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17/08/2025 • 17 min de leitura
Atualizado em 17/08/2025

Teorema de Tales

Dominando o Teorema de Tales

Quem Foi Tales de Mileto e Por Que Seu Teorema É Tão Importante?

Antes de mergulharmos nos meandros do teorema, é essencial conhecer a mente brilhante por trás dele. Tales de Mileto (aproximadamente 640-546 a.C.) foi um pensador grego multifacetado, atuando como mercador, filósofo, engenheiro, matemático e astrônomo. Considerado por muitos como o "Pai da Ciência" e da "Filosofia Ocidental", Tales foi o primeiro dos Sete Sábios da Grécia Antiga e o fundador da Escola Jônica, dedicada à investigação da origem do universo e da natureza das propriedades matemáticas.

A contribuição mais significativa de Tales para a matemática, e o que o tornou um "verdadeiro matemático", foi sua capacidade de sistematizar e organizar as demonstrações geométricas, inaugurando uma nova era para a matemática baseada na lógica e na dedução. Seus estudos pioneiros em razão e proporção são os pilares do teorema que leva seu nome e que ainda hoje são amplamente utilizados para calcular distâncias e solucionar problemas práticos.

Uma das histórias mais famosas de Tales, que ilustra a aplicação de seu conhecimento, é a medição da altura da Grande Pirâmide de Quéops, no Egito. Ele conseguiu essa proeza utilizando a relação entre o comprimento da sombra da pirâmide e a sombra de um bastão, medidas simultaneamente. Isso demonstra que a ciência, mesmo em sua fase inicial, tinha aplicações práticas diretas.

O Teorema de Tales, também conhecido como Teorema da Proporcionalidade de Segmentos, é um dos mais importantes da geometria elementar. Sua importância não se restringe apenas às aplicações geométricas, como relações entre triângulos e ângulos, mas também ao início de toda a estrutura lógica e dedutiva que fundamenta as demonstrações matemáticas.

Fundamentos Essenciais: Entendendo os Pilares do Teorema de Tales

Para compreender o Teorema de Tales, precisamos primeiro revisar alguns conceitos básicos da geometria:

1. Proporção

A proporção é a igualdade entre duas razões. Em matemática, uma razão é a comparação entre duas grandezas da mesma espécie, expressa como uma divisão. Por exemplo, se temos a razão de 2 para 4 (2/4) e a razão de 3 para 6 (3/6), podemos dizer que 2/4 = 3/6, o que é uma proporção. A proporcionalidade entre grandezas é a base do Teorema de Tales.

2. Retas Paralelas

Retas paralelas são retas coplanares que nunca se encontram, ou seja, não possuem nenhum ponto em comum. Elas mantêm sempre a mesma distância entre si. Na geometria, são frequentemente indicadas por símbolos como "r // s" ou "a // b // c".

3. Retas Transversais

Uma reta transversal a um feixe de retas paralelas é uma reta que intercepta todas as retas desse feixe. Ela "corta" as retas paralelas, criando pontos de intersecção.

4. Segmentos Correspondentes

Quando retas paralelas são cortadas por retas transversais, elas formam segmentos correspondentes proporcionais. Esses segmentos são os pedaços das retas transversais delimitados pelas retas paralelas. Identificá-los corretamente é crucial para aplicar o teorema.

O Teorema de Tales: O Que Ele Diz e Como Aplicá-lo

A essência do Teorema de Tales pode ser enunciada de diversas formas, todas convergindo para o mesmo princípio fundamental:

"Retas paralelas, cortadas por transversais, formam segmentos correspondentes proporcionais". Outra forma comum de enunciar é: "A intersecção de um feixe de retas paralelas por duas retas transversais forma segmentos proporcionais". Ou ainda: "Quando um feixe de retas paralelas são cortadas por duas retas transversais, formam segmentos proporcionais".

Visualize um cenário com três ou mais retas paralelas (r, s, t, etc.) interceptadas por duas retas transversais (u e v). Essas transversais criarão segmentos entre as paralelas. O teorema afirma que a razão entre dois segmentos quaisquer de uma transversal será igual à razão entre os segmentos correspondentes na outra transversal.

