No vasto palco da história do pensamento, poucas figuras brilham com a intensidade e a controversa luz de Voltaire. Nascido no século XVIII, em meio ao florescer do Iluminismo, este filósofo, escritor e polemista francês não apenas desafiou as estruturas de poder de sua época, mas pavimentou o caminho para conceitos que hoje consideramos fundamentais, como a liberdade de expressão, a tolerância religiosa e o papel da razão na sociedade.
Para começar, é fundamental conhecer o homem por trás do pseudônimo.
François-Marie Arouet (1694-1778) foi o nome de batismo do nosso filósofo. Nascido em Paris, em uma família burguesa, ele rapidamente se destacou por seu intelecto afiado e sua paixão pela escrita, contrariando o desejo de seu pai, que queria vê-lo como advogado.
O pseudônimo "Voltaire" foi adotado em 1718, após um período de prisão na Bastilha. Embora a origem exata seja incerta, especula-se que seja um anagrama de "AROVET LI" (Arouet, o jovem, latinizado) ou uma referência a uma característica de sua infância ("o pequeno voluntário", que significava "coisa determinada" ou "determinado a si mesmo"). O nome também poderia ter conotações de velocidade e ousadia, associadas a palavras como "voltige" (acrobacias) e "volte-face" (virar-se para enfrentar os inimigos). A mudança de nome também o distanciava de seu sobrenome "Arouet", que soava como "à rouer" (ser espancado) ou "roué" (um devasso), e o diferenciava de um poeta contemporâneo chamado Roi.
Desde cedo, Voltaire teve problemas com as autoridades francesas por suas críticas ao governo e à Igreja. Foi preso duas vezes na Bastilha e exilado temporariamente na Inglaterra. Esse exílio na Inglaterra (1726-1728) foi um divisor de águas em sua vida e pensamento, expondo-o a uma sociedade com maior liberdade de expressão e tolerância religiosa, em contraste com o absolutismo francês.
Voltaire faleceu em Paris, em 30 de maio de 1778, aos 83 anos. Sua morte gerou controvérsia: devido às suas duras críticas à Igreja Católica, foi-lhe recusado um enterro cristão em Paris. No entanto, amigos e parentes conseguiram enterrá-lo secretamente na Abadia de Scellières. Anos depois, em 1791, reconhecido como um precursor da Revolução Francesa, seus restos mortais foram transferidos para o Panthéon de Paris, consagrando-o como um dos grandes nomes da história francesa.
Voltaire viveu no século XVIII, um período conhecido como o Século das Luzes, caracterizado por uma efervescência cultural, política e científica na Europa. No entanto, a França de sua época era um caldeirão de contrastes.
A França pré-revolucionária era dominada por regimes absolutistas, onde o poder estava concentrado nas mãos do rei, e a Igreja Católica exercia um rígido controle sobre a sociedade. A sociedade era profundamente desigual, com a nobreza e o clero desfrutando de privilégios hereditários, enquanto a burguesia, em ascensão econômica, e o povo comum eram excluídos das decisões e arcavam com a maioria dos impostos. A liberdade de pensamento era severamente reprimida, com censura religiosa e prisões arbitrárias, como a Bastilha, sendo comuns. A Inquisição ainda era uma força presente, e livros considerados heréticos eram banidos.
Para Voltaire, a Igreja Católica e a monarquia absolutista eram os principais inimigos do progresso humano. Seu famoso lema, "Esmagai a infame!" ( écrasez l'infâme ), referia-se a esta opressão exercida pela autoridade real e religiosa, pela superstição e intolerância fomentadas pelo clero. Ele via a Igreja como uma força opressora e parasitária, capaz de incitar a crueldade e a ignorância.
A experiência de Voltaire na Inglaterra foi crucial. Ele admirava a monarquia constitucional britânica e a maior liberdade de expressão e religião do país, vendo-a como um modelo mais desenvolvido e respeitoso dos direitos humanos do que a França. A convivência pacífica entre diferentes religiões na Inglaterra o convenceu da possibilidade e desejabilidade da pluralidade religiosa.
O pensamento de Voltaire é multifacetado, mas orbita em torno de alguns conceitos-chave.
Voltaire, como um autêntico iluminista, defendia que o conhecimento humano deveria ser guiado pela razão e pela experiência empírica, e não por dogmas religiosos ou imposições absolutistas.
Razão como Ferramenta, Não Ponto de Partida: Para Voltaire, a questão não era tanto "o que é a razão?", mas "como devemos usá-la?". A razão está estritamente ligada ao seu uso prático e à sua finalidade: promover a felicidade humana.
