente crucial pode levar a diversos problemas de saúde, destacando a anemia ferropriva.
É aqui que entra o Sulfato Ferroso. Popularmente conhecido como um sal de Ferro II (Fe2+), ele é um suplemento amplamente prescrito para a prevenção e tratamento da anemia ferropriva, uma condição causada pela deficiência de ferro no organismo. Além de seu papel vital na medicina, o Sulfato Ferroso também possui aplicações significativas na indústria e na agricultura.
As Duas Faces do Sulfato Ferroso: Monohidratado vs. Heptahidratado
Uma das primeiras distinções cruciais ao estudar o Sulfato Ferroso é a diferença entre suas duas formas mais comuns: o sulfato ferroso monohidratado e o sulfato ferroso heptahidratado. Embora ambos contenham íons de ferro bivalentes (Fe2+) e tenham propriedades de oxidação-redução, suas características e aplicações divergem significativamente.
O Sulfato Ferroso Heptahidratado, também conhecido como Vitriolo Verde, é a forma mais comum e geralmente é um subproduto direto da fábrica de dióxido de titânio.
• Aparência e Estado Físico: É um sólido granular verde claro ou verde. Suas partículas cristalinas são maiores em comparação com o monohidratado. É um sólido inodoro que afunda e se mistura com a água.
• Composição e Pureza: Contém sete águas cristalinas. Seu teor de sulfato ferroso é geralmente entre 80-90 por cento.
• Propriedades Físicas:
◦ Peso molecular: 278,05.
◦ Ponto de fusão: 69 graus Celsius.
◦ É considerado relativamente instável, com tendência a gotejamento de água.
◦ É muito fácil de sofrer reação de oxidação-redução com o ar.
◦ Densidade: 1,90 g/cm³ a 15 °C.
◦ Solubilidade em água: 16,6 g/100 mL de água a 0 °C e 32,0 g/100 mL de água a 29,5 °C.
• Usos: Devido ao seu baixo custo, o sulfato ferroso heptahidratado é amplamente utilizado.
◦ Tratamento de Efluentes: É um agente redutor eficaz, amplamente empregado na descoloração e floculação de efluentes.
◦ Indústria: Pode ser usado para remover o cromato tóxico no cimento.
◦ Saúde: É utilizado como tônico sanguíneo na medicina.
◦ Agricultura: Pode ser usado como fertilizante para flores e tem um bom efeito no fornecimento de ferro às plantas.
◦ Outros usos incluem: óxido vermelho, fabricação de couro, desodorante, desinfetante, matéria-prima para iodo, tinta preta, tinta azul, mordente, gravação de foto.
O sulfato ferroso monohidratado, também conhecido como sulfato ferroso de grau alimentar, é produzido a partir do reprocessamento do sulfato ferroso heptahidratado. Este processo envolve dissolução úmida, remoção de impurezas, desidratação e recristalização.
• Aparência e Estado Físico: É um sólido em pó branco seco ou branco claro. Suas partículas cristalinas são menores que as do heptahidratado.
• Composição e Pureza: Seu conteúdo de sulfato ferroso é geralmente superior a 98 por cento.
• Propriedades Físicas:
◦ Peso molecular: 169,9229.
◦ Ponto de fusão: 64 graus Celsius.
◦ Ponto de ebulição: 330 graus Celsius.
◦ Quando aquecido, decompõe-se em óxido férrico e libera dióxido de enxofre.
◦ A oxidação do sulfato ferroso monohidratado após a secagem não é tão forte quanto a do heptahidratado.
• Usos:
◦ Aditivo Alimentar: É geralmente usado como aditivo alimentar por ser de qualidade alimentar. Tem um bom efeito no fornecimento de ferro nutricional para o gado e na prevenção da anemia em animais, além de aumentar a resistência do gado a doenças durante o crescimento.
◦ Matéria-Prima Industrial: Pode ser usado como matéria-prima para preparar o vermelho de óxido de ferro e outros pigmentos.
◦ Agricultura: Está sendo gradativamente aplicado no mercado de fertilizantes. Assim como o heptahidratado, pode ser usado como fertilizante para flores e tem um bom efeito no fornecimento de ferro às plantas.