A Fórmula do Teorema de Tales

Consideremos os pontos de intersecção na reta transversal 'u' como A, B e C, e na reta transversal 'v' como D, E e F, onde A e D estão na mesma reta paralela, B e E em outra, e C e F em uma terceira. Segundo o Teorema de Tales, podemos escrever a proporção:

AB está para BC, assim como DE está para EF. Ou seja: $$\frac{AB}{BC} = \frac{DE}{EF}$$

Esta é a forma mais comum. No entanto, existem outras maneiras de montar a proporção, todas levando ao mesmo resultado. Conforme Sandro Curió (Dicasdemat), podemos relacionar os segmentos de pelo menos três maneiras principais:

  1. Segmentos correspondentes em ordem: $$\frac{AB}{DE} = \frac{BC}{EF}$$ (Segmento de cima na primeira transversal está para o correspondente na segunda, assim como o segmento de baixo na primeira está para o correspondente na segunda).

  2. Segmentos na mesma transversal: $$\frac{AB}{BC} = \frac{DE}{EF}$$ (Segmento de cima está para o segmento de baixo na mesma transversal, assim como o segmento de cima na outra transversal está para o segmento de baixo correspondente).

  3. Segmento parcial para o segmento total: $$\frac{AB}{AC} = \frac{DE}{DF}$$ (Segmento de cima está para o segmento "tudão" (total) na mesma transversal, assim como o segmento de cima na outra transversal está para o "tudão" correspondente). Esta é particularmente útil em problemas onde a soma total de um lado é conhecida, como em terrenos.

A escolha da melhor forma dependerá do problema, mas todas elas são válidas e produzirão o mesmo resultado.

Exemplos Práticos: Calculando Medidas Desconhecidas

Vamos aplicar o teorema em alguns cenários:

Exemplo 1: Cálculo simples de 'x' Imagine duas retas transversais cortando três retas paralelas. Na primeira transversal, temos segmentos de 2 unidades e 'x' unidades. Na segunda transversal, os segmentos correspondentes medem 3 unidades e 9 unidades. Aplicando o Teorema de Tales: $$\frac{2}{x} = \frac{3}{9}$$ Multiplicando cruzado (propriedade fundamental das proporções): $$3x = 2 \times 9$$ $$3x = 18$$ $$x = \frac{18}{3}$$ x = 6

Exemplo 2: Problema com lotes de terreno Um engenheiro está analisando a planta de uma quadra de condomínio onde as laterais dos lotes são perpendiculares às ruas A e B (o que as torna paralelas entre si). Ele precisa calcular as medidas 'x' e 'y' de certos lotes. Se as divisões frontais na Rua A são de 20m, 30m e 50m, e a frente total para a Rua B é de 150m, como calcular as frentes x, y e z na Rua B?

Usando a proporção de um segmento parcial para o total: $$\frac{20}{x} = \frac{20+30+50}{150}$$ $$\frac{20}{x} = \frac{100}{150}$$ Simplificando a fração 100/150 para 2/3: $$\frac{20}{x} = \frac{2}{3}$$ $$2x = 20 \times 3$$ $$2x = 60$$ x = 30 metros (frente do primeiro lote)

Para o segundo lote (y), podemos usar a mesma lógica ou a proporção entre segmentos correspondentes: $$\frac{30}{y} = \frac{100}{150} \Rightarrow \frac{30}{y} = \frac{2}{3}$$ $$2y = 30 \times 3$$ $$2y = 90$$ y = 45 metros (frente do segundo lote)

Para o terceiro lote (z), podemos usar a soma total: $$z = 150 - (x + y)$$ $$z = 150 - (30 + 45)$$ $$z = 150 - 75$$ z = 75 metros (frente do terceiro lote)

Este é um exemplo clássico de aplicação do Teorema de Tales em situações cotidianas, como divisão de terrenos.

Medindo Alturas e Distâncias Inacessíveis: O Legado de Tales

O Teorema de Tales é uma ferramenta poderosa para medir distâncias que seriam difíceis ou impossíveis de alcançar diretamente. O método de Tales para medir a pirâmide é o exemplo mais famoso.