Limites da Razão e Crítica à Metafísica Abstrata: Voltaire insistia que a razão humana é limitada. Ele criticava filósofos que se perdiam em sistemas metafísicos abstratos e noções obscuras (como as "ideias inatas" de Descartes ou a natureza da alma), que em vez de esclarecer, mais confundiam. Para ele, há perguntas que a razão humana simplesmente não pode responder, e o melhor é admitir a ignorância e focar no que é acessível e útil.
Empirismo e Ciência Experimental: Influenciado por pensadores como John Locke e Isaac Newton, Voltaire era um defensor fervoroso do empirismo. Ele acreditava que todas as nossas ideias vêm pelos sentidos e pela observação. Ele elogiava a filosofia experimental de Bacon e Newton como a "sã filosofia", baseada na análise exata das coisas, na observação e na experimentação. Em contraste, a filosofia de Descartes era vista como um "romance engenhoso", brilhante, mas sem base na realidade, porque desenvolvida em um ambiente opressor onde a imaginação, sem comunicação e sem a guia da experiência, criava dogmas.
A Utilitidade do Conhecimento: Voltaire valorizava o conhecimento que é útil e que se traduz em benefícios para o indivíduo e a nação. Ele criticava a especulação meramente curiosa, que, por mais engenhosa que fosse, não trazia clareza ou melhorias para a vida humana. Para ele, o objetivo do conhecimento é libertar os homens do preconceito, da superstição, do medo e da ignorância, tornando-os mais felizes.
Voltaire não era ateu. Ele acreditava na existência de um Ser Supremo, uma causa primeira de todas as coisas, um "Deus relojoeiro" que criou o universo e suas leis, mas que não interfere diretamente nos eventos mundanos.
Deus da Razão, Não da Revelação: A existência de Deus, para Voltaire, era demonstrada pela razão, comparável ao conhecimento de aritmética ou geometria, e não pela fé ou revelação divina.
Deus Distante e Imutável: O Deus de Voltaire é um criador, mas é distante de sua obra e despreocupado com seu andamento. Ele não se relaciona com o mundo humano, não interfere na vida das pessoas e não realiza milagres. As leis divinas são eternas e imutáveis, e qualquer intervenção seria uma violação dessas regras. Portanto, orar a esse Deus para pedir favores não faria sentido.
Moral Universal e Lei Natural: Este Ser Supremo teria dotado a humanidade de uma moral universal, uma "lei natural" que faz o homem sentir a justiça. Essa moral, baseada no princípio de "faz ao outro o que gostarias que te fosse feito," é o fundamento de sua religião natural.
Crítica Veemente ao Cristianismo (Catolicismo Romano): Voltaire criticava o cristianismo como um todo, mas especialmente o Catolicismo Romano, por ser intolerante, irracional e dogmático. Ele via a discórdia, os conflitos e a intolerância como características inerentes ao cristianismo desde seu nascimento. Para ele, a Bíblia era um livro absurdo, cheio de contradições e atrocidades, incapaz de passar no teste da razão.
A "Religião Natural" Proposta por Voltaire: Em contrapartida ao cristianismo, Voltaire propunha uma religião natural:
Horizontal e Social: Uma religião simples, sábia, augusta, voltada para o relacionamento entre os homens, para a justiça, a tolerância e o bem-estar social. Seu objetivo é promover a paz e a justiça entre os seres humanos.
Não Dogmática e Racional: Sem revelação, livros sagrados ou milagres. Fundamentada na razão, naquilo que o homem pode descobrir pelo exercício do pensamento racional. Seus poucos "dogmas" seriam a justiça e a tolerância.
Submissão ao Estado (Laicidade): Voltaire defendia que as religiões deveriam ser submetidas ao Estado, pois só assim uma sociedade poderia viver com justiça e sem abusos. O Estado laico era um requisito fundamental para uma sociedade livre e tolerante, onde as opiniões teológicas não oprimem o próximo.
A tolerância era uma das pedras angulares do pensamento de Voltaire e uma de suas maiores bandeiras.
"Esmagai a Infame!": Essa frase se tornou o slogan de sua militância contra o fanatismo e a ignorância, encarnados pela Igreja Católica de sua época.
A Importância da Pluralidade Religiosa: A experiência inglesa mostrou a Voltaire que o convívio pacífico entre diferentes religiões era possível e desejável. Ele acreditava que a pluralidade de seitas, desde que submetidas ao Estado e às leis, impedia a intolerância.