Semelhanças Essenciais entre as Formas
Apesar das diferenças, sulfato ferroso monohidratado e heptahidratado compartilham características importantes:
• Ambos contêm uma grande quantidade de íons de ferro bivalentes (Fe2+).
• Ambos possuem propriedades de oxidação-redução. Após a oxidação, o sulfato férrico é gerado.
• Suas propriedades físicas incluem ser insolúveis em etanol.
• Ambos podem ser utilizados como fertilizantes para flores e são eficazes no fornecimento de ferro às plantas.
Sulfato Ferroso na Saúde Humana: Combate à Anemia Ferropriva
O uso mais difundido e clinicamente relevante do sulfato ferroso é como suplemento de ferro para prevenir e tratar a anemia ferropriva. Esta é uma condição comum resultante da deficiência de ferro no organismo, que pode causar sintomas como cansaço excessivo, perda de memória, dor de cabeça constante, palidez e dificuldade de concentração.
O sulfato ferroso é indicado para diversas situações em que há deficiência de ferro ou aumento das necessidades nutricionais:
• Deficiência de ferro: Principal indicação.
• Anemia ferropriva: Tratamento e prevenção.
• Sangramentos: Para repor o ferro perdido.
• Gravidez e Amamentação: Situações que aumentam as necessidades nutricionais de ferro. A deficiência de ferro na gravidez aumenta o risco de prematuridade, baixo peso ao nascer e deficiência do nutriente no bebê.
• Crianças (especialmente no primeiro ano de vida): O risco de deficiência de ferro é maior, e sua carência pode prejudicar o desenvolvimento neurológico e o aprendizado. É mais comum em bebês prematuros ou com baixo peso ao nascer.
• Anemia pós-operatória, anemia secundária a verminose, convalescença e anemia por alimentação inadequada ou menstruação em excesso.
Formas de Apresentação e Posologia (Como Tomar)
O sulfato ferroso é comercializado em drogarias e farmácias nas formas de comprimidos, gotas ou xarope, com doses que variam de 25 mg a 500 mg.
Para otimizar a absorção e minimizar os efeitos colaterais, a forma de tomar é crucial:
• Via Oral: Deve ser tomado por via oral.
• Momento da Tomada: Preferencialmente 1 hora antes ou 2 horas após uma refeição.
• Melhorando a Absorção (Dica de Ouro para Concursos!): É aconselhável tomar o sulfato ferroso junto com alimentos fonte de vitamina C, como laranja e caju, pois a vitamina C melhora significativamente a absorção do ferro.
• O que Evitar (Ponto Importante!): É fundamental evitar o uso desse suplemento junto com alimentos que contenham cafeína (como café, chá mate e chá verde) e cálcio (como leite e derivados), pois esses nutrientes diminuem a absorção de ferro.
A posologia exata varia de acordo com a idade, peso, objetivo do tratamento e a dose do suplemento. Exemplos de posologia para a solução de 125 mg/mL (equivalente a 25 mg de ferro elementar por mL) incluem:
Idade/Situação | Dose Diária para Tratamento da Anemia Ferropriva (gotas) | Dose Máxima por Dia (gotas) |
Lactentes 0-6 meses (2-6 Kg) | 3 a 15 gotas (calculada pelo pediatra) | 15 |
Bebês 7-12 meses (6-10 Kg) | 10 a 30 gotas (calculada pelo pediatra) | 30 |
Crianças 1-3 anos (10-14 Kg) | 20 a 40 gotas (calculada pelo pediatra) | 40 |
Crianças 4-6 anos (14-20 Kg) | 30 a 60 gotas (calculada pelo pediatra) | 60 |
Crianças 7-10 anos (20-30 Kg) | 40 a 80 gotas (calculada pelo pediatra) | 80 |
Crianças > 11 anos (> 30 Kg) | 40 a 150 gotas (calculada pelo pediatra) | 150 |
Mulheres grávidas ou em amamentação | 60 a 120 gotas (calculada pelo obstetra) | 120 |
Para comprimidos revestidos de 40 mg, a indicação pode ser de 1 comprimido, 3 vezes ao dia para crianças de 6 a 12 anos, ou 1 comprimido até 4 vezes ao dia para adultos, após as refeições.
Possíveis Efeitos Colaterais (Muito Cobrado!)
