
A língua portuguesa é um dos idiomas mais falados no mundo, e sua riqueza e complexidade são constantemente aprimoradas. Em 1990, um passo fundamental foi dado para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional: a aprovação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990). Este acordo foi resultado de um aprofundado debate entre os países signatários, buscando unificar as regras do idioma para melhorar o intercâmbio e a compreensão entre os povos que o utilizam.
Originalmente, o Acordo Ortográfico deveria entrar em vigor em 1º de janeiro de 1994, após o depósito dos instrumentos de ratificação de todos os Estados junto ao Governo da República Portuguesa. No entanto, devido ao fato de que, até 1998, o Acordo ainda não havia sido ratificado por todas as partes contratantes, um Protocolo Modificativo alterou as datas, estabelecendo que a entrada em vigor ocorreria após depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados. Os países signatários incluem a República Popular de Angola, a República Federativa do Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República de Moçambique, a República Portuguesa e a República Democrática de São Tomé e Príncipe. Timor-Leste também foi incluído no objetivo de unificação.
No Brasil, a obrigatoriedade do Novo Acordo Ortográfico entrou em vigor em 1º de janeiro de 2016, após um período de transição que se estendeu até 31 de dezembro de 2015.
O trema (¨) era um sinal diacrítico usado para indicar que a vogal "u" deveria ser pronunciada nas sequências "gue", "gui", "que" e "qui". Ele avisava que, mesmo dentro desses grupos, o "u" não era mudo. Por exemplo, em "aguentar" e "linguiça", o "u" era pronunciado, e por isso recebiam trema ("agüentar", "lingüiça"). Já em palavras como "guerra" ou "queijo", o "u" não era pronunciado, então não recebiam trema.
A principal mudança trazida pelo Novo Acordo Ortográfico é a quase total supressão do trema. Isso significa que a maioria das palavras em português que antes o usavam, agora não o utilizam mais.
Exemplos de palavras que perderam o trema:
aguentar (antes agüentar)
ambiguidade (antes ambigüidade)
bilíngue (antes bilíngüe)
cinquenta (antes cinqüenta)
consequência (antes conseqüência)
delinquente (antes delinqüente)
elocuente (antes eloqüente)
freguência (antes freqüência)
linguiça (antes lingüiça)
pinguim (antes pingüim)
sequestro (antes seqüestro)
tranquilo (antes tranqüilo)
Ponto Crucial para Concursos: A Pronúncia Não Mudou! É de extrema importância ressaltar que a supressão do trema afeta apenas a grafia, não a pronúncia. As palavras continuam a ser pronunciadas da mesma forma que antes. Por exemplo, "aguentar" ainda se pronuncia com o "u" audível, mesmo sem os dois pontinhos. Isso é uma questão de fonética e não de grafia.
As Únicas Exceções: Quando o Trema Continua (Muito Cobrado!) O trema foi quase completamente abolido, mas há situações específicas em que ele ainda é mantido:
Em nomes próprios de origem estrangeira e seus derivados.
Exemplos: Hübner, mülleriano (de Müller), Schröder, Bündchen, Thomas Müller.
Para ressalva de direitos, cada um poderá manter a escrita que, por costume ou registro legal, adote na assinatura do seu nome.
Com o mesmo fim, pode-se manter a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro público.
Por Que o Trema Foi Abolido? (Contexto para Entender Melhor) A abolição do trema se deu principalmente por uma questão de padronização. Portugal já havia abandonado o trema em 1945, e o Brasil era o único país lusófono que ainda o utilizava com frequência. Com o Acordo Ortográfico, a maioria se impôs, e foi considerado mais fácil para o Brasil parar de usar o "ü" do que para os outros países se acostumarem com ele.
Apesar da padronização, a abolição do trema gerou debates entre linguistas, que argumentavam que o sinal era útil, especialmente para a pronúncia de palavras desconhecidas. Ele auxiliava na leitura, indicando quando o "u" deveria ser pronunciado, o que era particularmente útil para estrangeiros ou em palavras que se conhecem apenas pela escrita. No entanto, para quem já conhece a pronúncia, o sinal era considerado desnecessário.