Como medir a altura de uma árvore/poste usando sua sombra:

  1. Escolha um bastão de altura conhecida (ex: 1m).

  2. Meça a sombra do bastão no chão (ex: 0,5m).

  3. Meça a sombra da árvore/poste no mesmo momento (ex: 10m).

  4. Como os raios solares são paralelos, a árvore/poste e o bastão formam triângulos semelhantes com suas sombras.

  5. Aplique a proporção: $$\frac{Altura_Bastão}{Sombra_Bastão} = \frac{Altura_Árvore}{Sombra_Árvore}$$ $$\frac{1m}{0,5m} = \frac{Altura_Árvore}{10m}$$ $$0,5 \times Altura_Árvore = 1 \times 10$$ $$Altura_Árvore = \frac{10}{0,5}$$ Altura_Árvore = 20m

Essa técnica, baseada na semelhança de triângulos, permite cálculos precisos sem a necessidade de escalar o objeto.

O Teorema de Tales em Triângulos: Semelhança e Proporcionalidade

A relação entre o Teorema de Tales e a semelhança de triângulos é fundamental na geometria. Um dos teoremas fundamentais da semelhança de triângulos é uma consequência direta do Teorema de Tales:

"Uma reta paralela a um dos lados do triângulo cortando os outros dois, determina um triângulo semelhante ao primeiro."

Isso significa que, se você tem um triângulo ABC e traça uma reta DE paralela à base BC, cortando os lados AB e AC em D e E, respectivamente, então o triângulo ADE será semelhante ao triângulo ABC (Δ ADE ~ Δ ABC).

Dois triângulos são semelhantes (símbolo ~) quando possuem:

  • Ângulos correspondentes congruentes (iguais). Por exemplo, se ΔA'B'C' ~ ΔABC, então Â' ≡ Â, B̂' ≡ B̂, Ĉ' ≡ Ĉ.

  • Lados homólogos (correspondentes) proporcionais. Ou seja, a razão entre os lados correspondentes é constante: $$\frac{a}{a'} = \frac{b}{b'} = \frac{c}{c'}$$

Casos de Semelhança de Triângulos (Muito Cobrados em Provas!)

Conhecer os casos de semelhança é vital para aplicar o Teorema de Tales em contextos triangulares:

  1. Caso AA (Ângulo-Ângulo):

    • Se dois triângulos possuem dois ângulos respectivamente congruentes, então os triângulos são semelhantes.

    • Exemplo: Se você tem dois triângulos e consegue provar que dois pares de ângulos são iguais (por exemplo, ângulos correspondentes em retas paralelas, ou ângulos opostos pelo vértice), então os triângulos são semelhantes. O terceiro ângulo será automaticamente igual.

  2. Caso LAL (Lado-Ângulo-Lado):

    • Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcionais e os ângulos compreendidos entre esses lados são congruentes, então os triângulos são semelhantes.

  3. Caso LLL (Lado-Lado-Lado):

    • Se dois triângulos têm os lados correspondentes proporcionais, então os triângulos são semelhantes.

Exemplo de Aplicação em Triângulos (ENEM 2013 - Adaptado): Um sítio tem dois postes, AC (6m) e BD (4m), perpendiculares ao solo (AB). Uma haste EF é colocada entre eles, também perpendicular ao solo. Cabos de aço AD e BC são instalados. Qual o comprimento da haste EF?

Nesse tipo de problema, a haste EF é paralela aos postes AC e BD. Podemos formar triângulos semelhantes e usar o Teorema de Tales. Existem diferentes abordagens, mas uma comum é usar dois pares de triângulos semelhantes: ΔAEF ~ ΔACB e ΔBEF ~ ΔBDA. Isso leva a um sistema de equações que pode ser resolvido.

Por exemplo, considere que a distância do ponto A até F seja 'x' e de F até B seja 'y'. A altura da haste é 'h'.