Apesar dos benefícios, o sulfato ferroso pode causar efeitos colaterais, especialmente gastrointestinais. É fundamental conhecê-los, pois são queixas comuns de pacientes e perguntas frequentes em provas:
• Perda de apetite
• Diarreia
• Náusea
• Dor no estômago
• Vômito
• Fezes escuras: Devido ao ferro não absorvido. É um efeito comum e esperado.
• Dor na barriga
• Prisão de ventre
• Escurecimento dos dentes: Principalmente com o uso da forma em gotas.
Dúvida Comum: "Sulfato Ferroso engorda?" O sulfato ferroso não possui calorias, portanto, não contribui diretamente para o ganho de peso. No entanto, ao tratar a anemia, que pode causar perda de apetite, ele pode melhorar o apetite, favorecendo o ganho de peso em pessoas que estavam desnutridas devido à anemia. Por outro lado, seus efeitos colaterais como náuseas e vômitos podem, em algumas pessoas, diminuir a fome. Usuários relatam que tomar o sulfato ferroso à noite, antes de dormir, pode ajudar a evitar o enjoo e a dor no estômago.
Quem Não Pode Usar (Contraindicações – Prioridade em Concursos!)
Atenção redobrada para as contraindicações do sulfato ferroso, pois são pontos críticos para a segurança do paciente e frequentemente abordados em exames:
• Doenças do sangue:
◦ Talassemia
◦ Anemia falciforme
◦ Anemia hemolítica
◦ Anemias não causadas por deficiência de ferro
• Hemocromatose: Condição que causa o aumento dos níveis de ferro no organismo.
• Alcoolistas
• Pessoas que recebem transfusão de sangue com frequência
• Problemas no fígado
• Úlcera gástrica
• Diarreia crônica
• Colite ulcerativa
• Hipersensibilidade (alergia) ao sulfato ferroso
Intoxicação por Ferro: Um Risco Sério, Especialmente em Crianças
A intoxicação por ferro, resultante de uma superdosagem de suplementos que contêm o mineral, é uma causa potencial de intoxicação fatal, especialmente em crianças com menos de 5 anos. É um problema comum, visto que muitos lares possuem suplementos vitamínicos para adultos que contêm ferro. Vitaminas pré-natais, por exemplo, contêm bastante ferro e podem intoxicar uma criança pequena.
Mecanismo da Toxicidade
Inicialmente, o ferro irrita o estômago e o trato digestivo, podendo causar sangramento. Horas depois, ele intoxica as células, afetando suas reações químicas internas. Em poucos dias, o fígado pode ser danificado. Semanas após a recuperação, o estômago, aparelho digestivo e fígado podem apresentar cicatrizes devido à irritação anterior.
Sintomas da Intoxicação por Ferro (As 5 Fases)
Uma intoxicação séria por ferro geralmente manifesta sintomas em até 6 horas após a superdosagem, e evolui em fases distintas:
• Fase 1 (nas primeiras 6 horas):
◦ Vômitos (inclusive com sangue)
◦ Diarreia
◦ Dor abdominal
◦ Irritabilidade
◦ Sonolência
◦ Em casos muito sérios: respiração e frequência cardíaca rápidas, coma, perda de consciência, convulsões e pressão arterial baixa.
• Fase 2 (entre 6 e 48 horas):
◦ O quadro da pessoa pode parecer melhorar, o que é enganoso e perigoso, pois a lesão interna continua.
• Fase 3 (entre 12 e 48 horas):
◦ Pressão arterial muito baixa (choque)
◦ Febre
◦ Sangramento
◦ Icterícia
◦ Insuficiência do fígado
◦ Acidose metabólica (ácido na corrente sanguínea liberado pelas células envenenadas)
◦ Convulsões
• Fase 4 (entre 2 e 5 dias):
◦ O fígado falha, e pode ocorrer óbito devido a choque, sangramento e anormalidades na coagulação do sangue.
◦ Níveis de açúcar no sangue podem diminuir.
◦ Confusão e letargia.
• Fase 5 (entre 2 e 5 semanas, após a recuperação):
◦ O estômago ou os intestinos podem ficar bloqueados por cicatrizes, causando cólicas com distensão abdominal e vômitos.