As regras de acentuação sofreram modificações significativas, visando simplificar e unificar a escrita. Vamos focar nas principais alterações e nas regras que permanecem.
O acento agudo marca vogais tônicas abertas. Embora muitas regras de acentuação permaneçam as mesmas (como acentuação de oxítonas terminadas em -a(s), -e(s), -o(s)), algumas importantes foram alteradas.
Onde o Acento Agudo Desapareceu:
Ditongos Abertos "EI" e "OI" em Palavras Paroxítonas:
Esta é uma das mudanças mais notáveis. Os ditongos abertos grafados "ei" e "oi" na sílaba tônica de palavras paroxítonas não são mais acentuados. Isso acontece porque existe uma oscilação de timbre (entre fechado e aberto) na articulação desses ditongos em muitas pronúncias.
Exemplos:
assembleia (antes assembléia)
boleia (antes boléia)
ideia (antes idéia)
heroico (antes heróico)
alcaloide (antes alcalóide)
joia (antes jóia) – Não está explicitamente na fonte 42 ou 98, mas é um exemplo comum desta regra por inferência, se enquadra na mesma lógica de "ideia".
jiboia (antes jibóia)
paranoico (antes paranóico)
Vogais Tônicas "I" e "U" em Hiato, Precedidas de Ditongo em Palavras Paroxítonas:
O acento agudo é suprimido nas vogais tônicas "i" e "u" de palavras paroxítonas quando elas são precedidas de um ditongo.
Exemplos:
feiura (antes feiúra)
baiuca (antes baiúca)
boiuno (antes boiúno)
saiinha (de saia) (antes saiínha)
Onde o Acento Agudo Permanece (Revisão Importante):
Ditongos Abertos "ÉI", "ÉU", "ÓI" em Palavras Oxítonas e Monossílabas Tônicas:
A regra de abolição acima não se aplica a palavras oxítonas ou monossílabas tônicas. Nesses casos, o acento agudo é mantido.
Exemplos:
anéis, batéis, fiéis, papéis
céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s)
corrói (de corroer), herói(s), remói (de remoer), sóis
Vogais Tônicas "I" e "U" que Formam Hiato (Geral):
As vogais tônicas "i" e "u" ainda são acentuadas quando formam hiato com a vogal anterior e estão sozinhas na sílaba ou seguidas de "s".
Exemplos: baú, baús, saída, país, cafeína, egoísmo, juízes, ruína.
Vogais Tônicas "I" e "U" Precedidas de Ditongo em Oxítonas:
Se as vogais tônicas "i" e "u" são precedidas de ditongo, mas pertencem a palavras oxítonas e estão em posição final ou seguidas de "s", elas levam acento agudo.
Exemplos: Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús. (Note: se a consoante final for diferente de "s", não leva acento, como em "cauim").
O acento circunflexo marca vogais tônicas fechadas. As mudanças aqui visam eliminar acentos em hiatos específicos.
Onde o Acento Circunflexo Desapareceu:
Duplo "E" (EE) em Verbos na 3ª Pessoa do Plural do Presente do Indicativo ou Conjuntivo:
O acento circunflexo é suprimido na primeira vogal "e" de verbos como "crer", "ler", "ver" e "dar" na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo.
Exemplos:
creem (antes crêem)
deem (antes dêem)
leem (antes lêem)
veem (antes vêem)
descreem (antes descrêem)
preveem (antes prevêem)
Duplo "O" (OO) em Palavras Terminadas em Hiato:
O acento circunflexo também desaparece na primeira vogal "o" em palavras paroxítonas que contêm a vogal tônica fechada com a grafia "o" em hiato.
Exemplos:
voo (antes vôo)
enjoo (antes enjôo)
perdoo (antes perdôo)
abençoo (antes abençôo)
povoo (de povoar) (antes povôo)
O acento diferencial tinha a função de distinguir palavras homógrafas (escritas iguais) mas com pronúncia e significado diferentes. O Novo Acordo Ortográfico aboliu a maioria dos acentos diferenciais.