  • No ΔAFE e ΔABC: $$\frac{EF}{BC} = \frac{AF}{AB} \Rightarrow \frac{h}{6} = \frac{x}{x+y}$$

  • No ΔBFE e ΔBDA: $$\frac{EF}{AD} = \frac{BF}{BA} \Rightarrow \frac{h}{4} = \frac{y}{x+y}$$

Somando as duas equações (após isolar x+y, ou notando a relação): $\frac{h}{6} + \frac{h}{4} = \frac{x}{x+y} + \frac{y}{x+y} = \frac{x+y}{x+y} = 1$ Multiplicando por 12 (MMC de 6 e 4): $2h + 3h = 12$ $5h = 12$ h = 2,4 m

Este é um problema muito comum em concursos e vestibulares, que exige a compreensão da semelhança de triângulos derivada do Teorema de Tales.

Teoremas da Bissetriz: Aplicações Avançadas do Teorema de Tales (Altamente Cobrado!)

O Teorema de Tales é a base para outros teoremas importantes, especialmente os relacionados às bissetrizes de um triângulo. Esses teoremas são frequentemente testados em provas mais complexas.

1. Teorema da Bissetriz Interna

Este teorema aborda a razão em que o pé da bissetriz interna de um ângulo de um triângulo divide o lado oposto.

Enunciado: Seja ABC um triângulo qualquer. Se a bissetriz interna do ângulo  intersecta o lado BC no ponto D, então D divide o lado BC em dois segmentos proporcionais aos outros dois lados. Em símbolos: $$\frac{BD}{DC} = \frac{BA}{AC}$$

Prova (relacionando com Tales): Para provar, traça-se uma reta paralela à bissetriz AD pelo vértice C, que intercepta o prolongamento de BA em um ponto P. Pelo axioma das paralelas e propriedades de ângulos, o triângulo APC é isósceles, o que implica que AP = AC. Ao aplicar o Teorema de Tales às paralelas AD e PC, cortadas pelas transversais BP e BC, obtemos: $$\frac{BD}{DC} = \frac{AB}{AP}$$ Como AP = AC, a relação se torna: $$\frac{BD}{DC} = \frac{AB}{AC}$$

Exemplo de Aplicação: Os lados de um triângulo medem 7cm, 14cm e 15cm. Calcule a medida do maior segmento que a bissetriz interna do ângulo oposto ao maior lado (15cm) determina sobre o mesmo. Seja o triângulo ABC com AB=7, BC=15, CA=14. A bissetriz interna de A encontra BC em D. Seja BD = x. Então DC = 15 - x. Pelo Teorema da Bissetriz Interna: $$\frac{x}{15-x} = \frac{7}{14}$$ Simplificando a razão 7/14 para 1/2: $$\frac{x}{15-x} = \frac{1}{2}$$ Multiplicando cruzado: $$2x = 15 - x$$ $$3x = 15$$ $$x = 5$$ Os segmentos são 5cm e 10cm (15-5). O maior segmento é 10cm. Observação: O maior segmento determinado pela bissetriz interna sempre fica adjacente ao maior lado do triângulo.

2. Teorema da Bissetriz Externa

Este teorema trata da razão em que o pé da bissetriz externa de um ângulo de um triângulo divide o prolongamento do lado correspondente. Este teorema é aplicável quando os lados adjacentes ao ângulo de onde parte a bissetriz externa são diferentes (AB ≠ AC).

Enunciado: Seja ABC um triângulo com AB ≠ AC (assumindo AB > AC). Se E é o pé da bissetriz externa relativa ao vértice A (ou ao lado BC), então E divide o lado BC (externamente) em dois segmentos proporcionais aos outros dois lados. Em símbolos: $$\frac{BE}{EC} = \frac{BA}{AC}$$ Atenção: É fácil lembrar o teorema da bissetriz externa a partir do teorema da bissetriz interna: basta substituir o ponto D pelo ponto E nas equações que são os resultados.

Prova (relacionando com Tales): Pelo ponto C, traça-se uma reta CF paralela à reta AB, com F sobre o segmento AE. Utilizando propriedades de ângulos formados por paralelas e transversais, o triângulo ACF é isósceles (AC = CF). Aplicando o Teorema de Tales às paralelas AB e CF, com transversais AE e BE, obtemos: $$\frac{BE}{EC} = \frac{BA}{CF}$$ Como AC = CF, isso resulta em: $$\frac{BE}{EC} = \frac{BA}{AC}$$

Exemplo de Aplicação: Sejam ABC um triângulo retângulo em A e AD e AE as bissetrizes interna e externa, respectivamente, relativas ao vértice A. Se AB = 3 e AC = 4, calcule DE.