◦ Pode ocorrer cicatrização grave do fígado (cirrose).
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico baseia-se na história clínica, sintomas, presença de acidose metabólica e níveis de ferro no sangue. Em caso de ingestão de muitos comprimidos, eles podem ser visíveis em radiografias.
O tratamento para intoxicação grave por ferro requer internação hospitalar:
• Irrigação Intestinal Total: Pode-se administrar uma solução especial de polietileno glicol, via oral ou sonda gástrica, para remover o conteúdo do estômago e intestino, embora sua eficácia não seja totalmente clara.
• Terapia de Quelação: Para casos graves, administra-se Deferoxamina por via intravenosa. Este medicamento se liga ao ferro no sangue, permitindo sua eliminação pela urina.
Sulfato Ferroso e o Ferro na Agricultura: Nutrição e Desafios
O ferro não é apenas vital para a vida animal e humana, mas também é um micronutriente essencial para as plantas. Apesar de sua abundância no solo, a maior parte do ferro se apresenta em formas não disponíveis para a absorção pelas plantas. As plantas absorvem o ferro principalmente como íon Fe2+, embora em alguns casos também possam absorver Fe3+.
Funções do Ferro nas Plantas
O ferro desempenha um papel crucial em múltiplos processos fisiológicos das plantas:
• Transferência de elétrons e reações de oxi-redução.
• Metabolismo de ácidos nucleicos e constituição de várias enzimas.
• Regulação de processos como fotossíntese, metabolismo do nitrogênio e respiração.
• Síntese de clorofila: Cerca de 75% do ferro na folha está nos cloroplastos; assim, sua deficiência afeta drasticamente a fotossíntese.
Fatores que Afetam a Disponibilidade de Ferro no Solo
Apesar da abundância, a disponibilidade de ferro para as plantas é frequentemente baixa devido a fatores químicos e ambientais:
• pH do Solo (Fator Mais Crítico!): A solubilidade do ferro é altamente influenciada pelo pH.
◦ Em solos com alto pH (acima de 7,5), especialmente com bastante calcário, é comum observar deficiências, pois o Fe2+ se converte para a forma menos solúvel (Fe2O3).
◦ À medida que o pH do solo diminui (acidifica), a solubilidade do ferro aumenta (cerca de 1000 vezes a cada diminuição de uma unidade de pH).
◦ Em sistemas de produção de mudas em substrato, o alto pH é um problema comum.
◦ A calagem em solos ácidos (como os de cerrado), elevando o pH para 6,0, pode induzir deficiência de ferro, mesmo que a análise de solo mostre altos teores.
◦ Para controlar o teor de ferro no solo, pode-se controlar o pH e o teor de água.
• Oxigênio/Água no Solo:
◦ Na ausência de oxigênio (solos alagados, como no cultivo de arroz), microrganismos utilizam Fe3+ em sua respiração, transformando-o em Fe2+, uma forma reduzida e mais solúvel. Isso pode levar a um excesso do nutriente e fitotoxicidade, especialmente em pH ácido.
• Matéria Orgânica: Solos com baixo teor de matéria orgânica podem apresentar deficiência de ferro, pois compostos de húmus são eficientes em complexar o ferro e liberá-lo na solução do solo. Aminoácidos e ácidos fúlvicos auxiliam na mobilidade do ferro.
• Relação com Fósforo e Manganês:
◦ Fósforo: Grandes adubações de fósforo podem induzir deficiência de ferro devido à formação de fosfato de ferro, que precipita e reduz a concentração de ferro disponível. No Brasil, isso é raro devido à alta fixação do fósforo nos solos.
◦ Manganês: Existe uma interação negativa. O excesso de manganês em solos ácidos pode induzir deficiência de ferro.
Sintomas de Deficiência e Excesso de Ferro nas Plantas
Compreender os sintomas é crucial para o diagnóstico e manejo:
• Sintomas de Deficiência (Clorose Internerval – Muito Comum em Provas!):
◦ Enfezamento e clorose generalizada nas folhas jovens, porém com as nervuras verdes mais escuras (clorose internerval). Como o ferro é pouco móvel na planta, os sintomas aparecem nas folhas mais novas.
◦ Folhas fortemente afetadas ficam com coloração amarelo-palha, com pouca ou nenhuma nervura verde, podendo apresentar queimaduras nas margens.