Onde o Acento Diferencial Desapareceu:
Maioria dos Homógrafos Heterofônicos:
Não se usa mais acento gráfico para distinguir palavras oxítonas homógrafas, mas heterofônicas.
Exemplos:
para (forma verbal de parar) e para (preposição) (antes pára)
pelo (substantivo) e pelo (combinação de preposição "per" e artigo "lo") (antes pêlo)
pola (substantivo) e pola (combinação de preposição "por" e artigo "la")
pelo (forma do verbo pelar)
polo (substantivo, jogo, etc.) e polo (combinação antiga de "por" e "lo") (antes pólo)
cerca (substantivo, advérbio) e cerca (verbo cercar)
acerto (substantivo) e acerto (verbo acertar)
acordo (substantivo) e acordo (verbo acordar)
fora (verbo ser/ir) e fora (advérbio, interjeição, substantivo)
piloto (substantivo) e piloto (verbo pilotar)
As Exceções: Onde o Acento Diferencial Permanece (Absolutamente Essencial para Concursos):
Estas são as palavras que ainda mantêm o acento diferencial para evitar ambiguidades:
pôr (verbo) para se distinguir da preposição por.
pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) para se distinguir de pode (3ª pessoa do singular do presente do indicativo).
As formas verbais têm (3ª pessoa do plural do presente do indicativo de "ter") e vêm (3ª pessoa do plural do presente do indicativo de "vir") mantêm o acento circunflexo para se distinguirem de tem (3ª pessoa do singular) e vem (3ª pessoa do singular). Esta regra aplica-se também às formas compostas: abstêm, advêm, contêm, convêm, detêm, intervêm, mantêm, obtêm, provêm, sobrevêm (comparar com abstém, advém, contém, convém, detém, intervém, mantém, obtém, provém, sobrevém).
Nota: As antigas grafias "têem", "vêem", "detêem", "intervêem" etc., foram preteridas.
Acentuação Diferencial Facultativa:
Em alguns casos, o acento diferencial tornou-se facultativo:
dêmos (1ª pessoa do plural do presente do conjuntivo de "dar") pode ser acentuado para se distinguir de demos (1ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo).
fôrma (substantivo, recipiente) pode ser acentuado para se distinguir de forma (substantivo, aspecto; ou flexão do verbo "formar").
As formas verbais de pretérito perfeito do indicativo, como amámos ou louvámos, podem facultativamente manter o acento agudo para se distinguir das correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tônica é aberto em certas variantes do português.
O uso do hífen é uma das partes do Acordo Ortográfico que mais gera dúvidas, devido à complexidade e ao grande número de regras e exceções. Vamos organizar o conteúdo para facilitar a compreensão.
Esta seção aborda os casos em que o hífen, antes presente, agora desaparece, ou onde a união de elementos ocorre sem ele.
Prefixos/Pseudoprefixos Terminados em Vogal + Segundo Elemento Começando com Vogal DIFERENTE:
Se o prefixo ou pseudoprefixo (elementos como aero-, auto-, extra-, hidro-, multi-, pluri-) termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente, os elementos se aglutinam (não usam hífen).
Exemplos:
aeroespacial (antes aero-espacial)
autoaprendizagem (antes auto-aprendizagem)
autoescola (antes auto-escola)
antiaéreo
coeducação
extraescolar
agroindustrial
hidroelétrico
plurianual
Exceção à aglutinação em "co-": embora a regra geral para "co-" seja a aglutinação (coordenar, cooperar), a regra de "prefixo termina em vogal + segundo elemento começa com a mesma vogal" ainda se aplica se o segundo elemento começar com "o", por exemplo, como em "co-ocupante". O Acordo diz que o "co-" aglutina-se em geral, mas a regra específica do prefixo terminado na mesma vogal é mais forte. Para concursos, foque nos exemplos dados na fonte: coocupante, coordenar, cooperação, cooperar. (Minha análise aqui é uma inferência para tentar harmonizar as regras, mas a fonte 69 é clara sobre 'co-' aglutinar em geral, enquanto a fonte 69b usa 'co-herdeiro' e 'co-herdeiro', e 69c usa 'co-organizador' e 'co-ordenar', mas sem hífen para 'co-ordenar', o que mostra que a aglutinação para 'co-' é a regra mais forte, mesmo que a vogal inicial do segundo elemento seja igual.)