  • Pelo Teorema da Bissetriz Interna: $$\frac{BD}{DC} = \frac{AB}{AC} = \frac{3}{4}$$ Considerando BC = 5 (pelo Teorema de Pitágoras, já que é um triângulo 3-4-5), e que BD+DC = 5: $$\frac{BD}{5} = \frac{3}{3+4} \Rightarrow \frac{BD}{5} = \frac{3}{7} \Rightarrow BD = \frac{15}{7}$$

  • Pelo Teorema da Bissetriz Externa: $$\frac{BE}{EC} = \frac{AB}{AC} = \frac{3}{4}$$ Considerando EC - BE = BC = 5 (pela figura), ou BE = BC + CE. Se BC = 5, então: $$\frac{BE}{BE+5} = \frac{3}{4} \Rightarrow 4BE = 3BE + 15 \Rightarrow BE = 15$$ (Aqui a relação BE/EC = 3/4 pode ser reescrita como BE/(BE+BC) = 3/4. Se BC=5, BE/(BE+5) = 3/4, 4BE=3BE+15, BE=15. Outra forma: BE/(EC-BE) = 3/(4-3) = 3/1. Como EC-BE=BC=5, BE/5=3, BE=15)

Finalmente, a distância DE é a soma de BD e BE: $$DE = BD + BE = \frac{15}{7} + 15 = \frac{15 + 105}{7} = \frac{120}{7}$$

Observação importante: As bissetrizes interna e externa que partem do mesmo vértice de um triângulo são sempre perpendiculares entre si. Esta é uma propriedade valiosa em muitos problemas.

A Evolução do Rigor Matemático: A História das Demonstrações do Teorema de Tales

O Teorema de Tales, embora simples em sua aplicação, tem uma história rica em termos de demonstração e rigor matemático. Ao longo do tempo, a compreensão da matemática evoluiu, revelando e corrigindo as limitações das provas originais.

Existem três grandes demonstrações históricas que merecem destaque:

  1. A Demonstração Original de Tales (Período Pré-Eudoxiano):

    • A prova de Tales era baseada nos conceitos de números comensuráveis e na Teoria da Proporção de sua época.

    • Números comensuráveis eram aqueles cuja razão podia ser expressa como uma fração de dois números inteiros (ou seja, um número racional), implicando a existência de uma unidade de medida comum.

    • A limitação dessa demonstração era que ela falhava no caso de segmentos não congruentes ou incomensuráveis. A matemática da época não contemplava a existência de grandezas sem um divisor comum.

  2. A Demonstração da Escola Pitagórica (Período Pré-Eudoxiano):

    • Os Pitagóricos tentaram aprimorar a prova de Tales, levando em consideração segmentos não congruentes.

    • No entanto, eles ainda estavam restritos à Teoria da Proporção dos números comensuráveis. A descoberta dos números incomensuráveis (como a diagonal de um quadrado de lado 1, que resulta em $\sqrt{2}$) pelos próprios Pitagóricos revelou uma falha fundamental nessa teoria, pois essas grandezas não podiam ser medidas por uma unidade comum.

    • Consequentemente, a generalização da prova Pitagórica também era falha.

  3. A Demonstração Presente em "Os Elementos" de Euclides (Período Eudoxiano):

    • Séculos após Tales e os Pitagóricos, Eudoxo de Cnido (408 – 355 a.C.) formulou uma nova e revolucionária teoria da proporção. Esta nova teoria foi capaz de abranger os números incomensuráveis, superando as limitações anteriores.

    • Euclides, em seu famoso trabalho "Os Elementos" (Livro VI, Proposição 2), incorporou a teoria de Eudoxo em uma demonstração completa e rigorosa do Teorema de Tales.

    • A definição de proporção de Eudoxo (Livro V, Definição 5 de Euclides) é mais complexa, mas essencialmente afirma que duas razões são iguais se, para quaisquer múltiplos inteiros, suas relações de ordem são preservadas. Esta definição permitiu lidar com grandezas que não possuíam um divisor comum.