◦ Em casos graves, pode ocorrer seca dos ramos e galhos.
◦ A deficiência afeta a função e estrutura do aparato fotossintético, diminuindo pigmentos verdes e enriquecendo os amarelos (carotenoides).
◦ A análise foliar deve ser feita com folhas jovens e lavadas para evitar contaminação.
• Sintomas de Excesso (Toxidez):
◦ Listras e o amarelecimento/bronzeamento das folhas.
◦ Escurecimento das raízes.
◦ Redução no crescimento e produtividade das plantas.
◦ Deficiência de outros minerais: O excesso de ferro pode formar uma "placa de ferro" na superfície da raiz (óxido-hidróxido de ferro), que atua como barreira para a absorção de fósforo, cálcio, potássio, magnésio e zinco. Isso pode levar a múltiplas deficiências, embora alguns autores sugiram que essa placa também possa atuar como reservatório.
Adubação com Ferro
Para corrigir deficiências, diversas fontes de ferro são utilizadas como fertilizantes:
• Quelatos de Ferro: Considerados a maneira mais eficiente para corrigir deficiências. São complexos onde um agente quelante (composto orgânico) mantém os íons de ferro em uma forma solúvel, impedindo sua precipitação no solo. Possuem boa eficiência, mas seu custo é alto para grandes áreas.
• Produtos Foliares (Sais ou Quelatos): Podem ser aplicados diretamente nas folhas. São necessárias várias aplicações devido à baixa mobilidade do ferro na planta, e doses excessivas devem ser evitadas para não causar queima.
• Sulfato Ferroso: É um fertilizante comum com ferro. A Tabela 1 (IN nº 39, 2018) lista o Sulfato Ferroso com 19% de Fe e 10% de S, sendo o ferro solúvel em água. Outros fertilizantes incluem Acetato de Ferro, Cloreto Férrico, Cloreto Ferroso, entre outros.
Ferro em Culturas Específicas: Arroz e Soja (Casos Típicos de Concurso!)
O comportamento do ferro varia bastante entre culturas e sistemas de manejo, sendo o arroz e a soja exemplos clássicos:
Ferro no Arroz
O ferro é o micronutriente que mais limita a produção do arroz (depois do zinco), apresentando problemas opostos nos diferentes sistemas de cultivo:
• Arroz de Sequeiro (Deficiência):
◦ É bastante sensível à deficiência de ferro e exigente em relação a este nutriente.
◦ A calagem, comum na rotação com outras culturas, eleva o pH do solo e diminui o ferro disponível, causando prejuízos. Sintomas de deficiência podem aparecer em pH acima de 6,0.
◦ Sintomas: Clorose nas folhas mais novas e, em estágios avançados, folhas em tom alaranjado, reduzindo a produtividade.
◦ Correção: Aplicação foliar de soluções como FeSO4 ou quelatos de ferro (Fe-EDTA, Fe-EDPA). Aplicação no solo também é uma opção, mas os custos podem ser altos. Para evitar a deficiência, pode ser mais interessante evitar o plantio em áreas com pH acima de 6,0 para o arroz de sequeiro.
• Arroz Irrigado (Excesso/Toxidez):
◦ A toxidez por excesso de ferro é o desequilíbrio nutricional mais comum.
◦ O alagamento contínuo aumenta a atividade anaeróbica de microrganismos, que reduzem Fe3+ a Fe2+, tornando-o excessivamente disponível na solução do solo, processo influenciado pela redução do pH.
◦ Sintomas: Pigmentos marrons nas folhas mais velhas, retardo de crescimento, baixa produtividade, esterilidade das espiguetas, secamento e, em casos extremos, morte da planta. A redução de produtividade pode ser de 15% a 20%, e até perda total.
◦ Barreira nas Raízes: A toxidez pode formar uma barreira na epiderme das raízes ("placa de ferro"), bloqueando a absorção de outros nutrientes e podendo reduzir a produtividade em até 80%.
◦ Manejo: Adequado controle da água, impedindo altas concentrações de ferro em fases sensíveis. Drenar a lavoura antes dos estádios sensíveis e usar irrigação intermitente. Uso de cultivares tolerantes à toxidez e calagem (aumentando o pH para diminuir o ferro disponível).