O Caso Jean Calas (Exemplo Didático e Cobrado): Voltaire se envolveu ativamente na defesa de indivíduos injustamente perseguidos, sendo o caso do comerciante huguenote Jean Calas o mais famoso. Calas foi torturado e executado em 1763, acusado de ter assassinado seu filho por este querer se converter ao catolicismo. Voltaire, vendo um claro caso de perseguição religiosa e julgamento ilegal, lutou incansavelmente para reverter a condenação, o que conseguiu em 1765. Este caso exemplifica sua militância contra o fanatismo e a injustiça religiosa.
Tolerância Política: Para Voltaire, a política não era um fim em si, mas um meio para despertar os espíritos e promover a liberdade de pensamento. Ele defendia uma "tolerância política" que exigia que os remédios políticos e as formas de governo variassem de acordo com as "ocasiões", visando sempre a liberdade.
A liberdade, em suas diversas formas, é um conceito central para Voltaire.
Voltaire foi um dos mais veementes defensores da liberdade de pensamento e expressão como um direito natural do homem.
A Famosa Frase (Dúvida Comum Explicada): A citação mais conhecida atribuída a Voltaire é: "Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo". É importante notar que, embora essa frase sintetize perfeitamente o espírito de sua defesa da liberdade de pensamento e tolerância, ela não foi escrita por ele. Foi formulada pela biógrafa Evelyn Beatrice Hall em 1906, para resumir a atitude de Voltaire em relação a um de seus contemporâneos. No entanto, ela captura a essência de sua luta incansável.
Ousar Pensar por Si Mesmo: Sua máxima era "Ouse pensar por si mesmo". Ele defendia que as pessoas deveriam ter o direito de dizer tudo o que querem, desde que dentro de uma ética e moral.
Crítica à Censura: Voltaire foi um grande combatente da censura, que o perseguiu e baniu suas obras.
Embora defensor da liberdade, Voltaire reconhecia que ela não é absoluta. Os debates contemporâneos sobre os limites da liberdade de expressão ressoam com seu pensamento e com o Iluminismo.
Não Ferir Direitos Alheios: A liberdade de um indivíduo não pode ferir a liberdade ou os direitos de outro. Isso implica que argumentos como "liberdade de expressão" não justificam ofensas ou a apologia a crimes.
"Democracia Militante": Conceitos como o de Karl Popper, que afirma que a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância (se estendermos a tolerância aos intolerantes, a sociedade tolerante será destruída), ecoam a preocupação voltairiana de que o fanatismo e a ignorância são perigosos e devem ser combatidos.
Exemplos Atuais: Casos como o atentado ao jornal Charlie Hebdo na França (2015) ou a defesa da legalidade do partido nazista no Brasil (caso Monark, 2022) demonstram a complexidade de delimitar o que constitui liberdade de expressão versus discurso de ódio ou apologia ao crime. Nesses contextos, a ideia de que a democracia deve se defender de quem busca miná-la, mesmo que isso restrinja algumas "liberdades" (como a de defender o nazismo), está em linha com a visão de que certas manifestações são inaceitáveis.
Voltaire era cético em relação à democracia, que via como propagadora da "idiotice das massas". Por isso, ele defendia o despotismo esclarecido (ou monarquia esclarecida). Ele acreditava que um monarca ilustrado, guiado pela razão e pelos ideais iluministas, seria o agente mais eficaz para promover as reformas sociais e melhorar a educação e o bem-estar de seus súditos, dada a alta taxa de analfabetismo da época.
A concepção da alma foi um tema de grande relevância e inquietação para Voltaire, e sua posição evoluiu ao longo do tempo.
Crítica ao Dualismo e ao Espiritualismo: Em boa parte de suas obras, Voltaire problematizava a ideia da existência de uma alma espiritual e imaterial (a concepção dualista de Descartes, por exemplo). Ele questionava como uma alma poderia sentir sem os cinco sentidos após a morte, ou como um espírito supostamente autônomo controlaria um corpo doente ou com membros quebrados.
O Paralelo Homem-Animal: Voltaire utilizava o argumento de que, se os animais sentem, comem, andam e adoecem sem uma substância imaterial, por que o homem precisaria dela?. Para ele, a diferença entre humanos e animais estaria na complexidade biológica dos órgãos, e não em uma substância espiritual. Ele, portanto, recusava a necessidade de uma alma espiritual para o homem.