    • A demonstração de Euclides, embora com uma linguagem matemática diferente da atual, preencheu as lacunas deixadas pelas provas anteriores.

A Demonstração Contemporânea (Análise Real e Continuidade)

A matemática moderna, com seus recursos mais avançados, oferece uma prova ainda mais completa e rigorosa do Teorema de Tales. Embora os detalhes técnicos envolvam conceitos de Análise Real, como completude dos números reais, propriedade arquimediana e limites de sequências, é importante saber que essas ferramentas garantem a validade do teorema para todos os números reais, tanto racionais quanto irracionais.

Em sua essência, a prova contemporânea utiliza a capacidade de aproximar números irracionais por sequências de números racionais e, através do conceito de limite, estender a proporcionalidade para o caso irracional, garantindo a continuidade do teorema.

Dúvidas Comuns e Exceções no Teorema de Tales

Ao estudar o Teorema de Tales, algumas dúvidas e armadilhas são comuns:

  1. A Importância das Retas Paralelas: O teorema é totalmente dependente da condição de que as retas cortadas pelas transversais sejam paralelas. Se as retas não forem paralelas, o teorema não se aplica e os segmentos não serão proporcionais. Sempre verifique se a condição de paralelismo é satisfeita.

  2. Identificação Correta dos Segmentos Correspondentes: Como vimos, há diferentes maneiras de montar as proporções. Um erro comum é misturar segmentos que não são correspondentes ou quebrar a ordem da proporção. Sempre associe segmentos que estão "entre as mesmas paralelas". Visualizar a "faixa" entre cada par de paralelas pode ajudar.

  3. A Questão dos Números Incomensuráveis na Prática: Embora a história da matemática mostre a complexidade em provar o teorema para números irracionais, no contexto do ensino fundamental e médio, e na maioria dos concursos, assume-se que o teorema é válido para quaisquer medidas. Você não precisará se preocupar com os detalhes da demonstração para números irracionais em provas básicas, mas o conhecimento histórico é valioso para a compreensão da evolução matemática.

  4. Diferença entre Congruência e Semelhança:

    • Congruência significa "mesma forma e mesmo tamanho" (ou mesma área no contexto grego antigo para figuras planas).

    • Semelhança significa "mesma forma, mas tamanhos diferentes". No caso de triângulos semelhantes, os ângulos são congruentes, mas os lados são proporcionais, não necessariamente iguais. O Teorema de Tales lida com proporcionalidade, que é a base da semelhança.

  5. Perpendicularidade vs. Paralelismo: Algumas questões podem envolver retas perpendiculares. Lembre-se que retas perpendiculares a uma mesma reta são paralelas entre si. Este é um conceito útil para identificar paralelismo implícito em problemas. Por exemplo, postes que são perpendiculares ao solo são paralelos entre si.

A Onipresença do Teorema de Tales na Matemática e Além

O Teorema de Tales é muito mais do que uma simples fórmula matemática; ele representa um marco na história do pensamento dedutivo e uma ferramenta de aplicação universal na geometria e em diversas áreas do conhecimento. Desde a medição de pirâmides antigas até o cálculo de medidas em plantas de construção e a compreensão de fenômenos em física, a proporcionalidade entre segmentos formados por retas paralelas cortadas por transversais é um princípio fundamental.

Ao dominar este teorema, juntamente com seus desdobramentos como os Teoremas da Bissetriz Interna e Externa e a semelhança de triângulos, você adquire uma base sólida para resolver uma vasta gama de problemas. Lembre-se da importância de identificar corretamente as retas paralelas e os segmentos correspondentes, e de praticar com os diversos exemplos e exercícios.

A matemática está em constante evolução, e a história do Teorema de Tales, desde suas primeiras demonstrações limitadas até o rigor da análise real contemporânea, nos mostra que o conhecimento é construído e aperfeiçoado ao longo do tempo. Sua jornada para dominar o Teorema de Tales é um passo importante para se tornar um pensador mais crítico e um solucionador de problemas mais eficaz. Continue estudando, praticando e explorando as maravilhas da matemática!