Ferro na Soja
O ferro é essencial na soja para a fixação biológica do nitrogênio e na fotossíntese.
• Deficiência: Pode ocorrer em solos intensamente lixiviados, após encharcamento (como em planossolos cultivados com arroz irrigado), ou em solos com pH alcalino que receberam calagem.
• Teores no Solo: Solos com 19 a 30 mg de ferro por dm³ são considerados médios, e 31 a 45 mg/dm³ são bons.
• Excesso: Menos comum em lavouras de soja, pois a alta disponibilidade de ferro ocorre em pH ácido, onde outros elementos tóxicos (manganês e alumínio) geralmente causam sintomas mais severos.
• Exigência: A soja exige 70 gramas de ferro para cada tonelada de grãos produzidos, com um excedente de 390 gramas nos restos culturais, totalizando 460 gramas de ferro por tonelada de grãos.
Propriedades Físico-Químicas e Considerações de Segurança
Para uma compreensão completa, é importante conhecer as características gerais do sulfato ferroso e as precauções de segurança.
Propriedades Físico-Químicas Adicionais
• Fórmula molecular: FeSO4 . 7H2O (para o heptahidratado).
• Família química: Sal inorgânico.
• Não inflamável: Não entra em combustão, não tem ponto de fulgor ou temperatura de ignição.
• Reatividade: Não reage com água nem com materiais comuns.
• Polimerização: Não ocorre.
• Degradabilidade: É um produto inorgânico.
• Potencial de Concentração na Cadeia Alimentar: Nenhum.
• Pureza: Grau comercial.
• Radioatividade: Não possui.
Segurança e Manuseio
O sulfato ferroso é um produto químico que requer medidas de segurança, especialmente em grandes quantidades ou em ambientes industriais:
• Medidas Preventivas Imediatas: Isolar e remover o material derramado.
• Equipamentos de Proteção Individual (EPI): Uso de luvas, botas e roupas de borracha butílica ou natural, PVC ou neoprene, máscara contra pó e óculos de acrílico com proteção lateral.
• Armazenamento e Transporte: Deve ser armazenado em ambiente. A ventilação para transporte é aberta, e a substância é estável durante o transporte.
Toxicidade (Além da Intoxicação Medicamentosa)
• Em animais:
◦ Ratos (via oral): DL50 de 1.480 mg/kg.
◦ Camundongos (via oral): DL50 de 1.170 mg/kg; 1.520 mg/kg.
• Em organismos aquáticos:
◦ Peixes (Perca Fluviatilis): Letal (4,2 h) = 100 ppm em água continental.
◦ Crustáceos (Camarão): CL50 (48 h) = 56 ppm em água marinha.
• Mutagenicidade: E. Coli: "mmo" = 30 umol/L.
Disposição Final
Para a neutralização e disposição final do material, o Sulfato Ferroso deve ser dissolvido em água, solução ácida ou oxidado a um estado solúvel em água. Em seguida, o material é precipitado como sulfeto, ajustando o pH da solução para 7 até a completa precipitação. Os insolúveis são filtrados e enterrados em aterro para produtos químicos. Qualquer excesso de sulfeto deve ser destruído com hipoclorito de sódio. A solução restante é neutralizada e drenada para o esgoto com bastante água, com acompanhamento de um especialista do órgão ambiental.
O Sulfato Ferroso, em suas formas monohidratada e heptahidratada, é um composto de vasta importância, desde a saúde humana e animal até a agricultura e o tratamento de efluentes. Sua compreensão abrange princípios de química inorgânica, bioquímica, farmacologia e agronomia.
Para estudantes, é crucial não apenas memorizar suas propriedades e usos, mas entender o porquê de cada aplicação e os fatores que influenciam sua eficácia e segurança. A distinção entre as formas de hidratação, os cuidados na administração medicinal (especialmente a interação com vitamina C, cafeína e cálcio), os efeitos colaterais e as contraindicações são conhecimentos de alto valor prático e teórico, frequentemente testados em provas. Da mesma forma, no contexto agrícola, a influência do pH do solo e a manifestação dos sintomas de deficiência/excesso em diferentes culturas, como arroz e soja, são temas recorrentes.