Suspensão do Juízo: Apesar de suas críticas, Voltaire não ousou ir muito além e, em obras posteriores, como A História de Jenni (1775), ele parece suspender o juízo sobre a questão, admitindo a possibilidade de uma alma que sobrevive à morte e que pode ser recompensada por Deus. Ele reconhecia a ignorância humana sobre a substância da alma, vendo o homem "condenado a permanecer nas trevas de sua ignorância" sobre sua própria natureza.
A questão da liberdade humana e do livre-arbítrio em Voltaire também demonstra um desenvolvimento em sua opinião ao longo da vida.
Posição Inicial (Anos 1730): Em obras como Tratado de Metafísica (1736) e Elementos da Filosofia de Newton (1738), Voltaire defendia o livre-arbítrio. Ele via a liberdade como a capacidade de agir conforme a própria vontade, e a luta interna do homem contra suas paixões como evidência de sua capacidade de tomar decisões.
Inclinação ao Determinismo (Anos 1760 em Diante): Em obras posteriores, como O Filósofo Ignorante (1766) e Dicionário Filosófico (publicado em 1764), Voltaire se inclinou cada vez mais ao determinismo. Ele passou a argumentar que, embora o homem seja livre para fazer o que quer, o querer em si é necessariamente causado por algo (uma "última ideia" irresistível), e a vontade é restrita por fatores físicos. Assim, a mente humana seria um "mero efeito das leis universais", como uma grande máquina de causa e efeito.
A "Contradição" e o Perigo: John Gray observa que Voltaire não parecia ver tensão entre seu determinismo e seu compromisso político com a emancipação humana. Contudo, Gray aponta o perigo dessa visão: um determinismo amoral pode justificar tanto atos humanitários quanto atrocidades como tortura, escravidão e crime, sob o pretexto de que "a natureza é que manda em tudo".
Voltaire foi um escritor prolífico, produzindo obras em quase todas as formas literárias. Suas obras são carregadas de ironia, sarcasmo e crítica social.
Cartas Filosóficas (1734): Considerada uma de suas obras mais importantes, ela compara criticamente os sistemas políticos e religiosos da Inglaterra e da França. Nela, Voltaire elogia o empirismo de Bacon e Locke e a física de Newton, contrapondo-os à filosofia de Descartes e à opressão francesa.
Cândido ou o Otimismo (1759): Sua obra mais conhecida, um romance filosófico satírico. É uma crítica mordaz à filosofia do otimismo de Leibniz (representada pelo personagem Pangloss, que insiste que vivemos no "melhor dos mundos possíveis"). Através de uma sucessão vertiginosa de desgraças e aventuras, Voltaire expõe os horrores das guerras (Guerra dos Sete Anos), a violência, a intolerância religiosa (Inquisição), e a busca desenfreada por riquezas. A famosa conclusão, "Cultive seu próprio jardim", sugere que a felicidade reside em cuidar do que é nosso, em vez de buscar utopias ou explicações metafísicas para o mal do mundo.
Tratado sobre a Tolerância (1763): Uma defesa apaixonada da tolerância religiosa, escrita após o caso Jean Calas. Nele, Voltaire demonstra, com exemplos históricos (Alemanha, Inglaterra, Holanda, Turcos) que a tolerância não prejudica o Estado, e que a intolerância, como a praticada no Japão pelos jesuítas, leva à guerra civil e ao isolamento.
Dicionário Filosófico (1764): Uma série de artigos sobre história cristã e dogmas, onde Voltaire expõe o que ele via como origens humanas de dogmas e a conduta desumana de instituições religiosas e políticas. Critica abertamente o fanatismo, a Inquisição, a tortura e a superstição.
Outras Obras Relevantes:
Zadig ou o Destino (1747): Explora o tema do sofrimento e da providência divina, embora com uma abordagem mais otimista que Cândido sobre a possibilidade de o mal resultar em bem.
O Filósofo Ignorante (1766): Aborda a ignorância humana sobre a substância da alma e a mudança em sua visão sobre o livre-arbítrio.
O Túmulo do Fanatismo (1737): Critica a ambição dos líderes religiosos e a intolerância do judaísmo e do cristianismo, que se assemelhavam a carrascos.
Voltaire não foi um pensador isolado; ele interagia intensamente com os grandes nomes de seu tempo, o que enriqueceu o Iluminismo.
John Locke e Isaac Newton: Voltaire os via como gigantes da razão e do empirismo. Locke foi fundamental para sua compreensão da mente humana (ideias vêm dos sentidos), e Newton para sua visão do universo (leis naturais, gravidade). Sua obra Elementos da Filosofia de Newton popularizou as teorias do cientista inglês na França.