Correção: A fonte explicitamente diz que o prefixo "co-" aglutina-se em geral, e cita "coocupante, coordenar, cooperação, cooperar" sem hífen. Portanto, a regra de "prefixo e segundo elemento com a mesma vogal" NÃO se aplica ao "co-".
Revisão: A fonte alínea b) diz que se usa hífen "Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno." E a OBS. seguinte afirma: "Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o (coocupante, coordenar, cooperação, cooperar, etc.)". Portanto, para o prefixo "co-", a aglutinação é a regra, mesmo se o segundo elemento começar com 'o'.
Prefixos/Pseudoprefixos Terminados em Vogal + Segundo Elemento Começando com "R" ou "S":
Nesses casos, o hífen não é usado, e as consoantes "r" ou "s" do segundo elemento devem ser duplicadas.
Exemplos:
antirreligioso (antes anti-religioso)
antissemita (antes anti-semita)
contrarregra
contrassenha
cosseno
extrarregular
infrassom
minissaia
autorretrato (antes auto-retrato)
extrasseco (antes extra-seco)
Prefixos "DES-" e "IN-" + Segundo Elemento que Perdeu o "H" Inicial:
Não se usa hífen em formações com os prefixos "des-" e "in-" nas quais o segundo elemento perdeu o "h" inicial.
Exemplos: desumano, desumidificar, inábil, inumano.
Locuções de Qualquer Tipo (Regra Geral):
A regra geral é que não se emprega o hífen em locuções (substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais).
Exemplos:
Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar.
Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho.
Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja.
Adverbiais: à parte (mas existe o substantivo aparte), à vontade, de mais (em contraste com de menos; note o advérbio demais), depois de amanhã, em cima, por isso.
Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, apesar de.
Conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que.
Exceções Notáveis (Locuções que Mantêm Hífen): água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
Compostos Onde se Perdeu a Noção de Composição:
Certos compostos em que a noção de composição se perdeu, grafam-se aglutinadamente (sem hífen).
Exemplos:
girassol
madressilva
mandachuva (antes manda-chuva)
pontapé
paraquedas (antes para-quedas)
paraquedista
Topônimos Compostos Sem Hífen (Regra Geral):
A maioria dos topônimos (nomes de lugares) compostos escreve-se com os elementos separados, sem hífen.
Exemplos: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta.
Exceção Consagrada: Guiné-Bissau.
Esta seção lista os casos em que o hífen continua sendo utilizado, ou onde novas regras o introduzem.
Prefixos/Pseudoprefixos Terminados em Vogal + Segundo Elemento Começando com a MESMA Vogal:
Se o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento, o hífen é obrigatório.
Exemplos:
anti-ibérico
anti-inflacionário (antes antiinflacionário)
arqui-inimigo (antes arquiinimigo)
auto-observação
infra-axilar
micro-onda
semi-interno
supra-auricular
Prefixos/Pseudoprefixos + Segundo Elemento Começando com "H":
Em formações com prefixos ou pseudoprefixos, se o segundo elemento começa com "h", o hífen é sempre usado.
Exemplos:
anti-higiênico
circum-hospitalar
co-herdeiro
contra-harmônico
extra-humano
pré-história
sub-hepático
super-homem
ultra-hiperbólico
eletro-higrômetro
geo-história
neo-helênico
pan-helenismo
semi-hospitalar
Prefixos "HIPER-", "INTER-", "SUPER-" + Segundo Elemento Começando com "R":
Quando esses prefixos se combinam com elementos iniciados por "r", o hífen é obrigatório.
Exemplos:
hiper-requintado
inter-relação (antes interrelação)
super-revista
Prefixos "EX-", "SOTA-", "SOTO-", "VICE-", "VIZO-":
Esses prefixos (com o sentido de estado anterior/cessamento para "ex-") sempre pedem hífen.
Exemplos:
ex-almirante, ex-diretor, ex-presidente
sota-piloto
soto-mestre
vice-presidente, vice-reitor
vizo-rei
Prefixos Tônicos Acentuados Graficamente "PÓS-", "PRÉ-", "PRÓ-":
Utiliza-se hífen quando esses prefixos são tônicos e o segundo elemento tem "vida à parte" (isto é, existe como palavra independente).
Exemplos:
pós-graduação, pós-tônico
pré-escolar, pré-natal
pró-africano, pró-europeu
Atenção: Se as formas forem átonas, elas se aglutinam com o elemento seguinte (sem hífen): pospor, prever, promover.
Compostos que Designam Espécies Botânicas e Zoológicas:
Sempre se emprega o hífen nestes casos, mesmo que haja preposição ou outro elemento de ligação.
Exemplos:
abóbora-menina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde
benção-de-deus, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro
andorinha-grande, cobra-capelo, formiga-branca
andorinha-do-mar, cobra-d'água, lesma-de-conchinha
bem-me-quer, bem-te-vi
Compostos com os Advérbios "BEM" e "MAL":
Usa-se hífen quando "bem" e "mal" formam uma unidade sintagmática e semântica com o elemento seguinte, e este elemento começa por vogal ou "h".
Exemplos: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado.
Observação Importante: O advérbio "bem", ao contrário de "mal", pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante (bem-criado, bem-ditoso). No entanto, muitos compostos com "bem" aparecem aglutinados, quer o segundo elemento tenha vida própria ou não (benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença). O advérbio "mal" geralmente forma palavras aglutinadas com o segundo elemento, se este começar com consoante (malcriado, malditoso, malfalante, malvisto).
Compostos com os Elementos "ALÉM", "AQUÉM", "RECÉM" e "SEM":
Esses elementos sempre pedem hífen.
Exemplos: além-Atlântico, além-mar, além-fronteiras; aquém-fiar, aquém-Pireneus; recém-casado, recém-nascido; sem-cerimônia, sem-número, sem-vergonha.
Compostos por Elementos de Natureza Nominal, Adjetival, Numeral ou Verbal que Constituem Unidade Sintagmática e Semântica:
Emprega-se hífen em compostos cujos elementos mantêm acento próprio e formam uma unidade.
Exemplos: ano-luz, arce-bispo, arco-íris, decreto-lei, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno; norte-americano, luso-brasileiro; conta-gotas, guarda-chuva.
Topônimos Compostos Iniciados por "Grã", "Grão" ou por Forma Verbal, ou Cujos Elementos Estão Ligados por Artigo:
Exemplos: Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas; Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.
Hífen na Ênclise e na Tmese:
O hífen é utilizado na ligação de pronomes clíticos (lo, la, lhe, etc.) aos verbos.
Exemplos: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe-emos.
Nota: Não se usa hífen nas ligações da preposição "de" às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo "haver": hei de, hás de, hão de.
O hífen também é usado nas ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio "eis" (eis-me, ei-lo) e nas combinações de formas pronominais como "no-lo", "vo-las" quando em próclise.
Encadeamentos Vocabulares Ocasionais:
Usa-se hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando encadeamentos vocabulares (não propriamente vocábulos).
Exemplos: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, a ligação Angola-Moçambique.
Além das alterações no trema, acentuação e hífen, o Novo Acordo trouxe outras padronizações e confirmações de regras, que também são importantes para o domínio da norma culta.
Uma das mudanças mais básicas é a oficialização da inclusão de três letras ao alfabeto da língua portuguesa.
Inclusão das letras K, W e Y: O alfabeto passa a ser formado por vinte e seis letras, incluindo k, w, y.