Montesquieu: Compartilhavam a defesa da razão e a crítica ao absolutismo. Voltaire admirava o conceito de separação de poderes de Montesquieu como um meio de limitar o poder do Estado e proteger as liberdades individuais.
Jean-Jacques Rousseau (Uma Relação Conturbada): A relação de Voltaire com Rousseau foi complexa e muitas vezes conflituosa. Enquanto Voltaire defendia um racionalismo cético e valorizava o progresso da civilização, Rousseau tinha uma visão mais romântica e emocional da natureza humana, acreditando na bondade inata do homem e na corrupção causada pela sociedade. Eles trocaram farpas públicas e cartas, divergindo em temas como religião, arte, ciência e política. Apesar disso, o debate entre eles foi crucial para o desenvolvimento das diferentes correntes do pensamento iluminista.
Voltaire morreu antes da Revolução Francesa, mas suas ideias foram um alicerce intelectual fundamental para os revolucionários e continuam a moldar o pensamento moderno.
Para a Revolução Francesa: Sua defesa dos direitos individuais, da liberdade de expressão, da crítica ao clero e ao absolutismo contribuiu diretamente para a derrubada do Antigo Regime. Ele é lembrado como um "precursor da Revolução Francesa".
Nas Democracias Contemporâneas: Sua influência é visível nos princípios dos direitos humanos, na defesa da liberdade de consciência e na consolidação do Estado laico.
Impacto na Historiografia: Voltaire revolucionou a forma de escrever história, rejeitando explicações sobrenaturais e focando em costumes, história social, artes e ciências. Ele foi o primeiro a tentar uma história universal que eliminava frameworks teológicos, enfatizando economia, cultura e política, e tratando a Europa como um todo.
Um Combate Contínuo: Seu lema "Esmagai a infame!" continua sendo um chamado à ação contra o fanatismo, a ignorância e a injustiça em qualquer forma, um lembrete da necessidade de uma vigilância constante da razão.
Para quem se prepara para provas, Voltaire é um tema recorrente e estratégico.
Foco nos Temas Centrais: Priorize a compreensão aprofundada dos conceitos de:
Iluminismo e sua relação com a razão.
Críticas ao Antigo Regime (absolutismo, clero, Inquisição, censura).
O Deísmo e a Religião Natural de Voltaire (Deus relojoeiro, moral universal, ausência de milagres).
A Tolerância Religiosa (especialmente o caso Jean Calas) e a Liberdade de Expressão (com a questão da autoria da frase famosa e seus limites).
Despotismo Esclarecido (o governante guiado pela razão).
A influência de Locke e Newton e a crítica a Descartes.
Análise de Obras e Frases Célebres: Conheça os argumentos principais de obras como Cartas Filosóficas, Cândido e Tratado sobre a Tolerância. Reflita sobre o significado de frases icônicas como "Cultive seu próprio jardim" e "O trabalho afasta três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade".
Contextualização Histórica: Sempre relacione as ideias de Voltaire com o contexto do século XVIII na França e na Inglaterra. Entender o cenário da época (Antigo Regime, perseguições) ajuda a compreender a força e a necessidade de suas propostas.
Interpretação e Crítica: Esteja preparado para analisar trechos de suas obras e identificar sua posição sobre os temas. Questões podem exigir que você compare o pensamento de Voltaire com o de outros filósofos iluministas, como Rousseau ou Montesquieu.
Uso em Redações: As ideias de Voltaire são um excelente repertório para redações que abordem temas como liberdade, direitos humanos, fanatismo, intolerância, papel do Estado e da religião na sociedade. Citar seus conceitos ou as obras (com cautela na atribuição de frases) demonstra um conhecimento aprofundado.
Voltaire foi, sem dúvida, um dos intelectuais mais influentes do Iluminismo, cuja vida e obra foram um constante combate contra a intolerância, a superstição e a tirania. Sua defesa apaixonada da razão, da liberdade de pensamento e expressão e da tolerância religiosa não apenas marcou sua época, mas continua a ser um farol para as sociedades contemporâneas.
Ao "esmagar a infame", Voltaire buscava não a destruição por si só, mas a construção de um mundo mais justo, racional e humano. Estudar seu legado é fundamental para compreender as raízes de muitos dos valores que hoje prezamos e para refletir sobre os desafios que ainda enfrentamos. Que a luz de suas ideias continue a nos guiar!