Uso: Essas letras são utilizadas em casos especiais, como:
Antropônimos (nomes de pessoas) e topônimos (nomes de lugares) de origem estrangeira e seus derivados: Franklin, kantiano (de Kant), Darwin, wagneriano (de Wagner), Byron, byroniano; Kwanza, Kuwait, kuwaitiano, Malawi, malawiano.
Siglas, símbolos e palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM; K-potássio, W-oeste; kg-quilograma, km-quilômetro, kW-quilowatt, yd-jarda; Watt.
O apóstrofo (') é usado para indicar a elisão (supressão) de uma vogal.
Casos de Emprego:
Para cindir graficamente uma contração ou aglutinação vocabular, quando um elemento pertence a um conjunto vocabular distinto: d'Os Lusíadas, n'Os Sertões. No entanto, escritas sem apóstrofo são permitidas para clareza: de Os Lusíadas, em Os Lusíadas.
Para cindir uma contração ou aglutinação vocabular quando um elemento é forma pronominal e se quer dar realce com maiúscula (especialmente em referências a Deus, Jesus, Nossa Senhora): d'Ele, n'Ele, d'Aquele, n'Aquele; d'Ela, n'Ela, d'Aquela, n'Aquela.
Na ligação das formas "santo" e "santa" a nomes do hagiológio, quando há elisão das vogais finais "o" e "a": Sant'Ana, Sant'Iago. Note que as formas aglutinadas (Santana, Santiago) também são corretas quando se tornam unidades mórficas.
Para assinalar a elisão do "e" da preposição "de" em combinação com substantivos dentro de certos compostos: cobra-d'água, copo-d'água, estrela-d'alva, mãe-d'água, pau-d'água.
Casos de Não Emprego:
Não é admissível o uso do apóstrofo nas combinações das preposições "de" e "em" com artigos definidos, pronomes diversos e advérbios, se elas constituem uniões perfeitas e fixas.
Exemplos: do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste, desta; naquele, naquela; no, na, nos, nas; nele, nela; neste, nesta; num, numa; nalgum, nalguma.
Em combinações que não constituem uniões perfeitas, pode-se usar uma ou duas formas: de um/dum, de algum/dalgum, de outro/doutro.
Não se emprega apóstrofo nem se funde a preposição "de" com a forma imediata quando essas palavras estão integradas em construções de infinitivo: afim de ele compreender, apesar de o não ter visto, em virtude de os nossos pais serem bondosos.
As regras para o uso de minúsculas e maiúsculas foram sistematizadas.
Letra Minúscula Inicial (Uso Ordinário):
Em todos os vocábulos da língua nos usos correntes.
Nomes de dias, meses, estações do ano: segunda-feira, outubro, primavera.
Biblionímicos (títulos de obras), após o primeiro elemento (salvo nomes próprios contidos): O Senhor do paço de Ninães.
Usos de fulano, sicrano, beltrano.
Pontos cardeais (mas não suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW sudoeste).
Axionímicos (títulos de tratamento) e hagionímicos (nomes de santos) – opcionalmente com maiúscula para hagionímicos: senhor doutor Joaquim da Silva; santa Filomena (ou Santa Filomena).
Nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas – opcionalmente com maiúscula: português (ou Português), matemática (ou Matemática).
Letra Maiúscula Inicial (Uso Específico):
Antropônimos (pessoas) e topônimos (lugares), reais ou fictícios: Pedro Marques, Branca de Neve; Lisboa, Luanda.
Nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor, Neptuno.
Nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social.
Nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão.
Títulos de periódicos (em itálico): O Primeiro de Janeiro.
Pontos cardeais ou equivalentes quando empregados absolutamente (referindo-se a regiões): Nordeste (por nordeste do Brasil), Oriente (por oriente asiático).
Siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas: FAO, NATO, ONU; H2O, Sr., V. Exª.
Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente, em início de versos, e em categorizações de logradouros públicos, templos, edifícios: rua ou Rua da Liberdade, igreja ou Igreja do Bonfim.
As regras de divisão silábica, que em geral se baseiam na soletração, mantêm-se. A principal preocupação é a translineação (divisão de palavras no final da linha).
Grupos Indivisíveis (Formam sílaba para a frente): Sucessões de duas consoantes que constituem "perfeitos grupos", onde a primeira é labial, velar, dental ou labiodental e a segunda é "l" ou "r" (ex: bl, br, cl, cr, dr, fl, fr, gl, gr, pl, pr, tl, tr, vr).
Exemplos: a-blução, ce-le-brar, du-pli-cação, re-pri-mir, a-cla-mar, de-cre-to, a-tlético, a-fluir.
Grupos Divisíveis: Sucessões de duas consoantes que não formam grupos perfeitos e sucessões de "m" ou "n" com valor de anasalidade e uma consoante.
Exemplos: ab-di-car, op-tar, sub-por, ad-je-ti-vo, des-cer, dis-ci-pli-na, ac-ne, ad-mi-rá-vel, am-bi-ção, desen-ga-nar, en-xa-me.
Mais de Duas Consoantes:
Se contém um grupo indivisível (regra 1), esse grupo forma sílaba para diante, e as consoantes anteriores se ligam à sílaba anterior.
Exemplos: cam-bra-ia, ec-tli-pse, ex-pli-car, ins-cri-ção, subs-cre-ver.
Se não contém nenhum desses grupos, a divisão ocorre sempre antes da última consoante.
Exemplos: abs-ten-ção, disp-ne-ia, in-ters-te-lar.
Vogais Consecutivas: Vogais consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (ai, ei, ui, au, eu, ou) podem ser separadas.
Exemplos: a-la-ú-de, á-re-as, co-a-pe-ba, co-or-de-nar, do-er, flu-i-dez.
Dígrafos GU e QU: Dígrafos "gu" e "qu" (onde o "u" não se pronuncia) nunca se separam da vogal ou ditongo imediato. O mesmo vale quando o "u" se pronuncia.
Exemplos: ne-gue, ne-guei; pe-que, pe-quei; á-gua, am-bí-guo, averi-gueis.
Translineação de Compostos com Hífen: Se a partição coincide com o final de um dos elementos, o hífen deve ser repetido no início da linha seguinte.
Exemplos: ex-alferes (ex- / -alferes), serená-los-emos (serená-los- / -emos).
Consulta Constante: Diante da complexidade das regras, especialmente de hífen e acentuação, a consulta de vocabulários ortográficos e dicionários atualizados é indispensável.
Corretores de Texto: Utilize versões recentes de corretores de texto na internet, pois eles são atualizados de acordo com o Acordo Ortográfico.
Foco nas Exceções e Regras Mais Cobradas: Concursos públicos e exames se concentram frequentemente nas mudanças e nas exceções. Priorize o estudo desses pontos, especialmente o uso e abolição do trema, as alterações de acentuação em ditongos e hiatos, e as regras de hífen para prefixos.
Prática Leitura e Escrita: A familiarização com a nova ortografia vem com a prática constante de leitura de textos atualizados e a escrita atenta.
O Acordo Ortográfico representa um esforço de unificação da língua portuguesa, e embora possa parecer complexo inicialmente, seu domínio é uma ferramenta poderosa para sua comunicação e para o sucesso em suas provas. Mantenha-se atualizado e pratique!
Qual é a principal função do trema na língua portuguesa antes do acordo ortográfico?
a) Indicar a acentuação tônica
b) Separar o ditongo em duas sílabas
c) Marcar a nasalização das vogais
d) Indicar a pronúncia de consoantes duplas
e) Nenhuma das anteriores
Em quais situações o trema ainda é permitido após o acordo ortográfico?
a) Em palavras portuguesas comuns
b) Em nomes próprios estrangeiros e seus derivados
c) Em palavras compostsas
d) Em todas as palavras que têm “u” pronunciado
e) Em palavras da poesia
Como se escreve a palavra "freqüente" após o acordo ortográfico?
a) Freqüente
b) Frequent
c) Frequente
d) Freqüênte
e) Freqüente
b
b
c